sábado, 9 de janeiro de 2021

O "EXORCISMO"

 

 

“De vez em quando,

também é preciso acender uma vela ao Diabo”.

(Provérbio russo)

 

O EXORCISMO

(“Bólides” das Presidenciais)

 


Para começar e para que evitar confusões, quero fazer uma advertência; nenhuma das figuras apresentadas neste acanastrado debate sardinheiro, se situa dentro dos meus apetites, como futuros presidentes da república.

Apesar de tudo, como detesto o futebóis, telenovelas e “alcovas dos segredos”, este debate entre Ana Gomes e André Ventura, que foi mais combate do que debate, proporcionou-me uns minutos de prazer, como há muito não sentia. Mesmo que nunca cheguem a ler estas patranhas que sobre a sua actuação escrevo, desejo presenteá-los com a minha franca gratulação pelo magnífico e hilariante espectáculo que me proporcionaram – e se calhar a todos os portugueses. Bem-haja.

Ana Gomes entrou logo com “cruz, não na mão, mas na “língua”, ungindo o ambiente com uma breve, porém, exorcizante retórica. Encontrou o “Diabo” pela frente, que lhe deu uma trabalheira dos infernos para o tentar afastar, sem, contudo, ter obtido os resultados por ela desejados. Lá foi “cacarejando” os seus argumentos, um pouco entaramelada e nervosa, atirando os seus galináceos esporões sob a robustez tensa de uma fúria interiorizada, cuja força era freada pelas unhas retráteis do felídeo André Ventura - por ela titulado de “Gato”.

Quanto ao “Gato” – bravo, digo eu - não tenho dúvidas que é portador de “pano- p’ra-mangas” e dardos p’ra caça grossa.

Protegido por uma descontração como eu nunca tinha visto, emoldurada por um gozador e “felino”, porém, agradável sorriso, lá ia lançando os seus “miaus!” de advertência, expondo as suas garras com a exibição de acusações “angustiantes”, às quais a “exorcista” se viu em palpos-de-aranha para tentar desenlear-se da trama de que estava a ser “vítima”.

Enquanto o “Gato” “miava” com etérea tranquilidade (talvez, aparente, não sei!?), Ana Gomes, “exorcizava” furiosa, aquele “Satanás” insolente e descarado, que lhe apontava sem contida misericórdia, muitas das nódoas do seu passado, (político), que a levaram ao abraseado tom.

Inicialmente, Ana Gomes não se coibiu de dizer que já havia falado com muitos “diabos” que encontrou no seu percurso através da política, e afirmou ser possuidora de erudição e desenvoltura bem abonadas, para defrontar o “Diabo” (neste caso, o “Gato”, André Ventura). Mas como nunca acreditou – penso - que o Diabo sabe tecê-las, entrou como “exorcista”, encontrou o “Diabo na figura de um “Gatão”, e, seguramente, saiu “exorcizada”.

Na minha modesta apreciação, ambos os “gladiadores” têm patuá suficiente para venderem carapuças de fiôco como sendo lã-virgem, e capacidade para garantirem que essa lã, foi tosquiada de uma ovelha que conseguia correr mais do que o carneiro.

Ainda tenho os músculos do meu bandulho a doer.

O espectáculo valeu a pena. Quem não viu, se puder e tiver oportunidade, que veja. Tá-de-gritos! Metem inveja às melhores revistas de Filipe La Féria.

Só desejo que quem me lê, ria até-partir-o-caco. Mas se lhe der vontade de choramingar, que não se coiba disso.

 

António Figueiredo e Silva

Coimbra, 08/01/2021

 

            http://antoniofsilva.blogspot.com/

Nota:

Faço por não usar o AO90

 

 

2 comentários:

  1. Excelente descrição daquilo que dizem ser um "Debate"!...Parabéns
    Para mim só faltou as cordas para ser um "Combate"!!!

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    1. Peço desculpa pelo atraso na resposta.
      Muito obrigado pela sua "arbitragem".
      Terei muito mais combates a fazer.

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