segunda-feira, 7 de julho de 2014

FATALIDADE E SOLIDARIZAÇÃO



Incêndio em Loureiro, concelho de Oliveira de
Azeméis, deixa família economicamente debilitada.

FATALIDADE E SOLIDARIZAÇÃO
Quando menos esperamos, o infortúnio, que na maior parte das vezes pensamos que só acontece aos outros, desprende-se dessa lógica e cai-nos e cima, soterrando praticamente tudo aquilo que com esforço e perseverança levámos muito tempo a edificar. É de facto aterrador, assistirmos inertes ao desmembramento da concretização material de tudo aquilo para que havíamos sonhado e exaustivamente trabalhado para o ter conseguido; porém, o azar não se compadece com ninguém, nem conhece caras ou corações e acompanha paralelamente a ventura. Esta é uma das realidades que, com a mira apontada, faz parte das nossas vidas e por muito que façamos para contrariar os seus efeitos, quando o azar tiver que dar os seus frutos, dá-os sem pedir licença a ninguém.
Como única hipótese, resta-nos ter coragem para reconstruir aquilo que desabou, o que por vezes se torna, não digo impossível, contudo dificílimo, sem um generoso empurrão da solidariedade, que é um dever social. É precisamente aqui que a sociedade se deve mobilizar para ajudar as vítimas do “naufrágio quando o barco se desmantela”.
Neste sentido, penso que a maneira, não quero dizer mais correta ou mais limpa, - nada disso – todavia a mais própria, seria abrir uma conta bancária em nome das pessoas desafortunadas, onde todas as criaturas de boa-fé pudessem, no seu secretismo e com a mais alta limpidez, outorgar a sua ajuda, mediante as suas posses ou a sua vontade, sem ferir a susceptibilidade daqueles a quem o infortúnio tocou.
Não há receptores de envelopes com dinheiro, com cheques, sem cheques, com papel de jornal ou vazios; nem qualquer outro meio a não ser a conta bancária e ponto final.
Claro está que, para que a solidariedade possa surtir melhores efeitos, são sempre necessárias umas palavras de ajuda daqueles que se supõe terem mais alguma influência no “burgo”, e, no nosso meio, um dos maiores poderes nesse sentido, sem sombra de dúvida é a mão eclesiástica, através das suas prédicas, no momento oportuno e no local próprios.
Penso, desta ideia não abdicando, que assim deve ser.
Sendo o auxílio indispensável, também é fundamental um meio de evitar o constrangimento e não só, de quem recebe a ajuda, porque isso pode originar “chagas” psicológicas para o resto da sua vivência.
Uma conta bancária aberta em nome de quem dela necessita tende a ser, em minha opinião, o meio mais apropriado para o efeito.
Uma maneira airosa de aplicar a solidariedade despretenciosamente, no” combate” à adversidade alheia.
Neste sentido e para além do que muito ainda poderia dizer, esta crónica é também um apelo às pessoas de boa índole e também aquelas aonde possa existir uma réstia de boa vontade, para que prestem o seu auxílio no “combate” à desventura.
Nunca se sabemos quando a roda pode desandar.

António Figueiredo e Silva
Loureiro, 06/07/2014
http://antoniofsilva.blogspot.pt
        

Sem comentários:

Enviar um comentário