quarta-feira, 29 de maio de 2019

AO PRIMEIRO-MINISTRO DE PORTUGAL ПЕРВЫЙ МИНИСТР ПОРТУГАЛИИ


AO PRIMEIRO-MINISTRO DE PORTUGAL
ПЕРВЫЙ МИНИСТР ПОРТУГАЛИИ
THE FIRST MINISTER OF PORTUGAL
DER ERSTE MINISTER VON PORTUGAL

Exmo. Sr.
Primeiro-ministro António Costa

É para mim de difícil digestão, a notícia qua acabei de ler sobre a actuação medieva que a AT (Autoridade Tributária) engendrou para a arrecadação coerciva e imediata de supostas “dívidas” de alguns euros por saldar ao fisco, cometidas(?) por “desavergonhados e indecentes caloteiros”. Já estou a ver bloqueados todos os caminhos de Portugal, para receber os biliões que andam nas mãos dos grandes “pobres” vigaristas e corruptos, que por aí andam a sem rei nem roque, a viver em garagens ou casas emprestadas pelos amigos, à mercê da misericórdia nacional; vai ser bonito!
Só por esta atitude, que sabedores da matéria dizem ser ilegal, não sei , mas que não deixa de não assentar no burlesco, prevejo que o estado meteorológico da economia e abuso de poder, devem estar carregados de nuvens negras semelhantes àquelas que precedem as grandes trovoadas, advertindo-nos da aproximação de malévolas condições climáticas, piores do que aquelas que tem ocorrido. Apesar de terem sido abundantes em procelas de areia para ofuscar os olhos ao Zé Pagode, ainda tenho conseguido enxergar alguma coisa, constituindo essa visão, um raciocínio meritório de uma apresentação a V. Exa.
A estrutura governativa que V. Exa. lidera, certamente que deve pensar que todos os portugueses nadam numa riqueza semelhante à da maior parte dos senhores “feudais” que estão a governar(?) este país, no qual, a mendicidade e a miséria estão em franca ampliação, sem sabermos onde isto vai parar.
Não só o Governo que dirige, mas todos os anteriores, na época da luxúria eleitoral, abusaram de uma fraseologia comum que foi sempre falseada através dos tempos, desde que nasceu a dita “democracia” em Portugal; mais emprego, menos pobreza, melhores serviços de saúde, mais condições na qualidade do ensino, melhores reformas… enfim, uma bem-aventurança cor-de rosa (não tem nada a ver com a côr partidária), para tudo o que o Zé Povinho ansiava. Puro populismo; dizer o que a arraia miúda tem prazer em ouvir, mesmo ficando na dúvida.
Ora, sentindo-me eu num país onde ainda existe “alguma liberdade de expressão”, até ver, apraz-me dizer o seguinte: não sinto que o governo que dirige, se tenha preocupado muito com o bem-estar dos portugueses, resultando daí que a indignação acumulada em todos nós, está a rebentar pelas costuras; porém devo salientar, que quando a “fome” aperta os lobos perdem a consciência e descem ao povoado.
Eu sei que não vai incomodar-se com isso, porque a crise passa ao lado de V. Exa, e de todos aqueles que, numa bajulação falsa e interesseira o rodeiam, unindo-se com forte tenacidade entre si, para esmifrar o mais possível de proventos monetários a este povo, agreste na língua, contudo, sereno na acção. Apesar da distância a que a crise lhe passa ser bastante longa, não tenho a noção de até quando este entorpecimento vai durar.
Todavia como nada é eterno, o poder oligárquico também há-de ter um fim, bem assim como toda a corrupção, ladroeira e abuso de poder que há cerca de quarenta anos se instalou, nos tem perseguido e tem vindo a crescer como os silvedos, que nem o glifosato consegue extinguir. Pode não ser no meu tempo, mas estou ciente de que a história vai repetir-se e não ponho de parte um plágio aos tempos de Maria Antonieta, ficando ainda convencido de que irão “rolar muitas cabaças, ou cabeças” – neste caso, mais cabaças do que cabeças, porque as segundas são mais escassas.
Há pouco mais de quarenta anos, não sei se do facto V. Exa é recordado, a partir do dia em que houve uma explosão nuclear de soltura doutrinal, que infestou e infectou política portuguesa, tudo ser tornou mais fácil para todos; tanto para quem (des)governa, como para os (des)governados.
Só um à parte: de certo que não estaria eu p’ráqui a gastar o meu precioso tempo se duvidasse, um sabicho se quer, do reconhecimento de V. Exa. pelos fundamentos onde assentam os meus pareceres, se não mesmo, vaticínios.
 Sabe Sr. Primeiro-ministro, é muito fácil governar a miséria dos outros, quando temos a barriga cheia. É fácil cometer imprudências quando se é protegido pela impunidade; á fácil depreciar a saúde dos outros, quando a nossa está assegurada; é fácil legislar para que o miserabilismo de algumas aposentações seja uma evidência vergonhosa, quando a nossa é adiposa e está garantida com “meia dúzia de anos de “canseira”, etc.
No universo de tantas outras coisas “boas”, foi posta em prática mais esta, que se resume à cobrança nas autoestradas, onde o “caloteiro e criminoso”, se não tiver patacão para solver a importância em débito, nem que seja um cêntimo, fica com a “carroça” penhorada e terá de ir em “peregrinação” até à primeira tasca para beber uns canecos onde afogará o seu desgosto e fará a maturação da sua revolta. Ridículo, Sr. Primeiro-ministro. Vergonhoso!
Já agora, por falar neste tipo moderno e ridículo de “colecta campestre”, esta podia ter sido feito antes das eleições europeias – é somente uma opinião sem cabimento porque que infelizmente já vem fora do tempo.
Ah, mas já me esquecia; germina uma nova época agora em Outubro!? Nessa altura, como por vezes acontece, é natural aparecerem uns aguaceiros; espero que todos os reformados, a cambalear, de muletas, bengala, bordão ou cadeira de rodas, não se esqueçam dos seus guarda-chuvas quando se dirigirem p’rás grêtas de sufrágio.
Sr. Primeiro-ministro… isto está tudo desarticulado; está mesmo uma autêntica geringonça; se não tem a coragem para colocar a rédea curta, avizinha-se uma grande chatice.
Antes de terminar, gostaria de brindar V. Exa com uma frase que, com bastante mágoa, não foi germinada na minha massa encefálica:

“Enquanto elegermos políticos que lideram pelo povo e pelo seu partido, não nos iremos tornar numa democracia. No dia em que elegermos políticos que governam para o povo, poderemos progredir novamente.”
(Willian Michel Schneider)

Será verdade?! Se calhar é!?

Atentamente.

António Figueiredo e Silva
Coimbra, 29/05/2019








terça-feira, 28 de maio de 2019

“ANUÊNCIA”


“Caramba, eu já sabia que Portugal era um país pobrezinho,
 muito triste e assaz miserável, maioritariamente
 constituído por idiotas, analfabetos,
ignorantes e estúpidos da pior espécie…”
 (Maria Vieira)

Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana.
 Mas, em relação ao universo, ainda não tenho a certeza absoluta.
(Albert Einstein)


“ANUÊNCIA”

Aparentemente concordando com a saloia e destravada brejeirice da primeira expressão, pingada de uma cachimónia que me faz duvidar do seu nível intelectual onde a falta de polimento é manifesta, já não posso discordar em absoluto com a segunda pela certeza expressa e ao mesmo tempo, pela dúvida suscitada, só porque os cérebros bem formados é que duvidam das suas próprias certezas.
Sinto que na primeira existe um odor teatral fedorento, onde alguma verdade subsiste, mas a roçar a peixeirada, enquanto que na segunda há uma lição de vida nascida de uma cabeça repleta de conhecimento, que expressa convicção e ao mesmo tempo humildade em relação a esse mesmo conhecimento.
Como se pode observar, há muitas maneiras de “chamar os bois pelos nomes”, sem recorrer a afirmações - ainda que verdadeiras – pouco digeríveis para alguns, pela sua natureza generalizadora.
Há sempre que salvaguardar determinados princípios, principalmente quando estes dizem respeito à Pátria onde nascemos, vivemos, refilamos e, naturalmente expiramos. Ferir um país é estupidamente ferir a si próprio e a todos quantos dele fazem parte, sem se aperceber de que o tecido que amanta a personalidade de cada um, é diferente; na primeira frase, implicitamente, é isso que se pode decifrar.
Partindo desta premissa, é realmente preciso ser-se muito idiota, muito analfabeto, muito ignorante e abundantemente estúpido, para pensar e expor uma avaliação generalizada deste calibre.
 Existem na nossa comunidade, seres, que quando o cio se intelectualiza e lhes invade o senso, ficam com a mente obscurecida e continuam a caminhar nessa neblina, como dementes desnorteados, sem procurarem saber onde poisam os pés.
Acontece que, de vez em quando lá vai uma topada num “calhau”, e, como é normal, lá têm que se conformar-se com os sofrimentos provocadas pela estupidificada descontração.
Não será para mim motivo de regozijo, contudo de deploração; porém, não deixo ao mesmo tempo de sentir uma réstia de satisfação por saber que este distúrbio psicológico não é apanágio de todos os portugueses.
Fico convicto de que me fiz entender.

António Figueiredo e Silva
Coimbra, 28/05/2019


segunda-feira, 27 de maio de 2019

A ABSTENÇÃO


Se o homem faz de si mesmo um verme,
 não se deve queixar quando é pisado.
(Immanuel Kant)

A ABSTENÇÃO

Compreendo perfeitamente que o que motiva a abstenção é a falta de confiança que o povo alimenta sobre os nossos políticos, porque não têm tido a capacidade de serem transparentes nas suas acções. Reconheço também, que a culpa é exclusivamente deles, porque, muitos não se têm comportado como pessoas de bem, onde a honestidade devia uma evidência, e tem vindo a suceder precisamente o inverso.
Na sua maioria, não têm feito mais do que governar a si próprios, aos familiares, amigos e conhecidos, em detrimento da amargura do povo que, diga-se com a máxima franqueza, peca por ser manso e ter um comportamento igual ao do gado lanígero, submetendo-se por isso, com lânguida meiguice e sem dizer mééé, à perversa determinação de “pastores” astuciosos que o conduzem ao campo de pastorícia onde, depois de inteligente subtracção, apenas restam umas migalhas de alimento.
Se a maior parte dos elementos que constituem um órgão de soberania, não são pessoas de boa índole e tendo em conta que a soma das partes é igual a um todo, como pode um governo ser considerado como uma pessoa de bem? Impossível.
É evidente que o povo está desacreditado, e estou em crer que esta apatia e resignação que leva à abstenção, resulta daquilo que em psicologia é chamado de psico-adaptação. Quer isto dizer, acomodação uma situação, ainda que expressando lamentos, sob a constrangimento de um conformismo que pode considerar-se doentio. Chegando a este estágio psíquico, floresce a indolência que lhe afecta a vivacidade, o desapego por tudo o que o rodeia e afronta, inclusivamente a sua estabilidade, não se incomodando com o andamento ziguezaguiante da carroça, vá ela para a esquerda ou para a direita.
Eu penso que esta apatia tem de deixar de existir, se não, por falta do voto refreado dentro de muitíssimos elementos da nossa comunidade, e considerando que além dos sensatos, os extremistas nunca faltam ao sufrágio, pode acontecer que isto algum dia possa dar uma cambalhota perigosa, com resultados catastróficos, que podem levar muitos anos a eliminar.
Perante o arrazoado que acima acabei de escrever, entendo que o voto deve ser considerado uma acção, além de cívica, com obrigatoriedade tutelada por lei; como tal, carente de penalização, a menos que uma justificação legitime tal impossibilidade.

António Figueiredo e Silva
Coimbra 27/05/2019



domingo, 26 de maio de 2019

MISSÃO CÍVICA EXECUTADA


O problema do mundo de hoje é que as
pessoas inteligentes estão cheias de dúvidas,
e as pessoas idiotas estão cheias de certezas.
(Bertrand Russell)

MISSÃO CÍVICA EXECUTADA

Eram 9.45 da manhã.
Quando olhei para aquela folha branca A4 que me entregaram, repleta de linhas quadrados e símbolos, que mais pareciam hieróglifos, pensei para comigo: aqui está a radiografia da fragmentação do meu Portugal, onde cada burro puxa para o lado que mais lhe convém. É realmente um emaranhado simbólico a “sujar” a alvura daquela página, que pode suscitar alguma confusão às pessoas de mais “tenra” idade, porque os anos, no seu vagaroso andamento foram lhes macerando os neurónios. Aproveito para dizer que não havia necessidade da proliferação de tantas facções para “malgovernar” um rectângulo de tão reduzida pequenez, onde, não deixo de dizer, poderíamos ser todos felizes.
Mas seja como for, votei. Elegi não à deriva, mas também não procurei saber de entre toda aquela sinalética de representação partidária, quais eram os bons e quais eram os maus, limitando-me, contudo, por cálculo intuitivo atempadamente feito, a localizar e marcar com uma cruz, o símbolo que achei me poderia garantir que de todos os males, seria o menor. Isto porque não acredito nas palavras nem nos propósitos usados por toda a camarilha, que néscios, seguidores, e mentes de “sublime” linhagem parasitária, titulam de aristocratas, conotando-os, ainda que erradamente, como sendo a fina nata da nossa intelectualidade – pelo que se tem visto, fracassada.    
Se bem que os interesses que movem os candidatos ao “podium” europeu tenham muito de comum, as ideologias não deixam de não ser diferentes, como diferentes são a sua forma de reflexionar e actuar, que na mor parte das circunstâncias, ou mesmo sempre, nos surpreendem pela negativa.
Mesmo sabendo disso, alimento sempre uma expectativa sebastianizada que me move ao voto, cumprindo deste modo, ainda que constrangido, mas de livre vontade, a minha obrigação de cidadão português e consequentemente europeu.   
De consciência desoprimida, mas algo reticente por causa das dúvidas que assolam o meu pensamento, já dei o meu sufrágio, se não mais, para que Portugal continue a conservar o seu “burro” à manjedoura da Europa.

António Figueiredo e Silva
Coimbra, 26/05/2019

Advertência: continuo em desacordo
com o Novo Acordo Ortográfico.