segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

AMIGOS QUE NÃO "MORREM"

 

AMIGOS QUE NÃO "
MORREM"

(José da Cunha Reis Pinto Coelho)

 

          Foi um dos mais conceituados Técnicos de Aviões da DETA (Linhas Aéreas de Moçambique). Passou pela COMAIR, África do Sul, tendo posteriormente optado por regressar ao ponto de partida.

Pela excelência da sua ficha curricular em técnica aeronáutica, veio a ser nomeado chefe de equipa na Manutenção da companhia.

Mais tarde, foi indigitado para ir aos USA, (Estados Unidos da América), a fim de frequentar um curso de formação em Boeing 737, o que, posteriormente, lhe valeu um convite para ministrar instrução sobre de Sistemas Hidráulicos da referida aeronave, no Centro de Formação Técnico das Linhas Aéreas de Moçambique.

Entretanto, eclodiu a sublevação do 25 de Abril em 1974 em Portugal, e, por arrasto, a “Revolta” no dia 7 de Setembro no mesmo ano, em Moçambique, que se iniciou com a “apropriação” forçada do posto emissor em Lourenço Marques, a Rádio Clube de Moçambique.

Após vários infortúnios e alguns fatalismos, passados três dias, perante a presença “amigável” de um Panhard Ultrav M11, (veículo blindado do Exército Português), em frente ao edifício da emissora, esta foi “assaltada e preenchida” pelas tropas portuguesas. Para pontualizar o facto, foram difundidas através das suas antenas, as termos: “GALO, GALO, AMANHECEU” (moçambique era independente).  

A partir daí, depois de bastantes imprevistos, deu-se o início da diáspora de grande parte dos “colonos” portugueses para as mais diversas partes do mundo. Contudo, foram até ali, sem sombra de dúvida, os impulsionadores da cultura e da economia moçambicana - alguns, nados e criados naquelas terras.

Mas, adiante.

Após alguns dias da “sublevação” justa, e do seu forçado “apaziguamento”, as coisas mudaram de figura e… “salve-se quem puder”.

O Zé Reis, (ou Cunha Reis), como usualmente era conhecido, largou tudo e embarcou novamente para a África do Sul, onde exerceu a sua profissão na South African Airways, cujas chefias, por ele nutriam grande estima e consideração.

Entretanto, a idade foi atravessando o tempo, e o esgotamento existencial, paulatinamente ia impondo condicionantes diversas, que o levaram a optar pela jubilação. 

Apesar de gostar muito de Moçambique, nessa altura, a estabilidade que por lá andarilhava era deficiente e não oferecia grandes oportunidades laborais, nem garantia condições, segurança; já não digo boas, mas razoáveis. Então resolveu vir com a família, morar para Portugal; mais propriamente para a cidade universitária de Coimbra, onde antecipadamente já havia adquirido habitação.

Cá nos voltámos a encontrar de novo, dando continuação à nossa envelhecida amizade.

Sempre foi uma pessoa de bom trato. Inteligente, educado, humilde, respeitador, condescendente, sem ostentação, amigo do seu amigo sem falsidade e bom conselheiro; porém, obstinado. O que tinha para dizer, dizia, nem que para isso tivesse que trovejar. Quando tinha a certeza de que a razão estava do seu lado, descarregava. Era muito frontal.

Aprendi muito com ele. Pessoal e tecnicamente, foi um Grande Homem e um Magnífico Mestre.

Além de tudo, selámos uma amizade que sobreviveu até aos dias hoje. 

Ontem, com 90 anos de peso etário, pelas duas da manhã, adormeceu para sempre!

“Embarcou” num voo repousante para a Eternidade! Mais uma biblioteca de saber que desapareceu, no estrito e implacável cumprimento das leis do Universo.

QUE REPOUSES EM PAZ, NO LUGAR ETÉREO ONDE ASCENDESTE.

ADEUS ZÉ!

Até à minha chegada.

 

António Figueiredo e Silva

31/01/2022

http://antoniofsilva.blogspot.com/

Nota:

Faço por não “calçar” o AO90

 

 

sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

TERMINOU A "ALGAZARRA"

 

Quem não vota, está a vender os seus direitos de cidadão.

 Sujeita-se a ser governado por quem não gosta.

Não fique em casa, vá votar.

(António Figueiredo e Silva)

 
TERMINOU A “ALGAZARRA”
(Duas tretas sobre as legislativas 2022)

 


C
ada um tem a sua forma de analisar os acontecimentos, não é verdade?!

Pois eu tenho a minha e não abdico de tecer algumas anotações sobre o tão badalado “alarido”, orquestrado pelas pessoas mais “distintas” (ou consideradas como tal), da nossa comunidade. Atingiram o limiar da decência. Alguns até desceram muito abaixo dessa soleira.

Seria dispensável dizê-lo, mas, por uma questão de integridade minha e clareza no que argumento, é evidente que não é propósito meu, estabelecer uma medida igualitária para todos os “vendedores de peixe” e sublinhar que a quem servir a canastra, que a ponha sobre a carola, que mesmo sem peixe, protege do sol e refresca-lhe a mioleira.

O que consegui observar não foram debates, mas duelos, coroados de propósitos risíveis, em que, como armas de combate, foram usadas repetidamente acusações sem fundamento e falsidades sem consistência.

Todos falaram de tudo (mais alguma coisa).

Das “boas intenções” em ajudarem Portugal a sair do pântano em que, durante os últimos quatro anos, por alguns “bacalhoeiros”, foi colocado a “demolhar”.

Com enfático sublinhado, não se esqueceram de falar nas aposentações, que estão muito abaixo das escandalosas reformas dos deputados desta nação, em tempo de “trabalho” e em remuneração.

Versaram, com acentuado populismo – porque o povo até aprecia - sobre o abaixamento da tributação.

Acenaram (mas de longe), com uma reestruturação no SNS, na tentativa de convencer os portugueses de que isso seria feito com uma varinha de condão – mas não versaram sobre a eutanásia.

Propuseram, com felina garra, equilibrar a balança da Justiça, que tem andado desequilibrada, e retirar-lha a venda dos olhos - como se isso fosse possível.

Arengaram, mais vale tarde do que nunca(?!), da necessidade de uma subvenção de risco para as Forças de Segurança – que há muito tempo merecem.

Tagarelaram também, porque era imperativo dizê-lo, sobre a criação de postos de trabalho – uma luz que, nem à saída do fundo do túnel se enxerga.

 Espadeiraram muito sobre a luta contra a corrupção, mas olvidaram de que essa moléstia é pandémica, e tem a conivência a protegê-la – provavelmente, até entre alguns dos que articularam em acabar com ela.

Propagandearam, com simulada bravura, deflaccionar os preços da energia eléctrica, gás, combustíveis – não charlataram sobre os preços do chispe, da fêvera, da mão de vaca e do bife, das sardinhas, dos carapaus, e outros animaizinhos, ou porque se esqueceram ou omitiram, para não magoar a ideologia do PAN, cujos adeptos devem ser vegetarianos – penso.

Discorreram sobre muita coisa, que na realidade nós (portugueses), gostámos de ouvir.

Proclamaram tudo, no geral, mas varreram para debaixo do tapete o ESSENCIAL.

Ninguém se dignou esclarecer os portugueses, sobre quais os métodos e a forma como os iria utilizar, para fazer tantos “milagres”, como até hoje jamais foram conseguidos!

É caso p’ra dizer:

MAGNÍFICO! TRANSCENDENTE! METAFÍSICO!

Penso eu:

Nebuloso, obscuro!

Ó raio!?

 

António Figueiredo e Silva

Coimbra, 28/01/2022

http://antoniofsilva.blogspot.com/

Nota:

Faço por não usar o AO90

     

 

quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

O "dr." ZIG-ZAG

 

No dia em que a política beneficiar as populações,

 e não estiver ao serviço dos interesses de certas classes,

 teremos, não só um país, contudo, um mundo melhor.

(António Figueiredo e Silva)

 

O “dr.” ZIG-ZAG
(Lérias artilhadas para as legislativas 2022)

 


     Nunca passou pela minha vida uma figura – mais figurão do que figura - com tão descarada desenvoltura e falta de carácter como a do dr. ZIG-ZAG. A sua atitude mimética, faz com que ele esteja, não nos dois polos ao mesmo tempo, mas seguindo uma alternância peculiar, porém combalida, que lhe permite estar umas vezes no ZIG e outras no ZAG, consoante o soprar e os movimentos da ventania política que o estimulam.

Umas vezes, obstinadamente recusou-se a negociar com quem quer que fosse (se calhar incluindo o Diabo), argumentando que, se não ganhasse por uma “universalidade” absoluta, demitir-se-ia do cargo de orientador faccioso e certamente iria “apanhar fava-rica para o Algarve” ou, em último salvatério, (digo eu), ”catar chatos p’ra outro lado” – isto quando “erudito” estava na posição ZIG.

No entanto, à semelhança das fases lunares - que não apresentam sempre a mesma aparência, e uma vez que “C” lhe tinha dado duas parelhas de coices de negação,  abriu o baú da sua “corroída, porém maliciosa condescendência” e prontificou-se a entabular uma negociata com “B”, na mira de repartirem entre si, o producto, do “saque”, resultante da presumível conquista do poleiro, menosprezando o resto dos figurantes do abecedário; tidos como incompetentes, porém, seus antagonistas na esgrima - quiçá mais argutos e sabidos, quem sabe!? Neste caso, estava no ZAG.

Ulteriormente, sentindo que a maré estava a apresentar-se bastante procelosa e encapelada e lhe estava a desviar a areia de debaixo dos pés, manhoso, perdeu a cagança (mas não a manigância), e modificou a estratégia, posicionando-se novamente para o ZIG. Passou então a mostrar-se amável, receptivo a negociações com mais alguns dos caracteres do alfabetário, baixando, inconformado, claro, o seu florim, e com ele a sua obstinada e exigente sobranceria e o seu arreigado egocentrismo, cujo gesto foi, manifestamente, a profecia cataclísmica de um inconfortável “perdedor” – penso eu.

O mais espirituoso é que, emocionalmente empobrecido (ilações minhas), ao sentir a corda no gasganete, passou novamente para a orientação ZAG e, implicitamente, num último alento, encetou a suplicar clemência às letras sobrantes do alfabético, propondo-se a mercantilizar com todos os símbolos, menos com um, que é o “X” (?), que ele aparenta “abominar” – que não afianço tal azedume.

Por este deambular, não tardará muito que qualquer dia estará em negociações com alfabeto inteiro, se de tal carecer, para atingir o cume das suas ambições, e, se necessário até, “vender a alma ao Diabo”. Já nada me surpreende as variações das tomadas de posição do “dr.” ZIG- ZAG, dada instabilidade emocional que o tem perseguido.

Como se pode observar, o “dr.” ZI-ZAG, é dotado de uma personalidade de movimentos sinusoidais, que varia ao sabor da mudança de polarização do campo magnético que suporta a sua ganância. Converteu-se num especialista em doutrinas de expectação, que representam tão só, um saco cheio de nada, a ocupar lugar amorfo na cabeça dos “tolos”. Apesar disso, não deixa de não me cheirar a pernicioso.

Esqueceu-se, porém, de um factor se suma importância; que a falta de carácter arruína a honorabilidade, e com esta, a confiança também se dissipa. Porque a classificação do carácter de uma pessoa, é aferida pelas atitudes. E o “dr.” ZIG-ZAG tem tido posturas que isso levam a crer.

Por agorá chega. Vou suspender o espigar de mais verborreia sobre a matéria, porque concluí que já não tem mais ponta por onde se lhe pegue.

Bem, Domingo, mais ou menos à hora da “Missa-do-galo”, será cerimoniosa e festivamente divulgado se ele continuará no ZAG, se mudou para o ZIG, se prosseguirá com o usual “decoro”, em ZIG-ZAG, ou se realmente irá “catar chatos p’ra outro lado” – como costuma o “Zé Povinho” dizer.

Cá estarei p’ra ver – pelo menos, até lá, alimento essa esperança.

 

António Figueiredo e Silva

Coimbra, 27/01/2022

  http://antoniofsilva.blogspot.com/

 

Nota:

Faço por não usar o AO90.

 

  

 

terça-feira, 25 de janeiro de 2022

'SCUITEM O SALOIO

 

Os políticos passam por homens mais preocupados

 em estender armadilhas aos seus semelhantes

do que a velar pelos interesses destes,

e o seu principal título de honra não é a sabedoria,

mas a astúcia.

(Baruch de Espinosa)

 

‘SCUITEM O SALOIO

 

    “Arranquem a máscra” por alguns minutos, estiquem orelhas, cabouquem o cerume dos canos auditivos, agucem os tímpanos e ouçam bem a as trampolinices que alguns “arruaceiros” (porque fazem arruadas), têm para expelir cá para fora, com o objectivo de vos ensaboar a “queratina” e dar-vos uma barrela de requintada persuasão ao gosto dos seus benefícios.

Façam uma aferição cerebral, e, seguidamente, disponham de uns instantes para matutação e realizem uma filtragem de todas as aldrabices mascaradas verdades, sérias palermices com retalhos de ridiculismo, e promessas incomportáveis, que escutaram.

Depois, em sadia consciência, sem olhar a cores ou conceitos, vão lá enfiar o vosso “papel” (deve ser dobrado em quatro), na grêta, de forma a que, no dia seguinte, possam dormir descansados. Ah, mas antes disso, com cuidada discrição, certifiquem-se de que o caixote onde o buraco se encontra, tem fundo; não vá o Diabo tecê-las e desaparecer o “papel”!? A prestidigitação politiqueira, por vezes pode conceber esses “milagres”.

Nestas alturas de querer fuçar na gamela, tudo é de simplérrima resolução.

Atão ouçam:

O equilíbrio das contas públicas, com a redução dos ruminantes da “Távola Redonda”, até à paridade da justiça, com recurso a uma inquisitorial e inflexível acção fiscalizadora; o encerramento imediato dos corruptos, com a encarceração contrafeita dos corruptores; o fim da “pobreza absoluta”, com a aproximação da classe média ao seu patamar de igualdade, para não serem notadas as diferenças entre o mais e o menos, restando apenas, os pobres de espírito - mas esses não contam; a reorganização do SNS (Serviço Nacional de Saúde), com o contracto efectivo de novos “veterinários e assistentes”, para sanar ou aliviar as maleitas da “animalada” que anda infectada de insatisfação “hepática”; a reestruturação das Forças de Segurança, que têm vindo a ser desautorizadas e enxovalhadas, para que a bandidagem se haja multiplicado e difundido livremente, num ambiente “sadio” e protegido, (cum justa rezão, num é?); a elevação do salário mínimo para o dobro (que ganda chouriço!), mais um subsídio para tabaco e uns copos de tinto ou cervejas, desde que seja produto de fabrico nacional (é natural que esteja a ser equacionado um subsídio para a ganza, num sei!?); a concessão de uma reforma mínima, de duzentos Euros, para os ex-combatentes do Ultrama…mar, (já estou a joacinar de nervoso, caramba!); a despoluição dos Sistemas de Ensino, com a reposição da autoridade aos docentes, e, paralelamente, a criação de aulas de civismo direccionadas aos pais dos alunos mais turbulentos, (mais turbos que lentos), para que estes fiquem aptos a transmitirem educação aos seus filhos, evitando deste modo que eles sejam “baptizados” de filhos-da-mãe – que há muitos; o investimento em trotinetas, (esses empecilhos que por aí proliferam sem rei nem roque), gratuitas, para que todos tenham transportes de borla – para os idosos como eu, parece que estão a pensar em triciclos, também eléctricos, com bagageiras laterais para alojar duas canadianas ou uma na traseira para abrigar um andarilho. PROMETEM TUDO, LOUVADO SEJA DEUS! Coisas boas sem conta! Essa virá no fim.

Caramba! Como podem auserbar, é tudo simples e intelegíbele. num cumprende quem é mouco, cego ou burro.   

OUBIRAM BEM O QU’EU DISSE?

Atão agora, matutem três bezes, antes de procederem à ”liturgia” botatiba e bão botar que se faz tarde, tá bem?! Não fiquem quedos, quando não, bão suportar com a repetição da mesma “petiscada”, arquitectada pelo mesmo “chef”, no panelão dos interesses, que não são os nossos.

Mas nunca esqueçam do ditado: “sem obos num se fazem omeletes”.

E o Chef Costa, já o demonstrou.

 

António Figueiredo e Silva

Coimbra, 25/01/2022

 

http://antoniofsilva.blogspot.com/

 

Nota:

Faço por não usar o AO90.

 

 

 

 

sábado, 22 de janeiro de 2022

CORRIDA AO “ÚBERE” (Legislativas 2022)

 

A democracia não é um sistema feito

para que os melhores sejam eleitos, mas

 para impedir que os ruins fiquem para sempre.

(Margaret Thatcher)

 

O meu pensamento:

A nossa “democracia” é falaciosa, precisamente

para garantir a continuidade dos ruins.

(António Figueiredo e Silva)

 

 

CORRIDA AO “ÚBERE”
Legislativas/2022
(Opinião abrasiva, mas franca)

 

    E mais uma vez, cá temos os “atletas”. São muitos! São mais do que as mães.  Por isso, não lucro nada em verbalizar sobre toda a “ilustre” cambada, que com dissimulada estima, informalmente anda a percorrer arruamentos, trilhos e veredas, tascas, cafés, restaurantes e tendas, com grande lábia, a relacionar-se com povo, em “amistoso” atilho social, na caça ao sufrágio. Arrulhos de pombo!?

Vou apenas comentar sobre os dois principais contendores no renhido conflito para abichar a alcândora, qual deles, apostado em “governar” Portugal e “arredores”. Portugal, vá que não vá, mas, “arredores”?! Acho que não passa de imaginação.

Um já é conhecido de ginjeira, porque tem vindo há bastante tempo a biscatar na oficina da governação, que, também infectada por um vírus, (muito pior do que o COVID19), se encontra em deplorável estado comatoso, dando origem a uma deflação no poder de compra, que, economicamente nos botou no atoleiro - e não só!?

A gravidade é tal, que a União Europeia decidiu, por misericórdia, (a verdade seja dita), fornecer um “ventilador” monetário, conhecido por Bazuca, (pr’a rir!), que vai ficar caro ó Zé, (não tem nada a ver com Zé Sócrates), como todos sabemos, - menos os mentecaptos -, para encher alguns balões de oxigénio, não para salvação nacional, mas para serem distribuídos pelos distintos oligarcas que comandam (mal), os canteiros deste jardim “plantado” na parte Sul do continente Europeu.

Apesar daquela carinha enfeitada com um sorriso gozador, donde saem umas palavrinhas de messiânica esperança, eu não acredito nos seus desígnios. Mas não contradigo quem se liquefaça com elas. Ainda bem que o irrealizável também catalisa (de)votos.

Pertence ao naipe daqueles que garantem tudo e tencionam não distribuir nada – a não ser inflacionar os impostos. É lógico. Então se nada há, como pode distribuir? Há é que rapinar, porra!

Não desconheço que existem muitos que acalentam esperança no seu populismo (ôco), mas eu já estou velho e senil para ir na onda; não quero impedir, contudo, quem queira surfar sobre na sua crista – Sant’António, bois’ó rêgo! Entre cabeças rachadas e ossos partidos, alguém há-de escapar.

Mas este não me cheira!?

O outro, que também entrou na traulitada, se bem que seja economista, nunca o vi administrar uma nação. No entanto, quer parecer-me mais conciso, mais prudente, mais seguro, e, acima se tudo, mais sincero ao expôr os motivos pelos quais se movimenta – é evidente que também terá outros interessezecos subjacentes, que não confessa – e burro seria se o fizesse.

Mas tem uma característica que eu analiso como uma virtude; não se arma em prestidigitador; não promete conceder aquilo que não pode dar.

Não sei até que ponto isto não virá a ser prejudicial para ele, e, consequentemente, para os portugueses; mas, a ver vamos – como diz o cego.

Há, porém, um atributo que os une: ambos (como tantos outros), tiveram esperteza e a finura suficientes para ver na política um meio de vida sem muita labuta nem responsabilidade. Agarraram-se à gamela, e assim têm vivido lautamente, à custa do Zé Pacóvio.

A única coisa que os diferencia, é que um, armado em satiagraha (em sânscrito Grande Alma), fingido, afirma dar tudo, sem ter nada.

O outro, promete, semear para colher e depois distribuir – parece-me mais consensual e lógico.

Aos que acreditam no milagre da “multiplicação dos pães”, aconselho que entreguem o voto ao primeiro.

Aos descrentes nesse paralogismo, que votem no segundo.

Para ultimar, apenas quero aqui referir um pensamento meu, talvez porque o interiorizei como sendo uma realidade: “se algum dia for retirada a imunidade àqueles que mandam”, (estou a falar de cargos políticos/públicos), tenho a certeza de que as arruadas para a caça ao tacho acabarão, e a partir desse momento, o deixa de ser enganado.

É que… a lei devia ser igual para todos; não apenas na letra, mas também, na sua aplicação.

 

António Figueiredo e Silva

Coimbra, 22/01/2022

 

www.antoniofsilva.blogspot.com     

 

Nota:

Não faço uso do AO90

 

 

 

 

 

 

 

sábado, 15 de janeiro de 2022

A MINHA APRECIAÇÃO (modesta)


 

A exposição de um pensamento, não consubstancia a

absolutez da verdade; porém a verdade de uma análise.

(António Figueiredo e Silva)

 

 

A MINHA APRECIAÇÃO (modesta)

 

    Antes de continuar a arengar, faço questão em dizer que tolero todas as convicções, sejam elas políticas, religiosas ou místicas.

Não alimento quaisquer intolerâncias quanto às direcções pelas quais cada um se norteia, e tenho sempre presente que “não existe melhor lição para um tolo, (se o for), do que deixar que ele bata com a cabeça na parede”.

Compete a mim, seguir com ponderação a vereda que me parece ser o trajecto menos pedregoso para atingir os fins a que me propus, não negligenciando, porém, que estou sujeito ao erro, como qualquer ser. É sabido, que muitas lições podem ficar “caras”, mas é com elas que sempre se aprende alguma coisa e se robustece a madureza intelectiva. É essa a nossa missão e é para isso existimos; quero aqui salvaguardar alguns, que, embora tenham nascido, e tenham percorrido uma vida, “nunca existiram”.

Toda esta retórica, para dizer isto: sou livre nas minhas aquilatações e… “não há machado que corte a raiz do pensamento” (de Zeca Afonso).

Perante esta entrada, já posso declarar o motivo que me trouxe aqui.

Foram as qualidades naturais de Catarina Martins, independentemente da religiosidade política que segue, com a qual eu não compactuo, mas que nada tenho a argumentar – cada um, come daquilo que gosta.

Admiro-a pela serenidade que consegue manter perante os ataques dos seus antagonistas e pela forma como se defende.

Consegue ser uma boa ouvinte e responder com sublinhada serenidade às investidas que lhe são feitas, sem extrapolar os limites do razoável e da decência, mantendo o civismo no seu lugar devido.

Tenho notado que a sua maneira de ser não é tosca; não tem feitio de feirante. Pode sentir que está prestes a perder a batalha, mas não se exaspera, e, sem desperdiçar a energia dos predicados doutrinais que a movem, envolvida por uma constância que lhe é própria, continua a espadeirar.  

Exibe uma paciência “incomum” em consonância com um leve, simpático e eloquente sorriso, de fina subtileza e apurada sagacidade; consegue manter o seu olhar estático sobre o “desgraçado/a” do antagonista, como um felino pronto a atirar-se à presa.

Derrama os seus pontos de vista pausadamente, com firmeza e limpidez, sem “joacinar” e sem se assanhar. Não vejo na sua serenidade, porém, uma aceitação “emudecida” de conformismo, mas um atributo de força e saber.

Ela parece ter a noção de que a possibilidade de uma “vitória” nunca protegeu quem se acelera, e, certamente que tem a noção de as melhores lições se extraem da derrota e não da vitória.

Admiro-a por tudo isto.

 

Texto dedicado a:

 CATARINA MARTINS

 

António Figueiredo e Silva

Coimbra, 15/01/2022

http://antoniofsilva.blogspot.com/

 

Nota:

O AO90, não “entra no meu pé”.

   

  

 

   

quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

CATANADA

 

Se detivermos por breves momentos, para reflectir,

concluímos que a política não passa de uma

engenhosa e bem artilhada peça teatral,

onde o Zé Povinho não tem guião.

 

(António Figueiredo e Silva)

 

 
CATANADA
Confronto Francisco/André (Legislativas 2022)

 



Já o confronto, é uma barrela anti-cívica, badalhoca, sem princípios, em que cada “pelejador” procura por todos os meios, denegrir ou derrubar a imagem do seu antagonista, e finaliza em conclusões que não levam a lado algum.

Que são artistas espectaculares, não contesto. Que são ridículos até dizer chega, também não discordo.

Entrementes, tanto a discussão como o confronto, embora de diferenciado cariz, estão intrinsecamente ligados e encerram pormenores que nos permitem analisar o nível de intelecção de cada “artista”.

Hoje, na CNN Portugal, assisti na a uma luta, não de galos, porém, de garnisés, com realçada carência de esmero na sua presença, para darem aos portugueses uma lição, não como governar este país, mas, à maneira de “COMO SER BURRO E GROSSEIRO” – sim, porque a grosseria, só vinga onde a burrice campeia.

Foi um espectáculo de “esporões” sensacional, entre Francisco e André, que no final, a mais não se resumiu do que a uma coreografia estéril, que, em minha opinião, deu para entreter, mas não para convencer, nem tão pouco para retirar algumas lições de civismo ou noções para uma governabilidade capaz e de confiança.

Perderam o seu tempo numa confrontação atabalhoada, sem horizontalidade, sem postura, sem decência, embargando as dissertações (mais inculpações do que preleções), mutuamente, que mais me pareceu uma disputa entre dois feirantes pelo alborque de uma velha vaca leiteira, que já nem cornos tem.

Apesar da reduzida essência, a ambos, o meu bem-haja pelo “espectáculo”.

 

António Figueiredo e Silva

Coimbra,12/01/2022

 

http://antoniofsilva.blogspot.com/

 

Obs:

Faço por não fazer uso do AO90

 

     



A UM "LUTADOR" INTRANSIGENTE

 

 

“A linguagem política, destina-se a fazer com que a mentira

soe como verdade e o crime se torne respeitável,

bem como a imprimir ao vento uma aparência de solidez.”

(George Orwell)

 

A UM “LUTADOR” INTRANSIGENTE
(Carta aberta)

 

Caro André

 


    Naturalmente que há bastante tempo tenho vindo a seguir as suas interlocuções no hemiciclo parlatorial e nos diversos órgãos da comunicação ao meu dispor, para poder lavrar esta modesta, porém franca missiva.

Glorifico-o, não com uma medalha de comendador ou de idêntico “valor nutritivo”, contudo, com o meu mais alto e afincado apreço, atributo que não concedo a qualquer a qualquer borra-botas, por mais bem enfeitado que se apresente. Isto, porque tenho verificado que o Sr., escarrapachado sobre a ainda” débil” albarda ideológica que ornamenta a “burra” que monta, de riba dela, não se faz rogado a atirar umas fisgadas certeiras, cujas bolairas vão sempre assertar em alguns passarões, que são aos bandos, e que não têm gostado nada da festa. A prová-lo, já tentaram inviabilizar o partido que dirige, sem, felizmente, terem alcançado o “ditatorial” objectivo - coisas de “amigos”, não é?! Ocorre a qualquer “batalhador” que tente salientar-se do grupo; os mais ranhosos e mais influentes rivais, tentam de imediato distorcer a lógica das linhas orientadoras divulgadas, para se manterem à manjedoura do poder, pacientemente a ruminar maneiras mais ardilosas de lixar o Zé, livres de quaisquer oposições que lhes possam vir a fazer sombra.

A audácia que tem possuído para prantar no pau-da-roupa-suja, ao léu, as realidades que deram origem ao apodrecimento – e empobrecimento – do nosso país, e consequentemente do nosso povo, são realmente de louvar. As minhas felicitações.

O André, incita-me a viajar no tempo que não conheço, mas que a História, com alguma fidúcia detalha, possibilitando-me deste modo, compará-lo ao melhor dos gladiadores que naquele tempo teria passado nas arenas dos circos romanos. “A César o que é de César”! Merece.

A sua força é hercúlea e entusiasmante. Diz tudo o que o gosta de ouvir – até eu, e não me chamo. As suas alocuções de improviso são de facto deslumbrantes! Admiráveis! Arrebatadoras! Têm um toque messiânico, cuja musicalidade faz retinir os mais estáticos tímpanos e esgravata, simultaneamente, as mais adormecidas mioleiras à sonância trovejante do grito, ACORDEM!

Esgrima talvez, com uma celeridade fora do “quanto baste”, como quem pensa que não vai ter tempo de dizer tudo. Isso escangalha “parcamente” – é favor meu, seu “malandro”! - o conteúdo da retórica; que por vezes dificulta o entendimento da mesma e a sua assimilação, para as mentes mais lerdas ou ouvidos mais duros ou entupidos pela acumulação do cerume da ignorância.

Mas eu, compreendo-o.

Tem razão, quando assevera combater, ou mesmo acabar, com a corrupção (isso é qu’era bom!?), e salvar a economia; diminuir o número de parlamentares, não só na “pocilga”, mas em todo o território nacional - os verdadeiros “satélites” de parasitagem, que têm influenciado na “gravidade” (não confundir com gravidez), da nossa situação financeira (precária); restringir os seus adiposos salários, (devo lembrá-lo sobre o vergonhoso e imoral, período tempo de “exaustiva labuta” para reforma, uma vergonha nacional); reorganizar o SNS (Serviço Nacional de Saúde, baixar os impostos, (seria um milagre), e promover a limpidez da justiça, (não adianta remar contra a maré); ajustar umas puniçõezitas que tangenciam um bocado a nossa forma de pensar e agir; “reabilitar a Lei das Sesmarias”, e mais umas coisitas, até bastante arrojadas, mas, certas, que vão ao encontro do pensamento fantasista de muitos portugueses; inclusivamente, EU.

Que isto tem de mudar radicalmente, é uma verdade.

Embora lhe reconheça a legitimidade dos seus argumentos, existe, qualquer substância imperceptível que faz abanar o universo cinzento que está resguardado dentro da caixa craniana, donde ressoa uma voz cavernosa e persistente, como a  do André, que assim diz: “não acredites”.

Eu não queria. Contudo, a repetência austera da voz da minha consciência, assim o declara. E uma das singularidades que muito ajuda ao meu repouso espiritual, é a sensação de tranquilidade psíquica. A harmonia comigo mesmo!

Assim, apesar de concordar (em parte), com evidência das razões que com justa razão esgrime, não creio que, se fosse o “manda-chuva”, as resolvesse com a mesma coragem, celeridade e optimização, que tão pomposa e persistentemente alardeia. N’aaah!!! Não sou sebastianista, nem creio no aparecimento de redentores desguarnecidos de interesses próprios que, naturalmente, visam mitigar a plenitude das suas profundas e enraizadas ambições.

Sabe, a linguagem corporal, também apelidada de “salamalequismo”, fala mais alto e é mais rigorosa - na minha apreciação, claro.

Assim sendo, vou ser espontâneo e conciso:

Se bem que tenha razão nas razões que indigita, NÃO ACREDITO NOS SEUS PROPÓSITOS, CARO ANDRÉ.

LAMENTO!

Atentamente.

 

António Figueiredo e Silva

Coimbra, 12/01/2022

 http://antoniofsilva.blogspot.com/

Nota:

Faço por não “calçar” o AO90