quarta-feira, 31 de março de 2021

"TOURADA DEMOCRÁTICA"

 

Nota:

É de levar em consideração que esta crónica já foi escrita há cerca de dezanove anos e faz parte do livro que editei em 2007, com o título “Deixem-me Desabafar”; escrito esse, que foi gravado em áudio, para a ACAPO (Associação de Cegos e Amblíopes de Portugal), pela Biblioteca da Câmara Municipal de Vila nova de Gaia, a quem sempre fiquei imensamente reconhecido.

    
 (António Figueiredo e Silva)

 

 

Lembrar o ridículo dos acontecimentos,

é sempre desagradável para quem os cometeu

 e um pequeno alívio para quem os sentiu.

(A.   Figueiredo)

 

 

“TOURADA DEMOCRÁTICA”

 

Ainda hoje lembro, com rancorosa saudade!...

            Nunca tão grande campo, foi a Praça de Touros do Campo Pequeno, depois da liberdade extravasada após a revolução dos cravos, - hoje mais murchos que nunca, mas donde ainda subsistem cancerosas mazelas! - Que chegava para lá meter todos os portugueses e fuzilá-los.

            Quando a liberdade atingiu o auge, alguém teve esta brilhante ideia. Era engraçado, não era?... Morria-se fuzilado, mas em liberdade!... Depois escrevia-se um epitáfio - em ardósia que era mais barato – que era colocado sobre a vala comum: “AQUI JAZ O “ZÉ”, QUE COM UM SORRISO NA FACE MORREU EM LIBERDADADE FUZILADO, E AGORA DESCANSA EM PAZ”!

            O mentor desta genial “proposta”, que não foi posta em prática porque isto ficaria deserto e a cheirar mal, ainda hoje sobrevive à “amistosa” e enraizada cólera de todos aqueles que acreditam na liberdade... E vive à grande e à francesa!?... (alguns, dos seus acólitos, graças à prematura ou natural senilidade da “plebe”, estão à frente dos altos desígnios da Nação).

            Estou convicto, que quando lhe arrefecer o céu da boca e for colocado na posição horizontal, ainda é capaz de levar um epitáfio onde se pode ler, numa polida pedra de mármore vermelha, em dourados caracteres… “AQUI JAZ EM SENTIDO HORIZONTAL, UM HERÓI DO 25 DE ABRIL” (aonde alguém, maroto, acrescenta: para sorte nossa, não venceu nem convenceu!).

            Não conheço a genealogia do dono da cabeça donde trovejou tão patológico impulso, mas, com certeza que as raízes não são portuguesas, face à raivosa vontade de exterminação que mostrou dos seus compatriotas.

            Foi sem dúvida alguma a ideia com mais essência democrática que até hoje conheci, expressa por “corajosas” e próprias palavras, que exortavam o povo à liberdade absoluta (é que quando se morre a liberdade é infinita).

            Ele tinha razão, e é por isso que ainda hoje retenho na memória a Praça de Touros do Campo Pequeno, (de concentração) aonde por vontade de um se teria feito uma “Tourada Democrática” e pela primeira vez, com a matança de “animais” nunca antes permitida em Portugal, mas que sabemos ser do agrado dos aficionados.

            Seria liiindo!!!

 

António Figueiredo e Silva

            Coimbra 02/06/2002

             

http://antoniofsilva.blogspot.com/

Obs:

Foi só para recordar.

 

 

 

           

 

terça-feira, 30 de março de 2021

VACINAÇÃO CONTRA A COVID-19

 

VACINAÇÃO CONTRA A COVID-19

 

Hoje, no Pavilhão Mário Mexia, em Coimbra, foi-me seringado o líquido, contra a COVID-19, criação do laboratório anglo/sueco Astrazeneca.

Para ser franco, apreensivo e possuído de algum ceticismo, lá permiti que a agulha executasse a sua punção e descarregasse, o que presumo ter sido, o “fermento” para germinação de anticorpos no organismo, tendentes à defesa do meu físico, caso este venha a ser atacado pelos componentes do temido “exército” CORONA VÍRUS.

Bem, mas não foi isto que me motivou a sentar à frente do computador, para teclar a “meia dúzia” de vocábulos, que estão no alforge do meu parecer. Não. O motivo é outro.

Começo por dizer: se todos os centros de vacinação espalhados pelo país, estiverem assim organizados, com a eficácia que neste encontrei, não haverá por certo direito a reclamações.

Desde o rápido aliviar da fila (quando da minha chegada), passando por uma célere, contudo, atenciosa confirmação e inscrição, seguida de uma curta, porém necessária, inquirição sobre o meu estado se saúde, com a interpelação simpática e interessada   de um  entendido em medicina, seguido com um de um afável acompanhamento ao “gabinete” indicado onde me esperava com boa disposição - que por baixo da máscara não se via, mas que as suas amáveis palavras e o seu olhar confirmavam - a enfermeira, naquele momento, destinada para me aplicar a picada.

Armado em tanso, estava a desnudar o tronco (já envelhecido), como se fosse para um “ring”… não, não é necessário; basta baixar o colarinho da camisa e colocar o ombro à disposição – aconselhou a simpática profissional.

Concluída a injectadela, já com a “pedrada” a bater na mona (kkk!), foi-me concedida a escolha de uma cadeira, entre tantas que por ali haviam, e aconselhado a esperar, sentadinho, como um menino, bem comportado – pensei - durante trinta minutos; com a recomendação de que, se sentisse algo de anormal, eu poderia avisar; contudo, as equipas médicas, e não só, não deixariam a sua atenção por mãos alheias – foi-me também comunicado.

Ainda; se tudo corresse bem, quando eu saísse que virasse a orientação da cadeira, para saberem que havia mais uma desinfecção a fazer.

De saída, ainda fui abordado por dois clínicos, cuja preocupação era inteirarem-se de que estava tudo bem comigo e com a minha esposa.

A todas estas prestáveis pessoas, sem quaisquer distinções, faço questão de apresentar os meus mais sinceros agradecimentos.

Bem-hajam.

 

António Figueiredo e Silva

Coimbra, 30/032021

  

   Obs:

O período de tempo que ali passei, foi o suficiente para observar a eficácia do atendimento, a precisão organizativa e o afinado sincronismo de todos colaboradores do SNS (Serviço Nacional de Saúde).

Pelo menos em Coimbra, assim aconteceu.

 

Nota:

Faço por não utilizar o AO90

  

 


ESTOU FARTO DELA!

 

ESTOU FARTO DELA!

(Uma “estória de amor platónico”)

 

          Mas é que estou mesmo!?

Sinto grande dificuldade em suportar a pressão psicológica a que ela me pretende sujeitar.

É chata e entediante p’ra burro! Quando me apetece deslocar para qualquer lado, sou obrigado, mas a contragosto, por uma questão de compromisso legítimo, a gramar a sua companhia, que, apesar do pouco “cartuxo” que lhe dispenso, ela não me larga. Sempre colada a mim como um carrapato, quase não me deixa respirar, obrigando-me, com uma tensa força elástica a beijá-la, mesmo contra a minha vontade. A demonstração do seu amor é tão grande que quase não me deixa respirar.

Nunca transmite nada. É deveras exasperante e ao mesmo tempo opressivo o silêncio da sua companhia. Isto leva-me a ter ideias e sensações onde a claustrofobia se manifestam.

Posso falar com amorosa meiguice ou barafustar como um louco, que dela não sai um único pio de reconhecimento ou reprovação. Faz de conta que estou a falar para uma parede.

Com uma serenidade que lhe é distinta e somente para me enfadar, por vezes em maneira de gozo, ainda me atira uns chapadões hidrosféricos, que me acertam nos óculos só para ver se me perturbar a visão. Vingança? Talvez. Mas careço da sua companhia, e como tal, limito-me a “comer e a calar”. E ela, “nem chus, nem mus”. E assim vamos dando as nossas passeatas imbuídas num falso romantismo amoroso, até à primeira oportunidade que surja para a poder afastar de mim por algumas horas. Aí surge um alívio indescritível, como se me tivessem desamarrado um colete de forças. Ah! – Suspiro! Após haver inalado sem constrangimento, umas golfadas de ar “puro”. Aaah! Como é linda e valiosa a liberdade, depois de um período, ainda que pequeno, sob o seu condicionamento!  

Mas, “voltando à vaca-fria”, ela teimosa como o raio-que-a parta. Estou mesmo fartinho.   

Muito tenho pensado em divorciar-me, mas as circunstâncias da vida não me têm permitido ter essa oportunidade, porque fui obrigado a “casar“ com ela; aguentá-la até ao resto dos meus dias, com o sacrifício da minha liberdade pessoal, e com total submissão à sua impertinente teimosia; sustentando o carrego de todos os seus desmandos e birras, grudados à constituição física que lhe confirmam a realidade palpável, que, apesar de amorfa, tacitamente diz tudo. Diz muito! Fala muito e muito alto, no silêncio do seu corpo fibroso, com alguns “microns” de intervalo entre os filamentos que lhe dão forma.

Mas compreendo que não devo prescindir da sua companhia, que, apesar de “mortificadora”, me confere alguma protecção.

Para as pessoas que possam possuir “conceitos perversos”, quero afiançar-lhe que…

ESTOU MESMO FARTINHO DA MÁSCARA!

 

António Figueiredo e Silva

Coimbra, 30/03/2021

 

 

sábado, 27 de março de 2021

INCOMPATIBILIDADE

 

INCOMPATIBILIDADE

 INCOMPATIBILITY

UNVEREINBARKEIT

НЕСОВМЕСТИМОСТЬ

 


Compreendo muito bem, o sentido que esta frase contém, conquanto que, penso não ser bem assim.

Estas particularidades moram na mesma casa sim, porém, em compartimentos separados. Se se misturam, neutralizam-se mutuamente, para dar origem a outra característica, que, em minha opinião, é bem pior. Resume-se a um hibridismo de potencial valor, equivalente à soma das duas, por defeito; a parvoíce ou estupidez - como queiramos chamar.

Não conheço modo algum, por voltas que possamos dar à cilha para cingir a albarda da elucidação sobre a realidade, porque o estúpido nunca irá compreender; é a mesma coisa que bater num cepo pútrido, para o fazer florescer à força. É tempo perdido. Não merece a nossa saliva.

Visto por outra face, também será inútil tentarmos abrir as portas de uma realidade a um fanático, na medida em ele apenas sustenta com imensa pertinácia, uma visão monocular que se resume a um ponto fixo, do qual não arreda o olho; por não ser provido de posições de comparação, rejeita do mesmo modo, o ingresso dessa realidade na sua mente visionária entorpecida.

Logo, a inteligência e o fanatismo, são inconciliáveis. Contudo, susceptíveis de um acasalamento temporário ou perene, podendo ser, no entanto, residentes no mesmo domicílio. Neste caso, a habitação encefálica.

Enquanto que o entendimento (inteligência) é genético, pode ser limado, polido e ampliado através dos métodos de ensinamento da erudição; o mesmo não acontece com o fanatismo. É faccioso e intolerante, além de ser um falacioso e louco estimulador de convencimentos doentios.

O sectarismo (fanatismo), por norma é uma singularidade exógena, que é insuflada através de repetidas “marteladas” verbais, tendo por objectivo converter e aprimorar o obscurantismo nas pessoas naturalmente carentes de vontade própria, e, consequentemente, torná-las manipuláveis. Esta particularidade, só ganha alguma robustez na sua fraqueza, em coesão de elementos; porque “a união faz a força” – esta teoria já é velha.  Neste caso, não há fármaco que o consiga varrer esta moléstia desses espíritos fracos, que servem de papel-moeda a edeologias pouco credíveis, à luz de uma normal inteligência. Assim nasceram e assim morrem, como espíritos angustiados, amortalhados pelo colorido suas imutáveis convicções.

Porque acredito que onde a inteligência não existe ou é carente, não há progresso intelectual.

Apesar das divergências entre ambas, inteligência e fanatismo, estas, não deixam de ser uma realidade no Universo Humano.

O inteligente, por força da sua compreensão, não é fanático e por preceito não é parvo; logicamente, também não será estúpido. Ele, independentemente de aceitá-las ou não, compreende as convicções do seu semelhante, dando-lhe a atenção devida, e, se necessário, contrapõe com argumentos que considera válidos, todavia, limitados por uma circunferência de esmerada civilidade.

Porém, se for ao contrário já não acontece – a não ser por milagre – e é aí que entram “triunfantes” as qualidades do fanatismo, que são, a estupidez e/ou parvoíce; acérrimas antagonistas da inteligência.

É natural que não possam coexistir, contudo, nada as impede de morarem na mesma habitação, porém, separadas por “hexagonais compartimentos” à semelhança de um favo de mel.

Cada uma trata de si; mas se adrega a juntarem-se, o resultado não é mel que se cheire, mas resulta numa estupidez pura, que constrange e abafa a inteligência – até, alguma ainda remanescente.

  

António Figueiredo e Silva

Coimbra, 27/03/2021

http://antoniofsilva.blogspot.com/

 

Obs:

Faço por não usar do AO90

quarta-feira, 24 de março de 2021

O "PROFETA"


 

As atitudes de um, podem restringir

 a ascensão de muitos e levá-los ao declínio.

(António Figueiredo)

 

O “PROFETA”

THE “PROFET"

ПРОФЕТ »

DER PROFET "

 

Não é que esta figura me tivesse proporcionado recordações felizes; antes pelo contrário.

Mesmo passados muitos anos, há momentos de meditação que a sua voz hidrofóbica me entoa na memória. Lembro-me dos seus excitados discursos de incitamento ao ódio, sempre intercalados com um, “É ou não éééé?!”. Estas lembranças causam-me um profuso desconforto emocional que, por mais que deseje, não consigo cindir.

Estava em sublime quietude, até surgir esta imagem que alguém partilhou no facebook.  Nesse instante, desabou sobre mim uma chuva torrencial de recordações que eu não queria trazer à tona, não queria reviver; mas a isso sou obrigado, pela possança das mazelas que, ao que parece, ainda me aguilhoam o espírito com os seus estigmas.

No   momento em que escrevo estas palavras, sinto dentro de mim um azedume, que com afincada relutância obstina em não me abandonar. O tempo passa, as feridas curam, mas as marcas ficam, como baluartes marcadores de um passado turbulento.

É manifesto que, para que eu desabafe deste modo, é porque detenho algumas razões de causa para o fazer. E tenho. Tenho, e sem quaisquer remorsos na minha consciência, vou continuar a descomprimir.

É certo que Samora Machel assumiu um enorme papel para a emancipação do território moçambicano; mas não teve sabedoria nem diplomacia suficientes, para a libertação absoluta do seu povo e para a continuidade daquele país com o rumo traçado para uma grande potência económica, com o aproveitamento de todas as infra-estructuras que por lá foram compulsivamente “abandonadas”, sumariamente ocupadas ou extorquidas.

 Esse bom povo, por ele manipulado, depois de uma impensada e desorientada orgia “revolucionária” e de numa devassa consistente dos bens de outros moçambicanos, actualmente vive e sente alguns dos desígnios que por Samora Machel foram profetizados e por ele difundidos – pode ver-se no seu discurso, acima referenciado.

Quanto a isso, os seus pensamentos estavam certos; sendo, por tais razões, digno da minha vénia; porque justiça, não se resume somente em condenar, mas também atribuir o valor a quem ele é devido. E, neste caso, foi uma dissertação, em grande parte, oracular.

Porém, à parte de tudo, foi um dos maiores racistas e incitadores à violência, que passaram pelos andurriais da minha existência em África (Moçambique).

Foi um cáustico atiçador das fogueiras do ódio que colocou muita gente na miséria, inclusive a maior parte do seu próprio povo.

Foi ele que incutiu e incentivou, com toscos, incendiados e revolucionários discursos, o caminho da violência; os roubos de valores, as ocupações indevidas a imóveis que tinham dono; assaltos a estabelecimentos privados, onde para além dos desenfreados saques, quando já mais nada podia ser “carregado, os restos eram literalmente destruídos; foi o “causador”, ainda que indirecto, de muitos assassinatos e violações; “empreendimentos” que deixaram muitas pessoas só com a roupa que traziam no corpo (algumas nem isso), e que ficaram psicologicamente perturbadas para a vida inteira.

Não estou aqui para entrar em minudências e reportar o que vi, o que vivi ou que senti; mas somente para aliviar um pouco a pressão emocional que ainda hoje me sufoca, e manifestar a minha compaixão por aquele povo que tanto tem sido martirizado; que nunca mais teve uma vida e uma tranquilidade como quando se encontravam sob a égide da bandeira portuguesa.

De que valeu? Não foi bom para nenhum dos lados; nem para nós, nem para eles.

A carência continua a alastrar, os recursos a esvaírem-se, a paz, a anos-luz de distância, os prédios de 15 andares a germinar e… “capitalistas pretos que vão tentar explorar outros pretos, estudou um pouquinho e licenciou-se, tem o seu diplomazito, pronto! Está pronto, está autorizado a explorar.” – E continuam pobres e sem tranquilidade.

Grande vidente?! – Em parte, claro.   

Aquele país, que hoje podia ser uma das nações mais prósperas de África, deixou-se enrolar por outras potências mais manhosas, mais ambiciosas e sem decência, que se limitaram a sugar até ao tutano (e certamente devem continuar), toda a riqueza existente naquela grande área situada no conhecido Corno de África, chamada MOÇAMBIQUE.

Terra de boa gente, que me ficou atravessada na alma!

 

António Figueiredo e Silva

Coimbra, 24/03/2021

Para ler mais, “clic” em:

http://antoniofsilva.blogspot.com/

 

Obs:

Evito o uso do AO90

 

 

 

 

 

 

terça-feira, 23 de março de 2021

O "SHELTOX"


 

 “O que sabemos é uma gota de água;

o que ignoramos é um oceano.”

(Isaac Newton) 

 

O “SHELTOX”

(Saga ao COVID-19)

 


De maneira alguma é meu anseio imiscuir-me na sêmola legislativa, moída, para salvaguardar a sanidade dos cidadãos - pelo menos a física; sobre a psíquica, que é uma realidade, já nem interessa comentar. Nem tão pouco ouso criticar as tomadas de posição do Governo, ou censurar aqueles que, por dever (cívico, obrigatório ou de compreensão nata), seguem os conselhos dados pelos “entendidos” na engenharia biológica, porque de facto esta moléstia é perigosa – disso não duvido.

Não. Não tenciono também, em face do que vou argumentar, incentivar ao não uso de “escudos” dos protectores e à prática de outros preceitos tidos como adequados para fazer frente à pandemia, que, incólume e serena, contudo, trágica e intransigente, vai fazendo padecentes por este Mundo fora, alguns dos quais, depois de suportarem grande sofrimento, tiveram de restituir um custo alto. A letalidade.

*

Após o prévio prefácio, apraz-me afirmar que a peçonha que deu origem à pandemia COVID-19, ataca transversalmente e não diferencia os altiplanos das planuras, nem quaisquer padrões de vagas, sejam elas de que ordem ou medida, forem. Esta enfermidade entrou para ficar e triunfar, e assim prosseguirá, até que meios eficazes sejam desenvolvidos, com fim à sua irradicação ou isolamento; ou até que o Ser Humano, naturalmente se adapte.

Sabe-se que é um vírus perigoso, face às suas inconsequentes (para nós), mutações, para as quais a ciência ainda não está preparada; apesar do ciclópico esforço para cindir as limitações impostas pela Criação, tem-se limitado a tatear no escuro misterioso à procura de uma nesga que permita com eficácia estancar esta pandemia - que até ao momento, com a absoluta credibilidade, não tem conseguido.

Este vírus, surgiu (ou alguém o fez surgir), mesmo para assassinar. Mas, na “forja” Polar estão outros muito piores do que este, que com ostensiva raiva arreganharão os seus dentes e ferrarão mesmo, tão depressa o degelo se faça, como tem vindo a suceder, por causa do Aquecimento Global. Isto não são ‘stórias, são ocorrências cientificamente comprovadas. Como tal, tidas como certas.

Não estando em desacordo com o confinamento imposto pelas autoridades de todas as nações, embora não deixe de deplorar, ouso questionar: quais serão as alternativas que os diversos órgãos de governação poderão colocar à disposição dos povos, para garantir sua subsistência e desenvolvimento?! Não se me afigura ser simples.

Se tudo continuar como tem vindo a suceder, creio que não haverá nenhuma gestão, por mais gigantesca e austera que seja, que possa resistir a subsidiar todos aqueles que, por causa da clausura, estejam impedidos de arriscar as suas vidas, trabalhando para angariar seu sustento, e ao mesmo tempo, impulsionar a economia do país a que pertencem. Penso que ninguém, em perfeito juízo, se vai esforçar para acreditar nessa ilusão. Sim, porque… ou arrincando, laboram e têm carburante, ou enclausuram-se, e muitos deles falecem por astenia. Só vejo estes dois pressupostos.

Embora possam pensá-lo - é um direito que não contesto - não me tenho por uma pessoa de inspiração fatalista, tão só e apenas, como um “visionário” natural, que se propõe a divulgar o que raciocina poder vir a ocorrer.

Cá p´ra nós, que muitos me lêem mas ninguém me ouve, não devo andar muito distante da realidade, pois não?!

Como é de “todos” sabido, os seres viventes, por força da Criação, são portadores naturais de características que lhes permitem a adaptação ao meio onde foram criados e existem – muitos, nas mais ingratas, perigosas e inimagináveis condições geológicas, que não lembram ao Diabo. Mas germinaram, viveram e vivem; e, para nosso espanto, continuam a existir.

Naturalmente, como está cientificamente provado, não é em meia dúzia de anos que se dão essas aclimatações às mais diversas e adversas condições do seu “habitat”. Isto carece de muitos anos. Muitos séculos. Para não dizer, milhões de anos.

O que daqui depreendo, é que, ou ele, munido de todas as precauções, sai do buraco e arrisca a vida para ter sustento, ou acabará por sucumbir perante larica. Disto, também não alimento quaisquer incertezas.

É esta sujeição inevitável que o ser humano tem pela frente, e da qual se vê impedido de desistir da sua superação. É como estar “entre a espada e a parede”.

Agora vou divulgar porque trouxe à baila o Sheltox.

 Há muitos anos - tantos que a saudade já bloqueia a contagem - havia nas zonas equatoriais, que na altura faziam parte do domínio português, uma “mistela” para pulverizar, chamada Sheltox. Era utilizada na liquidação de mosquitos e outros insectos “aviadores” (e alguns rastejantes), que nos furtavam o repouso nocturno com o seu irritante zumbido, seguido de algumas “agulhadelas” para aviarem a sua sofreguidão de plasma quente e nutritivo.

O referido Sheltox, tinha como “encantador” paleio publicitário: “Sheltox, mata que se farta! Mata e fica a matar”. – Até que dava resultado!? “Mas, por fim, até já os mosquitos se riam”! – Quererá isto dizer alguma coisa?

Diz, certamente. Este vírus, podemos ter a certeza, veio p´ra ficar. E é como o Sheltox; “Mata que se farta! Mata e fica a matar!” Para ele, não existem fronteiras, planaltos, ondas ou temporadas. Esta nanométrica partícula, encontrou as conjunturas propícias para o seu desenvolvimento; venceu a inércia da sua letargia, e agora é só manter o seu movimento multiplicativo, veiculado pelo ser humano, seu preferido meio de transporte.

Cientificamente está provado que é um ácido; só que é um ácido “inteligente”, provido de um genoma que lhe permite” trocar as voltas” aos investigadores, devido às suas inesperadas transformações. Sabe contornar os obstáculos.

Um dia, quando eu já por cá não me encontrar, muitos, ao lerem isto, dirão: este “velho louco”, até tinha razão.

Como os mosquitos, temos de criar defesas próprias para que nos possamos adaptar e sobreviver aos ataques deste “novo” veneno rebelde, chamado CORONAVÍRUS.

Não vislumbro outra saída.

 

António Figueiredo e Silva

Coimbra, 22/03/2021

 

Nota:

Evito a prática do AO90

 

 

domingo, 21 de março de 2021

“MORRER POR MORRER…”

 

Pra que lutar tanto com medo da morte

se ela é a única certeza da vida?

(Washington Rocha)

 

 

“MORRER POR MORRER…”

«УМЕРТЬ ЗА УМЕРЬ…»"

«MOURIR POUR MOURIR…»

“DIE FOR DIE…”

 


Circula pr’aí um colossal alvoroço por causa da vacinação contra a COVID-19, como se o Mundo fosse acabar amanhã – o que não deixa de ser verdade, mas não é para todos. Uma algazarra injustificada, descabida, e ao mesmo tempo envolvida numa ignorância extrema.

À margem do bom senso e na obscuridade da compreensão, têm sido exteriorizadas acções que bem demonstram o pavor que o ser humano tem de viajar para o outro mundo.

Este tema veio à guisa do que se tem passado em relação às prioridades na vacinação. O cagaço é tanto, que, sem pensarem em mais nada, todos querem ser os primeiros a levar a “pica”. Coitados!

É que esta maltosa julga que após lhe ter sido inoculada a vacina (ou vàcina, como alguns patetas usam e ousam dizer), ficam isentados de apanhar esta virose. E mais; lá no fundo, até devem pensar que nunca mais morrerão, julgando-se por isso como bons embriões para dar continuidade ao povoamento desta selva planetária. Tadinhos!

Todos sabemos que as cunhas, os geitinhos, os compadrios, com base na posição social que ocupam (várias vezes duvidosa ou mesmo assertiva), são as características geradoras de influências, nada decentes, diga-se, para se safarem a uma negociata com o cangalheiro (que não é o único a lucrar), mas que mais tarde vão ter de o fazer.

A vacinação não certifica de maneira alguma a imunidade absoluta à doença prevista no fármaco, e, principalmente, quando esta é virótica. Daí que qualquer ser está sempre sujeito a ser contaminado, embora se pense, com menos intensidade (?). Contudo, mesmo sob baixa intensidade, nada é garantido que não se possa ter o azar de bater a caçoleta.

Particularmente, até estou algo céptico em relação à inoculação da vacina; estou enfartado de tantos discursos opinativos, sobre os quais têm pairado algumas divergências que colocam em causa a suposta limpidez da verdade. Daqui resulta, que, em meu entender, os governantes e todos os que pertencem à pandilha governativa, deviam ser os primeiros da “bicha” a levarem a seringadela, ficando o resto da maralha, por alguns dias, em nervoso e apreensivo silêncio, à espera das consequências, para depois poder decidir.

Mas, considerando a proeza do “nosso” Primeiro-ministro, que num inegável acto de “coragem, já deu o seu corpinho ao manifesto” (não para ser dos primeiros, porém, para   fazer de “cobaia” pelos portugueses), ainda se encontra vivinho da silva; tendo em conta a afiambrada prelecção, que lhe permitiu, por palavras suas e com um sorriso na face, validar a eficácia – relactiva - da dita vacina; tendo em conta a perigosidade do vírus e o cagaço que todos sentimos,  com receio ou sem ele, independentemente da a entidade “fabriqueira”, mesmo na incerteza, é sempre de “bom” não pensarmos muito e deixarmo-nos injectar – se formos dos primeiros, melhor. Isto porque, mesmo na dúvida, há uma verdade que persiste na mona do ser pensante: “Morrer por morrer, que morra o meu pai que é mais velho”.

As intenções, não passam de mero fingimento.

No final de tudo, é preciso é ter sorte.

.

António Figueiredo e Silva

 Coimbra, 21/03/2021

 

 http://antoniofsilva.blogspot.com/

 

Nota:

Faço por não usar o AO90

 

 

    

 

sábado, 20 de março de 2021

O POSTIGO

 

Escrito por mera brincadeira,

para aliviar a “loucura” que o

confinamento nos quer impingir.

(A. Figueiredo)

 

 O POSTIGO

 


Anteriormente, à luz de uma lamparina, ainda acalentava determinadas recticências sobre tão desusado vocábulo, que agora foram desmanteladas pela utilidade que os governantes atribuíram a tão vetusto termo.

Já não digo, a totalidade dos portugueses; mas aqueles que nos governam, são possuidores de uns crânios recheados de mioleiras, de uma invejável fertilidade imaginativa.

Não me sobram hesitações de que estamos bem servidos.

Nunca me passou pelo “capacete” que uma pequenita portinhola - quadrada ou rectangular - embutida em uma porta, portada ou numa parede, antigamente destinada à “espiolhagem” e à coscuvilhice, fosse agora ressuscitada e aplicada para fins transacionais de mercadorias e quejandos.

Ainda bem que temos gente com caco; Deus seja louvado!

Foi mesmo bem pensado! Porque essa é uma forma eficaz de impedir que as pessoas ultrapassem os limites impostos, devido às dimensões do tal postigo, que não irão além de uma fresta, em tempos de antanho, utilizado para vigia velada, arejamento de cortelhos, currais e outras coisas mais. Se o vírus não troca as voltas, por aí também não entra de certeza.

Esta da reinvenção ou ressurreição, do dito postigo, bateu cá com uma bolina na minha mona, que me tenho consolado de rir. É de maluco, não é?!

Quer dizer que agora tornou-se tendência cucar pelo postigo, linguajar pelo postigo – com máscara, como é preceito e dever de gente civilizada – servir vitualhas pelo postigo e certamente, em átimos aflitivos, - porque não?! - fazer outras coisas pelo postigo (ou por detrás dele), não é verdade?! É mesmo pela portinhola que se faz o serviço.

Porém, ao que parece, tornou-se também normal a “venda de irrealidades” através do dito postigo; sim, porque do lado de dentro do postigo, a realidade é outra.  

É certo que os devaneios até fazem muita falta, (e os finórios nisso são mestres), porque, como a sua reiteração ao longo dos tempos tem sido exaustiva, já nos sentimos agarrados a eles; sendo que, pelo nosso inveterado masoquismo, reagimos mal, muito mal, às ressacas resultantes, se sua inexistência, algum dia vier a suceder. Estamos viciados em promessas e crenças que sabemos não acreditar, mas não nos sentimos emocionalmente confortáveis sem essa imposturas – mesmo que sejam declaradas pelo postigo.

Acho a designação tão caricata, para as funções a que se aplica… postigo!

Só por isso, entendo que é merecedor desta chalaça gráfica, a título elogioso.

 

Coimbra, 20/03/2021

 

 http://antoniofsilva.blogspot.com/

 

Nota:

Faço por não usar o AO90

 

 

 

 

terça-feira, 16 de março de 2021

ALOCUÇÃO À POBREZA E À DISCRIMINAÇÃO SOCIAL

 

 

Escrita em 2001.

Será que está actualizada?!

 

 

ALOCUÇÃO À POBREZA

E

À DISCRIMINAÇÃO SOCIAL

 

 

A palavra é o método de que o ser humano se socorre para elevar um assunto banal e esquecido à esfera da arte cognitiva. Tanto pode causar pavor às pessoas, como sobriamente formular-lhes uma intimação que as leva a lançar um olhar quiçá um pouco mais alargado ao mundo que as rodeia. Quer isto dizer, levá-las a um entendimento mais perfeito, mais integral, mais racional. É precisamente a esse entendimento, a essa intelecção, que fustiga a mente dos mais sensatos, que ouso levar estas palavras, no intuito de lembrar-lhes a pobreza e a discriminação social que cada vez mais tem vindo a manchar os nossos valores da ética e da moral.

Sentir-me-ia feliz se a sociedade em que vivemos desse um pouco mais de si mesma no sentido de que essas dissemelhanças, essas máculas, que mais tarde ou mais cedo nos hão-de aterrar, fossem minoradas. E
liminá-las na sua totalidade é pura utopia.

No entanto, se conseguirmos silenciar a barulheira da ganância, da avidez, que sepultam a luz da ponderação, deixando a pobreza a cambalear e sem vontade de dormir porque o estômago cavernosamente roncando não o permite, é possível que consigamos fazer alguma coisa de bom.

Sobre a discriminação social, devemos julgar o ser humano por aquilo que realmente é, e não por aquilo que parece; as aparências não passam de meras fantasias que só servem para enganar os tolos, poluindo-lhes os juízos de valor.

É tempo de a sociedade remover a máscara do fingimento, lançar um olhar mais abrangente à calamitosa situação que a rodeia e fazer o que deve ser feito; quando não, as listas dos organismos de ajuda social continuam a engrossar, circunstâncias essas, decorrentes da pobreza esquecida e da descriminação de urbanidade imposta por genuíno snobismo.

Se este estado de coisas assim continuar, quer queiramos quer não, seremos amargamente premiados com a nossa quota-parte de responsabilidade e nunca mais conseguiremos amansar a revolta, da qual não duvido que venhamos a ser vítimas.

A todos os que me “ouvem” peço que dêem o vosso contributo.

Eu farei a minha parte.

Para finalizar e por achar adequado a esta questão, quero aqui apresentar um poema, não meu, mas de uma autora, da qual apenas conheço o seu nome e nada mais; Maria Alice da Luz:

 

Ser pobre não é vergonha

Mas parece humilhação!

Pois quando digo que sou pobre

Ninguém me quer dar a mão.

 

Mas se é vergonha ser pobre,

O que querem afinal?

Porque deixaram haver

Tanto pobre em Portugal?

 

António Figueiredo e Silva

Coimbra

18/10/2001

 

http://antoniofsilva.blogspot.com/