“Quando
praticares qualquer falta,
procura
remediá-la e não desculpá-la”.
DESCULPAS
P´RA QUÊ?!
Quase sempre - ou mesmo jamais - são insuficientes para a reparação dos malefícios provocados, quer de ordem material, quer ordem psíquica.
Na
minha modesta, contudo, sincera, apreciação, os pedidos de indulgência, não têm
qualquer validade nos tempos que correm. Não passam embustes empacotados em
películas de sentimentos balofos, sem lisura, sem credibilidade. E então no
mundo em que vivemos, o seu real valor extinguiu-se; são usadas como meras
corriqueirices na sociedade actual, onde a respeitabilidade e a confiança, aos
poucos se têm dissolvido.
Na
maior parte das ocasiões, as exculpações têm sido e continuam a ser,
aproveitadas como tapa buracos de consciências “sonolentas” que continuam a
dormir ao relento da idiotice, mas continuam a consumar a repetição dos mesmos
erros (naturalmente por monopolização), após a exibição de ritualizadas, mas
simuladas contrições.
Atitudes
ou actos que requisitam escusas, jornadeiam por trilhos ondulados, dos quais se
servem os fingidos, os aldrabões, os vigaristas e os incompetentes, para se
furtarem à realidade de ocorrências (prejudiciais), por eles anteriormente
cometidas, e, por preceito, antecipadamente reflectidas.
Estou
crente de que a escapatória constante às “reparações” psicológicas e até
materiais, cujos recuperações são impossíveis de realizar, é a prova provada do
resultado de imposturas persistentes que merecem ser justiçadas, mas não
incineradas com desculpas inúteis e sem sentido, tendentes a adormecer quem as
aceita – ou faz por isso.
Considerando,
que o uso e abuso (muito em voga), do pedido de desculpas, sem mudanças de
atitudes, revela, não só na política, o tão afamado populismo oportunista, como
também na sociedade em geral, uma tendente influência manipuladora que prima
pela sua ocultação, coberta por tão desgastado vocábulo.
Analisado
friamente e em profundidade, os pedidos de absolvição praticamente não têm utilidade
alguma, porque não visam corrigir os erros e repor as situações nas
características iniciais, mas sim, passar um pano sujo para lavar as
consequências nefastas de realidades cometidas. São a muleta de hipócritas, de
prevaricadores, e até de criminosos, residências onde a degradação e o
descaramento estão instalados. Esta espécie de ralé, não deve ser libertada da
sua própria opressão emotiva - quando ela existe, claro. Deve ser condenada.
Tendo
eu que a desculpa é a própria acusação de um erro, os erros devem ser atenuados,
corrigidos e não absolvidos; assim sendo, há que evitar os erros.
No
entanto, arrisco a dizer, que as pessoas que recorrem com frequência ao
indulto, aparentemente juramentam a sua desistência de actos similares,
enquanto por dentro congeminam desculpas para o reprincipio dos mesmos erros ou
ainda outros, de gravidade mais volumétrica.
Mesmo
perante mil pedidos de desculpa, nada há que nos possa fazer esquecer as
afrontas que nos fragilizaram a confiança, característica irreparável. “Abusivamente”,
vou plagiar uma frase de John Kennedy,
com a qual estou em estreita consonância, e, apesar do seu restringido
caligrafado, diz tudo sobre as escusas, e as chancelas que deixam alojadas em
perpétuo movimento, no interior de quem as sente: “Perdoa
a todos os teus inimigos, mas nunca esqueças os seus nomes”.
Posto
isto, só tenho a acrescentar: quando existe uma amizade cristalina e verdadeira,
não há carência de desculpas; quanto a malquerença é uma realidade, não credencia
as desculpas como verdadeiras.
Assim
sendo, nunca te desculpes; evita é, seres coagido a fazê-lo falsamente.
Desculpas,
p’ra quê?!
António
Figueiredo e Silva
Coimbra,
03/06/2021
http://antoniofsilva.blogspot.com/
Nota:
Faço
por não usar o AO90
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