sábado, 28 de janeiro de 2017

ATÉ QUANDO, NÃO SEI!?




ATÉ QUANDO, NÃO SEI!?
(Ainda “O caso Peste Grisalha”)

Entre o prazer e a revolta, o feudo foi liquidado. Prazer, porque, não é todos os dias que uma pessoa põe a léu o que lhe vai na alma (embora convicto de uma realidade, cujo objectivo atingiu um horizonte diferente… Paciência!), e revolta por concluir que, entre a linha ténue que divide uma absolvição de uma condenação (em abstracto) existiu uma assimetria de critérios que, não tendo sido bem depurados, obrigaram a que este fio se tivesse diluído na parte mais negra da ética, prensada pelo carcinoma poder: a condenação.
Que cada um deva ser responsabilizado pelos idiotismos que comete, é um facto. Mas também é certo que, por vezes se é comprometido com verdades cuja aspereza arranha os ouvidos humanos e que são susceptíveis de serem conotadas com parvoíces, que em certas circunstâncias até podem nunca terem sido cometidas. Neste contexto, penso ser este um dos casos mais recentes da nossa história judicial, que levou à repulsa da grisalhice - e não só. Esta, numa onda sísmica com desenfreada robustez, arreganhou com realçada ferocidade os seus caninos, retaliando com sublevada indignação, acerca d’O CASO PESTE GRISALHA” e a punição daí decorrente.
Sei que não me é concedido civicamente, repito, civicamente, eu ser defensor em causa própria porque seria provável que na sua decomposição pudesse haver um erro de avaliação ditada pelo amor-próprio e vincada pelo meu subconsciente, meu fiel defensor selvagem, porém infalível.
Mas, quando olho à minha volta e observo que uma multidão matizada por pessoas de todos os estratos sociais, desde pessoas simples, mobilizadas por uma razão moral, às mais doutoradas em diversos ramos da ciência, incluindo a causídica, movidas, além da razão moral, também por uma questão de profundo conhecimento da doutrina do direito, estrarem do meu lado, o que poderei eu pensar?
Obviamente que isto me leva a pensar o que os consciencialistas veridictam; porque, se a decisão final tomada não tivesse sido considerada uma injustiça, com certeza que não teria havido tanto burburinho em torno deste caso, “O CASO PESTE GRISALHA”, que com um bocado de bom senso poderia ter sido abortado à nascença. Não será isto verdade?
Eu não estou “p’ráqui” a fazer, como Fernando de Bulhões, sermões aos “peixinhos”, numa tentativa de vã catequização, pois sou avesso aos clisteres cerebrais; estou sim a escrever para as massas que me lêem, e que com recurso à sua aperfeiçoada mioleira, me compreendem e por isso me protegem da agressividade talvez imponderada da nossa justiça. É precisamente p’ra essa multidão, que me tem disponibilizado abertamente o seu auxílio, quer moral quer material, desde a divulgação da minha sentença em 2 de Novembro de 2016, até ao dia de hoje. E esta é também a maneira mais sublime que encontro de lhes demonstrar a minha mais sincera gratidão.
É evidente que o “exército” é enorme! Seria absurdo “contabilizar” toda a gente que, de mãos firmemente entrelaçadas, fazem o cerco para minha protecção, quando a minha fragilidade se aparenta ser presa fácil do poder, mas faço questão de que alguns, para conhecimento de todos e do público em geral, tenham aqui, nesta resenha, que vai pertencer às “CRÓNICAS DE UM CRÓNICO”, o seu nome, marcado pela majestade do seu carácter e pela robustez do seu altruísmo.
São eles:
João Saldanha, Digmo. Advogado de Coimbra, que me acompanhou e formulou toda a defesa do processo, sem cobrar um cêntimo que fosse, a não ser a de sentir alegria no interior da sua intransigente maneira de ser, por ter disponibilizado o seu saber e a sua peculiar boa vontade, ao serviço da razão.
Hélder Fráguas, eminente Causídico de Lisboa, que em tempos fez parte dos quadros da magistratura portuguesa e se prontificou a levar este caso ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, gratuitamente, por entender que na decisão condenatória algo podia não estar dentro da limpidez da razão.
Elisabeth Duarte, licenciada em Línguas e Literaturas pela Universidade de Paris IV-Sorbone e tradutora credenciada por vários organismos oficiais, que como seu modesto – diz – contributo, se prontificou a fazer a tradução de todo o processo, graciosamente, por uma questão de coerência ética, talvez por ter sentido alguma insensatez no decorrer do processo e na decisão da pena da aplicada.
 D. Ana Martins, pessoa que nunca vi, mas que entendeu por bem, abrir uma página no facebook, titulada de, “PESTE GRISALHA?”, para um crowfounding com o objectivo suportar as despesas que me recaíram em cima, alegando que, “isto não é uma esmola; é uma questão de justiça social, porque, se o Sr. Figueiredo teve a coragem de dar a cara pelos grisalhos deste país, eles são quem deve pagar esta despesa; se cada pessoa contribuir com um euro, não custa nada e fica o problema parcialmente resolvido”, porque a calosidade psicológica, o tempo encarregar-se-á de lha diluir, caso ela exista”.
Além destas figuras, quero agradecer a todo mar de gente que me tem vindo a amparar mantendo-me a cachimónia à tona dos rápidos da correnteza do rio Mondego, resultante de degelo politiqueiro e descabido jorrado das encostas da Serra da Estrela, decorrente do degelo de um forte inverno de leviandade egocentrista.
A enfrentar o Poder Político, apenas desfruto, como armas frágeis, uma pena, o dom da “partitura” lexical e a robustez do meu carácter; por isso, necessito da coesão de todos vós. Dos grisalhos e dos que para lá caminham; de cá, e dos dispersados por todo o Mundo à procura de uma vida melhor! E principalmente de todos aqueles cuja massa encefálica ainda não foi contaminada pela pestilência, como muitas cacholas alucinadas possam considerar.
Pois… ligados triunfaremos.
Até quando, não sei!?

António Figueiredo e Silva
     (O CONDENADO)
Coimbra, 20/01/2017


Sem comentários:

Enviar um comentário