domingo, 14 de março de 2021

PROFESSORES E REGURGITADORES


 

 

 

 Educar, é semear com sabedoria

 e colher com paciência.

(Augusto Cury)

 

PROFESSORES & “REGURGITADORES”

 

Observei esta frase no Facebook:

“NÃO HÁ PROFESSRES DE PRIMEIRA E

 PROFESSORES DE SEGUNDA...”

 

Reconheço que esta expressão foi criada com uma finalidade, cuja causa, a razão justifica, e com a qual concordo.

No entanto, apreciei tanto da citação, que me propus a usá-la, embora por motivos diferentes, que há muito me andam a dançaricar na mona.

Melhor dizendo: uma expressão que me serviu de tema.

 

Ora bem.

Retirando o objetivo para o qual o seu criador a concebeu, e tomando em linha de conta somente a essência e não o que dela se possa subentender, muito gostaria de subscrever a afirmação real nela contida. Porém, na minha boa-fé e perante tudo o que hei constatado ao longo do itinerário da minha “curta” duração, algo me diz que não devo concordar.

Por isso, não concordo.

Há professores de primeira e professores de segunda, sim; outros, nem professores deviam ser. Estes últimos, são apenas veículos de transmissão de conteúdos absorvidos, todavia, não compreendidos, para posteriormente serem regurgitados ou recitados, como os escritos de uma cartilha, sem qualquer evolução científica, a uma pequena ou grande capoeira de “frangos” aprendizes, que chegam ao fim, sem perceberem patavina do que lhes foi “cacarejado”; a sua utilidade serviu apenas entupir-lhes o pio e a mente – que se lixem, aprendam em casa. Será isto mentira?

Ser Professor, não é “enxada” para qualquer patego, que resolveu fazer do ensino uma leira de cultivo, com o obectivo alimentar a sua sobrevivência física, sem perceber que a anímica não corresponde a realidade. 

Ser docente é uma profissão que requer muita dedicação. Só que, para que essa virtude se manifeste com a resplandecência que lhe é devida, torna-se indispensável a colaboração genética; quem não nasceu com esse assopro, jamais na vida será um verdadeiro Mestre. Manifesta-se apenas como um reles simulacro à mestria; um imprestável diluidor de tempo, que é subsidiado para palrar – coisa que qualquer papagaio faz. Mas isso não é ser professor.

É fundamental muita paciência e muita competência para conseguir adaptar os seus ensinamentos – não vomitanços – por forma a que eles penetrem na compreensão dos alunos. É semear-lhes o conhecimento na alma e incutir-lhes o gosto pelos seus fundamentos. Com isto, pretendo referir-me àquela “insignificante coisita” rebentada na alma, chamada pedagogia. Esta é a componente principal, além de outras, obviamente, que realiza um bom Professor.

Pode aparecer na ribalta da ciência o mais proeminente entendido em determinada matéria; se ele não conseguir transmitir as suas erudições, o valor do seu saber, não terá validade alguma.

Nos sistemas de ensino, como em todos os sistemas (e há que compreender isso), é natural que haja bons e maus educandos; contudo, essas realidades não podem ser somente atribuídas aos aprendizes; porque muitas vezes, quem administra os ensinamentos, não o sabe fazer; ou pela carência do saber, ou pela ausência da dita pedagogia, que consiste no saber transmitir o conhecimento. Assim, como não é mentira haver estudantes portadores de insuficiência no raciocínio, também entendo não subsistirem dúvidas, quanto à existência de professores virtuais; estes, não deixam de encorpar uma realidade e não uma aparência.

Logo, há professores de primeira e professores de segunda - e outros.

Não quero de maneira alguma denegrir a imagem do PROFESSOR, figura que sempre venerei e pela qual nutro grande estima.

Por ele tenho sempre presente que o mais alto sinal de gratidão (de que tenho conhecimento), atribuído ao MESTRE, foi no Celeste Império (China); era a única pessoa desobrigada de se curvar perante a “deificada” figura do Imperador.

 

António Figueiredo e Silva

Coimbra, 14/03/2021

http://antoniofsilva.blogspot.com/

 

Nota:

Faço por não usar o AO90

 

 

 

 

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