sábado, 6 de março de 2021

OS "CABEÇUDOS"

 

  

    “A água que não corre, forma um pântano;

a mente que não pensa, forma um tolo.”

(Victor Hugo)

 

OS “CABEÇUDOS”

 

Já tenho pensado: os seguidores das minhas “baboseiras”, em diversas ocasiões se devem ter sentido apreensivos, quando, por muitas luas, de vez em quando surge uma abstinência em relação às minhas escriturações. Não, não porque haja morrido. Ainda estou vivo e prometo que quando morrer, prontamente avisarei. E fá-lo-ei, graças a abundância existente na diversidade das formas de informação. Uma delas, eterna e gratuita. A memória póstuma. Essa, não se silenciará.

 Mas, vou deixar-me de larachas e galgar para a parte mais verdadeira do assunto.

O que acontece que muitas vezes é que a disposição para isso (escrita), depaupera; porque a merdice é tanta e de tão variado odor, que muitas vezes nem sei qual o lado dos miolos que devo utilizar, para o efeito apetecido. Isto, por vezes, faz-me desnortear, devido à danação doentia que se apossa de mim, por não poder dizer abertamente tudo o que sinto, sem olhar à tensão das palavras a utilizar.

Perco-me nos caminhos confusos que estabelecem a ligação entre a verdade a mentira. Fico apreensivo e desnorteado com a vergonhosa desordem que alastra, mancha e adultera a lisura na informação de factos.

 É tanta a conspurcação de alto a baixo, que pode colocar em causa a ordenação do meu diagnóstico, porque que da mentira se pode fazer uma verdade, e vice-versa. Tenho que deslocar as pedras no tabuleiro axadrezado com muito cuidado ao movê-las e situá-las nos quadrados do sofisma, do implícito, da alegoria, valendo-me para isso do conhecimento de realidades que transverto em “verdadeiras fantasias” e da ampla polissemia da Língua Portuguesa, a minha mais valiosa escada de salvação – presentemente um bocado fragilizada pelo AO90.

É que, nesta aldeia global, o ambiente está a tornar-se insuportável devido a cabeças malformadas, que me atrevo a titular de, CABEÇUDOS.

Eles é que têm vindo a propagar a instabilidade nas comunidades, recorrendo a farsas, esgrimidas com inflamadas retóricas, a que os filósofos de baeta, por interesses tácitos, ou por falta de amplitude “visual” (já não quero dizer, por genuína burrice), dizem ser populismo. Mas qual populismo, qual carapuça?! O que buscam esses CABEÇUDOS é um meio que lhes faculte a chegada a uma alcândora, de onde possam cantar de galo com uma imunidade absoluta a proteger-lhes a crista que lhes encumeia e ornamenta um caixote de sapiência falida.

Foram e são esses CABEÇUDOS que têm vindo a dar cabo disto e continuam a propagar o derretimento da estabilidade social cá dentro do rectângulo e também circunscrito à esfera global.

Ah, pois! Não é só na Lusa Pátria que reproduzem e multiplicam os CABEÇUDOS.

São animais “ambígenos”, porém manhosos, cujo hibridismo lhes permite viver e proliferar em qualquer ambiente terrestre – por agora.

São presidentes, senadores, ministros, deputados, assessores, chefes de gabinete, juízes, advogados, regedores, régulos, sobas e quejandos; até chegar a vez do ZÉ, que, mesmo com a assolapada tacanhez de um genuíno “CABEÇUDO”, não deixará passar o seu papel em branco sem se fazer ao poleiro.

Os CABEÇUDOS, começam por ignóbeis e desconhecidos laparotos. Aos poucos, mercê da argúcia, fingimento e falta de nobreza, vão-se transformado em exímios vendedores de ilusões aos lôrpas que os ouvem, para passarem à notoriedade – “em terra de cegos, quem tem um olho é rei”. A partir daí, auto-adquirem poder para fazerem as merdas que espontaneamente lhes afloram à “cornadura”, sem que ninguém possa agarrá-los pelos “colarinetes” e assentar-lhes dois ou três “murros nas trombas.

Perante isto, se eu quiser dar voz às minhas cogitações no que se pode entender por liberdade absoluta (uma ova!), o que me fumega no pensamento, será imediatamente desaprovado e eu ver-me-ei “condenado” pelos acólitos dos CABEÇUDOS.

Em plantio, no alfobre imunitário, além de outros espécimes, também se encontram “asilados” e tratados com cortesia, alguns órgãos de comunicação, jornalistas e seguidores partidários com as mais diversas ideologias – algumas, conotadas como verídicas deformações no pensamento, e descabidas para os tempos que correm.

Resta-me atribuir a minha gratidão aos CABEÇUDOS, por que, sem a sua existência, não teríamos a noção da realidade.

Quero com isto dizer, que ficaríamos inertes, na sequência da privação de estímulo para reflectir na forma como nos havemos de libertar deles.

Para quem me lê e alcança: jamais haverá evolução, se não houver uma renovação na nossa inteligência e continuarmos a acreditar na mentalidade amorfa (mas sagaz), dos CA-BE-ÇU-DOS.

 

António Figueiredo e Silva

Coimbra, 22/01/2021

http://antoniofsilva.blogspot.com/

Nota:

Faço por não usar o AO90

 

 

   

  

    

 

   

 

  

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