quarta-feira, 17 de junho de 2009

HUMILDADE

HUMILDADE?!...

Eu tive a oportunidade de ver e ouvir esta locução de uma “brandura” sem precedentes, cautelosa e “humilde”, ser pronunciada por José Sócrates Pinto de Sousa, nosso Primeiro-ministro, na presença das câmaras da TV. Perante tal facto, não poderei negar a transfiguração ainda que momentânea, de tão ilustre figura da nação, mas…
Bem!...
Só me sentirei amortalhado pelo manto translúcido do refrigério, quando os portugueses tiverem demonstrado integralmente a José Sócrates, que a humildade que proferiu, nele nunca se domiciliou.
O viveiro de pesporrência, teimosia, agressividade e despotismo, que até agora tem lavourado, está a iniciar a sua germinação e os frutos que desta hão-de dimanar, colhê-los-á, como qualquer camponês, pelo S. Miguel.
Estou esperançado de que irá ser um “bom S. Miguel” para ele e para todos nós, se com seu usual e gesticulante compasso napolitano, acompanhado do ribombar de trovoadas discursais, ensopadas em sonho e ébrias de promessas, não vierem “danificar” a colheita.
Porque só agora ocorreu à sua genética obra de engenharia encefálica a palavra humildade, se jamais (histórico vocábulo) o nosso Primeiro-ministro evidenciou tal virtude?
Às tantas foi porque o povo apertou os baraços das duras chancas (sapatos de marca aliás) e o padecimento lancinante invadiu as calcificações dos joanetes da sua política, não foi!?...
Por certo, pelo menos espero, já deve ser um bocadito tarde para reflectir.
As eleições legislativas aproximam-se a todo o galope e talvez seja escasso o tempo para proceder a uma rigorosa varredura do pretérito com a esponja de apócrifa humildade e proceder à renovada e colectiva ablução cerebral a todos os portugueses.
O cidadão José Sócrates, tanta martelada deu nas bigornas auditivas do povo lusíada, que estas emperraram, perderam a sensibilidade e pariram um flagelo de cofose generalizada.
Se entretanto até lá, por senilidade prematura ou porque o discernimento abandonou o intelecto colectivo e os meus compatriotas se curarem deste achaque, penso que podemos indubitavelmente contar como reconhecimento, com quatro anos de retaliação, decorrente de possíveis e massivas transformações nos cordelinhos da política, economia e finanças, justiça, segurança, saúde e ensino.
Mas já quase já ninguém ouve! E para os mais afortunados que mantêm algum lampejo desse precioso sentido, quando o som chega aos tímpanos, riem!
Aí sim podemos ter a certeza de que iremos ver, não o que é a humildade mas sim o seu reverso. Depois…
(…) é agora olhar com humildade para aquilo que não correu bem (…).


António Figueiredo e Silva
Coimbra

Blog: antoniofigueiredo.pt.vu

terça-feira, 16 de junho de 2009

AS PIRANHAS

AS PIRANHAS


Se observarmos com atenção, alguns políticos, provavelmente a maioria, são muito parecidos com as piranhas; quando lhes aparece o isco, num frenético e incontrolável redemoinho de águas turvas, atiram-se a ele com unhas e dentes a ver quem come o maior quinhão.
Desta vez o isco foi as eleições para Deputados à União Europeia, que realmente se me afigurou ser um isco de boa qualidade, pelo que, mesmo em turbulência, valeu a pena lutar.
Atropelaram-se uns aos outros e presentearam-se mutuamente com palavras ou metáforas depreciativas. Poluíram as ruas com a sua enxameada presença, uns mais do que outros, ora atropelando ora interpelando quem passava abstraído da confusão ou quem trabalhava para ganhar o seu pão, não sem ter que descontar algum que virá a ser distribuído por aqueles zumbidores.
De facto até verbalizaram algo que se podia aproveitar, evidentemente, com alguma cautela. Uns apenas arranhavam meia dúzia de vocábulos sem nexo, muitos deles já desgastados pelo seu uso, que de tamanha persistência se tornavam fastidiosos.
Deram sacos, camisolas, esferográficas, cuspiram gafanhotos com fios de baba à mistura, mas nenhum se lembrou ainda de distribuir preservativos, para os portugueses poderem fazer a cópula sem ficarem copulados, como tem vindo a suceder. E porque não fazê-lo, se toda aquela festança foi de cariz carnavalesco, com foguetes à mistura e tudo?
Num arraial destes alguns tiveram o condão de se sobressaírem mais do que outros; ou pela sua lábia na retórica, ou pelo seu pragmatismo contundente mas fingido, ou ainda da pior maneira que à laia de um papagaio de papel preso por uma guita se deixa levar ao sabor do vento, sem vontade própria. Tudo isto foram episódios que puderam presenciar todos os que a esse trabalho se deram.
O delicadinho do cidadão Vital Moreira parecia mais uma marioneta do que um concorrente a Deputado à União Europeia.
Lá ia, tadinho, nervoso e obsequioso, em segundo plano, levado pela mão do seu tutor, exibindo sempre um fingido sorriso, como um verdadeiro yes man*.
Em minha opinião, Vital Moreira foi o capacho onde José Sócrates firmou os pés para fazer campanha a si próprio e a ele arrastando-o na sua auto-propaganda e oferecendo-lhe um rebuçado do Dr. Bayard, ao apresentá-lo como:
Este é o meu delfim!... Mas a figura de proeminência sou eu!? Afiguração que não resultou.
Claro que os portugueses são bastante passivos, mas também se embucham da prosa repetitiva e da falácia rotineira, cujos resultados ficaram claramente evidenciados. Apesar disso estou convicto de que a lição não acabou por ali!?
Contudo, se esse sinal (resultados da votação) não passou de uma fútil ameaça, os portugueses granjearam o “mérito” de virem a ficar numa posição muito mais abaixo daquela em que actualmente se encontram.
Assim, se tal vier a acontecer, para meu mal e de muitos, o engodo mais uma vez resultou, prova manifesta de que os portugueses sofrem indubitavelmente de uma maleita chamada masoquismo, que se resume no prazer resultante do sofrimento, um dos sintomas indicativos de oligofrenia.


António Figueiredo e Silva
Coimbra

Blog: www.antoniofigueiredo.pt.vu

*Pessoa que a tudo diz amen,
em todas as circunstâncias.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

DESASTRE AÉREO

O DESASTRE AÉREO

(Este parecer refere-se ao acidente do avião AIRBUS A 330 da AIR FRANCE)


Naturalmente que não é minha pretensão fazer aqui qualquer afirmação sobre o que motivou o acidente onde pereceram 228 pessoas. Porém, reunindo algumas das notícias que têm sido veiculadas através dos órgãos de comunicação e adindo os meus parcos conhecimentos de aeronáutica através dos cursos que me foram ministrados, - por lá passei uns bons anitos - julgo ter fundamentos para emitir uma opinião sobre tão catastrófica ocorrência.
É evidente que as provas com mais certezas só poderão ser dadas pelos investigadores depois de serem encontradas as Caixas Negras.
Este nome, para quem não saiba, não obedece a uma tradução literal mas idiomática, que quer dizer “Caixas do Segredo ou Mistério”, por conterem as gravações dos últimos trinta minutos de voo, que constituem, até serem encontradas, as fontes concretas dos motivos provocadores dos acidentes. Estas “caixas”, são tecnologicamente concebidas para resistirem a altíssimas temperaturas, ao choque violento e à oxidação provocada por qualquer produto corrosivo. Elas gravam toda a conversação da tripulação da aeronave e os pontos de controlo em terra, os parâmetros dos reactores, como temperaturas, pressões, fornecimentos de energia eléctrica etc; gravam pressão barométrica exterior, pressão de cabine, velocidade da aeronave em relação ar, sua direcção, a sua altitude e muitas outras coisas que se tivesse que as descrever não chegariam uma dúzia de páginas iguais a esta.
Em aeronáutica sempre me ensinaram que as piores nuvens que pairam na atmosfera são as chamadas cumulonimbos, sendo destas que provém o granizo ou saraiva. São núvens em grande agitação no seu interior, com rajadas violentas, trovoadas, chuvas torrenciais e cristais de gelo, que lhes impõe uma densidade fora do normal, subsistindo deste facto a afirmação de que avião que entrasse num cumulonimbo tinha grandes possibilidades de sair aos bocados; tal não é apocalíptica convulsão no seu interior. Estas nuvens chegam a atingir aproximadamente 10km de altura, a partir da sua base isto é, pode elevar-se até a tropopausa que se inicia a 15km da altura, tendo como referência a superfície da terra e por norma têm a forma de uma bigorna.
As aeronaves comerciais pressurizadas voam normalmente entre os 30.000 a 35.000 pés de altitude (que não é a mesma coisa que altura), o que representa em metros 9.000 a 10.500.
Quer isto dizer que um cumulonimbo de grande envergadura pode atingir uma altitude igual ou superior à do vôo de um avião comercial e este se o atravessar, certamente que estará condenado à desintegração total.
O impacto de uma aeronave que em voo de cruzeiro rasga o céu a uma velocidade de 900 km a 950km por hora, ao entrar num cumulonimbo cuja densidade e turbulência são de enorme grandeza, sofre um violento e repentino impacto em que a única “travagem” é a dissipação da energia cinética da massa voadora, com a criação de vibrações, passando à ressonância, seguida de cargas de ruptura criadas pelos cristais de gelo, culminando no seu total desmembramento. Por analogia, é como se o avião abruptamente fosse atingido pelo tiro de uma grande caçadeira com zagalotes.
Não afirmo que foi isto que aconteceu, porque as aeronaves possuem radares concebidos para a detecção dessas nuvens, contudo, por vezes o ser humano deixa der ver a realidade. Não quero nem devo com isto, culpabilizar seja quem for. Isto não passa de uma mera conjectura. Oxalá que as Black Box apareçam. Elas falarão por mim.
No entanto, como na zona onde se presume ter dado o acidente, existe uma confluência, um choque, de pressões e temperaturas diferentes - segundo dizem os especialistas em meteorologia, evidenciando esta hipótese, com base na vista por satélite - a existência de cumulonimbos, pela mancha de óleo que apresenta uma distância de cerca de 20km e pela distribuição de alguns destroços que concluíram não ser por destruição em radial, pode ter sido mesmo o impacto com a alta densidade destas nuvens e a sua convulsão eléctrica aproximada de 1.000.000 de voltes, que tenham causado o brusco desmembramento da aeronave.
Se tivesse havido uma explosão a bordo provocada por algum engenho, o avião ter-se-ia partido, pela zona da explosão e o tamanho dos seus destroços certamente que seriam de maior dimensão e não estariam tão fragmentados como parecem estar, por uma longa área com sentido rectilíneo.
Por estas razões e a meu ver, a causa mais provável do acidente foi provocada por um cumulonimbo.
Para quem se dedicou ou dedica a fundo, a aeronáutica foi e é uma grande escola que encerra grandes “cumulonimbos” de intensos e vastos conhecimentos.
Esta é a minha opinião.

António Figueiredo e Silva

Coimbra

Blog: www.antoniofigueiredo.pt.vu

quarta-feira, 3 de junho de 2009

A CORJA


A CORJA


Afinal, Vale e Azevedo é um herói!!!
Aquela brilhante mona desprovida de seborreia e piloris, sabe muito! No meio de tanta cambada semelhante, ele é um genuíno Ali Baba. Invejo-lhe a argúcia e a afoiteza, ferramentas com que “granjeou” a sua “paupérrima” fortuna que lhe permite viver faustosamente, contornando os pensamentos e objectivos economicistas das mais “sérias”, eficientes” e magnânimas (?) mentes, algumas delas agora colocadas em causa.
Deixaram-no zarpar para a ínsula dos camones, de onde se arroga a gozar a passividade da investigação e da justiça portuguesas. Gracejando ainda com sarcástica descontracção em tom de desafio, argumenta: “venham cá buscar-me”!...

Os órgãos de informação apresenta-nos também o caso Freeport que de tão confuso que está e com as qualidades da canzoada metida pelo meio, mais tarde ou mais cedo acaba por ser silenciado e ponto final. Os portugueses são pessoas de boa fé e acabam por esquecer o passado muito rapidamente.

Assomou-se também às seteiras da falcatrua o BPP, que como se pôde reconhecer, pôs na “miséria” muitos gatos selvagens da floresta financeira, incluindo o lavador de terras auríferas Joe Berardo. Deste, coitado, sinto profunda comiseração.
Como sou puritano e moralista, até estou a pensar seriamente em fazer-lhe uma proposta, que pela sua soberbice, é bastante aliciante; permutar a minha riqueza pela sua miséria. Um dia, se me der na tinêta, escrever-lhe-ei uma carta na qual lhe proporei a negociata, caso ele não se antecipe depois de ter lido esta crónica.*
Penso que se algo de bem tenho que fazer neste mundo para ganhar o outro, onde não há ambição e os cheques sem cobertura são desconhecidos, vejo neste gesto altruísta uma boa oportunidade para o “desgraçado”.

Agora vem o BPN. Coitado do BPN! Lá tiveram os cidadãos portugueses de contribuir involuntariamente para a vacina contra a crise monetária que arruinou aquela instituição bancária, com a modesta esmola de quatrocentos milhões de €uros.
Foi um algar de, por enquanto, “apontados benfeitores”. Esperem que ainda a procissão vai no adro!... Isto é só a uma ponta de um tentáculo do polvo.
O cidadão, “Zé” Oliveira e Costa já me parece um bocado zonzo da cabeçona ou então é um bom actor; caso se venha a atestar esse dom, certamente que vai ter pela frente um brilhante futuro como “músico” nas telenovelas, actualmente muito popularizadas.
Mas se a abóbora pifa e ele começa a regurgitar, é que vão ser elas!?
Olhem agora para o que lhe havia de dar!?... Denegrir o nome do Digmº. Cidadão “Manel” Dias Loureiro. Isso não se faz.
Eu sempre o conheci como uma pessoa de abastadas posses económicas. Já há muitos anos ele possuía um carro de alta gama a bater válvulas por todo o lado, pegava de empurrão, e arrotava baforadas de potência negra, quando era professor em Cantanhede. Nessa altura andava eu à pata. Se ele continua rico é porque tem “trabalhado” para isso. Como, onde ou a quem, a mim não diz respeito.
Claro que não advogo a possibilidade, ainda que remota, de “Zé” de Oliveira e Costa não ser culpado no caso BPN, mas de uma coisa estou certo: o buracão é tão grande que não pode ter sido criado por um só homem. Foi necessário remover muitas pazadas de argúcia, “arrumar” alguns incomodativos pedregulhos do caminho e criar estreitos laços de conivência convergente nos interesses comuns em torno de uma távola redonda que não se conhece, enquanto o Banco de Portugal nas horas de labor, curtia uma mexicana siesta à sombra de uma árvore chamada incapacidade.
Existem evidências que fogem à minha compreensão e com as quais não estou de acordo, bem assim como uma maioria dos portugueses; evidentemente que da minha conjecturada sondagem, também fazem parte aqueles que vêem só de um olho ou pensam somente com metade da massa encefálica. É que os factos são de tal relevância que não é necessário ser-se muito esperto para enxergar o que se está a passar.
Todas as indagações ou processos de alçado litigioso que metam “cães grandes”, arrastam-se por tempo indefinido utilizado na confecção de saladas russas, até se diluírem em conserva letárgica e serem postos de lado nas prateleiras, presumivelmente carcomidas e cheias de pó, dos arquivos judiciais, se antes não tiverem escapulido desse sepulcral destino, alimento com o qual, um dia a História se irá nutrir.
É tudo uma cambada, cuja seriedade está encharcada pela dúvida, para não fazer afirmações de certeza!
Podemos sustentar a convicção de que tudo acabará numa boa!
No código deontológico das corjas, existem laços de apadrinhamento mútuo, rodeados por malquerenças fingidas, mas acaba tudo por dar certo.


António Figueiredo e Silva

Coimbra

Blog: www.antoniofigueiredo.pt.vu

*Se as crónicas que há alguns anos venho
a escrever são inseridas em tantos jornais,
pode ser que esta lhe vá parar à mão.
Espero bem que sim.