domingo, 26 de maio de 2019

MISSÃO CÍVICA EXECUTADA


O problema do mundo de hoje é que as
pessoas inteligentes estão cheias de dúvidas,
e as pessoas idiotas estão cheias de certezas.
(Bertrand Russell)

MISSÃO CÍVICA EXECUTADA

Eram 9.45 da manhã.
Quando olhei para aquela folha branca A4 que me entregaram, repleta de linhas quadrados e símbolos, que mais pareciam hieróglifos, pensei para comigo: aqui está a radiografia da fragmentação do meu Portugal, onde cada burro puxa para o lado que mais lhe convém. É realmente um emaranhado simbólico a “sujar” a alvura daquela página, que pode suscitar alguma confusão às pessoas de mais “tenra” idade, porque os anos, no seu vagaroso andamento foram lhes macerando os neurónios. Aproveito para dizer que não havia necessidade da proliferação de tantas facções para “malgovernar” um rectângulo de tão reduzida pequenez, onde, não deixo de dizer, poderíamos ser todos felizes.
Mas seja como for, votei. Elegi não à deriva, mas também não procurei saber de entre toda aquela sinalética de representação partidária, quais eram os bons e quais eram os maus, limitando-me, contudo, por cálculo intuitivo atempadamente feito, a localizar e marcar com uma cruz, o símbolo que achei me poderia garantir que de todos os males, seria o menor. Isto porque não acredito nas palavras nem nos propósitos usados por toda a camarilha, que néscios, seguidores, e mentes de “sublime” linhagem parasitária, titulam de aristocratas, conotando-os, ainda que erradamente, como sendo a fina nata da nossa intelectualidade – pelo que se tem visto, fracassada.    
Se bem que os interesses que movem os candidatos ao “podium” europeu tenham muito de comum, as ideologias não deixam de não ser diferentes, como diferentes são a sua forma de reflexionar e actuar, que na mor parte das circunstâncias, ou mesmo sempre, nos surpreendem pela negativa.
Mesmo sabendo disso, alimento sempre uma expectativa sebastianizada que me move ao voto, cumprindo deste modo, ainda que constrangido, mas de livre vontade, a minha obrigação de cidadão português e consequentemente europeu.   
De consciência desoprimida, mas algo reticente por causa das dúvidas que assolam o meu pensamento, já dei o meu sufrágio, se não mais, para que Portugal continue a conservar o seu “burro” à manjedoura da Europa.

António Figueiredo e Silva
Coimbra, 26/05/2019

Advertência: continuo em desacordo
com o Novo Acordo Ortográfico.

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