terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

PARADOXO

 

“Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o Universo e os deuses”.

(Sócrates)

 

 

PARADOXO

(A imaginação é a “loucura” da realidade)

 

Ícaro a 9 bilhões de anos luz

Mais uma viagem desorientada nas minhas atribuladas cogitações acerca do infindável e misterioso Universo.

O que poderá representar a nossa presença em todo Espaço Sideral, e quais as surpresas que ele terá para nos “presentear”, face às “burricadas” que temos realizado, na ânsia louca de desvendar o supremo mistério que o circunda. Somos uns tristes! Ainda não percebemos qua à medida que aquilo que designamos por ciência, avança, a ignorância também prossegue paralelamente e com a mesma passada.  

Esta reflexão é de tamanha complexidade que não sei por onde principiar. Apesar da dificuldade ser enorme, obstino em prosseguir, e tantas voltas darei aos fios da meada que algo de surpreendente há-de surgir como Divina remuneração pela minha labuta mental – ainda que esta aparente andar nas franjas da “loucura”.

Confio em que a minha explanação seja compreendida, ao menos pelos tecelões urdidores das tramas científicas ou, em último caso, pelos mesmos, desprezivelmente atirada para a lixeira do sem-interesse, do está louco ou avariado da corneta.

Com qualquer das decisões ficarei contente, mas não desprezarei o que tiver fundamentado nessa minha “viagem intergaláctica”.

Sou daqueles que alimento um determinado cepticismo em relação à teoria Big Bang, mas mantenho inalterável a minha admiração por Stephen Hawking, distinto cosmólogo, e criador desta conjectura.

A minha viagem começa, ao interiorizar que a minha vida, comparada com a suposta idade do Universo, não será mais do que uns milionésimos de segundo em relação a esse incomensurável Todo, que se mantém em “perpétuo” e ordenado movimento, até certamente colapsar e emitir uma descomunal energia que irá naturalmente dar origem a outro Universo, quiçá composto por mundos diferentes.

É sabido que o Cosmos está em constante mutação. A matéria “dilui-se, junta-se, compacta-se ou expande-se”, para dar origem a outras formas de substância, porém, com uma energia equivalente à massa inicial antecedente. É neste contorno que reside o que eu chamo de “Respiração Universal”.

Porque o Universo e tudo o que o congrega está “vivo” e tem necessidade de respirar. À nossa escala, cada componente, visto até à mais ínfima partícula, é um Universo “gémeo” desse Todo Intergaláctico e Interestelar, só que, à escala reduzida.

  É evidente que desconheço qual a sua verdadeira dimensão, por muito que através dele o meu cérebro “viaje”. Mas posso afirmar que se eu fosse uma bactéria, um bacilo ou um vírus ou outro “bicharoco” qualquer, a viver em qualquer canto do Universo físico de um ser vivente, também não saberia o que era, nem onde me encontrava; contudo, à dimensão do meu organismo, nada me poderia retirar a faculdade de “pensar e agir” em conformidade com o meio onde residia e adaptar-me à situações, ou deixar-me isolar, morrer ou diluir-me, como acontece com esses micro ou nano organismos, nocivos à robustez dos seres vivos.

Depois de todo o tempo que tenho “viajado” na consulta sobre esta complicada matéria, onde a conjectura e a certeza, vão fumegando sempre mais uma teoria nova; pelas quase “inacreditáveis” fotografias, conseguidas às mais absurdas distâncias, cujas medidas orçam os bilhões de Anos-luz; por muitos acontecimentos inexplicáveis, que pertencem à área da Fenomenologia, cujas explicações, sem esclarecimento algum, se resumem simplesmente a, “é um fenómeno” (e quando não o é, “é um milagre”.

Ao saber que, para a “Ciência” conseguir a fotografia de Ícaro, a estrela mais longínqua do Universo até agora conhecida e registada com recurso ao telescópio Hubble, e que a luz por ela emitida, viajou 9 bilhões de anos até chegar à Terra, só posso concluir que realmente somos mesmo pequeninos. Ou, visto por outro prisma… não somos “nada”.

Andamos por aqui, porque cá nos “plantaram”. Quem, como e com que fim? Foi uma rica semente, “sem dúvida”!?

Uma semente de cèguetas. Não verdade, não conhecemos a nossa identificação. Desconhecemos a nossa proveniência; não sabemos quem somos nem para onde vamos. E mais: ignoramos quem nos trouxe prá’qui e qual o nosso verdadeiro papel perante o Universo.

Há uma singularidade única que reconhecemos, sem deixar dúvida alguma; que somos suficientemente estúpidos para nos andarmos a importunar uns aos outros, transvertendo esta “Bola Azul”, que pedia ser um Éden, num verdadeiro Inferno.

Tudo isto, sem reflectirmos que existe um fim indesejado, para conceber um princípio Natural, ou, cosmicamente calendarizado.   

É complexo, não é? Mas depois da minha viagem, mais veloz do que um relâmpago, é nisto que acredito.

Aparenta ser um paradoxo, mas… decididamente, a imaginação é mesmo, a “loucura” da realidade!

 

António Figueiredo e Silva

Coimbra, 13/02/2021

http://antoniofsilva.blogspot.com/

 

Obs:

Procuro não fazer uso do AO90.

 

 

 

 

 

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