sexta-feira, 12 de junho de 2020

O PROFESSOR E O IMPERADOR


A educação exige os maiores cuidados,
porque influi sobre toda a vida.

O PROFESSOR E O IMPERADOR

Em toda a minha vida, nunca conheci um ofício envolto em tanta grandeza como o de ser professor. É a ele que cabe a difícil missão de educar, ensinando; ele abre as portas da mente, e, como um cabouqueiro, arranca a ignorância dos cérebros ainda embrionários, repondo nesse lugar vazio, a essência do saber. Saber ser, saber estar, saber respeitar, saber falar, saber perdoar, saber quando castigar e saber pensar; para lá deste saber, que é a sabedoria cívica, vem a erudição científica, que é de primordial importância para a nossa vida, porque à medida que cresce, vai-nos saciando a indiscrição quando esta é aguçada pela sede do entendimento, da compreensão, da compreensão. Quem somos, donde viemos, para onde vamos e qual a nossa missão, neste micro-ponto do Universo Galáctico.
É evidente que nunca chegaremos a debelar em absoluto, todas as questões que a todo o memento afluem ao nosso pensamento, mas podemos ir sempre dando mais um passo nesse sentido, graças ao professor. É certo que ele também não sabe tudo, nem sobre a matéria que ministra, porém, transmite o seu conhecimento aqueles que o ouvem e que sabem aproveitar alguma coisa, não pelas vias cabulares e do encornanço, contudo pelo caminho do entendimento e da compreensão.
Sem o ensino, ninguém vai a lado algum. Daqui a importância do professor para a clivagem lapidação e polimento das mentes adormecidas que estão a sair do estado letárgico e a acordar para a vida.
A figura do professor, devia ser a figura mais venerada no nosso meio social e não o tem sido.
Desde o mais simples e ignorado tamanqueiro ao mais eminente e notável cientista, a presença e a colaboração do professor, foi um facto indesmentível nas suas vidas.
Actualmente, alguns daqueles que atingiram determinados cargos de domínio, esqueceram-se da figura professor e do peso que esta teve nas suas vidas. Olvidaram integralmente que ele foi o seu trampolim para o salto, rumo à situação privilegiada em que se encontram, e, por razões naturalmente de foro emocional ou untaduras financeiras, que estão fora do meu alcance, têm feito tudo, para o assassinato do seu prestígio e da sua autoridade, desterrando o mestre para um segundo plano, no qual já não será compensador sê-lo.
Para quem desconheça, na China Imperial, o professor era a única figura que gozava do privilégio de não se curvar perante o Imperador. Por isso o seu valor já vem de muito longe!
Tanto hão-de desmotivar o Mestre e tanto lhe hão-de diminuir a sua autoridade, que dia virá em que os ditos “espertos”, os cábulas, serão obrigados a ir beber o “saber” à fonte da cegueira, erecta nos confins da ignorância.
Pelo que tem vindo a acontecer, não estará muito longe.
Uma nota:
Quero aqui frisar, que esta crónica de apreço, consideração e louvor, é dirigida tão só e apenas, àqueles que sempre souberam e sabem ser bons mestres; porque, dispersos pelo meio do universo da sapiência, há alguns “cêpos” que, preservados por um diploma cabulado, bem mereciam andar no “terrenorium atrás do casorium, a coltibar batatorium”.
António Figueiredo e Silva
Coimbra, 12/06/2020


Nota:
            Procuro não fazer uso do AO90.



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