sexta-feira, 27 de agosto de 2021

SANT'ANA PROREJA SANTANA

Quando o poder embriaga,

a ressaca do fracasso é inevitável.

(Juahrez Alves)

 

QUE SANT’ANA PRETEJA O SANTANA

 

Único. Ou ele, ou mais nenhum.
Ele irá necessitar desse santificado amparo para impingir a sua requintada cantata, por esta já se encontrar algo desgastada pela rotineira reiteração, e já ser sobejamente conhecida dos ouvidores que muitas vezes emprestaram os seus tímpanos a essa “imolação”, por deleite, convicção ou masoquismo.


Esta figura, de “atafulhada” cabeleira empastelada de brilhantina, sem embargo, é um alfacinha digno de honrosa referência. Nas pelejas campais que há batalhado, tem feito das tripas coração por duas razões, a saber: “pugnar pela a estabilidade dos portugueses” e defender a todo o custo os seus ambicionados tachos, - uma já razoável colecção. Apesar de algumas vezes lhe terem saído sem fundo ou saltar-lhes a tampa. Mas, “quem não arrisca, não petisca” – reza o provérbio – e ele é mestre em arriscar.

Advoga, com fina perfeição e certificada esperteza, os interesses que lhe vagueiam no espírito, através de polida argumentação de coisas e loisas, que vão ao encontro de um futuro fantástico, que o “Zé” tanto gosta de escutar, (alguns).  A essa retórica expressiva, fulgurante e bem direccionada, eu titulo de “vantagem do dom da palavra para o efeito desejado” – há quem lhe chame de populismo, mas entendo não ser esse o vocábulo adequado para uma pessoa tão liró e devotada ao “domjuanismo” e à arte da política.

“Se bem me lembro”, como dizia Vitorino Nemésio nas suas famosas e instrutivas intervenções, de entre os vários “tachos” com que se abotoou Pedro Miguel Santana Lopes, sobressai o de haver sido Primeiro-ministro do XVI Governo Constitucional de Portugal, no período 2004/2005; cujo tacho, por razões a mim alheias, (nem me interessa), deixou a caldeirada avinagrar e desconjuntou-se. Na altura, até senti alguma comiseração, maleita que, com o passar do tempo se foi diluindo – como tudo na vinda.

Agora, com base no adágio, “quando há gana, não há ruim pão”, ponho-me a pensar (faculdade que ninguém me pode extorquir), e não consigo refrear a minha apreensão por ele apostar em candidatar-se a um cargo de presidente de autarquia, que em nada se compara com o de Primeiro-ministro (já vejo que qualquer coisa serve).

Além disso, de uma autarquia que anteriormente presidiu, onde a dívida na altura da sua tomada de posse, era de pouco mais de € 9 milhões, e, quando Santana Lopes saiu, em fins de 2001, (para alinhar na corrida à Câmara Municipal de Lisboa), deixou a obrigação inchada em mais de € 41 milhões. Tumefacção tida em três anos de mandato (pelo menos é o que reza nos escritos sobre o seu trajecto através da política).

É obra, caraças!

Uhmmm! Cá p´ra mim, há mistério.

Será que vai lá das canetas?!

Sant’Ana o ajude, porque é um tipo porreiro, e que muito admiro pela sua obsessiva e descontraída intrepidez. 

É verdade que “Zé” também tem andado e zarolho e com a sanidade mental em falência técnica.

Acuda-lhe também Sant’Ana.

 

António Figueiredo e Silva

Coimbra, 27/08/2021

 

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Nota:

Faço por não usar o AO90.

 


sexta-feira, 20 de agosto de 2021

A FIRMEZA DE UM OLHAR PARA O FUTURO

 

“Quando a firmeza e a convicção comandam e razão existe,

não há obstáculos intransponíveis.”

(A. Figueiredo e Silva)

 
A FIRMEZA DE UM OLHAR PARA O FUTURO

 


Pelo menos eu, que bem conheço esta figura, estou crente nos seus propósitos em relação aos objectivos e acordos que se propõe alcançar e cumprir.

É um homem, não só de dotado de grandes capacidades intelectivas, mas também de uma inabalável força de vencer, na quais acredita com extrema veneração.

A humildade e a polidez no trato com que se apresenta socialmente, fazem dele uma pessoa simples, atenciosa, boa ouvinte, e, acima de tudo respeitadora; não abdicando, contudo, de uma defesa cerrada, quando, perante a imparcialidade do entendimento que lhe é peculiar, num aceso debate constructivo (não confundir com altercação), entende que os seus pontos de vista não estão errados. Nesse caso, com polidez e criteriosa civilidade, é o tipo de pessoa que nunca se furta a fundamentos válidos, para justificar inteiramente as causas que consagram a lógica do seu raciocínio que podem conduzir ao parecer em evidência.

Vejo nele, um batalhador incansável pelos direitos humanos, pela ordem e pela razão, que no fim, são estas duas características configuram as colunas mestras da limpidez na justiça; nos princípios que deviam funcionar, e não têm funcionado com a simétrica igualdade que a todos é devida.

Para meu contentamento, aportou ao meu conhecimento, que este jubilado professor de filosofia, apresentou a sua intenção à presidência da União das Freguesias de Assafarge e Antanhol, do Município de Coimbra, nas próximas eleições do corrente ano.

Não me contive sem alinhavar meia dúzia de palavras em seu abono, por sentir que delas é merecedor.

No meu entender, foi uma óptima, porém audaz, determinação. Pelas suas destemidas, todavia, lógicas, faculdades interventivas, que lhe bafejam o espírito de luta pelo bem comum.

A sua personalidade resiliente, pela Natureza assim foi talhada.

A meu ver, julgo que os cidadãos daquelas áreas, agora congregadas, vão ter pela frente, a escolha de um óptimo Autarca; como lutador, como Homem, e, acima de tudo, como cidadão que se preza.

Esta é a configuração que tenho de:

JOSÉ VIEIRA LOURENCO.

Um Presidente de Autarquia que é um verdadeiro cidadão, porque já vive dentro de si a firmeza para o futuro que quer construir.

 

António Figueiredo e Silva

Coimbra, 2º

20/08/2021

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Obs:

Procuro não fazer uso do AO90.

 

 

quinta-feira, 19 de agosto de 2021

JUSTIÇA/INJUSTIÇA

 

“A justiça sem força, é impotente;

a força sem justiça é tirana.”

(Blaise Pascal)

 

JUSTIÇA/INJUSTIÇA

 

Perante tanta barbaridade que tenho observado na aplicação da justiça, não consigo calar, nem tão pouco refrear, o que circula no meu entendimento. A magistratura tem baloiçado nos princípios da incerteza, com um movimento pendular, cuja oscilação, por não ser certa, cria dúvidas no raciocínio, passíveis de adulterarem a certeza na aplicação dos preceitos que regem a pureza na diferença entre o sentimento e a razão – para não chamar à colação as influências materiais.

Falo desta forma, porque a minha determinação assim o decreta.

Impulsionado pela minha força interior, sempre me recusei a fazer parte da multidão doente que me cerca, amofina, e se arroga a restringir a minha liberdade de expressão, sem até hoje o ter conseguido. Porque essa liberdade, esse direito, essa autonomia, essa independência, faz parte de mim mesmo. São valores de que muito me orgulho e faço questão do os preservar.

Serei sempre o criador e o escriba da minha própria cronografia, abarrotada de “batalhas”, sem usar nunca, uma “arma”, que é característica dos fracos; são estes que, destituídos de conceitos, mas de “insígnias” na mão, querem subjugar o Mundo, transviando a razão com a injustiça; invertendo deste modo, o equilíbrio dos valores da moral, da ética e do civismo.

Todos sabemos isso. Não é a honrada justiça que funciona, mas sim, a lei do mais forte. Neste caso, é o mesmo que dizer que a justiça existe, porém, justiçar é quase uma miragem.

Mas, nos contextos da sua aplicação em que verificamos que a razão é pervertida, nunca devemos perder a força interior para protestar. Uma circunstância devemos ter sempre em mente; que a nossa consciência fique serena depois da nossa contestação.

É lógico e racional, que sem justiça não há ordem e sem ordem não há justiça. Complementam-se. Dessa união resulta o que chamo de Harmonia Social.

Esta ordem resulta não só de uma cedência de conceitos, mas também da apresentação de novas concepções, procedentes do inevitável desenvolvimento do ser humano, que muda ao ritmo do avanço científico.

Ora, para que essa Harmonia exista, não será necessário que todos concordemos com as leis que a estatuem; o fundamental é que esse traçado legal seja elaborado tendo em conta as tradições, as práticas e a moral. Esta baseia-se em duas frases de extrema simplicidade:

Primeira -” Não faças aos outros o que não gostas que façam a ti”.   

Segunda - “Com a medida que medires os outros, essa mesma medirá a ti”.

O grande problema de adulteração na aplicação da justiça, reside precisamente em algumas figuras da magistratura, se deixarem “vender por trinta dinheiros”.

De futricas destes, basta meia dúzia para inquinar toda a estrutura judicial e colocar em causa a ordem pública e o sossego dos cidadãos de qualquer país, por muito grande e rico que seja.

Assim sendo, justiça sem regras, não existe. Mas, se as regras não forem aplicadas com consciência e meditação, a justiça volatiliza-se e outorga o seu lugar à injustiça. Esta, quando ultrapassa o filamento da razoabilidade, resulta em desagrado, contestação e caos.

O resto, que é o pior, virá por arrasto.

Acho que não preciso dizer mais.

Mas reafirmo: lutemos pela lisura na aplicação da justiça.

“… a César o que é de César…”

 

António Figueiredo e Silva

Chaves,19/08/2021

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Obs:

Procuro não fazer uso do AO90.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

quarta-feira, 18 de agosto de 2021

A BURRA DO SERAFIM

 

  

Não é o estado da burrice que nos mantém burros;

é a estúpida mania que temos, de não admiti-la.

(Júlio Ramos da Cruz Neto)

 

A BURRA DO SERAFIM

 

Mas que sorte! Se o órgão reproductor fosse diferente, não havia alternativa ao título desta crónica, que forçosamente teria de ser, “O BURRO DO SERAFIM”.

Claro que não teria nada de mal por se tratar de uma realidade, mas é sempre aborrecido, porque a imaginação humana é tendente a uma copiosa fertilidade na personalização da caçoada, mesmo sendo ela “aburricada”.

Trata-se apenas de uma burra, muito bem hospedada e muito bem estimada, que ocupa um amplo espaço na praia fluvial de Vidago; um “canteiro” idílico, propriedade do meu também “amigo” Serafim, que toda a gente cá do burgo conhece – mais a ele, do que à burra – pelas parelhas de vez em quando se dispõe a dar, sem olhar à altura do sarrafo.



É uma burra que entendo ser muito inteligente – às tantas mais inteligente do que o dono, sabe-se lá!? – porque consegue, com uma facilidade extrema, destrinçar a “palha da erva”, qualidade de que poucas pessoas usufruem.

É muito calma e mansinha. Um amor de jumenta.

Hoje fui fazer-lhe uma visita e fiquei pasmado, porque encontrei junto a ela um burrico ou burrica, novato/a, (não verifiquei os documentos), a quem ela tratava com maternal carinho.

 Há uns largos tempos eu notava nela uma certa dolência, provavelmente devido à carência de um parceiro; porque, a não ser a do dono e amigo, que em nada substitui a companhia de um burro, penso que mais ninguém a visitava.

Hoje mudei de ideias ao verificar, pela semelhança, que era cria sua – da burra; nada de confusões.

A luxúria deve ter-lhe abanado o interior da cachola, levando-a juntar-se a um burro desmiolado qualquer – agora muito em voga – e ele, em aproveitamento da paixão, esperto, atirou-se p’ra riba, fez-lhe uma cria. Posteriormente deve ter dado à sola e foi pregar para outra freguesia, e agora a mãe que o crie – com a auxílio do Serafim, claro.

Um claro exemplo de irresponsabilidade paternal, que até aos burros toca!

Porém, a esperteza e a coragem são seu maior triunfo. Sempre que alguém se avizinha, ela, com uma calma aparentemente imperturbável, endireita bem as orelhas e olha de lado, sem tugir nem mugir, neste caso, sem sussurrar nem zurrar, enquanto vai trinchando um sabicho de feno, a ver com alguma curiosidade, se reconhece no “irmão” ou no amigo que se aproxima, uma presença familiar, um se é algum vagabundo que deseja invadir-lhe o território.

Mas é engraçado, porque ela, no seu silêncio burrical, enquanto vai rilhando uns rebentos de relva bravia e saracoteando o rabo para escorraçar as moscas teimosas e impertinentes, - como algumas pessoas - diz muito, ao roçar o seu focinho na fuça do seu descendente, em sinal de afecto e protecção, como a querer transmitir à “intromissão”: “faz-te burro e não te armes em esperto, senão, perco os travões e levas “cu’as” ferraduras na focinheira porque esta cria é minha.

Eu penso que seria essa a intenção que naquele momento borbulhava na sua mioleira; visto que, a paciência tem limites que a burrice desconhece e a esperteza desrespeita. Só os tolos não o sabem.

Mas o dono sabe disso. Conhece-a e entende-a bem e à cria, que eu até ali ignorava. Foi uma agradável surpresa para mim tê-la encontrado com uma companhia tão espirituosa.

A Burra do Serafim, mai’lo seu primogénito/a.

“Donos e Srs. do Condado da Praia Fluvial de Vidago”, situado na margem direita do rio Tâmega, um dos sítios mais e atraentes para o turismo, votado ao desleixo.

Valha-nos a Burra do Serafim!

 

António Figueiredo e Silva

Chaves, 17/08/2021

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Nota:

Faço por não usar o AO90.

 

  

  

terça-feira, 17 de agosto de 2021

AQUAE FLAVIAE (Portugal)

 

“Outros viram o que é e perguntaram por quê.

Eu vi o que poderia ser e perguntei: por que não?”.

Pablo Picasso

 

 

AQUAE FLAVIAE (Portugal)
(Águas Flávias)

 

Ainda hoje não sei porquê, mas sempre me senti cativado pelas terras transmontanas, com especial referência pelo concelho de Chaves e todos os povoados inerentes ao mesmo.

Não grelei, não medrei nem amadureci naquela “velha” cidade, mas, por ela sempre me senti encantado, desde que a conheci, em 1970.

Aliás, tenho muito apreço pelo o povo transmontano em geral. Pelos seus usos e costumes (muitos não conhecerei, certamente), pela riqueza da linguagem regional, cuja articulação e fonia são portadoras características próprias, invulgares, mas engraçadas, que me dão algum prazer em ouvir – não me perguntem porquê.

Ontem andei por ali, junto à Estação Termal da cidade (agora em obras de beneficiação), a dar uns passos para manter a tonicidade muscular que o confinamento me quer impingir, e deparei-me com uma “peça” concebida pela fertilidade de uma imaginação que desconheço; contudo, posso considerar uma pequena ode à toda beleza que a arte comporta; neste caso, pela sua singela, porém, harmoniosa simplicidade.

É que, a arte, não se resume unicamente a pináculos rendilhados ou a horrendas gárgulas pendentes dos beirais ou das fontes, nem de complicadas estruturas que desafiam a força da gravidade e os ventos ciclónicos. Arte é criação. É o talento nato de, com as mesmas substâncias, podermos conceber coisas diferentes; transformar o desalinho, a dissonância, e o caos, em consonância e harmonia; de tal modo, que, ao olhar-mos, incutem-nos uma sensação de bem-estar. É a consequência da sublimação da sensibilidade cognitiva apurada. É o dom falar calado, sem deixar de expressar ao Mundo os nossos sentimentos, em demarcados instantes de inspiração Natural, que por vezes se nos afloram à mente.

Foi tudo isso que senti, ao deparar com o estilo do Posto de Turismo, situado no jardim adjacente à estação Termal da cidade.

Ignoro quem foi o seu criador, mas não vou deixar de o congratular, pelos traços seus, que deram origem àquela construção. Não enorme no seu porte, porém, enorme na sua veia artística condizente com o panorama onde se encontra montada.

As minhas congratulações ao artista seu criador, pela nobreza da ideia, e à Autarquia da cidade que por ter permitido a sua realização.

 

 

António Figueiredo e Silva

Chaves, 17/08/2021

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Nota:

Faço por não usar o AO90.

 

     

segunda-feira, 16 de agosto de 2021

RISÍVEL, MAS VERDADEIRO

 

A empáfia não “encurta caminhos”;

“alonga-os”.

(A.   Figueiredo e Silva)

 

RISÍVEL, MAS VERDADEIRO

 



Uma vez que a crónica anterior se referia às estreias, hoje, nem de propósito… deparo com esta “descomunal construção” que faço questão de aqui retratar.

Ao que parece, vai ser edificada pela IBERDROLA, (empresa de energia eléctrica espanhola), uma barragem no rio Tâmega, para suster as suas águas, no sentido de uma futura exploração de fornecimento de energia eléctrica - aos portugueses, claro!

Obviamente que, devido à planeada subida do nível do conteúdo hídrico, entre outras construções, houve a necessidade de proceder à feitura desta “colossal” ponte, que se situa na via que liga Vidago a Capeludos.

Está muito “bonita” e quer parecer-me bem “engenhocada”.

Tem um senão. Ainda não pode ser cruzada pelo trânsito rodoviário – até dava jeito.

Em princípio pensei que estivesse exposta aos raios ultraviovlêta, para que o cimento secasse bem, o alcatrão consolidasse, ou para testagem dos coeficientes de dilatação da sua “complicada” estrutura. Como as dúvidas são sempre os fantasmas do nosso raciocínio, também cheguei a pensar que o seu constructor estivesse a deixar exaurir a voz da sua consciência, até provar a si próprio que ela não iria desmoronar-se.

Afinal, enganei.me, porra! Vim a saber que a sua segurança só será oficialmente “testada”, ractificada e o livre trânsito autorizado, com a consumação de uma INAUGURAÇÃO – há uns meses em falta.

E lá temos que passar por um trecho viário, relativamente mais extenso, porque ainda não apareceu o “marmanjo” inaugurador para concluir a rito “baptismal”.

Bolas! Acabem lá com este caricato cenário.

Se não houver ninguém, - que há de certeza -, chamem-me, que em cinco ou dez minutos eu resolverei o impasse.

Até a atravessarei a ligação montado numa burra, para testar e atestar a sua solidez.

 

António Figueiredo e Silva

Chaves, 16/08/2021

 

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Nota:

Não pratico o AO90.

 

 

 

INAUGURAÇÕES

 

 

 

Não há nobreza na destreza de quem

não sabe por limites à sua esperteza.

(Élis Rocha)

 

INAUGURAÇÕES

 


    É um prazer quase que divinal, para determinados mandadores, mostrarem-se à populaça com toda pompa e cagança. Para isso, transformam coisas banais em actos de solenidade onde o ridículo é indispensável. Enjambram o nó da gravata (de seda, claro), num toque de puro narcisismo, e lá aparecem para o evento, de favolas arreganhadas até aos lóbulos das orelhas. Uma inauguração!...

Antecipadamente gatafunharam (ou escreveram para ele, pois muitos nem escrever sabem), num “papel-de-embrulho”, meia dúzia de termos bonitos e vibrantes, mas desocupados de recheio, onde são aplicados também uns quantos vocábulos já muito polidos pelo uso, e lá vai o marmanjo para a efeméride, onde meia dúzia de bajuladores, lambe-cus e pategos, com caras de macambúzio, que pacientemente aguentaram o atraso da sua chegada, na mira de um hipotético favorzito ou promessa de tal, fazem o favor de prestarem uma audição surda, finalizando com um ensurdecedor bater de palmas, senão mais, para enxotar os pássaros das redondezas.

Actualmente tem havido falta de obras colossais, que realmente mereçam as ditas inaugurações. Porém, à falta de melhor, num empenhado rebusco por todo o território nacional, sempre se tem arranjado umas lápidezitas para pôr ao sol e à chuva a ganhar algas e se poder dar continuidade às inaugurações com firme propósito de que este cerimonioso ritual não seja varrido das nossas monas por amnésia temporal, - o que interessa são as intenções. Nesse sentido, inventam-se uns jardinzecos, uns pombais, uns ecopontos, uns minguados alcatroamentos, mais umas pontes pedonais e ciclovias. Isto porque ainda ninguém se lembrou de inaugurar umas casas de alterne, umas alcovas de tias, umas pocilgas para bácoros ou uns canis para os amigos do homem, ou mesmo umas latrinas públicas, que, além de servirem para o efeito, diga-se de passagem, até fazem muita falta para o cidadão mais desafortunado, quando em aperto fisiológico e que não dispõe de dinheiro para tomar um bagaço ou uma bica, (ou ambos), aproveitar para fazer uma mijinha e sacudir os pingos excedentes, gratuitamente.

Todos estes predicados afiguram-se naturalmente hilariantes e ridículos, mas o certo é que, quase sempre, surtem o efeito desejado. Tornam os inauguradores mais colunáveis. Isso aumentar-lhes-á a popularidade e, no caso de serem inaugurações de latrinas, se eles fizerem um donativo do erário público para o papel higiénico, então... é um gajo porreiro, pá!... Aí merece o nosso voto.

Também me quer parecer que as coisas agora estão melhores para isso; aqui há uns bons anos atrás, de vez em quando inaugurava-se uma “pontezeca” (como a antiga ponte Salazar), sem piada nem préstimo nenhum. Actualmente não é assim; temos governantes que já inauguram estilosos pombais e no meio de arrulhos de presunção lá deixam algum para encher os papos aos animais que por lá ficaram a habitar (?!).

Ao que consta, ainda há uns tempos, o ministro do Mar, – para quem não saiba, é aquele que comanda as “ondas e as marés” – fez a inauguração de um ECOPONTO, vulgo, Caixotes do lixo, em Cascais.

Isto é que são obras de grande envergadura – plastificada –, merecedoras de apoteóticas inaugurações! No fim devem ser bem azeitadas e temperadas com uma boa pinga, a debitar na conta do Zé.

Vinham mais inaugurações, “cu” Zé aprecia.

 

 

António Figueiredo e Silva

Chaves, 16/08/2021

 

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Faço por não usar o AO90.

 

sexta-feira, 13 de agosto de 2021

CARGO NÃO É PROFISSÃO

 

Se os teus procedimentos são infractores,

não é justo que sejas julgado pelo teu cargo,

mas sim, como criminoso”.

(A. Figueiredo e Silva)

 

CARGO NÃO É PROFISSÃO

 


Por uma imperfeição interpretativa, acontece sermos conduzidos a amalgamar o verdadeiro significado de cargo e profissão, como serem possuidores da mesma conotação significativa. Ora, isso não acontece.

Todos sabemos, que existem figuras espertas (não confundir com inteligentes), que naturalmente os confundem por deliberação própria, porque lhes dá jeito. Mormente no mundo da política. Esse campo “profissional”, tem sido um jardim dourado para oportunistas e quejandos. Aprontam-se a assumir cargos de responsabilidade, porém, a maioria exime-se a ser responsável pelos erros e burricadas que comete. São muitos os inconscientes para arcarem com altos cargos, para os quais não foram preparados.

 Será o mesmo que dizer, não têm a percepção da responsabilidade necessária para assumir esses grandes ministérios. Mas lá estão e muitos por lá continuam, porque no trabalho em que se especializaram, profissionalmente foram puras nulidades.

Sem recurso a quaisquer tecnologias oftalmológicas, até os cegos vêm que isto é verdade.

Então como filhos socialmente abandonados, pela sua pobreza de espírito e incapacidade para a luta por uma sobrevivência condigna, atiraram-se para os meandros da política, o trajecto mais curto para o triunfo, onde as jumentadas e as rapinâncias são tuteladas por princípios por eles criados.

A política, que começou por ter sido um “CAT” (Centro de Atendimento Temporário), com o correr dos tempos e a cegueira colectiva, transformou-se para muitos, num CAVI (Centro de “Atendimento” Vitalício para Incapazes).

Este organismo, consiste numa instituição de “beneficência”, que tem acolhido famílias inteiras e toda a diversidade de “hematófagos” a elas agarrados, sustentado toda uma cáfila de irresponsáveis, para os quais, nem purgatório existe. É um organismo “vivo” a fervilhar de cunhas, jeitinhos, compadrios e apadrinhamentos, atiçado por uma fogueira de coesão vergonhosa nunca vista, o terreno fértil para o crescimento e multiplicação de toda a casta de corrupção.

Se a esses “desamparados”, não fosse imposto serem compulsivamente bem tratados, e dissimuladamente “respeitados”, pelos cargos que ocupam e não pela sua personalidade ou carácter, nunca passariam de uns badamecos; umas farroupilhas; uns trapeiros.

Sim, refiro-me a esses pulhas!? Àqueles que, abusiva e descaradamente, fizeram do cargo político a sua profissão e que por incúria, incapacidade e ganância têm deixado nações (povos), na mais completa e abjecta miséria. Não acontece por causa da sua profissão, mas porque “trocaram” a mesma, para assumirem um cargo mais rentável, em que o risco nunca é coberto por eles. É o povo quem arrota.

E vou acabar esta resenha, servindo-me de um curto, mas real pensamento, de Miguel Torga, com o qual estou em consonância:

“O país ergue-se indignado, moureja o dia inteiro indignado, come, bebe e diverte-se indignado, mas não passa disto.

Falta-lhe o romantismo cívico da agressão.

Somos, socialmente, uma colectividade pacífica de revoltados”.

Penso ter sido razoavelmente esclarecedor.  

 

António Figueiredo e Silva

Chaves, 13/08/2021

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Faço por não utilizar o AO90

 

 

domingo, 8 de agosto de 2021

DESTA VEZ, O QUE VIRÁ?!

 

DESTA VEZ, O QUE VIRÁ?!

 




“Colocar a carroça na frente dos bois”,
dá raia pela certa.

Eu sempre disse que as intenções, enquanto não forem realizadas, não passam disso.

Uma delas, que já havia perecido antes de ovular, foi o propósito da construcção de um aeroporto que era "absolutamente" essencial para servir a região Centro e o país. O AEROPORTO INTERNACIONAL DE CERNACHE (Coimbra).

Achei tanta graça à parabólica ideia, que mesmo sabendo à partida, era tão só, um fiasco ao serviço da propaganda eleitoral, a cravei na minha já caduca mioleira, até chegar o momento de a ressuscitar, só para ter a sentimento do ruído infernal das grandes máquinas nas suas descolagens e aterragens, quando a potência máxima é solicitada ou o “thrust reverse” é acionado. É de maníaco, não é?! Mas deixem lá!?

Bem, isto é só imaginação. No entanto, não deixo de não sentir esses ruídos sibilantes, ou cavos, agora fantasmagóricas testemunhas esvaídas, dos meus velhos tempos em que a técnica aeronáutica foi o meu ganha-pão.

  Porém, o que me convida a estar aqui a enjambrar esta curta dissertação, é somente para lembrar a Manuel Machado (Dr), actual Presidente do Município de Coimbra, que pode dormir e ressonar relaxado quanto à sua reeleição para a mesma têta, (o úbere é só um), porque, realmente a sua promessa foi, não digo total, mas parcialmente “cumprida”. Não direi integralmente, porque os factos assim o ditam.

Mas posso “afiançar” que houve uma substituição nos objectivos, com vista a “evitar dores de cabeça” às populações confinantes com o “famoso” e lunático aeroporto, cujos planos aterraram de papo e ficaram-se pelo capim.

Como, “com papas e bolos se enganam os tolos”, o Sr. Presidente deste Município, pensou relativamente bem; optou antes, por ofertar umas “Arrufadas-de-Coimbra” aos munícipes, com o fim de os aquietar, mas não deve ter visto com fundamental entendimento, o outro lado da moeda. Essa face, antes escondida, é que até tem acarretado muito mais dores de cabeça pela impaciência e perigo motivados, decorrentes da clara e observável anarquia que trouxe ao movimento rodoviário e pedonal, com aguçado relevo para as pessoas de idade avançada, cegos e amblíopes, e para indivíduos, que, independentemente da faixa etária, sofrem de problemas de locomoção – isto não é nada; muito mais haveria para dizer.

As TROTINETAS! Esses “maravilhosos” empecilhos que pela cidade e arredores cirandam sem rei nem roque.  É certo que têm vindo a servir de transporte individual ou colectivo, fazem muito jeito aqueles que não gostam de andar à pata ou consumir alguns minutos à espera do autocarro. São transportes práticos – até devia ser permitido levá-los para junto da cama.

Não estacionam; abandonam os trambolhos em qualquer lado. Atravessados na rua ou nos passeios, podem circular em contramão e andar aos “esses”, quando na aprendizagem; pelo mesmo preço, têm espaço para transportar até três passageiros – eu já vi -, em quanto que não aparece um habilidoso que entenda fazer do guiador, também um belíssimo de assento.

Penso que este estratagema do disseminado “parque trotinético”, colocado ao dispor dos “cidadões” da zona centro, e cosmopolitas que por aqui cruzam, foi uma óptima alternativa ao AEROPORTO INTERNACIONAL DE CERNACHE. Custou uma ninharia e não deixa de não ter integrando, como é de considerar, uma mais valia conducente a uma reeleição autárquica fanaticamente ambicionada.

Agora resta equacionar e questionar, sobre as responsabilidades referentes ao uso dos referidos EMPECILHOS que pr’aí circulam, “desalbardados” de qualquer regulamentação Governamental ou Autárquica; quando os “passageiros/condutores”, alguns desmiolados e irresponsáveis, outros etilicamente bem encharcados ou com a “ganza na cornadura”, sem habilitação equilibrista, sem seguro para o caso de haver acidentes), e sem lei, começarem a cair como tordos, que é o mais certo, quero ver que vai ser responsabilizado.

DESTA VEZ, O QUE VIRÁ?!

 

António Figueiredo e Silva

Coimbra, 08/08/2021

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Faço por não usar o AO90