terça-feira, 17 de novembro de 2020

AI MIGUEL, MIGUEL!

 

O jornalismo moderno tem uma coisa a seu favor.

Ao nos oferecer a opinião dos deseducados, ele

 mantém-nos em dia com a ignorância da comunidade.

(Oscar Wilde)

 

AI MIGUEL, MIGUEL!

 


“Mas você tem algum amigo prêto?”

A meu ver, foi uma pergunta tendenciosa e ácida servida em bandeja de cromado cinismo, de Miguel Sousa Tavares a André Ventura.

Claro que o Ti Miguel bateu com os tomates na lama, para onde foi obrigado a escorregar, empurrado pelas descontraídas e espertas alegações de André Ventura. Aliás, o André soube muito bem desencarcerar-se da cerca de arame-farpado em que o Miguel estava apostado encurralá-lo.

Não é que aprecie o André; mas muito menos gosto da convicção “deificada” do Miguel, que, na minha maneira de ver, tem vindo a passar de um bom jornalista, para um gazetista de alpargata, com valor declarado para gatafunhar em pasquins ou livros-de-bolso.

Quero frisar que não estou aqui em defesa de André Ventura nem do partido que representa. Muito longe disso.

Mas, aquele Miguel Sousa Tavares merece que lhe provoque um rombo o casco do navio fantasma, em cuja popa se julga instalado, tendo-se como o pregoeiro laminar do supremo jornalismo. Isso não tem vindo a suceder. Penso que a vaidade lhe apodreceu a mestria.

“Mas você tem algum amigo prêto?”(Ahahah! Achei piada!).

Salvo opiniões divergentes, que respeitarei, entendo que foi uma interrogação, que, além de tendenciosa, resvalou para o ridículo – para não ir mais longe. Compreendo que a idade não perdoa; mas não me vou coibir de metralhar o que entendo ter sido um “abuso”, só inerente a este jornalista (não quer dizer que não existam mais), que tenho vindo a considerar, de dúbia competência. Prova viva e evidente, de que, é verdade que idade e o autoconvencimento exacerbado, não perdoam.

Para finalizar e deixar purificada a minha narrativa analítica sobre a pretérita entrevista, sem que me julguem alimentar qualquer ideologia partidária, devo dizer o seguinte: deixei de apreciar o péssimo jornalismo de Miguel Sousa Tavares e não acredito na papagueante e acelerada retórica de André Ventura. Um, porque deixei de crer na sua imparcialidade jornalística; outro, porque as suas intenções, por melhor que as apresente, não chegam para mudar as minhas convicções quanto à noção que alimento sobre o que é Democracia.

Tenho dito.

 

António Figueiredo e Silva

Coimbra, 17/11/2020

http://antoniofsilva.blogspot.com/