terça-feira, 20 de dezembro de 2011

SÍDROMA DA PELE CURTA

“SÍNDROMA DA PELE CURTA”

É na realidade uma moléstia que está a afectar Portugal no presente momento, e que os “médicos” da economia ainda não deram conta, ou então, fazem-se de lorpas.

Esta doença está a mutilar com toda a brida, a já atrofiada capacidade económica dos portugueses e a enxertar no seu lugar uma miséria franciscana, no decurso da qual, muito infortúnio vai abrolhar.

De todos os contendores políticos, não sinto que algum se tenha importado muito com isso, baseando-se no entanto na realidade emergente que voga à tona sem rumo certo, para criar subterfúgios com o objectivo fundamental de assegurar os seus assentos de tribunos e todas as caçarolas dos compinchas a eles afectos.

Com os meus sessenta e sete anos de existência e a observação das politiquices encenadas que têm “governado” e desgovernado este endémico país, posso concluir que da extrema-direita à estrema-esquerda, são todos semelhantes; quer na teimosia, quer na lengalenga com que irritam ou adormecem o já débil cérebro cabaçal do nosso povo, que por mais sobreirada que tenha apanhado na cabeçona, a sua evolução manteve inalterável a sua doentia inércia.

Sei que a doença referida neste momento ainda não tem cura e provavelmente nunca terá. Gostaria que assim não fosse, porque isso permitir-nos-ia desvestir o colete da preocupação ao alijar a pressão psicológica que nos esborracha a vontade e nos continua a conduzir ao fracasso.

A maleita da pele curta obrigou a que deixássemos de ter vontade própria como povo independente e soberano, ao permitir que um obstinado triunvirato de ácaros, atafulhados de más intenções - e a soldo americano -, irrompesse por aqui dentro para dar ordens, impôr como se governa à sua maneira e à medida alargada das suas conveniências.

Fomos manhosamente financiados por essa cambada, para destruirmos a nossa economia e ingenuamente aceitámos, isto é, aceitaram por nós. Agora, meus meninos, não adianta trancar as portas e há que liquidar a dívida, porque é de facto a única coisa de que somos soberanos e promitentes devedores.

Dentro e na periferia do círculo político, todos gesticulando, espumando, cuspindo e insultando-se entre si, arrazoam que fariam melhor. Melhor o quê?! São só artistas! Tanto o são os que lá estão, como os que por lá passaram e os que desapareceram e não fizeram nada e voltaram a aparecer para nada fazerem na mesma, a não ser para completarem um número “X”, que apesar da crise, imperativamente teimam em manter.

Por isso dilatam os impostos, sobem as taxas moderadoras, rebaixam os ordenados, adelgaçam as comparticipações medicamentosas e outras, aumentam o desemprego, com consequências de mais despesa nas finanças públicas, que se reflectem nos desgraçados dos contribuintes, etc. Enfim, é um tal apertar de arrôcho que por certo muitos “burros” não irão aguentar e certamente a “burricada” vai começar a “escoicinhar” com fúria asinina numa tentativa de rebentar as cilhas imorais que a oprimem e a fazem perder a razão de existir com este síndroma sobre o seu calejado lombo. “O MAL DA PELE CURTA” é o resultado, o desfecho, provocado por uma cambada de interesseiros, incompetentes e hipo-realistas na arte de administrar.

Sei, caros ledores, que muitos de vós não sabeis o que é o mal da pele curta, e, para melhor vos elucidar do dessa maleita, vou contar-vos esta pequenina historieta:

Havia um fulano que de tão subalimentado que andava, a certa altura apercebeu-se que quando fechava os olhos abria-se-lhe o esfíncter e para além do barulho arrotativo e denunciador do sítio da sua proveniência, almiscarava tudo à sua volta com um cheiro pestilento a couves pôdres.

Depois de ter sido observado por algumas entidades que ele julgava entendidas no assunto e sem nada ter conseguido saber, resolveu consultar numa remota aldeia do interior, um médico de frieiras - que também por aí há bastantes.

Após ter entrado no consultório, o esculápio pediu que ele se despisse completamente. Olhou-o de alto a baixo com letárgica calma, examinou-o demoradamente com toques cirúrgicos como quem percebe da coisa e às tantas pediu-lhe que fechasse os olhos. Ao fazê-lo, lá saiu a ventania mal cheirosa e com som ensurdecedor, que há muito vinha atormentando o pobre homem.

O médico, com olhar apreensivo e queixo pousado sobre a mão direita com ar meditativo, manda chamar a esposa, do seu cliente, que se encontrava na sala de espera, e relata a científica e assertiva diagnose:

- Minha senhora o seu marido sofre de uma doença que a meu ver, provavelmente não irá ter cura… Tem o nome de “SÍNDROMA DA PELE CURTA”.

- Mas isso é o quê, Sr. doutor?

- Sabe, devido às necessidades por que tem passado, a pele reduziu o seu tamanho, isto é, ficou mais curta; daí que quando ele fecha os olhos forçosamente tem que abrir o cú.

Caros lentes, é este o mal de que está a sofrer o nosso país. Por isso, esticar de um lado para descobrir o outro os resultados só podem ser utópicos. Outros desfechos não vislumbro; se não se esvaírem no vazio da utopia, imergirão seguramente nas garras do catastrofismo.

António Figueiredo e Silva

Coimbra

Blog: www.antoniofigueiredo.pt.vu