quinta-feira, 28 de maio de 2020

PORTUGAL, O PAÍS QUE TEMOS


“O mestre disse: Por natureza, os homens
são próximos; a educação é que os afasta.


PORTUGAL, O PAÍS QUE TEMOS
 PORTUGAL, THE COUNTRY WE HAVE
PORTUGAL, DAS LAND, DAS WIR HABEN
ПОРТУГАЛИЯ, СТРАНА МЫ


 CARROS A ARDER, POLÍCIAS AGREDIDOS ATIRO E PEDRADA, FACADAS NA PRAIA (…) CORRUPTOS À SOLTA; QUE PAÍS É ESTE”

 Esta citação, postada no facebook, que religiosamente guardei, fez-me reflectir (mais uma vez), na segurança geral e na equidade da justiça, d’O PAÍS QUE TEMOS.
Não posso estar em desacordo com o criador desta frase, que, pelo que tenho constatado, ou estou demente da massa cinzenta, ou não é embuste.
Não só por “palpite”, mas por razões várias que a isso me levam, alinho mais na segunda presunção. É verdade que as “couvadas” acima descritas, têm vindo a acontecer e não é porque a polícia tenha mêdo ou não possua meios para refrear esta bandalheira anárquica que tem vindo abusiva e descaradamente, a polvorizar e fazer explodir o sossêgo e a paciência da comunidade portuguesa. Assim não dá. Isto…tem…de ter…algum… fármaco, para o tratamento da moléstia; se outro meio não houver, a traulitada
Afinal o que se entende por liberdade? Se é essa “panasqueirice” anárquica que p’raí anda, sem respeito por ninguém e muito menos pelos princípios estabelecidos, então venha a ditadura - que não desejo - mas não contemplo outra forma de dominar esta escumalha, esta ralé, de selvajaria criminosa, desordeira, irrequieta e irresponsável. Não, não me apoquenta uma ditadura, não. Já passei por ela, senti o sabor amargo e o odor bafiento opressivo da autocracia, mas, pelo menos, a sociedade andava mais tranquila; havia respeito e havia ordem. Os que não honrassem estas premissas por índole própria, “respeitavam-nas” pelo mêdo. Quem não se desse ao apreço, “merendava” pela medida grossa, até chiar. Era impensável desrespeitar a autoridade, circunstância esta, que não têm vindo a verificar-se; antes pelo contrário, a insubordinação tem vindo a amontanhar-se. Esta organização de protecção e defesa dos direitos, tem deveres a cumprir, para manter a segurança e o sossêgo dos cidadãos e defendê-los contra essas hordas de vândalos que por aí andam à rédea solta, sem rei nem roque, a fazerem as patifarias que lhes dá na real gana, e com desfaçatez ainda arreganham o trinca-palha, como insígnia solene de prazer e vitória consumados. Reconheço que a culpa não é dos elementos que integram os organismos de segurança, porém da governação, que lhes tem quartado a autoridade, através de legislação – pelo menos chamam isso – cujo espírito de condescendência, tem vindo a proteger toda a casta de delinquentes, arruaceiros e energúmenos.
Por outro lado, também não compactuo com a corrupção, que, é do conhecimento geral, tem vindo a trabalhar no escuro, para a delapidação da economia e desarticulação de grandes instituições de prestação de serviços aos cidadãos.
Eu sei que, por enquanto, esta espécie de democracia ainda me permite ir “ladrando” – até quando, não sei. Mas não é por eu latir, que se resolvem os problemas; eles continuam como se nada houvesse acontecido e a borrasca continua a cair. Mas também digo, onde não existe educação, não pode haver democracia; porque o civismo dissipa-se, por força das circunstâncias, que têm um pouco de tudo; são frouxas, corruptas, vandálicas e permissivas.
Prefiro um governo despótico, mas responsável, do que uma governação de “cabresto aberto”, mas que me suscita dúvidas em confiar. Sinto a minha protecção e a minha tranquilidade a esvaírem-se lentamente.
É que, somente ter liberdade de expressão, - aparente - para mim, não constitui uma democracia. A democracia é muito mais do que isso; é tida como sendo um regime político, em que os cidadãos têm interferência na governação, através da escolha de representantes por sufrágio directo e universal. Não postula que seja uma administração construída à ultima hora, com cartas de baralhos e naipes diferentes. O resultado é o que se pode ver. Nunca vi tanta cainça raivosa à “solta”, a comer à custa do orçamento e a fazer o que lhe dá na corneta. Vivemos “alegremente” enganados, dentro de um vazio democrático que não faz sentido. Enquanto me sentir espartilhado pela insegurança, com a mente avassalada pelas dúvidas, angustiado pela intolerância, insatisfeito com a ausência de paridade na justiça, aterrorizado e reticente quanto ao futuro, revoltado com o apodrecimento da seriedade naqueles que deviam ser os primeiros a manifestá-la e não a têm, a democracia não existe. Logo, não sou livre.
Pode alguém, carregado de ironia, argumentar: “se não fosse a democracia, que te concebe a liberdade de expressão (já bastante velada), não estavas aqui a proferir estas “baboseiras”. Certo. É verdade que não. Mas também é verdade, que não sentiria carência de as proferir, porque o mundo “bandalho”, não estaria tão abandalhado como ora acontece, a ver pela existência consecutiva de ocorrências de pulhice, que são do conhecimento público e deram origem à instauração de processos judiciais, em que uns estão de môlho por serem muito “salgados”, outros deram em águas-de-bacalhau e outros aguardam o desfecho e não se sabe o que dali vai sair - mas já se pode ajuizar.
A todos quantos esse recado lhe aflorar à imaginação, só tenho para redarguir: deixem-se de histórias - digo isto, com deplorável sentimento - mas o democratismo, com a “saúde” enfezada e tuberculosa, ou mesmo podre, que apresenta, a meu ver, não irá servir condignamente o futuro dos vindouros.
Uma anarquia mestiçada e enraivecida, cavalga a todo o galope, montada no lombo da complacência. Isto não devia acontecer. Não pode acontecer. Apareça quem ponha mão nas rédeas com severidade, porque que assim não serve.
Quanto a mim, que por causa do peso dos anos, já não me seguro bem nas canetas, mais dia, menos dia, farei parte dos escombros da memória; mas, enquanto bulir, vou fazendo a minha parte para que isso não venha a acontecer – que duvido.
Contudo, este é O PAÍS TEMOS, e, naturalmente, não aquele que desejaríamos ter. A culpa é nossa, porque comprámos a banha-da-cobra.
Lamento!

António Figueiredo e Silva
Coimbra, 28/05/2020


Nota:
Não uso o AO90



sábado, 23 de maio de 2020

O "PATRIARCA"



As pessoas nunca mudam;
podem é não ser como pensamos.
(?)

O “PATRIARCA”
(Titulo assim, porque não sei quem é!?)

Não conheço a figura, mas acho uma fotografia muito bem conseguida para definir, em parte, o que é estar armado em monge, à mercê de uma “quarentena forçada,” por uma causa que ainda não se sabe ao certo o que realmente é.
Achei esta peça fotográfica primorosamente bem alcançada e única, pela captação expressiva do ícone em questão! Diria até, digna do prémio Pulitzer da melhor fotografia de 2020.
A fidelidade da expressão de manhosa quietude captada pela máquina, encerra algo de misterioso no olhar; um observar de, “espera aí que já te lixo”. O rosto rosado, enfeitado por uma barba cuidada, já debruada de vasta “cãzoada”, a testemunhar a “quarentena” a que foi sujeita, atribui à manifestação facial, um bem abonado ar de imponência, respeito e meditação.
Se fosse uma pintura, com todo o requinte artístico que a abraça, devia até fazer chorar a Gioconda (se ela contemplasse), até descoagular as tintas da tela mais famosa de Leonardo da Vinci, cuja inveja, de certo o iria entristecer, - se fosse vivo - por ver a sua pintura mais famosa, remetida para segundo plano - a vida é assim; nem sempre o primeiro, nem sempre o último.
A linguagem expressiva desta imagem, assinala um autoritarismo profundo e um olhar misterioso. Aquele chapéu prêto carregado, substituto da coroa de louros que provavelmente lhe seria devida, - até lhe ficava a matar - atribui à fisionomia um ar patriarcal, sereno e austero. E algo me diz, que aquele mal-amanhado bocado de feltro prêto, agasalha qualquer coisa de enigmático e inesperado.
A “chapa” fotográfica, deve ter sido batida após uma lauta tainada, pela quietude digestiva que aparenta, certificada pelo utensílio colocado ao canto direito das beiças, certamente depois de haver procedido a uma limpeza geral, que deve ter findado com o arrancar da última febra de javali que, entalada entre os incisivos e os caninos, lhe chagava o juízo; contudo, não se esquecendo de preservar a utensílio de higienização para uma próxima vez, por uma questão de poupança – é assim que devia funcionar a economia.
Realmente, apesar da fronte estar camuflada por cerrada floresta capilar, não apresenta indícios de quem vive na indigência, da qual, o actual governo pouco se interessado, face aos dinheiros que tem consentido serem dissipados, por razões de causa cinzentas.
Bem, seja quem for, achei graça à fotografia, e, em franca homenagem à figura em si, e ao artista que a “tirou”, entendi por bem, compor umas dezenas de vocábulos a título de tributo a ambos, porque, a meu ver, disso são dignos.
Há achados que vêm por bem; este, caído do Céu, veio para ajudar a diluir o confinamento pandémico a que estou sujeito e a manter o meu sexto sentido em actividade.
Mas, continuo na minha; não imagino quem seja; contudo, pela imponência da expressividade patriarcal que apresenta e pelo ar grave que parece manifestar, cheira-me mesmo a surpresa.
Termino por aqui. De apologético, já chega.

António Figueiredo e Silva
Coimbra,23/05/2020

Nota:
Não faço uso do AO90