A ESCRITA
Apesar de sermos uma infinitesimal
partícula
a bulir na infinidade do Universo,
temos o Universo dentro de nós.
(António
Figueiredo e Silva)
A ESCRITA
Não é meu propósito doutrinar ninguém; mas olho a escrita, como uma manifestação dos elementos cósmicos que são projectados no nosso estado de espírito, e na mais ínfima partícula de matéria, por muito amorfa que ela se nos afigure. São eles, a Polaridade, a Energia e a Vibração; estes elementos constituem em si, o Supremo da Substância Universal. O Supremo, ao qual me quero referir, é o Universo; do qual me apercebo ser de extraordinária dimensão, cuja essência até hoje mantém o enigma no seu Absoluto, - de todo, complexo e inexplicável. Este mistério, ultrapassa a mais fina e conceituada erudição de qualquer ser humano, por mais letrado e sapiente que seja.
Desse Mundo, “incógnito”
e infinito, já não ouso dizer que dele faço parte; porém, atrevo-me a asseverar
que sou ele próprio. Ainda que, uma manifestação ínfima, que certamente ultrapassa
a escala nanométrica da complexidade do seu Todo Ecuménico. Paradoxal! Não sou
nada, mas sou ele próprio.
A escrita não é mais do
um que a transmutação da cadência Universal, que varia em consequência de três
factores, que passo reiterar: polarização energia e vibração. É a conjuntura
das mesmas, Criadas no Espaço Cósmico, que se reflecte em todos os seres
viventes, com procedente incidência, no actual Homo Sapiens, porque “sabe ler e
escrever” - apesar desta matéria, lamentavelmente, ainda não estar ao alcance
de todos.
A palavra escriturada,
se satisfatoriamente ordenada e bem consolidada, tanto pode configurar uma hostil
e violenta arma para a guerra, como um suavizador emoliente para promover o
caminho da paz de espírito.
Nos nossos dias, as
provas disso mais manifestas, são veiculadas pela psicologia e pela psiquiatria;
que fundamentalmente, são os braços articulados da psicanálise, onde
verdadeiros cárneos, com afinco e dedicação se terão debruçado, e continuam.
A escrita, devido à sua
musicalidade e força eloquente – nem sempre -, tem a capacidade de estimular ao
amor, à paixão, e apelar à calma e à compreensão; transportar ao deslumbramento
ou à desilusão, ou ainda, incitar à raiva e à luta desenfreada e selvática;
estas componentes dependem do estado de espírito daquele escreve, da maneira
como escreve, e do modo como compreendem e aceitam, aqueles que interpretam a
leitura real e nas entrelinhas, que por vezes se apresenta sinuosa, e com
“rostos diferentes”.
No que respeita à natureza
caligráfica, a disposição dos caracteres linguísticos, são tão relevantes como
a ordenação dos símbolos, alinhados numa partitura musical. Contudo, existe uma
diferença; a precisão. Na harmonia, a polissemia não existe. O rigor do seu
recheio é concreto, preciso e inviolável.
A música, apesar de não
vestir o método discursivo da fala grafada, congrega todas as particularidades
acima referidas; esta, não deixa de não gerar uma “dissertação” fónica, com
indubitável capacidade de bulir com os índices de energia que afectam todos os
seres – não só os humanos -, e provocar-lhes calma e brandura, sonolência e bem-estar,
ou até mesmo, descontrolada agressividade hidrofóbica.
A variedade das árias
musicalizadas, através dos tempos assim o têm vindo demonstrar.
Devo ressalvar que, sobre
a música, não existe na História nada que reconheça e esclareça, quando e como germinou
o Princípio da Harmonia. No entanto, não alimento dúvidas de que ela abrolhou
espontânea e naturalmente da Força do Universo, muitos biliões de anos antes do
ser humano surgir, e ter começado a “gatinhar e a grunhir, e antes de consumar erecta
verticalidade de que hoje desfruta. Esse primórdio da Grande Energia Criadora,
espontaneamente brotou do âmago do Cosmos e foi dispersa pelo seu Todo e
sentido por todos os seres, cuja existência até aos dias de hoje vem estimulando.
Neste ponto, não alimento incertezas.
A escrita, apesar de
desfrutar de um teor harmónico equivalente ao da cadência, só despontou com o “Raiar-do-sol
da Humanidade”; na estrutura sinalética e no seu aperfeiçoamento relactivo, foram
dissipados anos e anos a estabelecer e alcançar a realidade dos parâmetros,
hoje à nossa disposição; conquanto que, as alterações não suspenderam.
Quando alguém redige um
trecho discursivo ou compõe uma partitura musical, expressa o que lhe vai na
alma! O que lhe mareia dentro do espírito naquele momento, não é mais do que
aquilo que o Universo lhe “determina”.
É isto que eu entendo por
ESCRITA.
A HARMONIA, embora com
características semelhantes às da ESCRITA, já nasceu como o Universo e a ele se
mantem unida; lidera todos os estados de espírito, embora os resultados de
ambas não comunguem do mesmo rigôr.
Por agora, já não me almeja
lavrar mais “disparates”! Estou estafado da moleirinha! Mas penso que, “para
bom entendedor, de palavras basta”.
António Figueiredo e
Silva
Coimbra, 26/05/2025
Nota:
Não uso o AO90
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