quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

O FANATISMO E A AMBIÇÃO






Nem todos os loucos são burros ou fanáticos,
mas todos os fanáticos são loucos ou burros.
(Schopenhauer)

O FANATISMO E A AMBIÇÃO
(Doenças incuráveis)

Quando o entendimento, geneticamente propenso à fascinação, é assolado por objectivos limitados e estes são “impostos” aos outros através de uma catequização incisiva e contínua, no cérebro deixa de existir uma visão analítica periférica, podendo, deste modo, alterar as normas éticas e morais que regem o equilíbrio e a harmonia sociais; aqui temos instalado o fanatismo, fonte de grande instabilidade universal, que cilindra, como o cavalo de Átila, tudo por onde passa, sem olhar a meios para atingir os fins, que vão desaguar na fantasia, deixando no seu rasto laivos de sangue, miséria e revolta, como vem acontecendo em todo o mundo.
Não importa a existência do fanatismo, conquanto que ele não interfira nas convicções dos outros, o que raramente acontece. Cada um opta pelos seus ideais e tem o direito de os viver à sua maneira; o que não deve é fazer deles uma constituição de verdades absolutas e socorrer-se da força que eventualmente poderá ter, para constranger quem quer que seja a aceitá-las.
O fanatismo é uma cegueira paradoxal. Não nos permite enxergar com os olhos abertos, porque mantém a mente enclausurada, e, em nome de uma “verdade”, tende a destruir as “outras”. Eu vejo-o como uma loucura cheia de contradições; contudo, sou a favor da liberdade de expressão, religiosa, partidária etc., desde que essas linhas de pensamento, na sua acção, não interfiram nos princípios, que devem ser inalienáveis, de estabilidade na vivência humana.
É isto que não tem acontecido. Faço uma retrospectiva e assoma-se-me ao pensamento, a visão de um espaço negro como breu, onde ressalta à vista um Planeta Azul, manchado de sangue inocente e de escravidão, resultado dessa “cegueira”, de mãos dadas com outra moléstia que é a ambição.
Complementam-se entre si e dão origem a uma incurável maleita.
O FANATISMO E A AMBIÇÃO.  

António Figueiredo e Silva
Coimbra, 19/01/2017


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