ATÉ
QUANDO, NÃO SEI!?
(Ainda
“O caso Peste Grisalha”)
Entre o prazer e a revolta, o feudo foi
liquidado. Prazer, porque, não é todos os dias que uma pessoa põe a léu o que
lhe vai na alma (embora convicto de uma realidade, cujo objectivo atingiu um
horizonte diferente… Paciência!), e revolta por concluir que, entre a linha
ténue que divide uma absolvição de uma condenação (em abstracto) existiu uma
assimetria de critérios que, não tendo sido bem depurados, obrigaram a que este
fio se tivesse diluído na parte mais negra da ética, prensada pelo carcinoma
poder: a condenação.
Que cada um deva ser responsabilizado
pelos idiotismos que comete, é um facto. Mas também é certo que, por vezes se é
comprometido com verdades cuja aspereza arranha os ouvidos humanos e que são
susceptíveis de serem conotadas com parvoíces, que em certas circunstâncias até
podem nunca terem sido cometidas. Neste contexto, penso ser este um dos casos
mais recentes da nossa história judicial, que levou à repulsa da grisalhice - e
não só. Esta, numa onda sísmica com desenfreada robustez, arreganhou com realçada
ferocidade os seus caninos, retaliando com sublevada indignação, acerca d’O
CASO PESTE GRISALHA” e a punição daí decorrente.
Sei que não me é concedido civicamente, repito,
civicamente, eu ser defensor em causa própria porque seria provável que na sua
decomposição pudesse haver um erro de avaliação ditada pelo amor-próprio e
vincada pelo meu subconsciente, meu fiel defensor selvagem, porém infalível.
Mas, quando olho à minha volta e observo
que uma multidão matizada por pessoas de todos os estratos sociais, desde
pessoas simples, mobilizadas por uma razão moral, às mais doutoradas em
diversos ramos da ciência, incluindo a causídica, movidas, além da razão moral,
também por uma questão de profundo conhecimento da doutrina do direito,
estrarem do meu lado, o que poderei eu pensar?
Obviamente que isto me leva a pensar o que
os consciencialistas veridictam; porque, se a decisão final tomada não tivesse
sido considerada uma injustiça, com certeza que não teria havido tanto
burburinho em torno deste caso, “O CASO PESTE GRISALHA”, que com um bocado de bom
senso poderia ter sido abortado à nascença. Não será isto verdade?
Eu não estou “p’ráqui” a fazer, como
Fernando de Bulhões, sermões aos “peixinhos”, numa tentativa de vã catequização,
pois sou avesso aos clisteres cerebrais; estou sim a escrever para as massas
que me lêem, e que com recurso à sua aperfeiçoada mioleira, me compreendem e
por isso me protegem da agressividade talvez imponderada da nossa justiça. É
precisamente p’ra essa multidão, que me tem disponibilizado abertamente o seu auxílio,
quer moral quer material, desde a divulgação da minha sentença em 2 de Novembro
de 2016, até ao dia de hoje. E esta é também a maneira mais sublime que
encontro de lhes demonstrar a minha mais sincera gratidão.
É evidente que o “exército” é enorme! Seria
absurdo “contabilizar” toda a gente que, de mãos firmemente entrelaçadas, fazem
o cerco para minha protecção, quando a minha fragilidade se aparenta ser presa
fácil do poder, mas faço questão de que alguns, para conhecimento de todos e do
público em geral, tenham aqui, nesta resenha, que vai pertencer às “CRÓNICAS DE
UM CRÓNICO”, o seu nome, marcado pela majestade do seu carácter e pela robustez
do seu altruísmo.
São eles:
João Saldanha, Digmo. Advogado de
Coimbra, que me acompanhou e formulou toda a defesa do processo, sem cobrar um
cêntimo que fosse, a não ser a de sentir alegria no interior da sua
intransigente maneira de ser, por ter disponibilizado o seu saber e a sua
peculiar boa vontade, ao serviço da razão.
Hélder Fráguas, eminente Causídico de
Lisboa, que em tempos fez parte dos quadros da magistratura portuguesa e se
prontificou a levar este caso ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem,
gratuitamente, por entender que na decisão condenatória algo podia não estar
dentro da limpidez da razão.
Elisabeth Duarte, licenciada em Línguas
e Literaturas pela Universidade de Paris IV-Sorbone e tradutora credenciada por
vários organismos oficiais, que como seu modesto – diz – contributo, se
prontificou a fazer a tradução de todo o processo, graciosamente, por uma
questão de coerência ética, talvez por ter sentido alguma insensatez no
decorrer do processo e na decisão da pena da aplicada.
D.
Ana Martins, pessoa que nunca vi, mas que entendeu por bem, abrir uma página no
facebook, titulada de,
“PESTE GRISALHA?”, para um crowfounding
com o objectivo suportar as despesas que me recaíram em cima, alegando que,
“isto não é uma esmola; é uma questão de justiça social, porque, se o Sr.
Figueiredo teve a coragem de dar a cara pelos grisalhos deste país, eles são
quem deve pagar esta despesa; se cada pessoa contribuir com um euro, não custa
nada e fica o problema parcialmente resolvido”, porque a calosidade
psicológica, o tempo encarregar-se-á de lha diluir, caso ela exista”.
Além destas figuras, quero agradecer a
todo mar de gente que me tem vindo a amparar mantendo-me a cachimónia à tona
dos rápidos da correnteza do rio Mondego, resultante de degelo politiqueiro e
descabido jorrado das encostas da Serra da Estrela, decorrente do degelo de um
forte inverno de leviandade egocentrista.
A enfrentar o Poder Político, apenas desfruto,
como armas frágeis, uma pena, o dom da “partitura” lexical e a robustez do meu
carácter; por isso, necessito da coesão de todos vós. Dos grisalhos e dos que
para lá caminham; de cá, e dos dispersados por todo o Mundo à procura de uma
vida melhor! E principalmente de todos aqueles cuja massa encefálica ainda não
foi contaminada pela pestilência, como muitas cacholas alucinadas possam
considerar.
Pois… ligados triunfaremos.
Até quando, não sei!?
António Figueiredo e Silva
(O CONDENADO)
Coimbra, 20/01/2017
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