A
todos aqueles que me têm ajudado:
A
melhor mensagem de Natal,
é aquela que brota do silêncio do nosso íntimo
e
acalenta com afabilidade os corações
daqueles
nos acompanham e nos socorrem,
no
difícil percurso da nossa existência.
(A.
Figueiredo e Silva)
DESESPERO
ОТЧАЯНИЕ
VERZWEIFELN
פאַרצווייפלונ
(Átimos
da minha “estadia” no Hospital de Santo António - Porto)
O
desespero consiste, ou resulta, de termos tanta gente à nossa volta, e, quando
mais necessitamos de auxílio não vemos ninguém, ou aqueles que por afecto, compaixão
ou desempenho profissional, se aproximam de nós, se sentem impotentes para nos socorrer.
É
que esta narrativa do, “Lázaro, levanta-te e anda”, até hoje nunca ergueu
ninguém.
Na
instituição hospitalar onde estive internado, permaneci o tempo suficiente para
observar alguns (muitos) casos de angústia e desespero, que na vida, nunca me
haviam passado pela cabeça.
Meios
pés e pés amputados, dedos mutilados, pernas excisadas a um palmo dos joelhos
(uma ou ambas), ou decepadas acima dos joelhos, circunjacente às virilhas, de
onde, graças à erudição clínica, tecnologia e sorte, - sim, e sorte -, podem
sobressair uns cotos protegidos por uma pele fina e luzente, que cicatrização
lhe estampou e faz realçar na claridade, bulindo com o nosso olhar. Serão, para
quem pode, os apoios destinados a próteses, um desgostoso remedeio para o
adoçamento de uma aspiração despedaçada.
Ver
isto, é de uma desconsolação cruel!
Não discordo que todos alimentaram um sonho
até chegarem a esta desagradável posição. Quem sabia, aplicou toda a sua
mestria para resolver-lhes o paradigma em que se encontravam; mas
infortunadamente, não conseguiram devolver tudo às condições primordiais e a
soma das partes, actualmente, deixou de ser igual ao todo. Daí a aspiração de
um futuro risonho e com boa qualidade de vida, desvaneceu-se. A esperança
capitulou e cedeu o seu lugar à exasperação e ao desconforto psico-físico.
Nesse
caso, o nutrimento do espírito não passa de uma frugal existência vegetativa, o
limbo onde os sonhos são depositados a hibernar até – possivelmente – à solução
final, que, incólume, leva consigo aquele adeus sofrido que não se conseguiu
dizer.
António
Figueiredo e Silva
Porto, 10/12/2022
ou
http://antoniofsilva.blogspot.com/
Faço por não usar o AO90
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