domingo, 11 de dezembro de 2022

DESESPERO ОТЧАЯНИЕ VERZWEIFELN פאַרצווייפלונ

 

A todos aqueles que me têm ajudado:

A melhor mensagem de Natal,

 é aquela que brota do silêncio do nosso íntimo

e acalenta com afabilidade os corações

daqueles nos acompanham e nos socorrem,

no difícil percurso da nossa existência.

(A. Figueiredo e Silva)

 

DESESPERO

ОТЧАЯНИЕ

VERZWEIFELN

פאַרצווייפלונ

 

(Átimos da minha “estadia” no Hospital de Santo António - Porto)

 


    A aflição, se não é detida por um auto-controle vigoroso, leva ao desespero; este, por si, empurra-nos para consequências imprevisíveis, que são passíveis de desfechos fatídicos, entre os quais, um final “alienadamente” premeditado, mas nem sempre anunciado. É sigilo trancado a sete chaves no interior do no nosso EU, cuja incógnita diluir-se-á connosco.

O desespero consiste, ou resulta, de termos tanta gente à nossa volta, e, quando mais necessitamos de auxílio não vemos ninguém, ou aqueles que por afecto, compaixão ou desempenho profissional, se aproximam de nós, se sentem impotentes para nos socorrer.

É que esta narrativa do, “Lázaro, levanta-te e anda”, até hoje nunca ergueu ninguém.

Na instituição hospitalar onde estive internado, permaneci o tempo suficiente para observar alguns (muitos) casos de angústia e desespero, que na vida, nunca me haviam passado pela cabeça.

Meios pés e pés amputados, dedos mutilados, pernas excisadas a um palmo dos joelhos (uma ou ambas), ou decepadas acima dos joelhos, circunjacente às virilhas, de onde, graças à erudição clínica, tecnologia e sorte, - sim, e sorte -, podem sobressair uns cotos protegidos por uma pele fina e luzente, que cicatrização lhe estampou e faz realçar na claridade, bulindo com o nosso olhar. Serão, para quem pode, os apoios destinados a próteses, um desgostoso remedeio para o adoçamento de uma aspiração despedaçada.

Ver isto, é de uma desconsolação cruel!

 Não discordo que todos alimentaram um sonho até chegarem a esta desagradável posição. Quem sabia, aplicou toda a sua mestria para resolver-lhes o paradigma em que se encontravam; mas infortunadamente, não conseguiram devolver tudo às condições primordiais e a soma das partes, actualmente, deixou de ser igual ao todo. Daí a aspiração de um futuro risonho e com boa qualidade de vida, desvaneceu-se. A esperança capitulou e cedeu o seu lugar à exasperação e ao desconforto psico-físico.

Nesse caso, o nutrimento do espírito não passa de uma frugal existência vegetativa, o limbo onde os sonhos são depositados a hibernar até – possivelmente – à solução final, que, incólume, leva consigo aquele adeus sofrido que não se conseguiu dizer.

 

António Figueiredo e Silva

Porto, 10/12/2022

ou

http://antoniofsilva.blogspot.com/

        Nota:

          Faço por não usar o AO90

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