quarta-feira, 30 de maio de 2018

O PREÇO DO HOMEM


Todo o homem tem um preço, diz a frase.
Não é verdade. Mas para cada homem
existe uma isca que ele não consegue
 deixar de morder.
(Friedrich Nietzche)

O PREÇO DO HOMEM
      (Pura falácia)
       ЦЕНА ЧЕЛОВЕКА
THE PRICE OF MAN
די פּרייַז פון מענטש

Teimo em partir do princípio que todo o homem – quando digo o homem, quero referir-me ao ser humano, em geral - tem o um preço para as suas acções, boas ou prejudiciais, que possa cometer socialmente. É precisamente por ter um valor estabelecido, quer seja de ordem material, quer seja de ordem moral, que ele pratica excessos ou carências, argumentando as mais descabidas justificações, onde a razão apontada devia ser única e simplesmente a ambição. Esta é a razão que fortalece e estimula o instinto a cometer acções, cujas consequências podem ou não, serem passivas de reprovação.
Está “escrito” na intuição de cada ser humano o seu preço, e este é susceptível variar na sua grandeza, quer numismática quer de satisfação imaterial, mas mantendo-se esta, sempre na razão directa da ambição que no momento o sustenta, quer para o bem, quer para o mal.
A tecelagem aqui escriturada dá a sensação de ser erigida sobre análises paradoxais, movidas por pensamentos combalidos; contudo, não é isso que acontece.
A exemplificar, existem muitas pessoas que praticam o bem, porém não o fazem de “graça”; têm um preço, um valor, uma importância para a seu procedimento; esse preço consiste no contentamento que sentem em estar de bem consigo próprias ajudando o próximo. Este é o preço exigido pêlos mais sensatos onde a bondade é o honroso timbre da sua maneira de ser; conquanto que, não deixa de não ser considerado um preço, que é sempre directamente proporcional à sua própria exigência. “Pagam” para manter sadia a sua estabilidade emocional, a sua paz de espírito, não arredando, todavia, aqueles que o fazem para se fazerem notados e bajulados; daí, a pluralidade do preço.
Até este limiar, a certeza da existência da prodigalidade é uma realidade, seja ela realizada no quadro do fingimento ou da honestidade.
A partir deste patamar já podemos considerar o outro preço. O preço mafioso. É esta fasquia que fornece o alimento à ganância, fonte de todos os males que sempre assolaram a humanidade - hoje mais do que nunca. A sofreguidão da avidez permite que o ponto culminante da satisfação nunca seja atingido. É um poço sem fundo em que, infelizmente, o fim justifica os meios.
Mesmo os que alardeiam serem incorruptíveis, têm o seu preço marcado, porque a ânsia do dinheiro e do poder, apesar de não cegarem a mente, danificam-na, limitando-a à uma doutrinação religiosa em que a pecúnia fácil e rápida, permite a cópula entre ambas, por uma ideologia decorrente da catalisação de duas componentes: dinheiro/poder. Desta combinação foi parida a oligarquia, que é mais ou menos o sistema que nos tem desgovernado até ao momento.
A concluir, a figura humana obedece a dois valores: um emocional, outro ambicional. Sendo este último é o mais prejudicial socialmente, porque é decorrente de um baluarte com base no excesso, no oportunismo, na fragilidade dos mais desfavorecidos e ilimitado numa voracidade patológica.
Mas o ser humano sujeita-se à escravidão de si próprio, e escraviza o seu semelhante porque alimenta um pensamento faraónico; nunca reflecte que vai desviver e alimenta a ideia de que, quando “embarcar” desta para melhor, leva tudo consigo e vai para o outro lado – que ninguém sabe onde é – cantar de galo.
PURA FALÁCIA.

António Figueiredo e Silva
Coimbra, 30/05/2018
www.antoniofsilva.blogspot.com