sábado, 10 de abril de 2021

A DECISÃO

                                                              O juiz não é nomeado para fazer favores com a justiça,

mas para julgar segundo as leis.

(Platão)

Justiça injusta, não é justiça, mas vingança.

(António Figueiredo)

 

A DECISÃO

РЕШЕНИЕ

DIE ENTSCHEIDUNG

ההחלטה

 


Ao que parece, o crime compensa.

Não é só pelas lusas terras que a injustiças multiplicam. É a maior e mais temerária pandemia que alastra e faz vítimas por todo o planeta.

Em princípio, apesar da sua criação tender a ser bem determinada e bem intencionada, existe sempre uma faceta material ou afectiva a induzir o abalroamento da limpidez decisória, manipulando-a por interesses duvidosos subjacentes. Esta puridade só existe, se for patenteada por aqueles que possuem um carácter incorruptível e se mantêm a favor da lei, do dever, da razão, da integridade e da justiça.

Isto porque os princípios constituem os fundamentos que são as bases para a edificação de uma sociedade; porém, esta deve ser suportada pelo intransigente empenho na diligência e tutela os direitos e deveres dos cidadãos, com vendada imparcialidade, no sentido de criar uma comunidade mais equilibrada e mais equitativa; logo, mais humana e mais fraterna.

Pelos que me tem sido dado observar, existe uma dualidade de critérios, não no espírito da justiça, porém, na sua aplicação; o que me leva a acreditar, que existe uma justiça para ricos e uma justiça para pobres. Uma magistratura que suplicia inocentes e inocenta criminosos. Uma Justiça que se subjuga à lei do mais forte.

Partindo deste princípio, deparam-se ocasiões em que o ser humano não consegue evitar a injustiça, porque a opinião do homem é permeável à manipulação por forças exógenas que modificam o sentido do seu decoro, arrastando-o para o campo indomesticado, que é domínio da sem-razão.

Contudo, isso não invalida o nosso direito ao protesto, que devemos aproveitar para manifestar, e dar voz aos nosso queixumes e sentimentos na tentativa de nos libertarmos de poderes místicos e ocultos causadores de desgraças inevitáveis, com vista a minimizar a discrepância entre o certo e o errado, o que é justo e o que é injusto; mesmo sabendo que lutamos contra a corrente porcelosa do colarinho-branco, por nada devemos abdicar desse direito à sublevação e à consequente manifestação do nosso desagrado, nosso repúdio, que nos fazem escumar de cólera.

Mas, começo a pensar… quando sei que, naquele tempo, Judas se deixou vender por trinta dinheiros para deixar o seu Amigo ser conduzido à “Justiça”, apesar de saber que Ele seria injustamente condenado, já não me causa admiração que isso actualmente possa acontecer no território da justiça dos homens.

O que mudou, simplesmente, foi o espaço temporal e o nome da moeda. O resto tem-se mantido inalterável.

Não é pago em Dinheiros, e depositado nas mãos de um Fariseu qualquer, mas sê-lo-á em Euros, ou outra moeda existente ao cimo da terra, através de prévios ou subsequentes depósitos e transferências para qualquer país onde o sigilo bancário é alma do negócio e fonte rendimento.

Contudo, é nosso Direito, e acima de tudo um Dever, lutar para que isso não possa acontecer.

Concluindo: enquanto houver uma justiça para ricos e uma justiça para pobres, o crime compensa, sempre com sustentáculo numa ritualizada ocorrência final - involuntária ou deliberadamente patenteada:

A DECISÃO JUDICIAL.

 

António Figueiredo e Silva

Coimbra, Sexta-feira, 9/04/2021

 

António Figueiredo e Silva

 

Nota:

Faço por não usar o AO90

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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