segunda-feira, 30 de setembro de 2019

AOS PORTUGUESES ПОРТУГАЛЬСКОМУ צו די פּאָרטוגעז


A trapaça, a duplicidade e a má fé, são, infelizmente,
 o carácter predominante na maioria dos homens
 que governam as nações.
(FredericoII)

AOS PORTUGUESES
 ПОРТУГАЛЬСКОМУ
 צו די פּאָרטוגעז
TO THE PORTUGUESE
AUF DEN PORTUGIESISCHEN


Quando uma lavagem cerebral é bem ministrada e o passado é esquecido, é frequente consegue-se comprar um porco, por meia dúzia de chouriços. Ora, o que está presentemente em jogo, é precisamente a caça a esse “suíno” que a muitos tem engordado: a montaria ao voto. É através dessa lavagem cerebral, fermentada em calda de intrincada virtualidade, que pode ser gerado o entorpecimento do raciocínio nos mais fracos de espírito, nos mais mal formados, ou tendenciosamente, como tem acontecido, nos mais mal informados.
Todo o requinte da caçada está na confusão, que é sistematicamente engendrada por hábeis oradores, que nada ficam a dever à esperteza. Grande parte dela é assente no sofisma ou na utopia. Malgrado seria, com é evidente, se não restasse, no amontoado de aldrabices e promessas proferidas, alguns halos de verdade. É justamente nessas auréolas de verdade, que vós, portugueses, deveis procurar a aferição da vossa consciência e a justificação (válida) para o vosso sufrágio, porque dele depende a estabilidade do futuro de todos nós.
Tenho-me como um indivíduo apartidário e tolerante para com as mais diversas ideologias, conquanto que, nunca compactuei com ladrões, corruptos, vigaristas, trapaceiros, trapalhões, vendilhões e exploradores dos mais fracos; estão também inseridos neste rol, os cozinheiros de leis, que as fazem ao seu jeito ou à feição dos seus comparsas; os seus promulgadores, que certificam a letra mesma com o sinete da sua aquiescência; os ajudantes de cozinha que as manipulam, tomando, vezes sem conta, decisões salgadas sem razões concludentes, onde os factores que regem a sua determinância são: o jeitinho, o hermetismo ideológico ritualmente vinculado ou  deficiência analítica por condição genética; para já não contar com as dores de calos, dores de cotovêlo, dores de corno, condições climáticas e até frustrações que degeneraram em recalcamentos; faltam ainda, nesta panóplia de figuras, os manipuladores das saladas legislativas, que alimentam o seu ego espiritualmente, e a si próprios  materialmente, por investirem a sua vida na “defesa dos fracos”, quando estes têm “cabedal” para suportar – sem espinhas - a narrativa tecnicamente elaborada dos seus argumentos, que entre rodopios e sinusóides, conseguem – por vezes – fintar o espírito da lei, resultando na inversão dos valores da rectidão.
É. A hora está a chegar. Tenho a noção de que não sei muito, porém o suficiente para vos para vos alertar: desconfiem dos que muito prometem, dos que abundantemente papagueiam, e, principalmente, daqueles que maliciosamente dizem mal dos outros, recorrendo a maledicências e outras artimanhas menos moralistas, que usam como pedras insanas lançadas pelas suas catapultas de apoquentação.
Tenham sempre em conta, o velho ditado, “Quando a esmola é grande, o pobre desconfia”.
Dirijo-vos estas palavras, porque tenho sempre em conta que o Diabo sabe muito, não por ser Diabo, mas por ser velho. E eu, já não sou jovem, e comi muito pão amassado por ele.
Portugueses, tenham cuidado com as lavagens cerebrais - e de roupa suja.
Não interiorizem as cores, mas analisem as pessoas; não as confundam.
Mas, elejam sempre; não se privem desse direito.

António Figueiredo e Silva
Coimbra, 30/09/2019