sábado, 31 de março de 2018

O REGRESSO DO TRAULITEIRO


Penso, logo existo.
(Sócrates)

O REGRESSO DO TRAULITEIRO
Carta ao meu amigo ZÉ (X)

Saudoso Amigo, ZÉ.

Sei que não é com grande assiduidade que te escrevo, não porque tivesse deixado o mundo dos vivos, mas pelo desleixo que geneticamente de mim faz parte. Porque, como disse Sócrates (470 a. C. – 399 a. C.), “Penso, logo existo”.
Bem, eu também estou convencido da minha existência por pensar que cogito, no entanto, reservo algum cepticismo sobre esta matéria, porque conheço muitos que existem e não raciocinam, mas, mesmo descabeçados, protegem-se entre si como as formigas - porra, já estou a ir longe demais.
Entretanto, como ainda não existe uma taxa a pagar pela liberdade de pensamento, a não ser alguns dissabores pela sua elucidação – mas isso é o menos -, resolvi articular alguma verborreia nesta época pascal, com a quail te quero brindar e fazer-te viver velhos - talvez modernos - tempos, aproveitando similarmente para produzir algo que me proporciona algum gozo: desabafar. Ando com o bandulho cheio.
Ora bem: recordas-te daquele gajo, de nós conhecido, a quem chamávamos de “O Trauliteiro”?
Olha, depois de várias peripécias pelo mundo, à custa de malabarismos que não ficam a dever nada à honestidade, pescados com rede de tresmalho, construída com fios tensos de ambição e malha apertada, lançada no mar turbulento e escuro da vigarice, em que o peixe miúdo, mercê da sua “falta de visão”, foi e tem sido o mais sacrificado, acabou por aportar à nossa terra.
É verdade. Acredita. “O Trauliteiro” regressou.
É claro que não se safou a situações vergonhosas, deprimentes e enxovalhantes, que teriam “electrocutado” de imediato qualquer pessoa com nobreza de carácter. Então vê lá tu, que o safardana a tudo isso tem resistido com incomum desplante; vitimizando-se, caluniando tudo e todos numa tentativa, até agora frustrada, de inverter as regras instituídas.
Depois, sabes, Zé, ainda há algumas “lavandarias” que lhe aproveitam (mercam) a roupa encardida de sujeira, fazem-lhe uma barrela, dão-lhe uma esfrega e colocam-na à venda impingindo-a à ignorância, como se tratasse de roupa nova.
Esta malta não pensa bem!? É por via disso por isso que continuamos a nadar na bosta.
  
É também por estas razões e por outras similares, que não tenho muita fiabilidade nas palavras de Sócrates, quando diz: “Penso, logo existo”. Uhm!
Uma ova!?
Boa Páscoa ZÉ.

António Figueiredo e Silva
Coimbra, 31/03/2018
www.antoniofsilva.blogspot.com 

 Nota: Queiram os leitores desculpar-me
um erro meu; o autor da frase, “Penso, logo existo”,
não foi vertida por Sócrates, mas René Descartes.  





  




DESBRAVADORES DE MATAGAIS…


Se os políticos recebessem o que realmente merecem,
 sobrava dinheiro para cuidar do país.
(Ediel Ribeiro)

DESBRAVADORES DE MATAGAIS…
…e de outras coisas mais. (?)

Por ter-me como um indivíduo de bem e não botar maleficência em nada (ás vezes convém), aceito sem relutância e com toda a minha simplicidade, tudo o que me dizem, leio ou observo.  
Como tal, nunca imaginei – se a censura ainda me permite conjecturar - que surgisse alguém com coragem capaz de socorrer os portugueses em tão difícil tarefa, no que concerne à limpeza das florestas portuguesas. É por certo, uma faina que em si não é fácil, mas talvez mais simples do que preparar uma lei a esse respeito, cuja interpretação me parece mais complicada do que o desmatamento do território nacional, a começar pela serra da Arrábida, atravessando Pinhal de Leiria e seguindo para o centro e norte do país, não deixando de lado com é óbvio a parte interior beirã.
Pela fotografia inserida, graças a SAPO 24, sinto-me saciado pela “capacidade organizativa” do nosso Primeiro-ministro António Costa, que com intrepidez indómita conseguiu reunir uma equipa de valorosas figuras (desculpem se me enganei), para um ataque cerrado com vista à exterminação completa do combustível biológico, que começa pela monda indiscriminada de árvores, decepando o inimigo, desde primeira carqueja até à última tourega, os assassinos coniventes e implacáveis dos nossos matagais, da biodiversidade e de pessoas.
É uma atitude que me apraz louvar em público, porque o “nosso querido líder” (cheira-me a Coreia), disso é merecedor. E não tenhamos dúvidas de que a sua ajuda mai-la da sua equipa também pode ser considerada no sentido ajuda aos portugueses para fazer baixar o défice que, segundo o INE, é de 3% e não, como diz o Ministro das Finanças, de 1% - bem, enganos toda a gente tem, não é?!
Capacetes, já trazem, certamente para amparar alguma pinha mais indecisa e menos segura desafiada pela força da gravidade. Até parece que já estou a ver a grupo a dar umas férias às gravatas e, de mangas arregaçadas a desbravar matos e silvedos.
Quando passar pela minha terra, se passar, terei imenso gosto em premiá-lo com umas botas, uma roçadoura, uma moto-serra um serrote e um capacete. Ah! E também, tinha intenção de oferecer-lhe uma viseira para lhe proteger os longa-miras, mas verifico que o nosso Ministro já é trazedor desse acessório, que espero tenha sido comprado aos chineses, por é mais “balato” e estreita as relações internacionais, deixando-lhes o trilho livre para cá virem, com mais facilidade embarretar-nos.
À sua espera terei também umas azeitonas com broa e um bocado de chouriço grosso, especialidade da minha terra, para o desjejum, que serão oferecidos pela autarquia, antes de começarem os trabalhos.
Estou tão satisfeito com a sua postura, que até os termos vocabulares me escasseiam para lhe entrelaçar os mais ajustados e devidos enaltecimentos. 
“Perante esta tão garbosa atitude”, chego à conclusão de que a civilização só terá o seu fim, quando o fingimento acabar; é esta particularidade que faz de nós uns miseráveis, mas é necessário tê-la, porque já vi que a falta de carácter é o catalisador da vida colectiva.


António Figueiredo e Silva
Coimbra, 31/03/2018

quarta-feira, 21 de março de 2018

E ESTA? (Oportunidade Dourada para Reinserção Social)


“O único lugar onde o sucesso vem
 antes do trabalho, é no dicionário.”
 (Autor desconhecido)


E ESTA?
(Oportunidade Dourada para Reinserção Social)

Nunca tão poucos deveram a tantos.
Costuma dizer-se, que depois da fome vem a abundância. Então não é que os factos asseveram esta realidade?!
A reinserção no seio de uma comunidade, pode e deve ser feita através de préstimos dos candidatos a reinserir, a essa mesma comunidade, à qual desejam ficar ligados em fraternal comunhão dos valores cívicos, éticos e morais, nos direitos e nos deveres, como qualquer cidadão.
Um dos métodos mais eficazes para o reencaminhamento do indivíduo no meio social é o trabalho, procedimento que até agora não tem sido aplicado. Cansa, faz dores nas articulações, activa as glândulas sudoríparas para a lavagem dos poros da epiderme, afina os tímpanos, aguça o cérebro desenvolvendo o pensamento, faz emergir o sentido de responsabilidade, ajuda a diluir o tempo, e, acima de tudo, dignifica e valoriza todos aqueles que usam essa “ferramenta” em vez de andarem de canto em canto a escarafunchar os buracos de respiração nasal ou polir esquinas, pendurados numa beata - sabe-se lá de quê.
Era eu menino, e li em num livro que agora não rememoro, que “A ociosidade é a mãe de todos os vícios”. Realmente, nesta frase reside um conceito da verdade. Quando não há que fazer e tudo nos vem parar às mãos, não por obra e graça do Espírito Santo – não tem nada a ver com banqueiros ou outros aldrabões análogos – mas através daqueles que trabalham, a vida parece côr-de-rosa e dá tempo para pensar no pior, uma vez que o “melhor” cai do Céu sem deixar calosidades, rugas ou freimas; é “pouco” mas é de “boa vontade” (?). O problema é que esse onirismo ultraterrestre é efémero. As contas da realidade acabam sempre por vir, e mais cedo ou mais tarde elas têm que ser saldadas, ou pêlos próprios ou pela comunidade em si. Por isso, antes do raiar amargo da “cobrança”, que vem de certeza, é preferível ir construindo algo de útil para a colectividade que os tem estado a alimentar, na esperança da sua remota reintegração.
Toda esta lengalenga, para dizer o quê? Apareceu agora uma oportunidade reabilitadora através do lavor, e que pode realmente progredir na substituição da parasitagem pelo trabalho e fazer reflorir consciências semimortas pela indolência, ou “adormecidas” pela esperteza, com vista à promoção da sua revitalização - assim os interessados mostrem vontade nisso ou o estado a tal compulse; qualquer das formas me parece proveitosa, dada a sua convergência final.
Foi promovida a promulgação de uma lei com vista a limpeza florestal, que pela sua extrema radicalidade, por analogia, parece ser originária da filosofia Fernandina, quando passou pela cachimónia do monarca - D. Fernando - instituir a Lei das Sesmarias.
Ora, aqui se encontra uma oportunidade de muitas pessoas justificarem o que recebem, empregando parte do seu desocupado tempo a ajudar aqueles, que por motivos comprovados, não podem ou não aguentam cumprir as exigências estatutárias ora estabelecidas
A um preço acessível, em que as pessoas a reintegrar fossem em parte remuneradas pelo produto do seu trabalho que por certo as ajudaria a atingir o grau de dignidade que a sociedade exige para a sua reintegração. Até muitos que se encontram nos “hotéis” penitenciários o poderiam fazer, para, em fracção mínima, custear um quinhão das despesas que requer a sua estadia compulsiva, mas monótona, naquelas “instituições de ensino” – que me indulgenciem se me enganei. 
Como dizia o falecido Fernando Pessa:
“E ESTA?!”

António Figueiredo e Silva
Coimbra,21/03/2018
      



segunda-feira, 19 de março de 2018

EXAGERO LEGAL? TALVEZ!?


“O pior governo é o que exerce a tirania
em nome das leis e da justiça”.
(Montesquieu)


EXAGERO LEGAL? TALVEZ!?
LEGAL EXAGUE? PERHAPS!?
ЮРИДИЧЕСКАЯ ЭКЗАМЕНА? МОЖЕТ!

Em termos governativos, toda a arteirice serve para sacudir a água do capote, nem que para isso haja que apertar o garrote ao inofensivo Zé, com recurso a legislações atabalhoadamente mal elaboradas, sem indícios de qualquer pré-análise como seria de supor, em que a coercividade implacável arreganha e indiscriminadamente os caninos perante a frágil contestação dos fracos.
Não, não quero de modo algum outorgar a totalidade a culpa ao Governo vigente, apesar do quinhão que a ele pertence, muito embora eu, por falha de sapiência, somente lhe possa atribuir uma percentagem, porém de modo subjectivo; mas, se não sou precocemente atraiçoado pela memória, esta triste história a respeito da legislação sobre o “zêlo” das florestas e matagais, já vem a balançar na imponderabilidade regulamentar de governos anteriores, cujos mandatos, apesar de se encontram bastante recuados no tempo, não foram atafulhados no meu esquecimento.
Acabaram com os guardas florestais, acabaram com as torres de vigia e elaboraram contractos com meios aéreos, a preço de ouro, para o resultado ser, o que se tem visto. Foi a partir destas mudanças, duvidosas na “inteligência” – se assim podemos titular - e talvez espertas nos interesses materiais, aliadas a umas dezenas ou centenas de criminosos regados com algumas chuvadas timbradas de corrupção pelo meio, em vez de terem sido regados com gasolina, que Portugal começou a ser incinerado, sem piedade, nem receio pelas sanções judiciais.
À volta da “piromania”, sente-se o borbulhar uma série de interesses subjacentes que visam o lucro fácil, decorrente da corrosão da índole humana. É uma merda, mas é verdade.
É lamentável realmente, verem-se moradias a serem consumidas pelas chamas provenientes de combustíveis arborícolas que as rodeavam; no entanto, uma grande parte delas, quando foram construídas, provavelmente já as árvores lá se encontravam e nada foi feito para evitar essas tragédias. Penso não pertencer à falsidade o que estou para aqui a argumentar.
É penoso constatar que houve muitas vidas perdidas, e ninguém é responsável por crime de fogo posto, pela negligência ou incapacidade das estruturas de combate em apagá-lo ou lançar avisos a quem na altura ainda respirava. Os culpados não moram cá, e a indignação - diga-se justa - instala-se e fica a moer no “murrão” das cinzas das criminosas queimadas, e na saudade daqueles que perderam os seus haveres e os seus entes queridos. É chocante? É.
E agora?
À pressa, enquista-se uma metamorfose na legislação antecedente, porém despida de mensurações de prudência, e está o caminho aberto para mais umas revoltas: a revolta dos que não podem suportar as sanções aplicadas, por serem severas e desumanas; a revolta dos que não têm rendimentos que lhe permitam mandar fazer as limpezas, exigidas por lei; a revolta dos que, mercê da sua respeitável idade, já não têm forças que lhes permitam levantar uma palheira, quanto mais subir a uma árvore para lhe aparar a copa; a revoltas de outros, que têm de efectuar uma “monda” forçada e ao desbarato para manter o espaço legal entre o arvoredo; e ainda a revolta de outros que não conseguem interpretar a letra de lei, que aparenta ser confusa e por causa disso, dar azo a grandes peladas nas florestas portuguesas, além de outras agravantes a elas somadas.

 “A lei deve ser breve, para que os indoutos possam compreendê-la facilmente”.
(Séneca).

Os legisladores provavelmente esqueceram-se de que sempre se fizeram grandes piqueniques à sombra de pinheiros, carvalhos, sobreiros, castanheiros, eucaliptos, plátanos, amieiros etc, sob exposição de abonados braseiros, onde eram confeccionados suculentos grelhados, e nunca por via disso os montes pegaram fogo.
Outra questão que é, ou era impensável:
Proceder à limpeza das matas durante o Inverno, para que renasçam na Primavera e estejam sêcas no Verão, com a finalidade de servirem de combustível biológico para atender aos impulsos piromaníacos de muitos criminosos; não só dos que cometem os crimes incendiários, como aqueles que estão por detrás, amatados como felinos, à espera dos proventos que dos riachos das tragédias possam escorrer.
            Perante tudo isto, não posso concordar com a ideia de que a arma do crime ou o que dela faz parte, é o crime em si; como tal, porque não refrear a criminalidade, castigando os culpáveis com condenações a sério, e optar por transferir as culpas àqueles que as não tem? É a via mais fácil, não é?
Posteriormente ao ter passado o “barbeiro” com a roçadora, a foice na mão e a moto-serra impostos por lei e Portugal ficar rapado, e em parte, desarborizado, estou para ver o que acontece à biodiversidade, que é um dos elementos-chave para a conservação da Natureza, e às consequências deixadas pela erosão nos mantos de producção.

António Figueiredo e Silva
Coimbra, 18/03/2018

Nota: Ainda não sou a favor do
 novo acordo ortográfico.











domingo, 11 de março de 2018

INSTITUIÇÕES DE LAPIDAGEM


A inteligência artificial,
normalmente vence a burrice real,
 (?)

INSTITUIÇÕES DE LAPIDAGEM
УНИЧТОЖЕНИЕ ИНСТИТУТОВ
LAPIDING INSTITUTIONS

O que aqui vou dissertar, está muito longe de ser uma crítica; antes porém, é um louvor, não a todas, como é evidente, mas a algumas das nossas mais “reputadas e aureoladas” universidades, que têm cumprido com proficiência a sua douta função, ao promover a revelação de todas as capacidades, inclusivamente a incapacidade, de cérebros e cerebelos que por lá deambularam e continuam a passear, alguns por tempo inconcebível, até adquirirem o almejado canudo, e outros, que apesar do seu esforço recreativo dedicado à copofonia, ficaram a ver Braga por ele.
Não obstante o “infortúnio” destes últimos, uns chegaram Dux/s Veteranorum/s e uns quantos foram cavar batatas. Contudo, outros, torneando a verdade que nunca existiu no seu carácter com matreira aldrabice e algum encobrimento proteccionista dos da sua igualha, conseguiram enganar o pagode por algum tempo, não muito, todavia com duração suficiente para granjearem chorudas aposentações, à custa do Zé.
É meu hábito dar esta metáfora: temos um calhau e um diamante, e pretendemos lapidá-los para lhe atribuir uma maior valia; empenhamos o nosso tempo e paciência a lapidá-los; no fim o que resulta? O diamante subiu o patamar do seu prestígio, porque as características naturais que o compunham permitiram que eu, dele tirasse esse partido e o transformasse numa jóia invejável de elevado valor; quanto ao calhau, continuou a ser calhau, polido – às vezes mal, porque a sua estrutura genética mais não permitiu – mas sempre calhau. Toda a vida calhau. É o que eu quero dizer com uma palavra em tempos por mim usada, e que muita gente se tem interrogado: “HOMO LITUS” (homem pedra, calhau).
Alguns burgaus da nossa comunidade, precisamente pela sua rusticidade intelectual e baixo de valor, mas manhosos e bafejados pela sorte, optaram (e continuam) por encostar-se as margens dos regatos politiqueiros, e, com alguma esperteza e habilidade, lentamente vão trepando as escarpas da incoerência que os ladeiam, protegidos por velhos alpinistas que mais tarde deles vão carecer, conseguindo assim atingir o seu ambicionado objectivo. O topo de qual coisa. Dos restantes, uns vão para presidentes de Câmaras Municipais, (não para regedor, porque este posto já não existe), ou presidentes de grandes instituições onde se desconhece o patrão, para vereadores, deputados, ministros, vices disto ou daquilo, embaixadores, presidentes de qualquer coisa – se não há arranja-se.
 Mas ainda existe a camada dos que enveredaram pelo caminho da faxinagem, dedicando de vez em quando – repito, de vez em quando – o seu tempo, à limpeza dos bancos parlamentares, utilizando para o efeito, aquilo que comumente apelidamos de, cú-das-calças e que, no fim do tacho, alguns, sem qualquer formação pedagógica ou científica de mestrado ou doutoramento, se arrogam com magnanimidade bastante, para serem Professores Doutores de Universidade. Só em Portugal, porra!
Ah… e enquanto se divertiram - e divertem - com essas limpezas, aproveitam e vão-nos limpando também o sossêgo e a estabilidade.
Se o que até aqui acabei de lavrar não fosse uma realidade, Portugal não estaria na situação caótica e depauperada como se encontra e a ver-se coagido à mendicidade dentro do espaço europeu… e não só.
Tudo é fruto do rascunho consequente das nossas (não direi todas), Instituições de Lapidagem Científica e Intelectual e da regulamentação que temos:
AS UNIVERSIDADES, OUTRAS INSTITUIÇÕES ANÁLOGAS E AS LEIS.
As minhas modestas congratulações a tudo isto.

António Figueiredo e Silva
Coimbra,11/03/2018


sábado, 10 de março de 2018

A FISGADA


“O resto é conversa!”
(Pedro Santana Lopes)

A FISGADA

Há muito que não me doíam tanto os músculos barrigais, de tanto rir.
É usual dizer-se que um homem nunca´gaba a si próprio, mas, assassinando as estatísticas dos pensamentos degradados, há sempre um Tarzan que tem a lembradura de ejacular cá para fora umas postas de pescada ou uns carapaus com molho de escabeche, à laia olissiponense, tornando-se deste modo, a encarnação perfeita do alfacinha de outros tempos, onde a brilhantina a untar a cabeça e o capricho de gingão eram o seu cartão de apresentação, senão, o seu BI ( naquele tempo ainda não havia o maldito Número de Identificação Fiscal), mas só isso.
Há coisas do arco-da-velha!
Sem mais nem p’ra quê, florou-se-me à mioleira recordações dos meus velhos tempos de moço “aviador”, quando Lisboa era Lisboa e o turismo “pirata” passava pelo Cais do Sodré, fazia uma digressão ao Largo do Intendente ou percorria as casas da mais esmerada reputação e asseio do Bairro Alto, onde eram frequentes algumas confusões por causa das gajas e, às vezes, antes de começar o burburinho soltavam-se umas frases em tom ameaçador, porém balofo, “olha q’eu sou do Alto Pina, ahm!? Levas uma cabeçada e ficas a cheirar a brilhantina”. Era engraçado. Estes arrufos eram típicos do alfacinha malandreco que tinha a mania que ia a todas. Era o dominador do “curro”-  na maioria das vezes, só de garganta, porque também tinha a mania que era fadista.
É pena já cá não estar o falecido Zé Vilhena, que já tinha pano de sobra p‘ra mangas, que lhe permitiriam tecer algumas marteladas elogiosas, como só ele sabia a fazer, dedicadas aos convencidos e vaidosos reis da selva alfacinha, pela sua beleza, que, nas entrelinhas, encanta, não só a fêmeas lisboetas como as de todo o mundo. Caramba! Meu rico tempo, que já se evaporou!
Por certo que não serei a pessoa ideal para argumentar qualquer comentário sobre a beleza das ditas figuras, porém considero-me a pessoa adequada – se outra não aparecer – para dar uma fisgadazinha no egocentrismo das estátuas ainda vivas, que, com todo o convencimento que já vem de ginjeira, se apressam a assumir representação do macho -  machão - de Lisboa, perante o Globo… e arredores
Bem, eu sei que existem pessoas sempre se prestam a uma representação com um certo sarrafo de piada e brejeirice nas suas interpelações, razão pela qual até sinto um certo prazer em ler algumas frases, contudo, sem levar a sério a sua cantilena, cujo préstimo tem somente a finalidade de me tirar do marasmo, nos momentos em que me sinto mais abatido. É semelhante a ler uma revista de banda desenhada de Walt Disney, sobre O Zé Carioca.
O certo é que com grande lábia, como o famoso Zé Carioca, alguns têm tem levado  uma vidinha a sorrir, a trincar do bom e do melhor – de tudo -, quer lhe passe por cima, quer lhe passe por baixo, sem quaisquer emperro na voracidade do seu apetite.
O lindo, é que o mundo da idiotice é mesmo liiindoo! 
Por isso é que de vez em quando aparecem “pavões” que, com acentuada presunção, escrevinham umas frases brejeiras e litigáveis perante a crítica sarcástica, mas… vou deixá-las com a sua egolatria empedernida, que elas ficam felizes.
E eu também.
“O resto é conversa”. (?)

António Figueiredo e Silva
Coimbra, 09/23/2018
www.antoniofsilva.blogspot.com