Nem
todos os loucos são burros ou fanáticos,
mas
todos os fanáticos são loucos ou burros.
(Schopenhauer)
O
FANATISMO E A AMBIÇÃO
(Doenças
incuráveis)
Quando
o entendimento, geneticamente propenso à fascinação, é assolado por objectivos
limitados e estes são “impostos” aos outros através de uma catequização
incisiva e contínua, no cérebro deixa de existir uma visão analítica
periférica, podendo, deste modo, alterar as normas éticas e morais que regem o
equilíbrio e a harmonia sociais; aqui temos instalado o fanatismo, fonte de
grande instabilidade universal, que cilindra, como o cavalo de Átila, tudo por
onde passa, sem olhar a meios para atingir os fins, que vão desaguar na
fantasia, deixando no seu rasto laivos de sangue, miséria e revolta, como vem
acontecendo em todo o mundo.
Não importa a existência do fanatismo,
conquanto que ele não interfira nas convicções dos outros, o que raramente
acontece. Cada um opta pelos seus ideais e tem o direito de os viver à sua
maneira; o que não deve é fazer deles uma constituição de verdades absolutas e
socorrer-se da força que eventualmente poderá ter, para constranger quem quer
que seja a aceitá-las.
O fanatismo é uma cegueira paradoxal.
Não nos permite enxergar com os olhos abertos, porque mantém a mente
enclausurada, e, em nome de uma “verdade”, tende a destruir as “outras”. Eu
vejo-o como uma loucura cheia de contradições; contudo, sou a favor da
liberdade de expressão, religiosa, partidária etc., desde que essas linhas de
pensamento, na sua acção, não interfiram nos princípios, que devem ser
inalienáveis, de estabilidade na vivência humana.
É isto que não tem acontecido. Faço uma
retrospectiva e assoma-se-me ao pensamento, a visão de um espaço negro como
breu, onde ressalta à vista um Planeta Azul, manchado de sangue inocente e de
escravidão, resultado dessa “cegueira”, de mãos dadas com outra moléstia que é
a ambição.
Complementam-se entre si e dão origem a
uma incurável maleita.
O FANATISMO E A AMBIÇÃO.
António Figueiredo e Silva
Coimbra, 19/01/2017
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