A verdadeira
integridade não é uma opção;
todavia, um predicado
do carácter.
Quem nasceu sem
este sinete, jamais a terá.
(António
Figueiredo e Silva)
OLHA,
É P‘RA TI.
Parece ser um frete,
mas não é. Pelo apreço que tenho por ela, vou fazer a vontade à “velhinha”. Vou
“encarnar” a sua voz trémula e revoltosa marcada por uma vida de sacrifício,
num desalento, que, segundo revelou, só a tumba o curará. Ela, que sente esse
desânimo pela desilusão e pela descrença em ti, pediu-me para, em linhas singelas,
mas cristalinas, dar vida à combustão que lhe calcina a alma e lhe rói a
paciência; tudo por tua causa. Sim, por tua causa. Por causa dos teus
desmandos, da tua carência de moral, por não saberes ser gente – diz a
“velhinha”.
Então:
“Olha bem p´ra mim e analisa a minha
mimicada expressão, que, num ápice, ela dir-te-á tudo o que penso a teu
respeito, seu traste ordinário; seu safardana.
É p‘ra ti, é. É mesmo a ti que quero
dirigir-me, seu filho abastardado. Maldito, o útero que te concebeu e o alvo
leite que assegurou a tua existência e te acostumou a ser mamão - vício que até
hoje não conseguiste dissipar.
Fui sujeita a muitas agruras durante o meu
trajecto de vida, p’ra que tu, meu mal-agradecido canalha, tivesses chegado
aonde chegaste, graças aos contributos que ao longo da vida me foram
extorquidos. Apesar de algumas reticências, sempre pensei que darias outra
pessoa; mas, tão depressa abichaste uma posição de domínio ou de pseudo-influência,
esqueceste-me. A mim, e a todos os que a mim se assemelham.
A vaidade e a ambição minaram-te e
transformaram-te num ingrato e num bandalho, porque te esqueceste do auxílio
que eu, e outros com eu, fomos obrigados a dar-te te, p’ra que tu fosses alguém
de honra na puta desta vida; mas, afinal, por ironia do destino, tu transformaste-te
num salafrário, lavrando a frio a sementeira do descontentamento, pela carência
de injustiça, de moral e de ética.
Num vigarista, porque apontas o olhar p’ra
a esquerda e as tuas intenções p’ra a direita, num ímpeto de ver qual dos lados
melhor satisfaz os teus propósitos interesseiros e de sacanice.
Num ladrão de colarinho branco, porque te
apoderaste-te injustamente, do que não te pertencia, com uma frieza que não
consigo admitir.
Num deficiente governante, porque vês no
teu umbigo o universo do qual te sentes senhor, com poder de” vida ou de morte”,
atitude que tens gáudio em manifestar através tuas decisões, demitidas de
qualquer moderação.
Num
péssimo “veterinário”, porque muitas vezes o pecúlio que cobras por uma
consulta, não é justo, na medida em que nem sempre a tua erudição disso é merecedora,
fazendo de ti, apenas um interesseiro caça-níqueis.
Num malévolo polícia, porque em certas
ocasiões vês a lei com burricais antolhos e esqueces-te de conjugar a moral com
a regra;
Num deplorável magistrado, por te deixares
corromper pelos patacos e manipulares as regras, não a favor da razão, mas com
vantagens para quem te paga subornadoras alvíssaras, por muito criminoso que
tenha sido.
Num fracote jurista, porque também te
dedicas a advogar, não só os inocentes, mas também aqueles que sabes de fonte
limpa, serem infractores.
Num
malicioso fiscal, porque devias ver o lícito, e apenas examinas o que mais te
convém para atafulhares o alforge que te permite levar a tua vida flauteada;
Num
frouxo leccionador, porque não foste talhado para isso, e, como tal, não passas
de um “Esganarelo, Médico à Força”, a transmitir aos outros, em vez do saber, a
essência da tua pretensiosa ignorância.
Num “sabido” bombeiro, porque, para te
divertires ou para ganhares algum por detrás das carbonizações, até te dás ao trabalho
imbecil, de, na canícula do verão, ateares alguns incêndiozitos.
Num malicioso funcionário, porque tens
mania qu’és dono disto tudo, falas de cima da burra a quem solicita algo que é
da tua obrigação, e, por um mísero cêntimo, deixas borrar o nome de quem
contribui para o teu ordenado.
Num
convencido “artista”, porque enquanto a
vida te sorriu, andaste a “enganar” os outros com os teus malabarismos e
piadas, encenando o que não eras, cantando alegremente como a cigarra no verão,
p´ra investires carraspanas e “noitadas
bem passadas, em tempos que já lá vão”, sem pôr tento ao teu futuro, e
agora, com as brasas da velhice a queimar-te os calcanhares, com os queixos e o
resto descaídos, lamentas-te da miserável reformita, com um “bailado” nervoso e
tremelicado, ao som silencioso da desilusão, onde, agonizando, curtes o resto
dos teus dias, a outra face da moeda do teu passado.
Resumindo: optaste por ser um indivíduo
sem carácter; tornaste-te num verdadeiro “político”.
No meio de tudo, sei que não és feliz, porque
o muito nunca te satisfaz.
Sim, isto que estou p’ráqui a dizer, é p’ra
ti, seu casmurro - e p´ra todos os da tua igualha.
Fixa bem o teu olhar no meu dedo médio; se
estivesses aqui, sabia bem o que te fazer; mas, se algum dia te apanho a jeito,
enfio-to pelo esfíncter arriba, p’ra tu ficares a saber o que custa ser
“sodomizado” por velhacos como tu, e da tua laia. E mais; com este machadito, velho e meio rombudo, deixo-te a salada num estado tal, que vais ficar incapacitado de
aumentar a prole até à hora do teu arrefecimento.
É o que mereces, cá da velhota e encarquilhada,
Aldina
(?).
António Figueiredo e Silva
Coimbra,
03/07/2020
Nota:
Não
faço uso do AO90
Sem comentários:
Enviar um comentário