segunda-feira, 1 de abril de 2024

A IMPORTÂNCIA DA DOR АЖНОСТЬ БОЛИВ THE IMPORTANCE OF PAIN DIE BEDEUTUNG DES SCHMERZES ВАЖЛИВІСТЬ БОЛЮ


A IMPORTÂNCIA DA DOR

АЖНОСТЬ БОЛИВ

THE IMPORTANCE OF PAIN

DIE BEDEUTUNG DES SCHMERZES

ВАЖЛИВІСТЬ БОЛЮ


    Física ou emocional, a dor é sempre um bem precioso. Não sei se por equívoco da existência ou por erro da Natureza, a sua distribuição, que toca a todos os seres viventes, obedece a uma rectidão determinada e a uma imparcialidade tal, que a todos toca o seu quinhão, cuja dimensão resulta numa maior ou menor dimensão da fatia, - dependente do fadário de cada um.

Das consequências resultantes dessa talhada, apesar de todo o mundo “compreender” e até sugerir mezinhas e fármacos tidos como lenitivos para o seu abrandamento, a realidade do sofrimento, só sabe quem o sente – não descorando, contudo, que “toda a gente é capaz de a suportar”. Esta é que é a verdade.

 Conquanto que, sendo a dor incomodativa e por vezes angustiante, ela é indubitavelmente indispensável à vivência, quando esta corre menos bem; é o único modo de que o nosso conjunto físico-anímico dispõe para manifestar o seu desagrado sobre algo que está imperfeito na sua edificação corporal ou imaterial. Sim, porque quando há uma dor no corpo, esta, invariavelmente provoca uma dor na alma; embora diferentes, quando uma doi, a outra não fica imune. Uma afecta a outra com intensa reciprocidade porque a infalibilidade genética as fez germinar enlaçadas para toda a vida.

Por isso, a meu ver, o sofrimento deve ser tido como um “bem” e deve ser sustido até à fronteira do suportável – que depende de ser para ser e da intensidade sentida, que também é variável.

Como tal, o recurso a remédios para diminuir qualquer dorzeca, ou mesmo encapotá-la, quando esta ainda é suportável, é manter de pé a fortaleza e a progressão da doença que a originou. Neste caso, é natural, ou mesmo certo, que a enfermidade pode progredir porque os avisos do corpo ou da alma, foram silenciados por remédios que não curaram, mas apenas remediaram, silenciando os “gritos aflitivos” com pedidos de ajuda do nosso corpo, consequentes de sua (nossa) luta titânica, para manter a sua sobrevivência. Isto deve-se, por vezes, à flacidez da nossa força de vontade.

É este o meu parecer. Durante a minha vida, nunca abdiquei dele.

Ainda que custe, a dor deve ser suportada até ao limite de cada um. Porém, se a causa que a deflagrou, após tentativas científicas não for conseguido o seu restabelecimento, nesse caso já é justo o recurso a todos os meios clínicos e farmacológicos, para conceder uma boa qualidade de vida ao enfermo, enquanto ele existe.

Graças à dor, quer seja do corpo ou da alma, a existência Humana é um facto incontestável neste Mundo, apesar de ser um mundo-cão; na hipotética ausência da dor, não sobraria nenhum Ser Humano vivo neste planêta tão lindo! Por enquanto, azul - até ver.

Restaria apenas o calcário ressequido de montanhas de esqueletos. Como tal, não temos escolha. A dor, sempre difícil de suportar, ou nos arruína, ou, quando perde a batalha, – muitas vezes acontece -, acrescenta a robustez da nossa força interior para vencer a próxima peleja.

Dá p´ra pensar, não dá?!

Então raciocinem.

 

António Figueiredo e Silva

Coimbra, 01/04/2024

     

 

 

 

 

 

 

 

 

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