“De vez em quando,
também é preciso acender uma vela ao
Diabo”.
(Provérbio russo)
O
EXORCISMO
(“Bólides”
das Presidenciais)
Para começar e para que evitar confusões, quero fazer uma advertência; nenhuma das figuras apresentadas neste acanastrado debate sardinheiro, se situa dentro dos meus apetites, como futuros presidentes da república.
Apesar
de tudo, como detesto o futebóis, telenovelas e “alcovas dos segredos”, este
debate entre Ana Gomes e André
Ventura,
que foi mais combate do que debate, proporcionou-me uns minutos de prazer, como
há muito não sentia. Mesmo que nunca cheguem a ler estas patranhas que sobre a
sua actuação escrevo, desejo presenteá-los com a minha franca gratulação pelo
magnífico e hilariante espectáculo que me proporcionaram – e se calhar a todos
os portugueses. Bem-haja.
Ana
Gomes
entrou logo com “cruz, não na mão, mas na “língua”, ungindo o ambiente com uma
breve, porém, exorcizante retórica. Encontrou o “Diabo” pela frente, que lhe
deu uma trabalheira dos infernos para o tentar afastar, sem, contudo, ter
obtido os resultados por ela desejados. Lá foi “cacarejando” os seus
argumentos, um pouco entaramelada e nervosa, atirando os seus galináceos
esporões sob a robustez tensa de uma fúria interiorizada, cuja força era freada
pelas unhas retráteis do felídeo André Ventura -
por ela titulado de “Gato”.
Quanto
ao “Gato”
–
bravo, digo eu - não tenho dúvidas que é portador de “pano- p’ra-mangas” e
dardos p’ra caça grossa.
Protegido
por uma descontração como eu nunca tinha visto, emoldurada por um gozador e “felino”,
porém, agradável sorriso, lá ia lançando os seus “miaus!” de advertência, expondo
as suas garras com a exibição de acusações “angustiantes”, às quais a
“exorcista” se viu em palpos-de-aranha para tentar desenlear-se da trama de que
estava a ser “vítima”.
Enquanto
o “Gato”
“miava” com etérea tranquilidade (talvez, aparente, não sei!?), Ana
Gomes,
“exorcizava” furiosa, aquele “Satanás” insolente e descarado, que lhe apontava
sem contida misericórdia, muitas das nódoas do seu passado, (político), que a
levaram ao abraseado tom.
Inicialmente,
Ana
Gomes
não se coibiu de dizer que já havia falado com muitos “diabos” que encontrou no
seu percurso através da política, e afirmou ser possuidora de erudição e desenvoltura
bem abonadas, para defrontar o “Diabo” (neste caso, o
“Gato”,
André Ventura). Mas como nunca acreditou – penso - que o
Diabo sabe tecê-las, entrou como “exorcista”, encontrou o “Diabo na figura de
um “Gatão”, e, seguramente, saiu “exorcizada”.
Na
minha modesta apreciação, ambos os “gladiadores” têm patuá suficiente para
venderem carapuças de fiôco como sendo lã-virgem, e capacidade para garantirem
que essa lã, foi tosquiada de uma ovelha que conseguia correr mais do que o
carneiro.
Ainda
tenho os músculos do meu bandulho a doer.
O
espectáculo valeu a pena. Quem não viu, se puder e tiver oportunidade, que
veja. Tá-de-gritos! Metem inveja às melhores revistas de Filipe La Féria.
Só
desejo que quem me lê, ria até-partir-o-caco. Mas se lhe der vontade de
choramingar, que não se coiba disso.
António
Figueiredo e Silva
Coimbra,
08/01/2021
http://antoniofsilva.blogspot.com/
Nota:
Faço por não usar o AO90
Excelente descrição daquilo que dizem ser um "Debate"!...Parabéns
ResponderEliminarPara mim só faltou as cordas para ser um "Combate"!!!
Peço desculpa pelo atraso na resposta.
EliminarMuito obrigado pela sua "arbitragem".
Terei muito mais combates a fazer.