sexta-feira, 4 de outubro de 2019

A GERINGONÇADA


A política, foi primeiro, a arte de impedir as pessoas
 de se intrometerem naquilo que lhes diz respeito.
Em época posterior, acrescentaram-lhe a arte de
 forçar as pessoas a decidir sobre o que não entendem.
(Paul Valéry)

A GERINGONÇADA
(Flagrantes da política)

Ao escrever estas linhas, mesmo sabendo que já não vou a tempo, penso que vão ter alguma relevância no próximo mandato, seja de quem fôr, se os seus elementos forem dotados de discernimento ético, e tenham empenho em promover neste polígono rectangular, uma governação que se baseie na vontade popular, e não noutra qualquer, maliciosamente enjambrada à última hora, como aconteceu com a administração antecedente.
Para que os portugueses não voltem a cair no mesmo logro, a lei constitucional, tem de levar uma lavagem, com vista à contenção, ou mesmo, depuração do oportunismo sem freio, cujas consequências resultaram em situações porosas que debilitaram o nosso sistema económico, actualmente posto em causa.
Muito paleio e saliva foram gastos na defesa – sem defesa alguma -  da atitude aglomeradora inter-partidária, cuja finalidade foi a criação de uma governação oligárquica, como se tratasse de uma monarquia sem rei nem roque.
Esta rasteira, que foi estribada em lacunas dos regulamentos constitucionais, desencadeou a desarticulação de todo o nosso sistema governativo, submetendo o povo a uma “escravatura” urbana e rural de “sádica subtileza”, onde o aguilhão do desalento, lentamente lhes foi ferindo o corpo e a alma.
 A população está desmotivada, e tem razões para isso. Verdadeiramente, apesar de isto não ser um oásis, como arengou o nosso Primeiro-ministro António Costa, os portugueses têm vindo a ser tratados como camelos, cuja docilidade e pachorrice lhes foram (e são) disfarçadamente impostas pelo sistema.
Fazendo eu parte da “cáfila”, não os culpo por isso, mas acuso aqueles que os (nos) ludibriaram com rasteiras de da má-fé, em que nos foram apalavrados mundos e fundos, e no fim, fomos confrontados com fundos (vazios) sem mundos.
Algo esteve mal, mas não compete a mim justificar o porquê, quando não ainda vou parar ao chilindró, coisa que actualmente me custaria um bocado porque já estou velho e debilitado para me agarrar às barras da cela – a não ser que fosse em Évora, mas esse “hotel” não está reservado para mim.
Estou aqui a fazer esta dissertação alienada e ainda não disse o porquê, mas vou fazê-lo.      
Quem quer fazer alianças partidárias, que as faça antes da campanha eleitoral e que governe quem tiver a maioria.
Não quero saber se é “A”, “B”, “C”, “D”, ou até o abecedário todo; eu, e naturalmente a maioria dos portugueses, não gostamos de surpresas – a menos que sejam boas.
O que não tem acontecido.  

António Figueiredo e Silva
Coimbra, 04/10/2019
www.antoniofsilva.blogspot.com


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