segunda-feira, 9 de julho de 2012

ABORTO À PORTUGUESA, SÓ CÁ.


ABORTO À PORTUGUESA, SÓ CÁ.
Só aqui. Só neste país se “manda o Zé às compras” e os outros que paguem a mercadoria. Se isto não cabe na cabeça de ninguém com juízo, muito menos na minha que não o tem.
O vigente governo, aiiinda estááá a estudaaar a iiimplemeeentaçããão de taxas moderadoras para a interrupção voluntária da prenhez. Realmente é um descomunal problema, fruto de um caso bicudo e duas bolas de esperma, que agora faz o nosso Ministro da Saúde (ou da doença) andar num rodopio em permanente veladura, para espremer ainda uns “tostõezitos” através da aplicação de mais umas taxas moderadoras, que há muito deviam ter sido aplicadas.
Não penso que seja necessário fazer tanto alarde e chamuscar os miolos à volta de um facto onde a subjectividade não afecta a clareza da razão. Sou de opinião que o Ministro da Saúde tem por direito dormir descansado, perante um facto que apresenta tanto de mau como de ridículo; “a interrupção voluntária da gravidez”.
Mau, porque existe uma permissão legal e uma falta de senso materno para a liquidação de uma existência, em princípio naturalmente concebida. Ridículo, porque o estado se substituiu a uma responsabilidade em que os contribuintes são, por arrasto obrigatório, injustamente responsabilizados pelo pagamento integral decorrente das “cavaladas” que outros cometeram em pleno deleite e perfeito juízo.
Há muito que a situação do aborto me anda a coriscar no cérebro e penso que chegou a hora de morder, se bem que anteriormente já tenha rabiscado algumas críticas.
Abertamente, eu sou contra qualquer taxa moderadora nesse sentido; quem o deseja efectuar, deve pagar integralmente as despesas inerentes ao “matricídio” autorizado e não tem peva a arguir.
Com toda a informação científica e tecnicismo actualmente existentes ao dispor da sociedade com total abertura, a procriação está implicitamente ligada à vontade de cada um e pode muito bem ser evitada se assim o desejarem. Assim sendo, o estado não deve despender dos dinheiros públicos para fins abortivos.
Casos existem, em que a radicalidade de que sou a favor, tem forçosamente que ser posta de lado por força das circunstâncias que podem levar as pessoas a este extremo; neste horizonte, já nem taxas moderadoras devem existir mas sim a gratuitidade absoluta em todos os serviços necessários à efectivação do desmancho.
São eles, casos de violação compulsiva, perigo de vida para a futura parturiente, aberrações ou anormalidades que coloquem em causa a normal sobrevivência do futuro ser, e outros cujas razões devem ser avaliadas, que não as de mero capricho ou “distracção”.
À guisa desta crónica opinativa, veio-me à memória um poema do já falecido Dr. Sanches da Gama, pessoa conhecidíssima desta cidade, pela mordacidade dos seus versos. Este saiu num guardanapo, quando, certo dia ele presenciou no já extinto Café Arcádea” um par de pombos num mútuo ensino de “linguística” salivosa.

Metam a broa na pá
Porque o forno já está quente.
Mas por tudo quanto há,
Não “forniquem” o juízo à gente.

 António Figueiredo e Silva
Coimbra
29/06/2012
www.antoniofigueiredo.pt.vu





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