terça-feira, 30 de abril de 2013

A PESTE GRISALHA













Os loucos por vezes curam-se,
os imbecis nunca.
(Óscar Wilde)

A PESTE GRISALHA 
(Carta aberta a deputado do PSD)


Exmo. sr.

António Carlos Sousa Gomes da Silva Peixoto

Por tardio não peca.
Eu sou um trazedor da peste grisalha cuja endemia o seu partido se tem empenhado em expurgar, através do Ministério da Saúde e outros “valorosos” meios ao seu alcance, todavia algo tenho para lhe dizer.
A dimensão do nome que o titula como cidadão deve ser inversamente proporcional à inteligência – se ela existe – que o faz blaterar descarada e ostensivamente, composições sonoras que irritam os tímpanos do mais recatado português.
Face às clavas da revolta que me flagelam, era motivo para isso, no entanto, vou fazer o possível para não atingir o cume da parvoíce que foi suplantado por si, como deputado do PSD e afecto à governação, sr. Carlos Peixoto, quando ao defecar que “a nossa pátria foi contaminada com a já conhecida peste grisalha”, se esqueceu do papel higiénico para limpar o estoma e de dois dedos de testa para aferir a sua inteligência.
A figura triste que fez, cuja imbecilidade latente o forçou à encenação de uma triste figura, certamente que para além de pouca educação e civismo que demonstrou, deve ter ciliciado bem as partes mais sensíveis de muitos portugueses, inclusivamente aqueles que deram origem à sua existência – se é que os conhece. Já me apraz pensar, caro sr., que também haja granjeado, porém à custa da peste grisalha, um oco canudo, segundo os cânones do método bolonhês. Só pode ter sido isso.
Ainda estou para saber como é que um homolitus de tão refinado calibre conseguiu entrar no círculo governativo. Os “intelectuais” que o escolheram deviam andar atrapalhados no meio do deserto onde o sol torra, a sede aperta a miragem engana e até um dromedário parece gente.
É por isso que este país anda em crónica claudicação e por este andar, não tarda muito, ficará entrevado.
Sabe sr. Carlos Peixoto, quando uma pessoa que se preze está em posição cimeira, deve pensar, medir e pesar muito bem a massa específica das “sentenças”, ou dos grunhidos, - segundo a capacidade genética e intelectual de cada um - que vai bolçar cá para fora. É que, milhares pessoas de apurados sentidos não apreciam o cheiro pestilento do vomitado, como o sr. também sente um asco sem sentido e doentio, à peste grisalha. Pode estar errado, mas está no seu direito… ainda que torto.
Pela parte que me toca, essa maleita não o deve molestar muito, porque já sou portador de uma tonsura bastante avantajada, no entanto, para que o sr. não venha a sofrer dessa moléstia, é meu desejo que não chegue a ser contaminado pelo vírus da peste grisalha e vá andando antes de atingir esse limite e ficar sujeito a ouvir bacoradas iguais ou de carácter mais acintoso do que aquelas que preteritamente narrou como um “grande”, porém falhado “artista”.
E mais devo dizer-lhe: quando num cesto de maçãs uma está podre, essa deve ser banida, quando não, infecta as restantes; se isso não suceder, creio que o partido de que faz parte, o PSD, irá por certo sofrer graves consequências decorrentes da peste grisalha na época da colheita eleitoral. Pode contar comigo para a poda.
Atentamente.

António Figueiredo e Silva
Coimbra, 28/04/2013
www.antoniofigueiredo.pt.vu

Obs:Esta carta vai ser enviada sob A.R.
 para a Assembleia da República.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

COMEÇOU A LENGALENGA






"A política... há muito tempo deixou de ser
 ciência do bom governo e, em vez disso, tornou-se
arte da conquista e da conservação do poder."
 (Luciano Bianciardi)


COMEÇOU A CANTILENA


Apanhar estrelas onde elas não existem, são fugazes consequências de um sonho. Acreditar sempre na fatigante e fastidiosa lengalenga usada por aqueles que se batem a um cargo político, já é sequela de extrema burrice.
Começaram as rémoras e ciclóstomos a encetar o seu doce cantarolar de sereia, previamente afinado e depois lançado às massas como se fosse de improviso, por enquanto assistido por pachorrento saracoteado, resultado também de acauteladas composições nas partituras ideológicas e de acordo as conveniências pessoais.
Versejam sobre os verdejantes espaços – estamos na Primavera – das nossas regiões, que somente são arranjados e asseados nos centros, remanescendo um indignificante bordado de porcaria nas cercanias, em sinal de valoroso elogio às ramelas que obstruem os lúzios dos dirigentes; empolam os investimentos exógenos ou endógenos das nossas áreas autárquicas, como se tivessem sido eles os investidores; versam também com carpida mas fingida tristeza, a miséria dos mais desfavorecidos, que de ano para ano cada vez é maior o seu número, porque Portugal está a envelhecer a genética substitutiva está a baixar. Os putos, os desgastados e os pobres – do juízo também – fazem realmente parte da nossa tão badalada proximidade que peca pela inegável ineficácia, porque muitos de nós e eles (dirigentes) passamos com tangencial indiferença por esse leque de desprotegidos e fazem visão pastosa – já todos estamos psico-adaptados ao infortúnio.
Não existe em lado algum, uma rede coesa que lhes possa valer… e jamais haverá. O resto, como costuma dizer-se, é trinta e um de boca.
Falam de conhecimento e inovação e eu vejo tudo cada vez na mesma, onde a verdadeira intelectualidade não dá sinais de si através de atitudes nobres e sensatas e a ortodoxia fortemente se manifesta por uma real paragem do tão apregoado conhecimento, que tem muito que se lhe diga, porque este decorre da relação entre o ser e o existir.
São tudo palavras de graciosa lavragem; contudo, não passam disso, porque não traduzem o verdadeiro sentimento de quem as arenga – pelo menos é isso que até agora tem sido evidenciado. São verbações direccionadas ao enchimento balofo dos buracos discursivos – já que para os outros não há alcatrão – e imprimem uma tonalidade suavisadora e ao mesmo tempo convincente à prédica, que entra no sentimento do Zé Pagode e lhe transtorna ou limita o filão da razoabilidade.



António Figueiredo e Silva
Coimbra 25/04/2013
www.antoniofigueiredo.pt.vu





quarta-feira, 17 de abril de 2013

ASSIM NÃO VAMOS LÁ




“Quando o sábio aponta para as estrelas,
o idiota olha para o dedo”.
(Provérbio chinês)


ASSIM NÃO IREMOS LÁ


O cio vibrante que faz estalar o brilho da polidez, exibir as unhas bem aguçadas da agressividade, florescer a ambição em todo o seu esplendor e cindir os poucos preconceitos viventes, já se encontra em frenético movimento de pré-contenda, onde a surdina já se faz representar num tom fervilhante para vencer a inércia sonora, até agora conservada em interiorizado molho picante de manhosice. São as eleições autárquicas que se aproximam e trazem no ventre promessas falsas, soluções impossíveis, palavras duras, macias ou sarcásticas, de mal e bem-dizer, talhadas à medida das conveniências dos antagonistas, que a gesticular e a espargir espuma pelos cantos dos beiços, tentam a todo o custo vender o seu peixe, que dentro da podridão é sempre o melhor, a quem neles acredita. Isto é que é política pura, ó Zé!
Pois bem e como não podia deixar de ser, Loureiro, minha terra natal, uma zona agro-pecuária e industrial pertencente ao concelho de Oliveira de Azeméis, também não ficou imune e essa moléstia que até agora, como um cometa, tem ostentado a sua aparição de quatro em quatro anos.
Assim sendo, já se sente nos bastidores a acção catequizado dos ideólogos que, ainda com a mente encruada mas possuída de obstinação teimosa, procuram já, aplainar os caminhos que levam ao tacho; dos ardilosos estrategas que por vezes sem saberem o que fazem, traçam em linhas tortas os métodos de ataque, e, quando o silêncio moureja quase no absoluto, já se pode sentir também o murmurejar falso e bajulador dos trampolineiros, que a troco de algum baixo plano estatutário, ou por beatífica submissão sectária, servem de ímpeto catapultador ao provável cabeça-da-manada.
Com alguma percepção sensorial, já se pode sentir o fervilhar nervoso e apreensivo do formigueiro que apronta e aponta o rol de proposições que jamais serão cumpridas e estuda as palavras mais doces para o convencimento da urbe ou os vocábulos mais acres para os seus opositores.
A política é assim Zé.
Vamos lá a ver o que é que vai ser feito de concreto e útil, para tapar os buracos de descrédito e os buracos das ruas que até agora têm sido implementados, como dizem os politiqueiros e os aldrabões; sim os aldrabões também, porque não? Uns são a sombra dos outros. Disso não tenho a mínima dúvida. E mais, quando se apanham servidos, aprumam-se, e, com frio desdém, mijam na pia onde lhes votaram a sopa.
Vamos lá a ver se eu erro. Oxalá que sim. Isto porque gostava de ver a Freguesia de S. João de Loureiro de cara mais lavada e não de imprudente ostentação maquilhada.
Contudo, sei que a minha terra só será insuflada pelo sucesso, quando primeiramente, da cachimónia de alguns “senhores”, forem desterrados o instinto cassiquista, a rigidez retaliadora empedernida e a mentalidade restrita e unilateral.
Se não substituirmos essas manias pela humildade, assim não iremos lá.             


António Figueiredo e Silva
Coimbra, 16/04/2013

NOTA:esta crónica não só se dirige à minha terra,
 mas  a tantas outras que se encontrem em situacão idêntica.    

sábado, 6 de abril de 2013

TODO O CUIDADO É POUCO



Ladrão que rouba a Nação,
tem programa na Televisão.
(novo prov. Português)


TODO O CUIDADO É POUCO

Podemos não ser férteis em muitas coisas, mas em humor, devemos andar a raspar a primeira fila da criatividade, a ver pelo provérbio acima narrado, de um qualquer autor desconhecido.
A ladroíce quando é realizada com proficiência e destreza, torna-se num acto capaz de transfigurar a imagem do mais reles criminoso num ícone internacionalmente conhecido. Isto ocorre, não para servir como exemplo de moralidade mas para desenvolver a criação de audiências, a árvore das patacas de uns grupos de espertos, contudo, com as mentes lisas de qualquer réstia de consciência ou pedagogia. E não há ordenação que lhes possa arrolhar esse propósito objectivista nocivo à sociedade, cujo vício bisbilhoteiro é o seu filão de mineração. As pessoas sentem, por índole própria, uma atracção forte pelo ridículo, pela fatalidade e por tudo o que lhes aguce a curiosidade ou lhes mexa com o instinto animalesco dissimulado mas latente; mais do que isso, muitas vezes seguem como verdadeiros ceguêtas, exemplos errados, ou, com o entendimento depredado por sucessivas catequizações, incorrem na acção repetitiva do mesmo tropeção que posteriormente lhes vai dificultar, não só a própria vivência, como também a existência do seu semelhante.
É precisamente com estes dados que a comunicação social mais tendenciosa, constrói a estrutura do seu tablado, de onde faz veicular a prosaica, porém falaciosa musicalidade catequizadora de umas dúzias de indivíduos a quem a ambição pela grandeza fácil despersonalizou. Mas é desse coreto que tira altos dividendos, sem se incomodar com as lavagens cerebrais que dali possam ser emitidas. Fá-lo, não por falta de conhecimento da “moléstia” e da sua nocividade, mas por interesses lucrativos subjacentes à divulgação.
O mais recente exemplo, é o do canal estatal RTP 1, que mesmo com uma forte movimentação popular contra, mantém o propósito de contemplar com uma emissão para o ar das palavras, sem fiabilidade alguma, de José Sócrates Pinto de Sousa, em comentários supostamente semanais.
Ora, a pretenção desse brilhante fala-barato, não é por certo, esclarecer nada nem ajudar a repor a estabilidade na bandalheira que ajudou a deflagrar; é, pelo contrário, a tentativa de dar uma borrifadela na limpeza da sua imagem, justificar a sua atitude desgovernativa que foi assente em vários factores cuja lisura duvidosa durante muito tempo ocultou, e, acima de tudo, confundir os portugueses, virtude desvirtuada na qual é exímio sabedor.
O seu propósito é fácil de vaticinar; a época de eleições aproxima-se e deve ser seu desejo aplainar o caminho com vista a arrancar mais uma nicada ao costado dos portugueses, assim eles se deixem levar. Por isso e com a ajuda divulgadora da RTP1, aí o temos, com toda a arteirice que lhe é peculiar, apto para estimular a dormência colectiva no Zé Pacóvio.
Todo o cuidado é pouco.

António Figueiredo e Silva
Coimbra 03/04/2013
www.antoniofigueiredo.pt.vu




   





terça-feira, 2 de abril de 2013

NÃO FOMOS NÓS!?

O governo de muitos é o desgoverno de todos.

   (Marquês de Maricá)

NÃO FOMOS NÓS!?


Já se torna ridículo e fastidioso justificar a carência que lavra na sociedade portuguesa com a frase de que andámos durante muito tempo a viver arriba das nossas possibilidades, pelo que agora temos de pagar penosamente e com bastante amargura, por uma transgressão que nos é selvaticamente atribuída, cuja base é susceptível de ser colocada no crepúsculo da incerteza.  
 
Basta sabermos que não fomos nós que temos vindo a feitorizar a nossa estrutura administrativa interna, nem tivemos qualquer interveniência nas negociatas feitas, ao que parece sob a acção de um nevoeiro permissivo onde serpenteava a fraudulência através da nossa política externa.

Não fomos nós os conselheiros ou criadores do avolumado ninho de vespas com o desnecessário recheio populacional de duzentos e trinta indivíduos, que na telenovela parlamentar “venenosamente se aferroam entre si”, presenteando-se por vezes com chalaças brejeiras e ridículas, e que com salientada imperfeição e descaramento nos vão desgovernando.

Não fomos nós que fomentámos a criação das largas centenas de Institutos Públicos, que ainda hoje não se percebe claramente a sua função. De uma coisa podemos ter a certeza: servem pelo menos para alimentação pecuniária de algumas sanguessugas da nossa urbe, escolhidas por apadrinhamento político.

Nem tão pouco fomos nós que criámos, mas que temos sido coagidos amamentar, o alto número de Empresas Públicas Municipais existentes, que servem de mineração aurífera não sabemos a quem, decorrentes de “conluios amistosos” que só escorrem para um lado, tuteladas por uma transparência opaca de que bem nos apercebemos, mas através da qual nada conseguimos descortinar.

Não fomos nós que concebemos as largas centenas de Fundações, a maior parte das quais, sem qualquer fundamento ou benefício para a nossa sociedade, mas que vivem literalmente à custa do erário público que é abastecido pelo “Zé Mexilhão” obrigado pela pressão implacável de esmagamento coercivo do fisco.       

Ainda não fomos nós que “fabricámos” as dezenas de Empresas Públicas Centrais que carecem em absoluto dos proventos estatais.

Como também não fomos nós os autores ou obreiros da implementação da távola de Governos Civis por aí espalhados, cuja (in) utilidade bem conhecida é a nomeação de figuras para funções de alto gabarito salarial e que mutam ao sabor do mimetismo político, um vez que estas são ocupações decididas segundo a côr e o propósito de cada facção partidária no seu estado de vigência governativa.

Ainda assim, têm de reconhecer que a nossa interferência foi nula, na formação das dezenas de parcerias Público-privadas, cujos contractos só vieram favorecer a parte privada, ficando a grande fatia de pagamento sobre o lombo dos contribuintes.
   
Não fomos nós que com contrafeitas molhaduras de puritanismo e opulência, perdoámos a dívida a Angola.

Não fomos nós que com fingido instinto paternal, também beneficiámos Moçambique, por exemplo, no que concerniu à avultada quantia dispendida com Cabora Bassa.

Não fomos nós que arruinámos, tivéssemos permitido ou colaborado, com o descarado desmoronamento do BPN; porém, hoje também estamos a pagar por isso.


Certamente que também não fomos nós que concebemos estas, e outras cavaladas de que nos culpam, nem vale a pena aqui comentá-las, mas temos a obrigação de compreender que quando a ambição se encontra na autoridade, o seu triunfo legitima a ilegitimidade dos métodos.


António Figueiredo e Silva
Coimbra, 31/03/2013

www.antoniofigueiredo.pt.vu