sexta-feira, 13 de agosto de 2021

CARGO NÃO É PROFISSÃO

 

Se os teus procedimentos são infractores,

não é justo que sejas julgado pelo teu cargo,

mas sim, como criminoso”.

(A. Figueiredo e Silva)

 

CARGO NÃO É PROFISSÃO

 


Por uma imperfeição interpretativa, acontece sermos conduzidos a amalgamar o verdadeiro significado de cargo e profissão, como serem possuidores da mesma conotação significativa. Ora, isso não acontece.

Todos sabemos, que existem figuras espertas (não confundir com inteligentes), que naturalmente os confundem por deliberação própria, porque lhes dá jeito. Mormente no mundo da política. Esse campo “profissional”, tem sido um jardim dourado para oportunistas e quejandos. Aprontam-se a assumir cargos de responsabilidade, porém, a maioria exime-se a ser responsável pelos erros e burricadas que comete. São muitos os inconscientes para arcarem com altos cargos, para os quais não foram preparados.

 Será o mesmo que dizer, não têm a percepção da responsabilidade necessária para assumir esses grandes ministérios. Mas lá estão e muitos por lá continuam, porque no trabalho em que se especializaram, profissionalmente foram puras nulidades.

Sem recurso a quaisquer tecnologias oftalmológicas, até os cegos vêm que isto é verdade.

Então como filhos socialmente abandonados, pela sua pobreza de espírito e incapacidade para a luta por uma sobrevivência condigna, atiraram-se para os meandros da política, o trajecto mais curto para o triunfo, onde as jumentadas e as rapinâncias são tuteladas por princípios por eles criados.

A política, que começou por ter sido um “CAT” (Centro de Atendimento Temporário), com o correr dos tempos e a cegueira colectiva, transformou-se para muitos, num CAVI (Centro de “Atendimento” Vitalício para Incapazes).

Este organismo, consiste numa instituição de “beneficência”, que tem acolhido famílias inteiras e toda a diversidade de “hematófagos” a elas agarrados, sustentado toda uma cáfila de irresponsáveis, para os quais, nem purgatório existe. É um organismo “vivo” a fervilhar de cunhas, jeitinhos, compadrios e apadrinhamentos, atiçado por uma fogueira de coesão vergonhosa nunca vista, o terreno fértil para o crescimento e multiplicação de toda a casta de corrupção.

Se a esses “desamparados”, não fosse imposto serem compulsivamente bem tratados, e dissimuladamente “respeitados”, pelos cargos que ocupam e não pela sua personalidade ou carácter, nunca passariam de uns badamecos; umas farroupilhas; uns trapeiros.

Sim, refiro-me a esses pulhas!? Àqueles que, abusiva e descaradamente, fizeram do cargo político a sua profissão e que por incúria, incapacidade e ganância têm deixado nações (povos), na mais completa e abjecta miséria. Não acontece por causa da sua profissão, mas porque “trocaram” a mesma, para assumirem um cargo mais rentável, em que o risco nunca é coberto por eles. É o povo quem arrota.

E vou acabar esta resenha, servindo-me de um curto, mas real pensamento, de Miguel Torga, com o qual estou em consonância:

“O país ergue-se indignado, moureja o dia inteiro indignado, come, bebe e diverte-se indignado, mas não passa disto.

Falta-lhe o romantismo cívico da agressão.

Somos, socialmente, uma colectividade pacífica de revoltados”.

Penso ter sido razoavelmente esclarecedor.  

 

António Figueiredo e Silva

Chaves, 13/08/2021

http://antoniofsilva.blogspot.com/

Nota:

Faço por não utilizar o AO90

 

 

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