sexta-feira, 27 de abril de 2012

DEVIAM VER...



DEVIAM VER…
(a porcaria que fizeram)


No nosso cosmos social existem matacões donde emanam “sentenças” particulares, que, por relação, me fazem lembrar a já carcomida piada do amigo que estava a ajudar outro a estacionar o carro:
- Anda, anda, anda, anda… Puuum! Anda, anda cá ver a merda que fizeste.
Claro que esta laracha, não tem, como é evidente, nada a ver com qualquer veículo, mas simplesmente com o famoso revolvimento abrilesco, cujo objectivo seria – e digo muito bem – o caminho para a democracia, com um aplainamento da igualdade, criação de oportunidades e legislação mais justa, porém intransigente na sua aplicação. Foi isto que foi apregoado aos quatro ventos através de dissertações imbuídas de patriotismo populista e ambicioso, que não tem nada a ver com aquele que realmente emana do peito de um verdadeiro patriota.
Lamentavelmente nada disto veio a acontecer. São factos que podem ser certificados sem termos de recorrer a uma cultura altamente “limada”.
No entanto, este acontecimento é anualmente festejado como se Deus tivesse descido do Céu à terra para ver uma cambada de néscios, que mesmo com as tarraxas a esborrachar-lhes a carne, ainda sentem fôlego e alegria para dar entusiásticas ovações ao dia, e consequentemente àqueles que deram azo ao memorável - para mim pela negativa - acontecimento. Alguns dos arquitectos, pseudo-estrategas e mestres, arguindo uma atitude contestativa, verbalizaram que iam tomar como forma de protesto – espertos! – contra o governo vigente, a abstenção e muito boa, de fazer a sua vomitiva aparição, no grande dia de festividade para uns e de funestação para outros. Não senti a carência de nenhum deles e também faziam falta tais comemorações, que no final festejaram o momento inicial das fundações para os alicerces, sobre os quais foi executada a construção do obelisco que demarcou o início da derrocada deste país.
Estes senhores, continuam a viver e a amealhar à custa do tesouro público armados em senhores feudais e ainda rosnam com pútrida altivez a arreganhar os dentes da ganância, como se tivessem sido em absoluto, os pais de toda esta desordem. Penso que interesses sociais e financeiros a isso os movem e não o amor à pátria que a todos foi insuflado.
Sei porém, que não foram somente esses senhores amuados, que levaram este pequeno quadrilátero onde nos encontramos a esta situação calamitosa, mas deram o indispensável e colossal empurrão, para que tal pudesse vir a acontecer, não sem antes se orientarem bem orientados. Desde então até hoje, houve muita gentinha que não soube realmente governar esta barcaça, sem contudo abdicarem dos seus próprios interesses e os agarrarem com mãos de ferro.
Alguns grudaram de tal maneira aos tachos que já fazem parte da crosta pestilenta que nos tem tentado e conseguido absorver o suor.
Os que ficaram dentro da concha, ainda que não tivesse feito falta nenhuma a sua aparição, deviam tê-la feito, para admirarem com a sua alegria biliar o resultado da borrada que fizeram.

António Figueiredo e Silva

www.antoniofigueiredo.pt.vu   

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