sexta-feira, 4 de outubro de 2019

"PRA NINGUÉM"



Os homens deviam ser o que parecem ou,
pelo menos, não parecerem o que não são.
(William Shakespeare)

“PARA NINGUÉM”

É mesmo para NINGUÉM. Porém, para alguém, cujo recheio ortográfico saiba decifrar, e, nesse caso, interiorize e medite sobre o que é a existência, quando por alienação mental e debilidade de espírito, se mostra parecer o que se não é.
Sabes uma coisa?... Estou empanturrado de tolerar a tua hipocrisia e não deixo de dizer-te que o desagradecimento (ingratidão), é o mais fraco de todos os sentimentos daninhos, que o ser humano mais medíocre pode sustentar.
Ouviste, ó NINGUÉM?
Mete estas palavras redigidas com tinta da alma, na lama da tua pobre mioleira, que tem andado estripada pela ganância material, como se esta fizesse de ti um ser mais importante, prestável e adorado pela comunidade. Como estás enganado! Não… não penses assim, porque estás absolutamente para além dos limites periféricos do pentágono que comporta o ser humano que desfrute dos cinco sentidos bem aferidos.
Lembra-te: o que pensam de ti, não to dizem, mas transmitem-no na circunferência cerrada do sigilo, e, acaba por não ser segredo nenhum; o amigo passa sempre para o amigo e a coisa vai rodando até que a tua imagem, que consideras honrada, simplesmente cai na merda, e tu, à semelhança dos cornudos, serás sempre o último a saber.
Um dia, mercê das pulsões decorrentes dos teus recalcamentos, que se formatam em atitudes menos próprias para quem te rodeia ou de ti “depende”, hão de acabar por te encafuar na tumba de estrangulação; porque ficaste sem amigos, sem família, sem ninguém, única e simplesmente por culpa tua. Se assim continuas, acabarás muito mal; isolado e atormentado a uma esquina do mundo comunitário, encostado à enxerga que construíste e amortalhado pela solidão sombria que antecede o teu infausto finar.
Desfrutaste de oportunidades satisfatórias para te redimir e corrigir, mas faltou-te a audácia para o fazer; o teu envaidecimento inchado, que não passa de uma impostura, com a qual tens escondido a rampa descendente que tem conduzido ao abismo do insucesso, não to permitiu.
Não és ninguém e não passas de ninguém, com mania de que vales alguma coisa, mas, lamentavelmente não vales nada. Sempre obstinaste em exibir o que não és. Enganaste-te, porque a maioria das pessoas não se deita em noites de pasmaceira a dormir e a ressonar sono solto. Elas vêm e sentem o odor do fingimento da tua incapacidade e da tua prepotência.
Tiveste muitos amigos, “é verdade”, porém fingidos. Contudo, à dimensão da tua falsidade, é certo, mas mais espertos do que tu e por isso conseguiram passar-te a perna, rasteirando-te e arrastando-te para o lugar que lhes desejavas. A pastorícia. Não feita num pastoril normal, todavia, realizada sob uma transumância por período intemporal.
Até a única coisa benévola que te restava, tu, com tua maluqueira, conseguiste desagregar; a família.
Olha, NINGUÉM, faz uma análise reflexiva e íntima de ti próprio e vais ver que estás psicologicamente apodrecido e materialmente arruinado. O dilema é que isso não prejudica somente a ti; com a tua obstinada prepotência e inconsciente variação nas tuas tomadas de atitude no poder “decisivo”, e inconsequentes arrufos de crueldade, contaminas quem te rodeia e atura, as consequências da bipolaridade do teu ego. Pena é, que esses corolários perturbem os sentimentos de paz, na família, nos amigos e na sociedade em geral, de quem tu tanto precisas, mas que nas tuas inconsequentes revoltas, mais aparentas detestar. E quando em algum momento de arrependimento sentires as aguilhoadas da tua consciência, não te lastimes, nem vertas lágrimas de crocodilo, porque a vida não é assim; os resultados, foste tu é que assim a construíste. E, quando a derrocada vier, ficarás debaixo dos escombros sem veres ninguém carpir, porque foste tu que, com a tua insensata maneira de ser, secaste a fonte das lágrimas. Por isso, NINGUÉM, não assiste o direito de te lastimares.
Não prestas. Não vales um pataco furado.
Tu, NINGUÉM, nasceste na merda e procuraste sair dela, mas ela nuca saiu de dentro de ti, porque não conseguiste obter impulso suficiente para o teres alcançado; isso é privilégio dos fortes e não de ninguém como tu, embora desejes exibir o inverso. És um fraco. Garantidamente não passas de um pobre pateta que deixa dominar. Sou eu que to digo, NINGUÉM.
Não interessa a potência “kilowatica” encefálica que possas controlar, nem tão pouco o miro-universo “empresarial” que julgas orientar, nem as melodias que, etilicamente encharcado, possas interpretar ou ouvir; esses factores nunca servirão para te arrancar da podridão em que te atolaste e que faz questão em te perseguir, precisamente por careceres de capacidade intelectual para te livrares deles. A fortaleza que a tua manha apresenta, é directamente proporcional ao depauperamento do teu espírito. Só os imbecis não vêm isso, mas uma coisa é certa: a maioria não é estúpida.
Eu sei que a falsa esperteza com que te tens orientado na vida, há de levar-te à destruição absoluta, porque ela usufrui como fundamento uma parvoíce patológica crónica, bastante enraizada, da qual nunca te conseguirás alforriar.  
Ou modificas todo o teu modo de ser, que sei ser quase impossível porque está encastrado no teu código genético, ou, em último recurso, terás de subir para um escadote, amarar uma corda a um barrote, fazer um nó corrediço, enfiar a laçada pela cabeça abaixo até ao pescoço e dar um pontapé no tosco cadafalso, no qual, naquele instante te deves encontrar imóvel e em fatídico silêncio.
Aí, sim; nuns escassos segundos serás alguém, porque mostras com a mais límpida franqueza o que realmente és. Um cadáver. O cadáver de… NINGUÉM.
E, no campo santo onde te pousarem, bem arrumado a uma esquina onde nem relva, nem pampilhos possam germinar, por condescendência da idiotice humana ainda és capaz de ter direito a uma loisa corriqueira, concebida de um desprezível bocado de ardósia cinzenta, que aguentará grafado um epitáfio de “agradecimento” e alívio da comunidade, pela tua viagem sem regresso, com os dizeres:

“AQUI JAZ NINGUÉM”,
RETESADO NO CATRE DO DESPREZO QUE EM VIDA CONSTRUI;
SEM FAMÍLIA, SEM AMIGOS, SEM ILUSÕES


António Figueiredo e Silva
Coimbra, 20/03/3019

Nota:
Não sou a favor do AO90.


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