sábado, 27 de abril de 2024

ALUCINAÇÕES

 

A pior ilusão não é aquela em que os outros te iludem,

mas aquela em que tu, a ti mesmo te iludes.

(Autor desconhecido)

 

ALUCINAÇÕES

 


    Até compreendo, quão prejudiciais podem ser os efeitos provocados por um estado delirante, quando estes, ao afectarem o próprio ser em si mesmo, o levam a posturas ou declarações menos convenientes, que podem ferir a solidez emotiva de todos aqueles que o rodeiam e com interiorizado sofisma, - por interesses subjacentes - se prestam uma falsa vassalagem.

Este estado de alteração mental, infalivelmente distorce o raciocínio do “hospedeiro” provocando-lhe uma deformação na sua visão intelectual que lhe inquina a noção da realidade, através de uma patológica confusão mental. Quer isto dizer, que a pessoa, pela minoração do entendimento, que se encontra infectado, pode ter comportamentos que só um estado alucinatório pode justificar. Não vejo outra razão!?

No meu percurso de vida, conheci alguns episódios deste calibre, que trasbordaram da caçarola do bom censo e escaldaram a estabilidade algumas, (muitas), vidas.

É sabido que não passa de uma perturbação incalculada, que se apresenta a boiar na massa cinzenta em determinados momentos de entusiasmo, mas que é susceptível de reversão, repondo a função mental na sua integral normalidade – após formado um escrupuloso exame de consciência, como é compreensível.

Qualquer figura, por maior que seja a sua magnitude social no poder ou na cultura, está sujeita a este fenómeno, e, como perdeu também noção de contenção, apresta-se a ficar mal na “fotografia”, para a qual, “rosnando”, arreganhou a sua dentição.

Não há dias passados, destacou-se uma dessas “preciosidades”, que, apesar da liberdade de expressão que me é concedida, faço questão de aqui não nomear; não por receio algum, mas porque a minha criteriosa sensatez e natural empatia, me dizem para o não fazer. Não desconheço, no entanto, que todos aqueles que sabem ler nas entrelinhas, infalivelmente vão chegar ao reconhecimento da “pérola”.

Lamento isto, mas não consigo abafar dentro de mim a acidulada revolta biliar, por ver que ainda existem imbecis que acreditam no Pecado Original; isto é, “se não pagaram os pais, que paguem os filhos”.

No mínimo, isto é fruto de uma eloquência emperrada; possivelmente pelo desgaste da avançada idade ou porque o azeite da sabedoria por momentos falhou na sua acção lubrificadora.

Pasme-se: com que então vamos ser “donos” de uma nação hipotecada, para solver os prejuízos causados pelos “males” que os nossos antepassados fizeram!

Não deixa de não ser uma piada! Triste, ridícula e de mau gosto, mas é uma piada.

E p´ra findar, é inevitável ocorrer-me do recurso à Bíblia, neste momento, a minha tábua de salvação; “Abençoados os pobres de espírito, porque deles é o Reino do Céu”.

Amen.

 

 

António Figueiredo e Silva

Coimbra, 27/04/2024

 

       https://antoniofsilva.blogspot.com

 

Nota:

Não faço uso do AO90

 

 

quinta-feira, 25 de abril de 2024

É DO BARIL, ATÃO NUM É?!

 

É DO BARIL, ATÃO NUM É?!

 


Desconheço quem foi o autor deste cenário, que em pouco espaço e sem lirismos, porém com abonada fidelidade, tão bem retrata a “penúria” e a “fartura” antes e depois do 25 de Abril.

Antes de prosseguir com o meu palavreado, aos nobres miolos de onde brotou esta concepção, faço questão de apresentar-lhe os meus parabéns por isso. Em nome da “liberdade”, ainda que um pouco condicionada, - a meu ver -, entendo que são bem justos.

É verdade que depois desse dia, (25), “ninguém mais” amarrou tafulhos na boca dos portugueses, apesar de algumas tentativas frustradas.  A exemplo inicial, a actuação “sublime e aveludada” do Comando Operacional do Continente (COPCON), orientada por Otelo Saraiva de Carvalho. Lembram-se?

É evidente que a mutação do estado político e económico, com vista a uma igualdade de direitos, garantias e liberdade de expressão, não passou dos pináculos da ilusão “etílica” para uma melhor qualidade de vida,

Não refuto, porém, que ao despontar da alvorada desse dia, talvez não me fosse concedida a permissão para eu estar p’ráqui, a dizer estas ou outras distintas baboseiras. Mas também não duvido que havia menos pobreza, geral e do juízo, como até agora tem vindo a acontecer.

Na noite anterior, nas estruturas hierárquicas, cada um era responsável pela missão que lhe fora confiada ou para qual se havia auto-proposto.

“Ao romper da aurora” do dia 25, toda uma corja de parasitas e oportunistas que estava encafuada nas masmorras do silêncio, assomou à luz “brilhante” do sol - que de brilhantina nada teve -,  para colocar em acção os seus bem amadurados e tendenciosos propósitos nefastos, cujos resultados, agora são bem visíveis; desordeiros, ladrões, malandros, incompetentes, corruptos, chulos, aldrabões, vigaristas e trapaceiros.

Não me interessa saber quem foi, ou quem é o quê. Certamente que cada cidadão tem a sua conjectura formada, - se não tiver a venda nos olhos e a barriga a dar horas, ou se está na iminência de que a penúria lhe venha entrar pela porta dentro, accionada por consecutivas governações deficientes, cujos resultados são bem contatáveis.

Encontramo-nos numa condição em que o “impossível” pode acontecer, porque o povo foi infectado por uma cegueira generalizada, pulverizada por dissertações proselitistas, actualmente tituladas de populistas; isto é, dizer ao Zé, aquilo que ele mais gosta de ouvir.   

Mais tarde, quando a “noite” cai, acaba por concluir que tudo não passou de um artístico embuste.

A força dos elementos policiais para a manutenção dessa ordem tem-se degradado; a moral tende a desaparecer e a ética tem-se transformado num fiasco, fomentando o desrespeito pelo próximo; a aplicação dos princípios legislativos não prima pela igualdade, porquanto, o dinheiro compra, não a lei, porém, a justiça; a pobreza, que francamente tem crescido nesta “abastada” nação, tem servido de cavalo-de-batalha para os espertos (não confundir com inteligentes) subirem os degraus do poder; a boa qualidade do ensino tem vindo a volatilizar-se porque houve um aumento de “palha” na manjedoura da instrução etc.

Não tenho necessidade de ir mais longe para afirmar: ao povo, foi-lhe retirada amordaça da boca, e, sem escrúpulos, serviram-se dela para lhe cobrir a visão – física e intelectual.

Muito mais haveria para dizer, mas fico-me por aqui.

Não vou finalizar, sem aqui demarcar umas velhas palavras, concernentes à moralidade, ética e justiça: os exemplos devem vir sempre de cima.

 Isso não tem acontecido.

Agora anda tudo cego, e é mau!?

Apraz-me ainda acrescentar que, nos comentários que certamente irão seguir-se, espero não ter de questionar: “onde está a minha liberdade pensamento”?

 

António Figueiredo e Silva

Coimbra, 25/04/2024

 

https://antoniofsilva.blogspot.com

 

Nota:

Não uso o AO90.

 

  

 

 

 

sábado, 20 de abril de 2024

POR DETRÁS DE UM SORRISO

 

É, por vezes, do sentimento acre de profunda tristeza,

que é libertada a “sublime doçura” de um sorriso.

Incompreensível, mas verdade.

(A. Figueiredo)

 

POR DETRÁS DE UM SORRISO

 


É comum dizer-se que mostrar um sorriso, não custa nada e alegra o Mundo. É verdade, - para nós, quando não sentimos os “calos” a doer. De resto, pode ser uma ilusão agradável para os outros, que não compreendem o nosso estado de espírito no momento desse tão precioso trejeito.

Todos percebemos que o sorriso tanto alegra o mundo como pode irritá-lo. Isto, porque, sorrir não é necessariamente, arreganhar a fateixa; é muito mais para além disso. 

Para quem entende, o sorriso reflete sempre o estado de espírito de quem sorri. Tanto pode demonstrar a nobreza, a graça, a humildade, a compreensão, daquele que ri, como pode ser o embaixador da sua torpeza, mesquinhez, degradação emocional ou mesmo física, onde o prazer, a dor ou o ódio, estão latentes. É bastante complexo, não é?

Naturalmente que é complicado saber interpretar o corcel sentimental que uma manifestação jovial cavalga, contudo, não é de todo impossível. É uma questão de perspicácia e apurado espírito de observação.   

Sempre que contemplo um sorriso, tempero-o com a toda a expressão facial que o embeleza ou desfigura, o que me possibilita uma apreciação mais correcta da sua razão de ser. É evidente que não diz tudo, porém, o suficiente.

Com ou sem sorriso, a fisionomia é, infalivelmente, o espelho, não só do espírito, mas também da condição do físico. Ambos vivem entrosados. O estado de um, reflete-se no outro e a cara, na sua expressão, retrata o mais fiel estado de ambos.

Por isso é que existem sorrisos de várias configurações; hipócritas, ridículos, gozo, rancorosos e raivosos; também os há sublimes, de satisfação, complacentes, humildes, carinhosos, de pranto etc.

Naturalmente que é indispensável muita vivência, (calosidade), e “alguma” apreciação de tratados relacionados com a psicologia, para apurarmos a sensibilidade que nos permite identificar o se esconde nas atrás de cada “arreganho”.

No que concerne à investigação desta matéria, apesar da sua enorme complexidade, não faltam eruditos, que, através de narrativas sustentadas por episódios, têm chegado a brilhantes e indubitáveis conclusões, cujas realidades, adidas à nossa conjuntura genésica, nos vão possibilitar a remoção da máscara da farsa e fazer emergir realidade - assim nós, antes do nascimento, tenhamos sido “brindados” com essa condição, que naturalmente, não está ao alcance de todos.

Como tal, vezes sem conta, deparamos que atrás da alegria de um sorriso, pode existir um profundo poço de tristeza, uma agressividade contida, um ciúme latente, uma ambição desmedida ou realmente a verdadeira, despretensiosa e natural pureza do sorriso franco e aberto, que na realidade vem alegrar o Mundo!

Concluindo: como nem tudo o que brilha é ouro, nem tudo o que se esconde atrás de um sorriso é alegria.

   

 

António Figueiredo e Silva

Coimbra, 20/04/2024

 

     https://antoniofsilva.blogspot.com/

 

 

 

segunda-feira, 1 de abril de 2024

A IMPORTÂNCIA DA DOR АЖНОСТЬ БОЛИВ THE IMPORTANCE OF PAIN DIE BEDEUTUNG DES SCHMERZES ВАЖЛИВІСТЬ БОЛЮ


A IMPORTÂNCIA DA DOR

АЖНОСТЬ БОЛИВ

THE IMPORTANCE OF PAIN

DIE BEDEUTUNG DES SCHMERZES

ВАЖЛИВІСТЬ БОЛЮ


    Física ou emocional, a dor é sempre um bem precioso. Não sei se por equívoco da existência ou por erro da Natureza, a sua distribuição, que toca a todos os seres viventes, obedece a uma rectidão determinada e a uma imparcialidade tal, que a todos toca o seu quinhão, cuja dimensão resulta numa maior ou menor dimensão da fatia, - dependente do fadário de cada um.

Das consequências resultantes dessa talhada, apesar de todo o mundo “compreender” e até sugerir mezinhas e fármacos tidos como lenitivos para o seu abrandamento, a realidade do sofrimento, só sabe quem o sente – não descorando, contudo, que “toda a gente é capaz de a suportar”. Esta é que é a verdade.

 Conquanto que, sendo a dor incomodativa e por vezes angustiante, ela é indubitavelmente indispensável à vivência, quando esta corre menos bem; é o único modo de que o nosso conjunto físico-anímico dispõe para manifestar o seu desagrado sobre algo que está imperfeito na sua edificação corporal ou imaterial. Sim, porque quando há uma dor no corpo, esta, invariavelmente provoca uma dor na alma; embora diferentes, quando uma doi, a outra não fica imune. Uma afecta a outra com intensa reciprocidade porque a infalibilidade genética as fez germinar enlaçadas para toda a vida.

Por isso, a meu ver, o sofrimento deve ser tido como um “bem” e deve ser sustido até à fronteira do suportável – que depende de ser para ser e da intensidade sentida, que também é variável.

Como tal, o recurso a remédios para diminuir qualquer dorzeca, ou mesmo encapotá-la, quando esta ainda é suportável, é manter de pé a fortaleza e a progressão da doença que a originou. Neste caso, é natural, ou mesmo certo, que a enfermidade pode progredir porque os avisos do corpo ou da alma, foram silenciados por remédios que não curaram, mas apenas remediaram, silenciando os “gritos aflitivos” com pedidos de ajuda do nosso corpo, consequentes de sua (nossa) luta titânica, para manter a sua sobrevivência. Isto deve-se, por vezes, à flacidez da nossa força de vontade.

É este o meu parecer. Durante a minha vida, nunca abdiquei dele.

Ainda que custe, a dor deve ser suportada até ao limite de cada um. Porém, se a causa que a deflagrou, após tentativas científicas não for conseguido o seu restabelecimento, nesse caso já é justo o recurso a todos os meios clínicos e farmacológicos, para conceder uma boa qualidade de vida ao enfermo, enquanto ele existe.

Graças à dor, quer seja do corpo ou da alma, a existência Humana é um facto incontestável neste Mundo, apesar de ser um mundo-cão; na hipotética ausência da dor, não sobraria nenhum Ser Humano vivo neste planêta tão lindo! Por enquanto, azul - até ver.

Restaria apenas o calcário ressequido de montanhas de esqueletos. Como tal, não temos escolha. A dor, sempre difícil de suportar, ou nos arruína, ou, quando perde a batalha, – muitas vezes acontece -, acrescenta a robustez da nossa força interior para vencer a próxima peleja.

Dá p´ra pensar, não dá?!

Então raciocinem.

 

António Figueiredo e Silva

Coimbra, 01/04/2024