segunda-feira, 29 de abril de 2013

COMEÇOU A LENGALENGA






"A política... há muito tempo deixou de ser
 ciência do bom governo e, em vez disso, tornou-se
arte da conquista e da conservação do poder."
 (Luciano Bianciardi)


COMEÇOU A CANTILENA


Apanhar estrelas onde elas não existem, são fugazes consequências de um sonho. Acreditar sempre na fatigante e fastidiosa lengalenga usada por aqueles que se batem a um cargo político, já é sequela de extrema burrice.
Começaram as rémoras e ciclóstomos a encetar o seu doce cantarolar de sereia, previamente afinado e depois lançado às massas como se fosse de improviso, por enquanto assistido por pachorrento saracoteado, resultado também de acauteladas composições nas partituras ideológicas e de acordo as conveniências pessoais.
Versejam sobre os verdejantes espaços – estamos na Primavera – das nossas regiões, que somente são arranjados e asseados nos centros, remanescendo um indignificante bordado de porcaria nas cercanias, em sinal de valoroso elogio às ramelas que obstruem os lúzios dos dirigentes; empolam os investimentos exógenos ou endógenos das nossas áreas autárquicas, como se tivessem sido eles os investidores; versam também com carpida mas fingida tristeza, a miséria dos mais desfavorecidos, que de ano para ano cada vez é maior o seu número, porque Portugal está a envelhecer a genética substitutiva está a baixar. Os putos, os desgastados e os pobres – do juízo também – fazem realmente parte da nossa tão badalada proximidade que peca pela inegável ineficácia, porque muitos de nós e eles (dirigentes) passamos com tangencial indiferença por esse leque de desprotegidos e fazem visão pastosa – já todos estamos psico-adaptados ao infortúnio.
Não existe em lado algum, uma rede coesa que lhes possa valer… e jamais haverá. O resto, como costuma dizer-se, é trinta e um de boca.
Falam de conhecimento e inovação e eu vejo tudo cada vez na mesma, onde a verdadeira intelectualidade não dá sinais de si através de atitudes nobres e sensatas e a ortodoxia fortemente se manifesta por uma real paragem do tão apregoado conhecimento, que tem muito que se lhe diga, porque este decorre da relação entre o ser e o existir.
São tudo palavras de graciosa lavragem; contudo, não passam disso, porque não traduzem o verdadeiro sentimento de quem as arenga – pelo menos é isso que até agora tem sido evidenciado. São verbações direccionadas ao enchimento balofo dos buracos discursivos – já que para os outros não há alcatrão – e imprimem uma tonalidade suavisadora e ao mesmo tempo convincente à prédica, que entra no sentimento do Zé Pagode e lhe transtorna ou limita o filão da razoabilidade.



António Figueiredo e Silva
Coimbra 25/04/2013
www.antoniofigueiredo.pt.vu





Sem comentários:

Enviar um comentário