sábado, 27 de março de 2021

INCOMPATIBILIDADE

 

INCOMPATIBILIDADE

 INCOMPATIBILITY

UNVEREINBARKEIT

НЕСОВМЕСТИМОСТЬ

 


Compreendo muito bem, o sentido que esta frase contém, conquanto que, penso não ser bem assim.

Estas particularidades moram na mesma casa sim, porém, em compartimentos separados. Se se misturam, neutralizam-se mutuamente, para dar origem a outra característica, que, em minha opinião, é bem pior. Resume-se a um hibridismo de potencial valor, equivalente à soma das duas, por defeito; a parvoíce ou estupidez - como queiramos chamar.

Não conheço modo algum, por voltas que possamos dar à cilha para cingir a albarda da elucidação sobre a realidade, porque o estúpido nunca irá compreender; é a mesma coisa que bater num cepo pútrido, para o fazer florescer à força. É tempo perdido. Não merece a nossa saliva.

Visto por outra face, também será inútil tentarmos abrir as portas de uma realidade a um fanático, na medida em ele apenas sustenta com imensa pertinácia, uma visão monocular que se resume a um ponto fixo, do qual não arreda o olho; por não ser provido de posições de comparação, rejeita do mesmo modo, o ingresso dessa realidade na sua mente visionária entorpecida.

Logo, a inteligência e o fanatismo, são inconciliáveis. Contudo, susceptíveis de um acasalamento temporário ou perene, podendo ser, no entanto, residentes no mesmo domicílio. Neste caso, a habitação encefálica.

Enquanto que o entendimento (inteligência) é genético, pode ser limado, polido e ampliado através dos métodos de ensinamento da erudição; o mesmo não acontece com o fanatismo. É faccioso e intolerante, além de ser um falacioso e louco estimulador de convencimentos doentios.

O sectarismo (fanatismo), por norma é uma singularidade exógena, que é insuflada através de repetidas “marteladas” verbais, tendo por objectivo converter e aprimorar o obscurantismo nas pessoas naturalmente carentes de vontade própria, e, consequentemente, torná-las manipuláveis. Esta particularidade, só ganha alguma robustez na sua fraqueza, em coesão de elementos; porque “a união faz a força” – esta teoria já é velha.  Neste caso, não há fármaco que o consiga varrer esta moléstia desses espíritos fracos, que servem de papel-moeda a edeologias pouco credíveis, à luz de uma normal inteligência. Assim nasceram e assim morrem, como espíritos angustiados, amortalhados pelo colorido suas imutáveis convicções.

Porque acredito que onde a inteligência não existe ou é carente, não há progresso intelectual.

Apesar das divergências entre ambas, inteligência e fanatismo, estas, não deixam de ser uma realidade no Universo Humano.

O inteligente, por força da sua compreensão, não é fanático e por preceito não é parvo; logicamente, também não será estúpido. Ele, independentemente de aceitá-las ou não, compreende as convicções do seu semelhante, dando-lhe a atenção devida, e, se necessário, contrapõe com argumentos que considera válidos, todavia, limitados por uma circunferência de esmerada civilidade.

Porém, se for ao contrário já não acontece – a não ser por milagre – e é aí que entram “triunfantes” as qualidades do fanatismo, que são, a estupidez e/ou parvoíce; acérrimas antagonistas da inteligência.

É natural que não possam coexistir, contudo, nada as impede de morarem na mesma habitação, porém, separadas por “hexagonais compartimentos” à semelhança de um favo de mel.

Cada uma trata de si; mas se adrega a juntarem-se, o resultado não é mel que se cheire, mas resulta numa estupidez pura, que constrange e abafa a inteligência – até, alguma ainda remanescente.

  

António Figueiredo e Silva

Coimbra, 27/03/2021

http://antoniofsilva.blogspot.com/

 

Obs:

Faço por não usar do AO90

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