domingo, 20 de novembro de 2016

A QUEM EU NÃO CONHEÇO (O caso da "peste grisalha")

A injustiça que se faz a um, é
 uma ameaça que se faz a todos.
(Barão de Montesquieu)


A QUEM EU NÃO CONHEÇO
(O caso da Peste Grisalha)


Sinto-me bastante sensibilizado, porque, no meio das tempestades que por vezes surgem no caminho andarilheiro da nossa vida, aparece sempre alguém que nos lança uma bóia de salvação, livre de quaisquer interesses materiais ou na busca de um possível protagonismo. Fazem-no única e simplesmente motivados pela sua índole própria e empurrados pela força da razão que, pela sua observação, entendem ter motivos para tal.
O que acabei de dizer, ou por outra, de escrever, passou-se comigo, em relação à minha “notável” condenação, no caso não menos famoso, O CASO DA “PESTE GRISALHA”.
Entendeu uma grande fatia da sociedade portuguesa, que a minha pena foi uma injustiça; não cabendo a mim julgar a decisão, apenas me apraz dizer que quando o entendimento social fala mais alto, algo certamente está errado.
Muitas vozes se levantaram, puseram-se a meu lado e elevaram em uníssono um baluarte de revolta para me protegerem com o seu robusto apoio, manifestado pelas mais diversas formas, expondo o auxílio que a sua consciência lhes ditou.
É gratificante, quando aparecem personalidades vindas de todos os extractos sociais em “gritante berraria”, munidas unicamente com paus de revolta e escudos de rectidão, prontos para implacavelmente fazerem condenação à condenação, por se lhes afigurar que esta tem contornos de injustiça. Pelo menos é a cristalina realidade que se me tem apresentado, difundida com força, pelos mais distintos meios de informação.
São vultos que eu não posso deixar de admirar para toda a minha existência!
A maior parte é constituída por pessoas sem rosto, mas que sei terem uma identidade, que voa de rasante no meu imaginário, deixando um lenitivo mais forte do que xanax, que me tem permitido não adormecer à sombra da passividade.
Desde as figuras mais simples às mais eruditas, as opiniões convergem e agrupam-se num centro comum, onde argúem que, A MINHA CONDENAÇÃO FOI UMA INJUSTIÇA.
Se o foi ou não, não cabe a mim dizê-lo porque não me fica bem ser defensor em causa própria, uma vez que pode despoletar – como é normal – erros de juízo e eu não pretendo que tão “douta” sentença seja posta em causa!? No entanto, a analisar as reacções tumultuosas embriagadas de sublevação que com incansável coragem me tentam amparar, a quem fico imensamente grato, o que poderei eu pensar?
Apenas e tão só, que realmente nesta minha condenação algo de errado se passou.
O quê? Não sei.
Mas imagino; porque, como cantava o já falecido Zeca Afonso; “não há machado que corte a raiz do pensamento”.


Coimbra, 20/11/2016

António Figueiredo e Silva
    (O CONDENADO)
www.antoniofsilva.blogspot.com   
  

   

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