a mente que não pensa, forma um tolo.”
(Victor Hugo)
OS “CABEÇUDOS”
Mas, vou deixar-me de larachas e galgar para a
parte mais verdadeira do assunto.
O
que acontece que muitas vezes é que a disposição para isso (escrita), depaupera;
porque a merdice é tanta e de tão variado odor, que muitas vezes nem sei qual o
lado dos miolos que devo utilizar, para o efeito apetecido. Isto, por vezes, faz-me
desnortear, devido à danação doentia que se apossa de mim, por não poder dizer
abertamente tudo o que sinto, sem olhar à tensão das palavras a utilizar.
Perco-me
nos caminhos confusos que estabelecem a ligação entre a verdade a mentira. Fico
apreensivo e desnorteado com a vergonhosa desordem que alastra, mancha e
adultera a lisura na informação de factos.
É tanta a conspurcação de alto a baixo, que
pode colocar em causa a ordenação do meu diagnóstico, porque que da mentira se
pode fazer uma verdade, e vice-versa. Tenho que deslocar as pedras no tabuleiro
axadrezado com muito cuidado ao movê-las e situá-las nos quadrados do sofisma,
do implícito, da alegoria, valendo-me para isso do conhecimento de realidades
que transverto em “verdadeiras fantasias” e da ampla polissemia da Língua
Portuguesa, a minha mais valiosa escada de salvação – presentemente um bocado
fragilizada pelo AO90.
É
que, nesta aldeia global, o ambiente está a tornar-se insuportável devido a
cabeças malformadas, que me atrevo a titular de, CABEÇUDOS.
Eles
é que têm vindo a propagar a instabilidade nas comunidades, recorrendo a
farsas, esgrimidas com inflamadas retóricas, a que os filósofos de baeta, por
interesses tácitos, ou por falta de amplitude “visual” (já não quero dizer, por
genuína burrice), dizem ser populismo. Mas qual populismo, qual carapuça?! O
que buscam esses CABEÇUDOS é um meio que lhes faculte a chegada a uma
alcândora, de onde possam cantar de galo com uma imunidade absoluta a
proteger-lhes a crista que lhes encumeia e ornamenta um caixote de sapiência
falida.
Foram
e são esses CABEÇUDOS que têm vindo a dar cabo disto e continuam a
propagar o derretimento da estabilidade social cá dentro do rectângulo e também circunscrito à esfera global.
Ah, pois! Não é só na
Lusa Pátria que reproduzem e multiplicam os CABEÇUDOS.
São
animais “ambígenos”, porém manhosos, cujo hibridismo lhes permite viver e
proliferar em qualquer ambiente terrestre – por agora.
São
presidentes, senadores, ministros, deputados, assessores, chefes de gabinete,
juízes, advogados, regedores, régulos, sobas e quejandos; até chegar a vez do
ZÉ, que, mesmo com a assolapada tacanhez de um genuíno “CABEÇUDO”, não
deixará passar o seu papel em branco sem se fazer ao poleiro.
Os
CABEÇUDOS, começam por ignóbeis e desconhecidos laparotos. Aos poucos,
mercê da argúcia, fingimento e falta de nobreza, vão-se transformado em exímios
vendedores de ilusões aos lôrpas que os ouvem, para passarem à notoriedade – “em
terra de cegos, quem tem um olho é rei”. A partir daí, auto-adquirem poder
para fazerem as merdas que espontaneamente lhes afloram à “cornadura”, sem que
ninguém possa agarrá-los pelos “colarinetes” e assentar-lhes dois ou três
“murros nas trombas.
Perante
isto, se eu quiser dar voz às minhas cogitações no que se pode entender por
liberdade absoluta (uma ova!), o que me fumega no pensamento, será
imediatamente desaprovado e eu ver-me-ei “condenado” pelos acólitos dos
CABEÇUDOS.
Em
plantio, no alfobre imunitário, além de outros espécimes, também se encontram
“asilados” e tratados com cortesia, alguns órgãos de comunicação, jornalistas e
seguidores partidários com as mais diversas ideologias – algumas, conotadas
como verídicas deformações no pensamento, e descabidas para os tempos que
correm.
Resta-me
atribuir a minha gratidão aos CABEÇUDOS, por que, sem a sua existência,
não teríamos a noção da realidade.
Quero
com isto dizer, que ficaríamos inertes, na sequência da privação de estímulo
para reflectir na forma como nos havemos de libertar deles.
Para
quem me lê e alcança: jamais haverá evolução, se não houver uma renovação na
nossa inteligência e continuarmos a acreditar na mentalidade amorfa (mas
sagaz), dos CA-BE-ÇU-DOS.
António
Figueiredo e Silva
Coimbra,
22/01/2021
http://antoniofsilva.blogspot.com/
Nota:
Faço por não usar o AO90
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