quarta-feira, 21 de março de 2018

E ESTA? (Oportunidade Dourada para Reinserção Social)


“O único lugar onde o sucesso vem
 antes do trabalho, é no dicionário.”
 (Autor desconhecido)


E ESTA?
(Oportunidade Dourada para Reinserção Social)

Nunca tão poucos deveram a tantos.
Costuma dizer-se, que depois da fome vem a abundância. Então não é que os factos asseveram esta realidade?!
A reinserção no seio de uma comunidade, pode e deve ser feita através de préstimos dos candidatos a reinserir, a essa mesma comunidade, à qual desejam ficar ligados em fraternal comunhão dos valores cívicos, éticos e morais, nos direitos e nos deveres, como qualquer cidadão.
Um dos métodos mais eficazes para o reencaminhamento do indivíduo no meio social é o trabalho, procedimento que até agora não tem sido aplicado. Cansa, faz dores nas articulações, activa as glândulas sudoríparas para a lavagem dos poros da epiderme, afina os tímpanos, aguça o cérebro desenvolvendo o pensamento, faz emergir o sentido de responsabilidade, ajuda a diluir o tempo, e, acima de tudo, dignifica e valoriza todos aqueles que usam essa “ferramenta” em vez de andarem de canto em canto a escarafunchar os buracos de respiração nasal ou polir esquinas, pendurados numa beata - sabe-se lá de quê.
Era eu menino, e li em num livro que agora não rememoro, que “A ociosidade é a mãe de todos os vícios”. Realmente, nesta frase reside um conceito da verdade. Quando não há que fazer e tudo nos vem parar às mãos, não por obra e graça do Espírito Santo – não tem nada a ver com banqueiros ou outros aldrabões análogos – mas através daqueles que trabalham, a vida parece côr-de-rosa e dá tempo para pensar no pior, uma vez que o “melhor” cai do Céu sem deixar calosidades, rugas ou freimas; é “pouco” mas é de “boa vontade” (?). O problema é que esse onirismo ultraterrestre é efémero. As contas da realidade acabam sempre por vir, e mais cedo ou mais tarde elas têm que ser saldadas, ou pêlos próprios ou pela comunidade em si. Por isso, antes do raiar amargo da “cobrança”, que vem de certeza, é preferível ir construindo algo de útil para a colectividade que os tem estado a alimentar, na esperança da sua remota reintegração.
Toda esta lengalenga, para dizer o quê? Apareceu agora uma oportunidade reabilitadora através do lavor, e que pode realmente progredir na substituição da parasitagem pelo trabalho e fazer reflorir consciências semimortas pela indolência, ou “adormecidas” pela esperteza, com vista à promoção da sua revitalização - assim os interessados mostrem vontade nisso ou o estado a tal compulse; qualquer das formas me parece proveitosa, dada a sua convergência final.
Foi promovida a promulgação de uma lei com vista a limpeza florestal, que pela sua extrema radicalidade, por analogia, parece ser originária da filosofia Fernandina, quando passou pela cachimónia do monarca - D. Fernando - instituir a Lei das Sesmarias.
Ora, aqui se encontra uma oportunidade de muitas pessoas justificarem o que recebem, empregando parte do seu desocupado tempo a ajudar aqueles, que por motivos comprovados, não podem ou não aguentam cumprir as exigências estatutárias ora estabelecidas
A um preço acessível, em que as pessoas a reintegrar fossem em parte remuneradas pelo produto do seu trabalho que por certo as ajudaria a atingir o grau de dignidade que a sociedade exige para a sua reintegração. Até muitos que se encontram nos “hotéis” penitenciários o poderiam fazer, para, em fracção mínima, custear um quinhão das despesas que requer a sua estadia compulsiva, mas monótona, naquelas “instituições de ensino” – que me indulgenciem se me enganei. 
Como dizia o falecido Fernando Pessa:
“E ESTA?!”

António Figueiredo e Silva
Coimbra,21/03/2018
      



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