terça-feira, 28 de maio de 2019

“ANUÊNCIA”


“Caramba, eu já sabia que Portugal era um país pobrezinho,
 muito triste e assaz miserável, maioritariamente
 constituído por idiotas, analfabetos,
ignorantes e estúpidos da pior espécie…”
 (Maria Vieira)

Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana.
 Mas, em relação ao universo, ainda não tenho a certeza absoluta.
(Albert Einstein)


“ANUÊNCIA”

Aparentemente concordando com a saloia e destravada brejeirice da primeira expressão, pingada de uma cachimónia que me faz duvidar do seu nível intelectual onde a falta de polimento é manifesta, já não posso discordar em absoluto com a segunda pela certeza expressa e ao mesmo tempo, pela dúvida suscitada, só porque os cérebros bem formados é que duvidam das suas próprias certezas.
Sinto que na primeira existe um odor teatral fedorento, onde alguma verdade subsiste, mas a roçar a peixeirada, enquanto que na segunda há uma lição de vida nascida de uma cabeça repleta de conhecimento, que expressa convicção e ao mesmo tempo humildade em relação a esse mesmo conhecimento.
Como se pode observar, há muitas maneiras de “chamar os bois pelos nomes”, sem recorrer a afirmações - ainda que verdadeiras – pouco digeríveis para alguns, pela sua natureza generalizadora.
Há sempre que salvaguardar determinados princípios, principalmente quando estes dizem respeito à Pátria onde nascemos, vivemos, refilamos e, naturalmente expiramos. Ferir um país é estupidamente ferir a si próprio e a todos quantos dele fazem parte, sem se aperceber de que o tecido que amanta a personalidade de cada um, é diferente; na primeira frase, implicitamente, é isso que se pode decifrar.
Partindo desta premissa, é realmente preciso ser-se muito idiota, muito analfabeto, muito ignorante e abundantemente estúpido, para pensar e expor uma avaliação generalizada deste calibre.
 Existem na nossa comunidade, seres, que quando o cio se intelectualiza e lhes invade o senso, ficam com a mente obscurecida e continuam a caminhar nessa neblina, como dementes desnorteados, sem procurarem saber onde poisam os pés.
Acontece que, de vez em quando lá vai uma topada num “calhau”, e, como é normal, lá têm que se conformar-se com os sofrimentos provocadas pela estupidificada descontração.
Não será para mim motivo de regozijo, contudo de deploração; porém, não deixo ao mesmo tempo de sentir uma réstia de satisfação por saber que este distúrbio psicológico não é apanágio de todos os portugueses.
Fico convicto de que me fiz entender.

António Figueiredo e Silva
Coimbra, 28/05/2019


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