quarta-feira, 17 de abril de 2013

ASSIM NÃO VAMOS LÁ




“Quando o sábio aponta para as estrelas,
o idiota olha para o dedo”.
(Provérbio chinês)


ASSIM NÃO IREMOS LÁ


O cio vibrante que faz estalar o brilho da polidez, exibir as unhas bem aguçadas da agressividade, florescer a ambição em todo o seu esplendor e cindir os poucos preconceitos viventes, já se encontra em frenético movimento de pré-contenda, onde a surdina já se faz representar num tom fervilhante para vencer a inércia sonora, até agora conservada em interiorizado molho picante de manhosice. São as eleições autárquicas que se aproximam e trazem no ventre promessas falsas, soluções impossíveis, palavras duras, macias ou sarcásticas, de mal e bem-dizer, talhadas à medida das conveniências dos antagonistas, que a gesticular e a espargir espuma pelos cantos dos beiços, tentam a todo o custo vender o seu peixe, que dentro da podridão é sempre o melhor, a quem neles acredita. Isto é que é política pura, ó Zé!
Pois bem e como não podia deixar de ser, Loureiro, minha terra natal, uma zona agro-pecuária e industrial pertencente ao concelho de Oliveira de Azeméis, também não ficou imune e essa moléstia que até agora, como um cometa, tem ostentado a sua aparição de quatro em quatro anos.
Assim sendo, já se sente nos bastidores a acção catequizado dos ideólogos que, ainda com a mente encruada mas possuída de obstinação teimosa, procuram já, aplainar os caminhos que levam ao tacho; dos ardilosos estrategas que por vezes sem saberem o que fazem, traçam em linhas tortas os métodos de ataque, e, quando o silêncio moureja quase no absoluto, já se pode sentir também o murmurejar falso e bajulador dos trampolineiros, que a troco de algum baixo plano estatutário, ou por beatífica submissão sectária, servem de ímpeto catapultador ao provável cabeça-da-manada.
Com alguma percepção sensorial, já se pode sentir o fervilhar nervoso e apreensivo do formigueiro que apronta e aponta o rol de proposições que jamais serão cumpridas e estuda as palavras mais doces para o convencimento da urbe ou os vocábulos mais acres para os seus opositores.
A política é assim Zé.
Vamos lá a ver o que é que vai ser feito de concreto e útil, para tapar os buracos de descrédito e os buracos das ruas que até agora têm sido implementados, como dizem os politiqueiros e os aldrabões; sim os aldrabões também, porque não? Uns são a sombra dos outros. Disso não tenho a mínima dúvida. E mais, quando se apanham servidos, aprumam-se, e, com frio desdém, mijam na pia onde lhes votaram a sopa.
Vamos lá a ver se eu erro. Oxalá que sim. Isto porque gostava de ver a Freguesia de S. João de Loureiro de cara mais lavada e não de imprudente ostentação maquilhada.
Contudo, sei que a minha terra só será insuflada pelo sucesso, quando primeiramente, da cachimónia de alguns “senhores”, forem desterrados o instinto cassiquista, a rigidez retaliadora empedernida e a mentalidade restrita e unilateral.
Se não substituirmos essas manias pela humildade, assim não iremos lá.             


António Figueiredo e Silva
Coimbra, 16/04/2013

NOTA:esta crónica não só se dirige à minha terra,
 mas  a tantas outras que se encontrem em situacão idêntica.    

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