sexta-feira, 29 de abril de 2022

“FITAS, FITINHAS E PENDURICALHOS”

 

O que são os grandes cargos, os altos postos,

a nobreza, a ciência e o valor? São coisas vãs,

se quem as tem, não lhes dá o devido uso.

(Frei Heitor Pinto)

 

Se as “capacidades” existem e o uso

que lhes é devido não foi utlizado, é sinal de

que foram corrompidas pela ambição – punível.

(A. Figueiredo e Silva)

 


 

“FITAS, FITINHAS E PENDURICALHOS”

 

Advertência!?

    Quando escrevo, se não for para gerar uma redacção elogiosa, que não é o caso, tenho a certeza de que vou provocar comichão e pavor danados, em determinada cainça populacional de comportamentos fingidos, que, com distinta petulância e atrevida desenvoltura, borraram os agradecimentos que lhes foram atribuídos, porventura derivado a um facciosismo latente em altas entidades da nossa governação, concernentes a uma outorga de benesses e elogios atribuídos, dos quais, na realidade não seriam merecedores.  

Para confirmar o “mérito”, foram despendidos dos “cacifos” públicos umas cabazadas de euros, em matéria-prima, tais como “fitas”, “fitinhas”, “chapas”, “chapinhas”, “chapolas”, “caricas” e outros penduricalhos, que foram alfinetados ao peito, suspensos no pescoço ou atravessados no canastro dos homenageados.  

É assim que vamos claudicando sobre o piso incerto da idoneidade poluída daqueles que mandam, sem mandar, ou de longe, lideram as guerras sem lá tocarem com os pés. Será isto mentira?  Penso que não.

Então, vou dar prossecução à liberdade da minha opinião, que para muitos poderá conter um paladar acre, mas, para mim, ameniza a carga emotiva que me atarraxa e abranda o índice de adrenalina que adensa o sangue. É um vómito de desafogo provocado por uma indigestão de pensamentos que há longo tempo, em vulcânica lava, vêm a fervilhar dento do meu caco.

Esta Esfera Azul está enxameada de parvos, vaidosos e convencidos, que a qualquer bocado de “chapa” com impressão, estampagem, cinzelamento em relevo, (que pode ser baixo ou alto), chamam de medalha - se ultrapassar certos tamanhos, será medalhão. 

Mas, nem que sejam talhadas em cortiça, numa tampa de lata de sardinha de conserva ou construídas com de caricas de cerveja, só pelo caricato do cerimonial que o seu preceito encerra, é uma encenação digna de ser observada por pascácios, que não se incomodam em desperdiçar o tempo com niquices. Mas… vale a pena. O acontecimento é infalivelmente arrematado com um “caloroso” bater de palmas, gesto que só aos manetas não cabe. Esses aplausos simbolizam uma valorização, um agradecimento, que é “sempre” (nem sempre, mas… às vezes), atribuído à importância respeitante a um feito altruísta ou de heroicidade, que, na maior parte dos casos, nem de uma medalha de cortiça seriam dignos. São retalhos podres de manhosice, usados para limpar a babugem branca salivada pelos cantos dos beiços e escorrida pelos queixos dos espertos, (recuso-me a titular de inteligentes), pelas mãos de semelhantes, mas mais sabidos - penso.  

E então aquelas, que com grande pompa, circunstância e com algum fingimento – como quase todas - são atribuídas a título póstumo?! Na minha tacanha observação, configuram trejeitos que me dão vontade de escarnecer. A razão é simples; como essa menção hipócrita, já não ressuscita o morto, e este não tira o respectivo e justo proveito, nem o consolo nesciamente cingido ao uso da “chapa” ou do nastro que a suspende, nem a satisfação ridícula do acontecimento, não enxergo causa alguma que justifique tais ocorrências. Para exemplificar a minha opinião, apresento o exemplo do malogrado militar da GNR, Fábio Guerra, (paz à sua alma), que não é o primeiro e certamente não será o último.   

Agora, por terem sido bons rapazes e para concluir este parágrafo, optei pela “exumação” dos nomes sonantes de algumas figuras honorificadas, (que a meu ver deram barraca), pela sua “prestimosa” (e dispendiosa) distinção, em prol do “bem” e da “estabilidade”, relativas à sociedade portuguesa: José Sócrates, Armando Vara, José Berardo, Ricardo Salgado, Zainal Bava, - há mais -, que agora, coitados, por instantâneo e inesperado “infortúnio”, se viram remetidos à vergonhosa e calamitosa “indigência”!

Isto não se faz! “Coitados”! Sinto tanta comiseração por eles, que já me passou pela cabeça proceder à criação um Crowdfunding para seu auxílio, mas temo que os portugueses (não todos) se revoltem contra mim.

Porra! É preferível ficar quedo e deixá-los passar o resto da sua duração no meio da imundície que conceberam e pensativos a coçar as “pulgas” que lhes sugam o tutano do ânimo e aguilhoam o entendimento.

Quem sabe?! Talvez sejam merecedores, não sei!? 

 

António Figueiredo e Silva

Coimbra, 29/04/2022

 

 http://antoniofsilva.blogspot.com/

 

Nota:

Faço por não usar o AO90

 

 

 

 

 

 

 

segunda-feira, 25 de abril de 2022

NARRATIVAS DA VIDA

 

Não ser descoberto numa mentira,

é o mesmo que dizer a verdade.

(Aristóteles Onassis)

 

NARRATIVAS DA VIDA

 

Prólogo:

Hoje, por ser o dia 25 de Abril, uma data marcante que deve ser relembrada por ter aberto as portas à liberdade de tudo, (até o direito de roubar sob a protecção da impunidade), deu-me na venêta em articular meia dúzia de termos sobre um dos oportunistas que vagueia no meu pensamento, e que com denodada arte e artimanhas, mais soube usar e abusar dessa liberdade.

Para que não subsistam pensamentos perversos, tendenciosos ou críticas debochativas, apraz-me dizer que a personagem em causa, é característica da fecundidade da minha imaginação.

(O Autor) 


 

O ZÉ

 Não!... Este não é o meu Amigo Zé, a quem de vez em quando escrevo umas pilhérias para desopilar o ânimo, se me sinto esmorecido ou revoltado. Aquele que, com paciência de Jó, atura as minhas lamúrias e birras; também não é o Zé-dos-anzóis!? Esse, coitado, não é mais do que um patranhas; bom rapaz, mas não passa de um poço de ignorância generosa, que se deixa enganar pelas ilusões discursivas atiradas ao ar por qualquer finório, com manias de estadista.  

Este é outro ! Aquele de todos conhecido, que durante anos comeu as papas na cabeça dos portugueses. Sim, é esse mesmo; esse marmanjo muito afamado pelas falcatruas que fez, e que lhe têm permitido levar uma vida de lorde. Caramba, ainda não toparam?! O Zé pedreiro! Aquele que, com as suas artimanhas, mercadejou um curso “d’inginheiria”, porra! E não tenham dúvidas que saiu um óptimo “inginheiro”! Um magnífico mestre em parlapié, fingimento, e vigarice organizada. É que esse gajo, saiu cá um trampolineiro, muito bem capaz de ter provocado inveja a outros trapaceiros, também afamados, e igualmente soberanos na “indústria” da embusteirice. Sim, é desse mesmo que estou a falar. Um “ser” sem carácter, mas imbuído de espírito aventureiro e grande lábia, que se despencou das serranias do interior e veio por aí abaixo à procura de papalvos que acreditassem nos seus enfáticos discursos – e conseguiu.

Mas sempre foi um indivíduo com sorte – deve ter nascido com o cu virado p’rá lua. Teve amigos – ás tantas, da onça – que lhe abonaram – abonaram, salvo-seja!?- dinheiro à fartazana, com o qual pôde dar a volta ao mundo e pernoitar nos melhores hotéis das mais famosas cidades como Paris, por exemplo; ao que se dizia, era um “Sr.” que fazia uma vida gaiteira, à laia de lorde.

Como se não fosse o suficiente, o fadário novamente bateu-lhe à porta, e, de olhos extasiados, o “inginheiro” deparou-se com uma fortuna escondida num buraco da parede que andava a picar na “velha choupana”, (“maternidade” onde veio ao mundo), riqueza essa que foi amealhada por sua mãe – pelo menos ele gabava-se disso -, que durante anos fora vendedora de castanhas assadas, tremoços e azeitonas, para justificar a sua vida airada e despreocupada de “marquês”. 

Porém, segundo ouvi dizer, parece que realmente lhe apareceu um “génio”, chamado mesmo “Marquês”, que, munido de um “bisturi esterilizado” (legalizado), procedeu a uma “cirurgia” investigatória lhe deu cabo da vidinha; porque o Zé era doutorado em mascarar a impostura com a “verdade”. Que chatice, coitado!

Pelo que tem vindo a lume, correu seca e meca, mas, com esta moléstia “covídica”, parece que o caso silenciou. Deixei de ouvir falar do Zé, mai’lo tal “Marquês”; esfumaram-se.

O que será feito deles?!

O Marquês, que se lixe, agora o … aquele que tanto “admirei”, que tanto transpirou a “trabalhar” os portugueses, (para os portugueses, queria dizer), se o virem por aí, por favor digam alguma coisa.

Pelas saudades que sinto(!?), o parágrafo sequente, a ele é dedicado. Pode ser que algum dia o leia, quem sabe!?

Ah, “Grande” Zé!

Bem merecias ser agraciado com a Ordem do Mérito pelos serviços “roubáveis” (neste caso, louváveis), que com descarada lata e cuidada esperteza realizaste, em prol do bem (mal-estar), concernente à sociedade portuguesa. Se até agora nenhuma “chapa” honorífica te foi atribuída, posso considerar uma ingratidão. Outros, senhores de posturas bem piores do que a tua, com ela foram solenemente honorificados.

Como a vida é ingrata, !

Um chi-coração deste “sacanorium” que “muito” te admira.

 

António Figueiredo e Silva

Coimbra, 25/04/2022

 

http://antoniofsilva.blogspot.com/

 

Nota:

Faço por não usar o AO90

 

sábado, 16 de abril de 2022

OS “MEUS” OVOS (Páscoa 2022)

 

OS “MEUS” OVOS

(Páscoa 2022)

"МОЇ ЯЙЦЯ

(Великдень 2022 року)

"MEINE EIER

(Ostern 2022)

 

Não seria bem isto que pretendia dizer, porque na verdade estes zigotos são de uma das “minhas” galinhas, que, quando ainda sem penas, se viu confrontada com uma intensa luta para quebrar a casca do ovo que lhe tinha dado origem, e assolapar-se na palha de um ninho de serradura que por ela esperava, protegida por um aconchego impostor e pela quentura de umas lâmpadas de raios infravermelhos da sua “máquina progenitora” -artimanhas para enganar um ser.

Até parece que isto não tem piada nenhuma, mas tem. É que esta criatura já nasceu evoluída; veio ao mundo, com uma característica diferente das outras; “nasceu” com uma cloaca modificada, de acordo com a fresca tecnologia, que lhe permite fazer a certificação dos productos do seu trabalho – suspeito de que seja uma impressora laser. Isto é que é comodidade! Grava mesmo tudo!? Data de validade e “ambiente” de produção; se é biológico, do solo, ao ar livre ou em gaiola… e mais ainda: o país onde foram expurgados e um código da entidade certificadora, responsável pelo producto, mas não pela suposta galadela – caso haja acontecido. Ah, já se me ia varrendo da ideia; nos acondicionamentos é ainda editado o tamanho diametral da cloaca da poedeira; S (pequeno), M (médio), L (grande) e XL (extra-largo) – o galo que pense duas vezes p’ra não fazer má figura.

Como se pode observar, já nem às galinhas é concedida a liberdade de opção. Pôr ovos chocos, só os “galos” (porque ninguém os compra).

Acho tanta graça a estes estratagemas, que em vez de andar p’raí armado em “tótó” na pesquisa de arranjos exóticos para a todos endereçar com muita alegria, (pelo menos assim é “escrevido”), cingi-me à simplicidade dos meus haveres, que com bem-querer fotografei. Os “meus” ovos.

 

A todas as criaturas de boa índole, quero desejar uma Páscoa Repleta de Alegria.

E também a todas, meu mais fraterno Abraço.

Infelizmente, tenho a noção de que este desejo não toca a todo o Mundo, mas… este, é mesmo o meu espontâneo anseio, DIRIGIDO ÀS CRIATURAS TODO O GLOBO!

 

António Figueiredo e Silva

Coimbra, 16/04/2022

 

http://antoniofsilva.blogspot.com/

 

Nota:

Faço por não usar o AO90

 

 

sexta-feira, 15 de abril de 2022

O LADRÃO

 

"Basta, senhor, que eu, porque roubo em uma barca,

sou ladrão, e vós, porque roubais em uma armada,

 sois imperador?

Assim é.

O roubar pouco é culpa, o roubar muito é grandeza;

 o roubar com pouco poder faz os piratas,

o roubar com muito, os Alexandres."

(Padre António Vieira, in ‘Sermão do Bom Ladrão)

 

 

O LADRÃO

 

Claro que não irei discursar sobre o “Bom Ladrão”; apenas aguço a pena para dizer meia dúzia de larachas para configurar o Maior e o Pior ladrão – bom, nenhum é.

 Os preceitos dos outros países, não me dizem respeito; o que me preocupa são os formulados no meu. É neste que eu vivo, convivo, trabalho, descanso, venço ou tenho dificuldades. É neste que eu refilo, - por enquanto – choro as minhas tristezas ou liberto as minhas alegrias. Apreciaria não ter do o dizer, porém, não vou deixar que esta mágoa subsista dentro de mim, abafada pelo abrigo da cobardia, que é o suporte dos fracos.

À primeira vista, dá a impressão de que o excerto do sermão do Padre António Vieira não alberga fundamentos que permitam conceder-lhe um profundo pensamento doutrinal, com contornos “revolucionários”. Mas encerra-o. Porque demonstra uma realidade que sempre andou fora das rédeas da moralidade, a alcova onde são cozinhadas as leis, que não defendem os mais miseráveis, ou ladrões de meia-tigela, mas protegem os tais Alexandres, “Sócrates”, “Pinhos”, “Rendeiros”, “Ricardos”, “Loureiros”, e outros espécimes da poderosa cáfila capitalista, peritos em fraudulência e roubo, excessivamente nocivos à comunidade onde estiverem encaixados.

Repare-se na fasquia da população prisional, - não discordo da sua estadia carcerária imposta -, se lá está, certamente é porque disso foi merecedora. Lá pode encontrar-se as mais diversas classes, excepto figuras com poder e pecuniariamente abastadas. Estas, quando lhes toca na “bitola” um juiz mais ousado e despretensioso, mesmo que apanhem pela medida-grossa, usufruem de um local assegurado, por uns tempos não muito longos, num “Hotel Prisional”. Enquanto isso não sucede, aprontam-se a fazer uns batidos com componentes pecuniários e aldrabices bem artificiosas concebidas por peritos na matéria, para obterem uma mousse de consistência enganadora, com a intenção de travarem a aceleração processual, para que no fim, nada os possa incriminar – águas-de-bacalhau.

Mas se alguma ripada acontecer, nunca chegam a saldar a “obrigação” na integralidade que lhe é devida. E assim conseguem contornar a aplicação das sanções que justamente lhes deveriam ser aplicadas – e com juros de mora.

 Com grande infalibilidade, isto acontece muito, quando o poder e o dinheiro injectam ataques de amnésia no espírito da lei, que lhe afasta a responsabilidade pelas suas sentenças adversas. Porque a lei em si, não é ignorante, não padece de cegueira nem de tendenciosidade; são moléstias nela instaladas, por juízos manipulados por interesses próprios, onde uma ambição descomunal se faz sentir. 

Já naquele tempo, o padre António Vieira via muito longe! Ele sabia o que dizer e a quem queria abalroar. A sua preferência, neste Sermão, era realmente atacar os ladrões possuídos de avidez sem limites, que paralelamente, são mentirosos por natureza e são piores do que os maiores ladrões; porque, enquanto os maiores ladrões se deliciam a esbulhar-nos as aspirações os piores ladrões roubam-nos o dinheiro - é compreensível que, juntamente com este, podem falecer as aspirações.

Nada mais preciso de acrescentar, para dizer que em Portugal vale apena ser LADRÃO. Conquanto que faça parte de numa camada social “alta”, tem “licença” para roubar à vontade. O roubo, chamado de crime-de-colarinho-branco, compensa – e de que maneira!?

Contudo, o LADRÃO nunca deixará de ser considerado como LADRÃO, mesmo que por incorrecção da “balança” a lei o não condene ou que ele merque a sua honradez. É um estigma que jamais desaparecerá. É idêntico à virgindade; uma vez perdida, nunca mais será recuperada.

Disto, o LADRÃO (bom, mau, melhor ou pior), PODE FICAR CIENTE.

 

António Figueiredo e Silva

Coimbra, 15/04/2022

 

http://antoniofsilva.blogspot.com/

 

Nota:

Faço por não usar o AO90

 

       

 

quarta-feira, 13 de abril de 2022

PÉ DIABÉTICO

 

                                                                                                               Muitas moléstias, resultam, não só

                                                                                                                         das nossas práticas gulosas,

                                                                                                            mas também da nossa incapacidade

em resistir a esses comportamentos.

(A, Figueiredo e Silva)

 

 

PÉ DIABÉTICO
(Narrativa de um diabético Tipo II – eu)

 

Observem.

Todas as doenças são malévolas. Mas, em verdade vos digo, a Diabetes Millitus, seja qual for o seu tipo, não se fatiga em implicar com tudo o que nos sustenta a energia vital indispensável a para uma vivência e possível longevidade, com boa qualidade de vida. Quero com isto dizer, mantendo todos os sentidos e órgãos a operarem correctamente.

Tomem nota e percebam bem.

Quando os entendidos (médicos), que vos estudam, e em função dos vossos sintomas e da avaliação paramétrica dos valores das análises sanguíneas, alertam; “olhe que a hemoglobina glicosilada/glicosada, está um “bocadinho” (para não alarmar), alta; percebam isso como uma advertência séria de que a doença diabética, paulatinamente pode estar a propagar-se. Podem registar em mente, que é uma grande chatice.

Eu estou a transmitir isto (aos que me leem, certamente), para que saibam que esta moléstia, apesar de silenciosa, não brinca em serviço. Quando damos por isso, as mazelas já se encontram instaladas; em muitos casos, é custosa ou impossível uma reversão efectiva do problema, já “carrapaticamente” hospedado.

Esta “pechincha” natural (digo “pechincha”, porque a Diabetes vem de borla, sem que alguém a convide), ajuda a afectar todo o sistema vascular (tubagens por onde o sangue circula), que é o meio de transporte para os nutrientes (paparoca), que vão alimentar as células (microscópicos “tijolos”), que constituem toda a nossa conjuntura corporal.

A Diabetes é coadjuvante na promoção uma campanha agressiva de acção obstrutiva nessas “canalizações”, decorrendo daí a carência da tal “paparoca” aos diversos componentes que dela necessitam para sua (nossa) sobrevivência. Resume-se assim, ao que é clinicamente conhecido por Doença Arterial Periférica.

Quando a hemodinâmica (movimento do sangue) é comprometida, a irrigação é deficiente, tornando-se difícil e por vezes impossível, a recuperação (recobro), de determinados “componentes” que ficaram seriamente debilitados pela carência desses “géneros alimentícios” (nutrientes), sendo muitas vezes necessário recorrer a amputações e outras acções menos desejáveis, sobre as quais não irei aqui “dramatizar”.

No entanto, nunca é demais repisar: a Doença Diabética, acreditem, implica com todos os elementos que podem conceder-nos uma agradável qualidade de vida.  

Implica com o cérebro (miolos) - quem os tem; afecta o coração  - “mesmo o daqueles que não sabem ou nunca amaram”;  prejudica os rins - sistema de filtragem de alta precisão, sem o qual, não sobreviveríamos;  compromete o fígado, que funciona como um órgão de escolha e separação, e acumula ainda a função de excretar para o “lixo” o que não presta, fazendo, contudo, o armazenamento do que é, ou poderá vir a ser necessário, para que o nosso corpo possa bulir; pode danificar a visão, por causa de hemorragias (derrames/fugas de sangue), surgentes nos fundos dos globos oculares, susceptíveis de danificação do nervo óptico, podendo também distorcer a  sua mácula, (o ponto de focagem central de imagem), e levar à perda parcial ou total de visão.

Os níveis de açúcar no sangue altos, durante longos períodos, projectam em silêncio, (pela caluda), o que é conhecido por NEUROPATIA DIABÉTICA. Não obstante a perigosidade de outras, esta enfermidade também não é meiga… é terrível! Só sabe, quem a sente - como eu. Acomete os neurónios, (aquelas molhadas de fios que estão para além da nossa visão), responsáveis pelo transporte da nossa sensibilidade ao cérebro, destruindo-lhes a camada mielina, - o isolante que os protege entre si -, provocando-lhes curto-circuitos, que com o passar do tempo deixam o enfermo sem sensibilidade, perante o maior abrasamento ou escaldanço que lhe possa acontecer à flôr da pele.

No meu caso, iniciou com um leve formigamento nos pés, e, em algumas áreas, uma impressão de que estava a ser escaldado por água a ferver; posteriormente, surge um sentir parecido com os pés estarem enfiados dentro de meias algo esquisitas; umas meias ásperas, com sensação de corticite.

Depois de tudo isto, se por qualquer motivo aparece alguma ferida, o seu tratamento é muito difícil, penoso e desmotivador. Aqui se inicia outro estágio do Pé Diabético, que infelizmente dá água pela barba aos eruditos na matéria e “dores de cabeça” ao achacado.

Devo declarar, que não é fácil controlar os níveis de glicémia (doçura no sangue), porquanto, estes não dependem somente da boca; o estado emocional tem também um peso preponderante, sobre o qual, quer queiramos quer não, o nosso domínio se verga.

Não quero com isto dizer que o estado emocional seja o causador da Diabetes; mas, quando a doença se encontra instalada, o frenesim (stress), é tido como um óptimo desestabilizador dela – aqui, fala a prática.

Tudo isto é verdade. Não lucraria nada em vos mentir.

Lamentavelmente, na actualidade, são muitas as circunstâncias que podem levar as pessoas a uma agitação compulsiva de difícil abrandamento, à qual os diabéticos não escapam. Nesse caso, ao menos resistam à tentação das sucroses, mesmo que os bolos, rabanadas, filhoses, chocolates e seus semelhantes açucarados, apresentem aos vossos sentidos um convite em papel de sedoso, dobrado, contendo no seu interior o incitamento “lascivo” ao prazer da lambarice.

ESSE DELEITE, MAIS CEDO OU MAIS TARDE PAGA-SE CARO. E BEM CARO!

Muito, mas muito mais, haveria para dissertar! Mas, por aqui me fico.

Já me sinto fatigado e um pouco aborrecido e apreensivo, só de pensar na maleita diabética que tenho pela frente para combater.

Não é caso para menos, não é?!

 

António Figueiredo e Silva

Coimbra, 13/04/2022

http://antoniofsilva.blogspot.com/

 

Nota:

Faço por não usar o AO90

 

 

 

 

domingo, 10 de abril de 2022

O PROFESSOR


 Vale sempre a pena repetir, porque a bandalheira continua.

Prezados leitores, seguidores, admiradores e críticos.

Já falta “pouco” para terem decorrido quase vinte anos, desde que este artigo foi ortografado e difundido.

Reflitam sobre a sua essência, e, contra ou a favor, digam da vossa justiça.

 

Nota: aproveito para dizer que,

 devido à minha iliteracia,

não sei fazer uso do AO90.

 

Coimbra, 10 de Março de 2022

(o Autor)

 

 

O PROFESSOR*

 

    É certo que não vou aqui andar feito Diógenes, com uma candeia na mão, à procura daqueles que merecem ou não estas palavras, mas reconheço, no entanto, que muitos não são dignos delas, mercê da sua marreca pedagogia e da sua postura em relação aos alunos, originado que estes, por um lado não compreendam o que lhes é transmitido, e por outro tomem o freio nos dentes e se apossem de um desregramento que atinge os limites da razoabilidade.

Podem juntar-se todos os psiquiatras e neurologistas, sociólogos e assistentes sociais, numa tentativa vã para justificar o injustificável, porque as suas bonitas teses, vazias de conteúdo nada justificam; antes pelo contrário agravam mais a situação de insubordinação e a falta de respeito que actualmente se vive nas instituições de ensino, desde o primário até à universidade, onde o desrespeito abusivo é um facto dos nossos dias, cujas provas são de total irrefutabilidade.

Não venham os “entendidos” dubiamente armados de puritana compreensão, porque não foi neles que o “arganel” foi introduzido, imputar as culpas de tudo o que tem vindo a acontecer nas instituições de ensino, onde o professor é por vezes vexado e agredido, à descriminação social e à instabilidade familiar, porque isso, para além de ser caricato, só vem dar força aos novos energúmenos em fase de germinação e impulsionar os que já o são, a fazerem pior.

Ainda há bem pouco tempo numa das minhas crónicas, nomeei uma frase de Nietzch, “o medo é o pai da moral”. O facto é que hoje ninguém tem medo e por isso a moral está decadente.

Se os puritanos da filosofia do entendimento, nas suas intervenções televisivas e escritas, procuram justificar todas as atitudes dos desvios de personalidade que originam pulsões nefastas nalguns elementos constituintes da nossa sociedade, então é lógico que acabem de vez os castigos, porque ninguém faz nada de bom ou de mau sem uma razão de causa. Assim sendo existe uma equivalência absoluta entre o bem e o mal. Neste caso, que reine a anarquia. Mas que o resultado dessa mesma anarquia ataque incisivamente aqueles que a defendem, que eles mudarão de ideias a curto prazo.

O problema actual existe por causa da existência do “culto” à impunidade, onde fiéis crentes tudo compreendem, ou fazem por isso, porque as coisas não se passam com eles, e por outro lado têm um posto de trabalho a assegurar; eu compreendo-os, todavia não concordo com as suas alegações!?

Actualmente quem dá o pão, já não dá, ou não sabe dar a educação e por vezes nem uma coisa nem outra. Contudo, isto não deverá ser motivo para justificar a isenção implacável do castigo sem qualquer condescendência, que evidentemente deverá obedecer não só ao delito cometido, mas também a uma série de antecedentes que normalmente precedem a sua eventual consumação.  

As instituições de ensino, no que respeita a comportamentos, são em parte a continuidade daquilo que no seio familiar é ensinado, não descorando, porém, que independentemente disso, cada um também sabe o que é bem e o que é mal.

Agredir um professor ao ponto de o mandar para o hospital, como recentemente aconteceu...!? Na minha cabeça, esta atitude não tem lugar para desculpas. No meu tempo, atitudes menos “poluentes” do que esta, resolviam-se com duas ou três chapadas no cangote, dadas por um Director ou até mesmo por um professor, que até davam para ver a Ursa-Maior; e chegado a casa, se apresentava queixa comia mais duas ou três. Era assim que as coisas andavam direitas.

Presentemente, com toda a compreensibilidade doentiamente vivente, não é permitido puxar a orelha ao menino porque ele fica traumatizado e o professor é “condecorado” com um processo disciplinar por agressão indevida.

E os pais, todos contentes, de mãos dadas com as leis governamentais, até alinham na fita do menino, ajudando a linchar a autoridade do professor, esquecendo-se de que país com ensino defeituoso e onde não existem regras, é país com espondilite anquilosante cívica, que lhes servirá de futura enxerga onde jamais conseguirão descansar a consciência e o seu poroso esqueleto.

 

António Figueiredo e Silva

Coimbra--- ?--- 2003

 http://antoniofsilva.blogspot.com/

 

*Não sou professor, nunca o fui, mas

compreendo as razões da sua desmotivação.

 

 

Nota:

Faço por não usar o AO90

 

 

 

  

sábado, 9 de abril de 2022

A INVASÃO DA UCRÂNIA (Reflexões de um “pascácio”) НАСТУПЕННЯ НА УКРАЇНУ


 

Enquanto houver guerra,

a paz continuará ferida.

(Celina Missura)

 

A INVASÃO DA UCRÂNIA

(Reflexões de um “pascácio”)

НАСТУПЕННЯ НА УКРАЇНУ

DIE INVASION DER UKRAINE

 



Uma determinação que aponta para malévolos resultados a nível global. Não consigo congeminar uma razão que justifique os actos de extrema violência praticados contra a liberdade de um povo, numa tentativa de derrubar a sua identidade e anexar a sua pátria.

Acontecimentos do género, só podem ser raciocinados e permitida a sua aplicação, por indivíduos emocionalmente doentes, em que o funcionamento do órgão do sistema nevoso central apenas lhes concede uma maligna debilidade mental.

Perante os acontecimentos que lamentavelmente ocorreram com a invasão da Ucrânia”, como cosmopolita que me considero, e incondicional adepto da paz, não passarei sem expor algumas sensações que afectam a minha parte emocional e me constrangem o espírito a um “carpimento” perturbante e a uma sublevação induzida que tenho de expelir, para atenuar o meu mais afincado sentimento revoltoso, o qual, neste momento, está a descompensar a minha banda figadal. Não é caso para menos.

Não estamos na Idade Medieval, mas aparenta não ser dúbio que ainda existe quem assim pense. Aliás, está mais do que provado.

Influenciados por uma bebedeira de poder, existem seres que, vendados por convicções edeológicas e pela insensatez, se precipitaram para acções indesejáveis, que devem ter sido durante muito tempo amadurecidas e enganadoramente consideradas como heroicidades, sem ponderarem as consequências demolidoras que delas podiam advir… Para o MUNDO e para elas próprias.

O que ocorreu na Ucrânia, disso é confirmação manifesta.

Considero-me um “tamanco” em política e em “arte bélica”, contudo, não desconheço os efeitos e os resultados destas duas vertentes, que podem ser benéficos ou nefastos, consoante o meio e a aplicação, utilizados.

Como se não bastassem os bombardeamentos que demoliram cidades completas e colocaram um país e os seus cidadãos, à impiedosa intempérie do inverno, alguns dos quais, na agonia, outros, (os que sobreviveram), no mais claro desamparo, ainda houve lugar para “troféus” que inconsciências sádicas semearam, com desprezo, requintes de sadismo e malvadez.

Pilhagens, genocídios, estupros – alguns seguidos de morte -, torturas espontâneas sem razão de ser, assassinatos, destruição dos pontos de abastecimento para sobrevivência humana, liquidação dos complexos habitacionais, etc.

Nunca me passou pela cabeça que na “escória humana”, em pleno século XXI, pudessem existir elementos com coragem para tal. É deplorável!

Questiono a mim próprio: será que essas pessoas conseguem dormir descansadas depois dos martírios que ordenaram?!

Esta combinação de circunstâncias, não se deve unicamente a CHEFE. Não!? São resultados da congeminação de projectos estratégicos de uma NOMENKLATURA que o rodeia e a quem ele se “prontifica" a dar voz. Neste caso, de acção exterminadora com vista uma submissão incondicional. Porém, no meu entender, os povos, pacificamente, devem ter direito à sua liberdade; territorial, linguística, religiosa e cultural. São valores fundamentais que devem ser respeitados.

Considerando o valor informativo disponível, ao que tudo indica, a invasão não deve ter resultado como o profetizado. O que seria suposto ser um relâmpago, transformou-se numa tempestade que não deixou o invasor imune às consequências dela provenientes. Ceder, não creio. Sair triunfante, não vejo modos de que isso possa vir a acontecer. É natural que se sinta “entre a espada e a parede” - e isso não será bom.

É sempre de ponderar com a máxima cautela, que ele, (O CHEFE), é “senhor” de um poderio bélico diversificado, capaz de uma destruição diabólica inopinada, sobre o planeta.

É necessário usar de perceptível cuidado para lidar com um “animal encurralado”!? Principalmente se ele estiver em fúria máxima e possuir “forte “dentição”.

CUIDADO!

 

António Figueiredo e Silva

Coimbra, 09/04(2022

 

http://antoniofsilva.blogspot.com/

 

Nota:

Faço por não usar o AO90