quarta-feira, 30 de março de 2022

MIAU! (quer dizer, certo!)

 

“Quem o seu não vê, o Diabo o leva”.

(Adágio popular)

 

 

MIAU! (quer dizer, certo!)

 

 

    Eu bem vinha dando conta de que as “sardinhas” me iam desaparecendo, enquanto o meu estômago, irrequieto, roncava por elas; mas, seriamente, nunca me ocorreu a existência de felinos, com ousadia suficiente para, nas minhas “barbas” surripiarem o desvigoroso quinhão, do sustento que me pertencia. As sardinhas!

Só hoje fui alertado para o facto, porque deparei com o alerta proveniente desta ilustre figura, Henrique Neto, esteve intrinsecamente ligada à “felinocultura” e foi, não duvido, exímio conhecedor da esperteza e das manhas dos “gatos especialistas na ladroeira de “sardinhas”. Caramba! Eu a pensar que sabia tudo, e afinal, com alguma “tristeza” toldada de repugnância e revolta, acabo por constatar que “tarde abri a pestana” (ou fiz que não vi).

Para ser franco, há muitíssimo tempo que eu já vinha a suspeitar de uns “gatões” de pele macia, sem calos e bem nutridos, pêlo fulgurante cosmeticamente bem tratado, disfarçando, porventura, algumas cascas de seborreia que eventualmente por lá cirandavam - também havia alguns descabelados, mas luzidios, que mais aparentavam ter o cu assente em riba do pescoço.

Apesar das suas características diversificadas, eu vinha a observar uma particularidade, que a todos era comum; eram peritos em “MIAR” e coesos em defender o seu território e o seu bando, e, ilicitamente, roubar ou defraudar o que não era sua pertença. Miavam assombrosamente bem! Sabiam fazê-lo de maneira dolente e despretensiosa (disfarçada), com a clara intenção de adormentar os donos das “sardinhas”, que, embalados pelo estado doutrinal "sonambolesco" e meio hipnótico, iam consentindo que as “sardinhas”, paulatinamente fossem “desaparecendo” para alimentar o insaciável apetite e ambição dos despudorados “gatões”.

Mas que de “gataria”!

Também notei isto: apesar de ser darem como a unha e a carne, de vez em quando surgiam uns arrufos entre elementos do bando, que me irritavam, e até metiam nojo; era um chinfrim tão rude e apeixeirado, que mais se assemelhava ao miar das gatas no mês de Janeiro, quando o cio aperta. MIIAAUUUUU, fffff!

Com que então eram estes os “ladrões das sardinhas”?!

Foram mais ou menos estas palavras, que, segundo consta, Henrique Neto proferiu, num dos seus assomos de agnição e sensatez.

Como o povo tem sido estúpido! E eu também sinto que não estou fora da “plebe”.

Como já me encontro no limiar da “juventude envelhecida”, resta-me a esperança de que um dia, no “Dia de “S. Nunca, à tarde”, a legislação possa vir a ser alterada, e em lugar de facultar a caça aos coelhitos a com caganeira, perdizes criadas em cativeiro, pardais dos telhados ou outra passarada qualquer, que não não apreciadores de “sardinhas”, o povo venha a poder dedicar-se à caça “felínica”, para defender a sua sobrevivência e a dos vindouros, com a "radical eliminação" (só sonhos), dos abusivos e descarados roubos de “sardinhas”.

\Repito: temos de arranjar maneira de encetar a caça aos “GATOS” e “GATÕES”, para mantermos em segurança as nossas reservas de “SARDINHAS”.

Fffffffff…se!?

 

António Figueiredo e Silva

Coimbra, 30/03/2022

 

http://antoniofsilva.blogspot.com/

Obs:

Henrique José de Sousa Neto.

Um andarilho sabido e experiente

da política portuguesa. 

Nota:

Faço por não usar o AO90

 

  

 

 

  

 

terça-feira, 29 de março de 2022

“ALTA (in)TENSÃO” (Reflexões)

 

“ALTA (in)TENSÃO

(Reflexões)

 


    Conquanto que, não sendo de origem eléctrica, o “fenómeno” não se absteve de provocar um “arco voltaico” de grande intensidade “kilowatica”, que fez tremer o ego de alguns, bulindo com o seu franzino carácter, e emergir a inusitada surpresa de outros, que presumivelmente se encontravam em efervescente espectativa. É natural.

 Mas, como diz o velho ditado, “mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”. Se para o melhor ou para o pior, o tempo encarregar-se-á de o dizer.

Não deixa de não ser certo, que o poder por duração demasiada, nas mãos de carácteres recalcados, é quase sempre toxicómano; faz despontar, nessas pessoas um auto-convencimento doentio, agravado por desmesurada empáfia e enceguecida convicção de invencibilidade, que alimentam como uma “deificação”, que lhes inculca o credo na insubstituibilidade.

Advém que, na maior parte das ocorrências minadas por estes predicados, essa convicção, que é ilusória, acaba por descambar. Isso acontece, quase sempre, devido à criação de conspirações “palacianas”, que no silêncio abafado do secretismo são rumorejadas, e acabam por destronizar qualquer “soberania”, por muito competente que ela possa ter sido. Isto ocorre, quando a deplorável “humildade” nos actos, se sobrepõe à importância da proficiência. Cabeças que raciocinem dentro normalidade, sabem que ninguém é insubstituível; que tudo pode acontecer na vida.

Embora eu reconheça, que de vez em quando, uma mutação deva ser necessária, para se obter uma nova oxigenação na estrutura organizativa, colocando à prova novos talentos em planeamento e orientação, com vista a uma melhoriaaltruísta” (que não existiu no elenco anterior), no abastecimento energético, (neste caso eléctrico), à comunidade, cognominada de Loureirense.

Mesmo tendo a certeza de que a partir de determinada altura, a filantropia foi chão que há muito deixou de dar uvas, (direcção cessante pode confirmá-lo), não me esquivo a chamar à colação essa nobre virtude, que actualmente só subsiste no íntimo dos homens-bons - particularidade esta, hoje em franco declínio. Ninguém trabalha por amor à camisola.

Sim, é sobre as passadas eleições realizadas no dia 26 de Março de 2022, para a preferência dos corpos directivos da CEL (Cooperativa Eléctrica de Loureiro).

Independentemente de quaisquer berbicachos, tais como, quezílias, jactância alienada ou outros comportamentos menos próprios, que configuram a prepotência, a agressividade, e a altivez fracassada, que são susceptíveis de mover-se contrariamente aos valores da decência concernentes a uma comunidade, os louros devem ser atribuídos a quem os merece. P’ra mim, seria uma injustiça se o não fizesse, porque reúno vastos conhecimentos de quase tudo o que foi realizado. Como “sócio” que sou, interessei-me por isso.

O povo, bem ou mal, decidiu o que decidiu; assim o tem. Não tenho nada a contrapor - nem a essa labuta me daria; está tudo certo.

Não vou, contudo, deixar de salientar umas verdades, que faço questão de que fiquem bem sublinhadas para a História da Cooperativa Eléctrica Loureirense, no que diz respeito aos membros directivos, que por sufrágio popular, vão dar as suas funções por terminadas. “Rei morto, rei posto, e os electrões vão continuar a fluir.

Mas… como os louros só devem ser atribuídos a quem os merece, devo dizer que, graças ao empenho e coesão dos elementos da equipa derrotada, foram desfeitos os “principados” que vinham sobrepondo os seus interesses pessoais na área financeira, em detrimento dos lucros da Cooperativa. Nessa altura, a CEL só era soberana de dívidas; não obstaculizando, contudo, que milhares de críticas depreciativas pululassem nas cabeças dos associados, que as iam vomitando em casuais cavaqueiras, como quem não que a coisa; todavia, o paradigma da subtracção cavalgava com o freio solto e parece que não havia ninguém com meios, obstinação e coragem, para estancar a sua desenfreada equitação.

Até que um dia… há sempre um dia que marca uma época!

Então vamos lá.  

É inquestionável que pela gerência cessante, foi formulada um planeamento muito bem estructurado ao serviço da comunidade, que acabou com a soberania “salóia” - mas esperta -, dos paraísos que, como hematófagos, agarrados a ela parasitavam; solveu todas as dívidas, fazendo esta instituição emergir do charco em que se encontrava sepultada, de cabeça erguida, preservada pela sombra da dignidade e da confiança;  concebeu um sistema milimétrico de controlo, que começava no mais ínfimo interruptor e “trepava” até ao mais alto poste de transformação; deixou como saldo, um razoável suporte financeiro físico e monetário, que dantes não existia - muito mais haveria p´ra falar, mas entendo que está lavrado o suficiente.

Espero, contudo, que os elementos da nova direcção saibam seguir os passos dos corpos constituintes da equipa cessante, e saibam dar continuidade à sucessão diligente do poder organizativo por ela construído – a todos os níveis, a casa ficou arrumada e muito bem organizada.

Quase para finalizar, resta-me apresentar as minhas condolências aos vencidos e os meus parabéns aos vitoriosos – o resto se verá.

Para findar… mesmo para findar, só quero aqui “plastificar” um pensamento que neste instante se me assomou à mente, e é dirigido a alguns dos meus concidadãos, que do seus fundamentos carecem:

  “Independentemente da tua posição social, é teu dever seguires os preceitos da civilidade, em função dos valores da comunidade onde estás inserido; se, por incúria, exibicionismo balofo ou maluqueira excessiva, meteres as patas na bosta, quando menos esperas, vais pagar por tudo isso”.

 O “pobo num” absolve; só o Sr. Abade - e nem sempre!?

 

 

António Figueiredo e Silva

Coimbra, 29/03/2022

http://antoniofsilva.blogspot.com/

 

Nota:

Faço por não usar o AO90

 

 

 

 

 

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segunda-feira, 28 de março de 2022

A “CRISE” (Pedreiros mai´las “pedreirices”)

 

Quando a responsabilidade no que se faz,

não é vista como um compromisso,

o trabalhador sujeita-se a cair na necessidade e

a transformar-se numa sanguessuga do esforço alheio.

(A. Figueiredo e Silva)

 

 

 

A “CRISE”

(Pedreiros mai´las “pedreirices”)

 

A narrativa que abaixo vai ser cavacada, não foi só para triturar o tempo; é uma narrativa fundamentada num acontecimento verídico constatado por mim.

Passou-se numa pequenina, mas engraçada aldeia, denominada Vila Verde de Oura, pertencente ao concelho de Chaves, onde possuo um pequeno “castelo medieval”.

 

Arca do Soberano
Isto aconteceu, já lá vão uns anos.

Por imposição relativa, para evitar que a força da gravidade pudesse vir a derribar uma parede construída em granito bruto, empilhado na ausência de cimento há mais de trezentos anos, tive necessidade de contactar com “artistas” (pedreiros) que se diziam entendidos na matéria de movimentar e equilibrar com segurança, pedras de granito de grande peso, a fim de reforçar o “fóssil”, porém de venerável estrutura, com indescritível valor afectivo para mim, que sou uma pessoa conservadora dessa virtude – se, como tal, pode ser considerado - materialista e achacado à conservação do envelhecido.

É daqueles “monumentos” em que cada calhau tem uma história p’ra contar.

Traçada a estratégia e assente a convenção dos trabalhos a efectuar e o seu custo com o empreiteiro, este prontificou-se e enviar no dia aprazado, empregados seus para consumarem os trabalhos de conservação e restauro.

Ás oito da manhã do dia planeado, lá apareceram. Eram dois. De boné enfiado na tola, cigarro dependurado ao canto dos queixos, munidos de duas marretas, duas alçapremas, dois cinzéis, uma fita métrica e uma colher de pedreiro.

Ao ver todo aquele aparatoso ferramental de “engenharia” com que se faziam acompanhar, pensei logo, temos gente! Fraquinha, mas temos gente. Vamos lá a ver no que isto vai dar – maquinei logo uma caldeirada de pensamentos entre a apreensão e a incerteza.

Bem, entre marretadas e cinzeladas lá deram início à labuta com tão aguerrida vontade, que me deixaram atónito, derrubando as incertezas à primeira vista raciocinadas.

Pensei ter constatado que realmente a crise tinha batido à porta daqueles fulanos, ao ver o acelerado modo como trabalhavam para que a sua jorna não fosse carpida, e certamente para que a faina nunca lhes faltasse e o patrão ficasse a lucrar algum.

É a crise - pensei eu - face às evidências “aterradoras” que incansavelmente e sem pejo, fulminam o apetite de trabalho do pachorrento povo português.

Todos os dias, durante três dias consecutivos, a partir das oito horas da manhã começava a peleja castigadora e vingativa contra as parêdes duplas de granito, que se prolongava até às cinco da tarde, com uma hora de intervalo para o almoço, como regula a lei e impõe a reclamação estomacal.

Segunda, terça, quarta… Quinta-feira (?), sem qualquer satisfação, não apareceram os “trabalhadores”, que eu pensara estarem afectados pela crise. Enganei-me.

Vim a comprovar que realmente estavam, não afectados por uma perturbação de falta trabalho, porém, por uma crise de desportivismo – semelhante à daqueles que largam tudo para ver a bola.

Visionada de outro aspecto, não foi mais do que uma crise de mioleira, que eles não conseguiam debelar. A irresponsabilidade. Quando um vício se entranha, adeus viola. A crise é mesmo certa.

Era dia “santo” de caça, sendo por isso, um dos dias da semana que eles religiosamente consagravam. Tocavam o trabalho por umas chumbadas às touregas, à carqueja, ou a rasurar o pelo do “casaco” de algum coelhito, que pelos pinhais andasse distraído ou assolado por alguma esfoira (transmontanismo= caganeira).

Apareceram no dia seguinte, como se nada houvesse acontecido.

Ao serem interpelados, secamente responderam:

- “Sabe, é que às quintas-feiras é dia de caça e nós não trabalhamos.

- Ah, tá bem, respondi.

Que poderia eu fazer, se, para executar o trabalho deles, não havia muito por onde escolher?!

Com algumas burricadas interpoladas pelo meio, que até redundavam em prejuízo do patrão, deixaram-me tão “atulhado”, que tiveram de zarpar. Foi o patrão que se obrigou a finalizar o serviço, lamentando-se da pouca sorte que lhe havia acertado.

Coisas da “crise”.

 

António Figueiredo e Silva

Coimbra, 20/02/2022

 

http://antoniofsilva.blogspot.com/

 

Nota:

Faço por não usar o AO90

 

domingo, 27 de março de 2022

ADOLESCÊNCIA

 


ADOLESCÊNCIA

 

É o tempo em que, devido ao clima ameno da Primavera da vida, as canholas nunca pensam que um dia virão a ser tão idiotas como os “cientistas” que assim cogitam.

Crescidos que assim raciocinam,

independentemente da sua faixa etária, certamente que ainda não chegaram sequer, ao patamar da adolescência; porém, estão na sua fase embrionária; crua.

No entanto, até nem me desagradam tais concepções!? Que bom! Nesse caso, quem me dera que o tempo voltasse p’ra trás, p’ra eu poder repetir as minhas parvoíces e manifestar a utopia das minhas convicções!

Se os “cientistas” assim continuam a “cientificar” e eu existir por mais meia dúzia de luares de Agosto, creio que ainda irei a tempo de ser protegido pelos princípios protectores, próprios da adolescência, caso venham a ser aceites e legitimados.

Contrairei o matrimónio, (actualmente em decadência), mas não deixarei no entanto de constituir família, ainda na minha adolescência; não serei explorado pelos tubarões do trabalho (que faz calos, nas mãos da juventude ou no cérebro), porque voltarei a ser adolescente; não serei obrigado a ingressar nas forças armadas, policiais ou similares, pelo mesmo motivo; a responsabilidade pelos meus actos nocivos (se os houver), será nula ou atenuada, e haverá uma série de outras benesses, que não lembram ao mais desmiolado “cientista” que assim pensa.

Ai! Seria tão bom!

Apesar de parecer um paradoxo, não coloco de parte a ideia de que, com mais uns tratados inovadores emergentes do raquitismo epidémico de alguns cabeçudos da “ciência”, que eu ainda possa vir a “alcançar”, nesta sociedade decomposta de critérios, um lugar de pai, avô, e com alguma sorte bisavô, com todos os direitos inerentes a um adolescente.

Pocha, seria mesmo bom!

Venha lá esse milagre de loucos, para eu poder concluir a minha “falta de juízo”, que de certo, até hoje não me foi possível, por ter tido o destino de haver nascido prematuramente; isto é, antes do tempo, em esta sociedade doente e enfezada no raciocínio, que realmente “pensa” como se encontrasse nos primórdios da “juventude”.

Se este “milagre” vier a consumar-se, apesar da minha debilidade física e quiçá, intelectiva, “farei das tripas coração” para, “heroicamente”, contribuir para o aumento do índice demográfico neste Mundo, pejado de incapacitante loucura.

 

António Figueiredo e Silva

Coimbra, 26/03/2022 

  http://antoniofsilva.blogspot.com/

Nota:

Faço por não usar o AO90

 

      

sexta-feira, 25 de março de 2022

O “ASSASSINATO” DA LÍNGUA PORTUGUESA

 

Vasculhem na internet:

“Editoras portuguesas que não aplicam o AO90” … - “Tradutores contra o Acordo Ortográfico”.

 

O “ASSASSINATO” DA LÍNGUA PORTUGUESA

 

Este crasso “homicídio” linguístico, tem dado origem à deflagração de uma onda de protestos sem precedentes, nos quais estão integrados grandes crânios da nossa literatura e ninguém ousou, até ao presente, mudar uma “vírgula”, que fosse.

Que raio que de caturrice mais limitada!? “Arrium porrum, catanorum esd”!

Depois de setenta e sete anos a calcorrear por entre A, E, IS’OÚS, embutir na mona os símbolos de um abecedário e aprender a montar as letras para edificar palavras suaves ou abrasivas, dolentes ou de satisfação, cínicas ou diplomáticas etc., sem dar erros carentes de palmatória, vejo-me hoje, confrontado com um moderno “Certificado de Burrice”, titulado de AO90 - que me recuso a aceitar -, outorgado por meia dúzia de pseudo-iluminados ou incompetentes, que não souberam ou não quiseram, preservar a fragrância puritana da tradição linguística portuguesa.

Se não fosse por recear ser catalogado de mal-educado, chamar-lhes-ia… bestas! Patetas! Assim, para o não fazer, porque a minha civilidade não o dita, sou coagido a permanecer com esses predicados “lisonjeiros”, como espinhos de cacto (não confundir com o verbo catar como o “pretensiosamente” exigido pelo AO90), atravessados na “garganta”. Custa muito!

O que ainda não consegui alcançar foi qual o objectivo ou a “untadura”, que por detrás lhes “lubrificou” os carris, e os interesses silenciosos que empurraram os “verdugos”, para a anuência do dito Acordo (des)Ortográfico – do qual discordo – desfigurando acentuadamente o “envelhecido” traçado e maculando a pureza da alma do nosso idioma.

Agora, porque a minha juventude não permite, é certo não vou entrar de novo para a Escola Primária; por aqui me fico, inconformado, com a minha “burrice” estagnada, até que, do horizonte do saber, desponte alguém com intelecção e intrepidez para proceder à reposição da ancestralidade linguística, com o indispensável desmantelamento da anormalidade há uns anos constituída, e ratificada, pelo Sr. Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, sob o Decreto nº52/2008.

Imagino Camões, Guerra Junqueiro, Fernando Pessoa, António Nobre, Ary dos Santos, Alexandre Herculano, Antero de Quental, Miguel Torga, e outros grandes Mestres, da poesia e da prosa, que entre os vivos já não se encontram, a organizarem grandes manifestações celestiais de sublevação contra este assassinato linguístico, sem pés nem cabeça, ministrado por abéculas da nossa pobre e apodrecida “aristocracia” - vazia de nobreza e saber.

Lamento!

 

António Figueiredo e Silva

Coimbra, 25/03/2022

http://antoniofsilva.blogspot.com/

 

Nota:

Faço por não usar o AO90

 

 

 

 

 

 

quinta-feira, 24 de março de 2022

CONFLITO ENTRE O ALTÍSSIMO EO MALIGNO БОРЬБА МЕЖДУ БОГОМ И ДЬЯВОЛОМ

 “O conflito não é entre o bem e o mal, 

mas entre o conhecimento e a ignorância”.

 (Buda)

 

CONFLITO ENTRE O ALTÍSSIMO E O MALIGNO

КОНФЛИКТ МЕЖДУ ВСЕМОГУЩИМ И ЗЛОМ

KONFLIKT ZWISCHEN DEM ALLMÄCHTIGEN UND DEM BÖSEN

CONFLICT BETWEEN THE ALMIGHTY AND THE EVIL

 


        É da percepção em todo o Ser Humano que existe uma ambivalência entre o Bem e o Mal, causadora de uma luta feroz no interior da cada criatura, que se espalha por todos os cantos do universo Global.

Não importa o idioma, a raça, a crença, a posição social ou o sítio onde que habita neste Planêta Azul, que, enlouquecido e sem destino, “voa” através espaço cósmico, na ânsia enganosa de chegar a um ponto, situado em   algures, que para nós é um mistério.

O Perfeito e o Imperfeito, embaixadores do Bem e do Mal, da Razão e da Incoerência, são características germinadas e concedidas pela Natureza, com as quais temos de nos orientar enquanto seres viventes e racionais – os que pensam – no sentido criarmos um ambiente consonante, onde nos possamos sentir, já não digo perfeitamente, porém, satisfatoriamente aconchegados; posição essa, que desde a Criação do Universo, o Ser Humano jamais alcançou.

O Divino e o Lucífero, são duas energias antagónicas que o Mundo nos reserva, mas, que a transcendência nos impede de observar; não obstando, contudo, que não possamos sentir os seus efeitos, que se modificam, consoante as condições do nosso estado físico, a nossa intelecção e também o nosso estado de espírito. Estas duas forças, que viajam sempre de “costas voltadas” entre si, por caminhos e valores paralelos e equivalentes, são absolutamente indispensáveis para o equilíbrio Universal; isto é, de tudo o que é material, e até, incorpóreo. Sem a presença do mais e do menos, do positivo e do negativo, irrealizável seria a criação da Existência Universal, tal como a conhecemos ou sentimos; apesar de pontos diferentes e opostos, complementa-se para a formação do que eu titulo, no seu todo, por Unidade Cósmica (não quero referir-me ao seu Absoluto, porque reconheço que transcende a minha capacidade humana de entendimento. Não obstante a insipiência do meu saber, vezes sem conta venho questionando a mim próprio, sobre qual a necessidade da Sua presença, da força colossal por elas empregue e da subtilidade com que nos faz curvar e ponderar, nos pensamentos, nas palavras e nas obras - que podem ser de boa ou má índole.

Da luta entre ambas, em que o Mal consiste num atacante desprovido de consciência, ainda que o Bem saia perpetuamente vitorioso, os “peões” são sempre os padecentes e o conflito Natural, continua. Foi deste modo que a Criação concebeu tudo quanto existe, em que a inércia é apenas uma miragem. Tudo se movimenta; desde o mais pequeno grão de areia, à mais distante galáxia.

Enquanto o Mal acomete com recurso à mentira, à maledicência, à agressividade e ao desprezo, o Bem defende-se com a tranquilidade, a sapiência e o autodomínio, sabendo por antecipação que sairá vencedor. Por isso está escrevido que, “a verdade vem sempre ao de cima”; eis aqui a glória do Altíssimo sobre o fracasso do Maligno; a derrota da Mentira suplantada pelo triunfo da Razão; a supremacia do poder Divino sobre ineficácia do poder Satânico. Apesar disto, o poder Diabólico continua a manifestar a sua presença, prosseguindo com a luta e a infectar os seres humanos mais debilitados pela demência e pela ambição, que fervilham no seu íntimo.

Agora, só posso concluir que, todo aquele que não consiga apaziguar dentro de si próprio essa ebulição titânica entre a alucinação e a razão, tudo fará para que o Mundo não tenha a paz que por direito lhe é devida.

A invasão à UCRÂNIA, disso é testemunho manifesto. Resultou do conflito entre a fraqueza da Energia Diabólica e a robustez da Força Divina.

ESTOU CRENTE DE QUE, A SEU TEMPO, A PAZ ERGUER-SE-Á, E A RAZÃO TRIUNFARÁ EM TODA A SUA GLÓRIA. MAS, TAMBÉM NÃO PONHO DE PARTE, QUE O PODER DIABÓLICO NÃO ABDICARÁ DA SUAS REIVINDICAÇÕES E A LUTA CONTINUARÁ NO “TABULEIRO DE XADEZ DA GUERRA”, COM O IMPLACÁVEL SACRIFÍCIO DOS “PEÕES”.

VLADIMIR PUTIN, NÃO É ÚNICO; EXISTEM MAIS PUTIN/S POR ESSE MUNDO FORA.

 

António Figueiredo e Silva

Coimbra, 24/03/2022

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Nota:

Faço por não usar o AO90

 

 

 

 

 

 

 


domingo, 20 de março de 2022

“TRONCO VELHO” (Reflexões)


 Lembra-te de que, por paridade natural,

a velhice toca a todos; não deves por isso,

abandonar quem toda a vida te amparou.

(A. Figueiredo e Silva)

 

“TRONCO VELHO”

(Reflexões)

 

Velho, abatido, carcomido, fungoso, “escangalhado”, escalvado, imprestável, improductivo, inservível, e outras designações “pomposas”, que não passam de corriqueiros adjectivos, aplicados, por quem não sabe, não vê ou não quer ver, o valor intrínseco de tudo o que é “antiquado”, e, logica e racionalmente, a deductiva reverência que por natureza pedagógica, lhe deve ser prestada.

É. É deste ângulo que, erradamente, a velhice tem vindo a ser encarada pelos amofinados da mente, cuja mazela não lhes permite que a sua visão se alargue para além de si próprios – lei umbilical dos estúpidos. Uma mistura de egoísmo e desdém, que os faz esquecer que um dia, serão eles os agonizantes – se lá chegarem!?

O “tronco”, que já foi “criança”, na verdade está velho! Nele existem os buracos do maldito carcoma; a sua “tês” desidratou, apodreceu e despegou-se. Dos ramos, que suportavam a sua frondosa folhagem, outrora estimada, que protegeu muita gente com a sua sombra, apenas restam uns cotos sêcos e desnudados, e mais uns vestígios de outros, que no seu tempo primaveril existiram.

Está tão velho, que já nem aos pica-paus lhes apetece edificar o seu domicílio, relegando-o para simples pouso de chascos, carriças, pegas, pardais, ou até, para servir de encosto para os cães alçarem a perna no ritualizado alívio de uma mijinha.

Está velho! Não tem préstimo.

Mas, se enfiarmos o indicador num ouvido e coçarmos a massa cinzenta, alojamento permanente do conhecimento, (quem é dotado dessa capacidade), podemos concluir que ele ainda deve ter alguma serventia; apesar de ser um peso renitente atravessado no carreiro da indiferença de muitos viandantes, deve ser “saltado” com alguma prudência e dignidade, porque a velhice é que congrega os tijolos da riqueza da história. É natural que naquele “pau velho” ainda remanesça algum cerne para aproveitar; e o certo é que, em situações várias, ele “cai” atravessado e corta o andamento a alguns desprestigiantes canalhas, onde a modéstia não sai de dentro dos seus encéfalos amorfos, empestados por um auto-convencimento sem razões plausíveis para isso.

Contudo, como “largos anos têm os seus dias” e eles (canalhas), desmemoriam que o corpo, do qual usufruem, como todo o ser vivente, mais não representa do que um empréstimo concedido pela Natureza, que mais cedo ou mais tarde terão que devolver com gravativos juros de mora, que por princípio são piorados por toda a multiplicidade de achaques presenteados num só cesto; o cabaz da velhice.

Por isso, quando te deparares com um “tronco velho” e aparentemente apodrido, não o subestimes. Nele poderá estar reflectido o teu futuro – se tiveres sorte.

Pondera duas ou três vezes, antes de prosseguires a tua caminhada sobre a alcatifa de “troncos velhos” e “folhas mortas”, que atapeta os trilhos desta vida impostora; senão, estás subjugado a enganar a ti mesmo.

 

NÃO DUVIDES... NEM QUESTIONES!?

PALERMA!!!

António Figueiredo e Silva

Coimbra, 20/03/2022

 

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 Nota:

Faço por não usar o AO90 



 

 

 

sexta-feira, 18 de março de 2022

TRADIÇÃO ASININA (Jogos Olímpicos em Loureiro)

 

“Mudam-se os tempos,

mudam-se as vontades”.

(Ditado)

 

 Mudaram-se os tempos e a burricada

transformou-se em aristocracia.

(A.   Figueiredo e Silva)

 

 

TRADIÇÃO ASININA

(Jogos Olímpicos em Loureiro)

 


Naquele tempo, quando a crise era mesmo genuína, qualquer motivo servia para entreter o pagode, que, à laia romana, se deleitava com algumas supliciantes parvoíces; uma delas, era os sacrifícios infligidos a animais, que tinham mais nobreza no seu porte, do que os seus donos e do que toda a cambada que assistia ao “festim” – incluso, eu, um puto impetuoso, que ainda nem tinha a noção do que era existir. Esta “terapêutica”, era ministrada em forma de porrada e chicotada, para que estes animais corressem até à exaustão, carregando os burriqueiros, eufóricos e já encharcados em “tintol”, enquanto a assistência escancarava os beiços, limpava o monco do nariz e ruminava a fome que lhe tangia o estômago, que reclamava por um naco de regueifa para “serenar” a azia.

Qualquer coisa por mais caricata e estúpida que fosse, servia para as “pessoas” mostrarem o lodo amarelo esverdeado dos dentes, - quem os tinha -, desde nascença por remover.

Uma dessas parvoíces eram as corridas de burro que, com o saltar um raquítico rego de água, provavam a sua destreza e força muscular, potenciadas pelas vergastadas dos seus “cavaleiros,” já podres de bêbedos, de que se serviam para “coçar” o lombo enfezado pela fartura de fome; pois nesse tempo até de palha havia falta. Enfim, “burros” que faziam do desgraçado do burro o bombo da festa. Já lá vão há volta de setenta anos, mas estas idiotices ainda mareiam na minha memória.   

Estas corridas eram feitas anualmente na segunda-feira de Páscoa, na minha terra, Loureiro, num lugar chamado Alumieira, cujo nome ainda hoje se mantém. Ainda hoje, quando por lá passo, ao recordar os velhos tempos, até dá a impressão de que naquele local ainda paira no ar um fétido odor a burranjeiro, (nome dado ás fezes de burro na minha terra).  

O objectivo deste “divertimento”, não mais era do que uma feira; era proceder à transação de animais, cavalares, muares e asininos. Para tal, tornava-se imprescindível que houvesse uma prova da sua robustez e velocidade; daí resultou o tradicional saltar do rego, que hoje caiu em desuso, mas no meu tempo essa moléstia foi transmitida às pessoas, principalmente às raparigas em idade febril, que faziam como os burros e gostavam de o saltar; claro está, sem taleiga, pois isso constituiria um atentado à moral pública e uma mácula ao bom-nome da família.

Era evidente, que, se alguma mais nervosa borrava o calçado domingueiro nas bordas do rego, ou caía nele por causa das saias travadas ou dos pés que sentiam a estranheza dos tamancos ou dos sapatos, usados em dias de festa, ou para calçar à entrada da vila, - Oliveira de Azeméis -, era um pagode! Um mar de satisfação gozadora para a rapaziada, ainda em medrança.

A maior parte dos burros, para juntar a alguns já existentes na minha terra, eram trazidos por aqueles a quem depreciativamente chamávamos de marinhões – zona de Pardilhó -, talvez porque nessa área tivesse havido, em tempos idos, bastantes marinhas de arroz. Emborrachavam-se e faziam mais a festa os “burros” dos montadores do que os burros que eles montavam e sadicamente castigavam.

Quando calhava a aparecer um burro mais corajoso, porque inteligentes todos eles são, e por saturação de porrada, fazia a aplicação da travagem às quatro patas, o “burro” de cima saía pelo pescoço do burro de baixo, como uma enguia lodosa escorregando das mãos, indo estatelar-se no panasco (relva bravia). Era bonito, atão num era?! Depois o animal pagava as passas-do-Algarve. 

Agora com a implementação dos “Jogos Olímpicos” de Loureiro, como há muito tempo li num periódico “local”, lá foi focado o desgraçado do burro como o grande atleta no salto do rêgo, que nunca teve nada a ver com qualquer jogo, mas sim com uma tradição, por sinal eivada de um certo sadismo, que às vezes nem é bom lembrar.

Quero aqui alegar, para que não subsistam confusões ou interpretações divergentes, que hoje, como é evidente, já não se faz aos burros o que se fazia antigamente, até porque estes animais, usando em pleno o gozo da sua protecção, já atingiram um estatuto social bastante elevado, como se tem vindo a constatar, e estão bem empoleirados na nossa sociedade; alguns, até fazem parte dos fulcros governativos. Mas aí, a “manjedoura” é outra!? Oh, s’é!?

 

António Figueiredo e Silva

 

Coimbra, 18/03/2022

http://antoniofsilva.blogspot.com/

 

Nota:

Faço por não usar o AO90

 

 


quarta-feira, 16 de março de 2022

O MEU MAIS FIEL AMIGO МОЙ САМЫЙ ВЕРНЫЙ ДРУГ MEIN TREUESTER FREUND MY MOST FAITHFUL FRIEND

 

Recolha um cão de rua, dê-lhe de comer e ele não morderá:

eis a diferença fundamental entre o cão e o Homem.

Mark Twain

 

O MEU MAIS FIEL AMIGO

МОЙ САМЫЙ ВЕРНЫЙ ДРУГ

MEIN TREUESTER FREUND

MY MOST FAITHFUL FRIEND

 

 


    Vencido pela velhice e pelo infortúnio, hoje, por volta das cinco horas da manhã, finou o único amigo sincero que tinha, na terra onde me deram à luz. Encontraram-no arfando em agonia, quando dava os últimos suspiros em sinal de despedida deste mundo-cão.

Há muito tempo que havia perdido a audição; mas, mesmo que eu estivesse meses sem aparecer, aquele amigo ao longe me farejava e corria alegremente em minha direcção na esperança de umas festas minhas, que com gratidão ele sabia retribuir.

Os anos foram passando e ele foi assolado por um derrame cerebral que acabou por o colocar em estado vegetativo.

O “médico” não o conseguiu reabilitar do suposto rebentamento de um aneurisma numa das artérias encefálicas. Coisas da vida!

Em princípio, ficou com um andar cambaleante, como um ébrio ao sair da taberna, completamente toldado de álcool; chegou a tal ponto que perdeu os movimentos de locomoção e outros, de importante relevo para a sua sobrevivência. Paralisou, coitado! Com a vida já presa por um fio, passou ser alimentado pela boca, com recurso a uma seringa própria para o efeito - sem dúvida, os seus amos foram muito benévolos para com ele até ao último instante.

Era alegre, brincalhão, e dotado franqueza tão aberta, que muita gentinha devia reproduzir – talvez o mundo fosse melhor. É certo que não ia à missa, mas também não devia sentir peso na consciência por isso. A Natureza assim o talhou.

Pelo que consta, jamais hipotecou a sua linhagem “masculina”, e, nas voltas que dava, também não desaproveitava as oportunidades de o manifestar, nunca atraiçoando os dotes que pelo Criador lhe foram concedidos. Foi o um óptimo disseminador do seu ADN por “meia freguesia”; certamente que existirão muitos que desconhecem que ele foi o seu pai – mas isso também acontece com muitos filhos-da-mãe, que não têm a ver nada com a raça dele.

Por ter sido um amigo que na minha terra, sempre me recebeu bem, com exuberante contentamento e carinho, nunca me “ladrou”, e muito menos me “mordeu”, é digno destas palavras que escrevo em sua memória.

Com alguma deploração dos seus donos – e minha -, foi hoje enterrado, por volta das dez horas da manhã.

Porque acredito que no poder e na igualdade da Criação concernente a todos os seres viventes, estou convicto também que lhe tenha sido atribuída uma alma – que a maioria não crê, mas, a mim pouco me interessa!?

Foi o cão mais engraçado e mais patusco que conheci, cujo porte devia meter inveja a muitos elementos da população de Loureiro – e não só.

Adeus “TEK”! Que a tua alma descanse em paz!

Na minha imaginação, és digno de uma lápide em mármore azul junto à cova, tua eterna residência, com o seguinte epitáfio:

 

“AQUI JAZ, O ÚNICO AMIGO QUE

 NUNCA EM VIDA ME MORDEU”.

 

Mereces.

 

António Figueiredo e Silva

Loureiro, 15/03/2022

http://antoniofsilva.blogspot.com/

 

Obs.:

Sempre procurei colocar os animais no lugar que por natureza lhes foi atribuído, sem nunca os tratar mal (a cama deles é deles; a minha, é minha).

Também nunca entronizei um animal em detrimento de um ser humano.

Mas que eles nos dão muitas lições, é verdade.

 

Nota:

Faço por não usar o AO90