segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

CONTADOR D'STÓRIAS

 

 

Não é tanto o que fazemos,

mas o motivo pelo qual fazemos,

que determina a bondade ou a malícia.

(Santo Agostinho)

 

CONTADOR D‘STÓRIAS

 


Então, “os participantes na guerra colonial, foram vilões e criminosos”.

Está visto, que a virtude de historiar, não está presente em qualquer manêgo, por muitos calhamaços que devore e muitas resmas de papel que escrevinhe.

 O verdadeiro historiador, deve assumir uma postura independente e manter um olhar imparcial para a narrativa do conteúdo que investigou e/ou constatou. Se assim não for, não passa de um contador de historietas, doutorado ou não, tanto faz, com as quais, pode mesmo chegar a embustear a própria História, porque existem leitores e crentes para tudo, mesmo que o gato esteja escondido com o rabo de fora.

 Estes sim, podem adulterar o miolo das mesmas a seu bel-prazer, ou colocar as suas indagações ao serviço de uma ideologia cega que lhes afogueia a alma e lhes alivia a tensão das pulsões emocionais, convertendo-as em manifestações de “verdades” adulteradas, que com apodrida altivez, apostam em divulgar – não sem antes adulterar o verdadeiro sentido à descrição.

Anda p’raí um Obelix idiota, com os “tubérculos” perecidos a baloiçar ao sabor da elasticidade de uns suspensórios, a fazer um grande furor e um grande ruído ´storial, sobre a guerra em África, que, no final, de verdade pouco exprimem, porque estão intoxicados por intenções maliciosas. E a História deve ser como a lei. Justa e clara. Não deve ser como tal, um chavasco trabalho de artesanato, elaborado por um ranhoso qualquer que se dedicou a decorar os argumentos e não a compreender a sua essência – mas isto acontece. É humano. Se não é, é de besta.

Sobre essa guerra (escusada), em África, consigo admitir pontos de vista diferentes; todavia, azedos arrotos intencionais, que danifiquem o sentido patriótico daqueles que por lá andaram (e muitos por lá ficaram), a calcorrear aquelas picadas e a sobrevoar aqueles céus, onde o perigo espreitava de todos os cantos, para defender aquilo que na altura nos pertencia, isso, já não posso permitir.

É por isso que estou aqui, como revoltado, como defensor da própria causa e como juiz da mesma. Andei lá, passei o que passei, vi o que vi, soube o que soube e senti o que senti - não vou entrar em minudências.

Não é agora que um contador de histórias de algibeira, saído da banda desenhada, de Albert Uderzo, vem argumentar que “os participantes na guerra colonial, foram vilões e criminosos”.

Pela parte que me toca, apesar de conhecer bem a figura em causa, não posso admitir que diga isso, uma vez que não passa de um pretensioso contador de ‘storiêtas, e pouco mais, que viveu muito aquém da realidade dos factos.

As suas “pinturas sonoras” são de tendenciosa e baixa qualidade, sendo que, com “cunhas” ou por imprestabilidade congénita, infelizmente não “historiou” no terreno; não viu, não sentiu, não chorou. Lamento!

Talvez a causticação do canastro lhe tivesse desimpedido a clausura dos horizontes cerebrais e o seu pensar fosse mais consensual e despretencioso.

Como escreveu Luís de Camões, “Quem quer passar além do Bojador/Tem que passar além da dor.”

Eu passei.

Porque eu fiz parte da história, e agora é Obelix é quem a conta (à sua conveniência, como é natural), à guisa de querer arvorar-se num exímio historiador como o ilustre José Hermano Saraiva; porém não passa de um triste arremêdo.

Só sabe e sente, quem viveu a guerra.

Eu fui um deles.

Penso que chega.

 

 

António Figueiredo e Silva

 Coimbra, 22/02/2021

 

http://antoniofsilva.blogspot.com/

Nota:

Faço por não usar o AO90

 

 

 

 

 

Sem comentários:

Enviar um comentário