sexta-feira, 29 de abril de 2022

“FITAS, FITINHAS E PENDURICALHOS”

 

O que são os grandes cargos, os altos postos,

a nobreza, a ciência e o valor? São coisas vãs,

se quem as tem, não lhes dá o devido uso.

(Frei Heitor Pinto)

 

Se as “capacidades” existem e o uso

que lhes é devido não foi utlizado, é sinal de

que foram corrompidas pela ambição – punível.

(A. Figueiredo e Silva)

 


 

“FITAS, FITINHAS E PENDURICALHOS”

 

Advertência!?

    Quando escrevo, se não for para gerar uma redacção elogiosa, que não é o caso, tenho a certeza de que vou provocar comichão e pavor danados, em determinada cainça populacional de comportamentos fingidos, que, com distinta petulância e atrevida desenvoltura, borraram os agradecimentos que lhes foram atribuídos, porventura derivado a um facciosismo latente em altas entidades da nossa governação, concernentes a uma outorga de benesses e elogios atribuídos, dos quais, na realidade não seriam merecedores.  

Para confirmar o “mérito”, foram despendidos dos “cacifos” públicos umas cabazadas de euros, em matéria-prima, tais como “fitas”, “fitinhas”, “chapas”, “chapinhas”, “chapolas”, “caricas” e outros penduricalhos, que foram alfinetados ao peito, suspensos no pescoço ou atravessados no canastro dos homenageados.  

É assim que vamos claudicando sobre o piso incerto da idoneidade poluída daqueles que mandam, sem mandar, ou de longe, lideram as guerras sem lá tocarem com os pés. Será isto mentira?  Penso que não.

Então, vou dar prossecução à liberdade da minha opinião, que para muitos poderá conter um paladar acre, mas, para mim, ameniza a carga emotiva que me atarraxa e abranda o índice de adrenalina que adensa o sangue. É um vómito de desafogo provocado por uma indigestão de pensamentos que há longo tempo, em vulcânica lava, vêm a fervilhar dento do meu caco.

Esta Esfera Azul está enxameada de parvos, vaidosos e convencidos, que a qualquer bocado de “chapa” com impressão, estampagem, cinzelamento em relevo, (que pode ser baixo ou alto), chamam de medalha - se ultrapassar certos tamanhos, será medalhão. 

Mas, nem que sejam talhadas em cortiça, numa tampa de lata de sardinha de conserva ou construídas com de caricas de cerveja, só pelo caricato do cerimonial que o seu preceito encerra, é uma encenação digna de ser observada por pascácios, que não se incomodam em desperdiçar o tempo com niquices. Mas… vale a pena. O acontecimento é infalivelmente arrematado com um “caloroso” bater de palmas, gesto que só aos manetas não cabe. Esses aplausos simbolizam uma valorização, um agradecimento, que é “sempre” (nem sempre, mas… às vezes), atribuído à importância respeitante a um feito altruísta ou de heroicidade, que, na maior parte dos casos, nem de uma medalha de cortiça seriam dignos. São retalhos podres de manhosice, usados para limpar a babugem branca salivada pelos cantos dos beiços e escorrida pelos queixos dos espertos, (recuso-me a titular de inteligentes), pelas mãos de semelhantes, mas mais sabidos - penso.  

E então aquelas, que com grande pompa, circunstância e com algum fingimento – como quase todas - são atribuídas a título póstumo?! Na minha tacanha observação, configuram trejeitos que me dão vontade de escarnecer. A razão é simples; como essa menção hipócrita, já não ressuscita o morto, e este não tira o respectivo e justo proveito, nem o consolo nesciamente cingido ao uso da “chapa” ou do nastro que a suspende, nem a satisfação ridícula do acontecimento, não enxergo causa alguma que justifique tais ocorrências. Para exemplificar a minha opinião, apresento o exemplo do malogrado militar da GNR, Fábio Guerra, (paz à sua alma), que não é o primeiro e certamente não será o último.   

Agora, por terem sido bons rapazes e para concluir este parágrafo, optei pela “exumação” dos nomes sonantes de algumas figuras honorificadas, (que a meu ver deram barraca), pela sua “prestimosa” (e dispendiosa) distinção, em prol do “bem” e da “estabilidade”, relativas à sociedade portuguesa: José Sócrates, Armando Vara, José Berardo, Ricardo Salgado, Zainal Bava, - há mais -, que agora, coitados, por instantâneo e inesperado “infortúnio”, se viram remetidos à vergonhosa e calamitosa “indigência”!

Isto não se faz! “Coitados”! Sinto tanta comiseração por eles, que já me passou pela cabeça proceder à criação um Crowdfunding para seu auxílio, mas temo que os portugueses (não todos) se revoltem contra mim.

Porra! É preferível ficar quedo e deixá-los passar o resto da sua duração no meio da imundície que conceberam e pensativos a coçar as “pulgas” que lhes sugam o tutano do ânimo e aguilhoam o entendimento.

Quem sabe?! Talvez sejam merecedores, não sei!? 

 

António Figueiredo e Silva

Coimbra, 29/04/2022

 

 http://antoniofsilva.blogspot.com/

 

Nota:

Faço por não usar o AO90

 

 

 

 

 

 

 

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