A educação exige
os maiores cuidados,
porque
influi sobre toda a vida.
O
PROFESSOR E O IMPERADOR
Em
toda a minha vida, nunca conheci um ofício envolto em tanta grandeza como o de
ser professor. É a ele que cabe a difícil missão de educar, ensinando; ele abre
as portas da mente, e, como um cabouqueiro, arranca a ignorância dos cérebros
ainda embrionários, repondo nesse lugar vazio, a essência do saber. Saber ser,
saber estar, saber respeitar, saber falar, saber perdoar, saber quando castigar
e saber pensar; para lá deste saber, que é a sabedoria cívica, vem a erudição
científica, que é de primordial importância para a nossa vida, porque à medida
que cresce, vai-nos saciando a indiscrição quando esta é aguçada pela sede do
entendimento, da compreensão, da compreensão. Quem somos, donde viemos, para
onde vamos e qual a nossa missão, neste micro-ponto do Universo Galáctico.
É evidente que nunca chegaremos a debelar
em absoluto, todas as questões que a todo o memento afluem ao nosso pensamento,
mas podemos ir sempre dando mais um passo nesse sentido, graças ao professor. É
certo que ele também não sabe tudo, nem sobre a matéria que ministra, porém,
transmite o seu conhecimento aqueles que o ouvem e que sabem aproveitar alguma
coisa, não pelas vias cabulares e do encornanço, contudo pelo caminho do
entendimento e da compreensão.
Sem o ensino, ninguém vai a lado algum.
Daqui a importância do professor para a clivagem lapidação e polimento das mentes
adormecidas que estão a sair do estado letárgico e a acordar para a vida.
A figura do professor, devia ser a figura
mais venerada no nosso meio social e não o tem sido.
Desde o mais simples e ignorado
tamanqueiro ao mais eminente e notável cientista, a presença e a colaboração do
professor, foi um facto indesmentível nas suas vidas.
Actualmente, alguns daqueles que atingiram
determinados cargos de domínio, esqueceram-se da figura professor e do peso que
esta teve nas suas vidas. Olvidaram integralmente que ele foi o seu trampolim
para o salto, rumo à situação privilegiada em que se encontram, e, por razões
naturalmente de foro emocional ou untaduras financeiras, que estão fora do meu
alcance, têm feito tudo, para o assassinato do seu prestígio e da sua
autoridade, desterrando o mestre para um segundo plano, no qual já não será
compensador sê-lo.
Para
quem desconheça, na China Imperial, o professor era a única figura que gozava
do privilégio de não se curvar perante o Imperador. Por isso o seu valor já vem
de muito longe!
Tanto
hão-de desmotivar o Mestre e tanto lhe hão-de diminuir a sua autoridade, que
dia virá em que os ditos “espertos”, os cábulas, serão obrigados a ir beber o
“saber” à fonte da cegueira, erecta nos confins da ignorância.
Pelo
que tem vindo a acontecer, não estará muito longe.
Uma nota:
Quero
aqui frisar, que esta crónica de apreço, consideração e louvor, é dirigida tão
só e apenas, àqueles que sempre souberam e sabem ser bons mestres; porque,
dispersos pelo meio do universo da sapiência, há alguns “cêpos” que,
preservados por um diploma cabulado, bem mereciam andar no “terrenorium atrás do casorium, a coltibar batatorium”.
António Figueiredo e Silva
Coimbra, 12/06/2020
Nota:
Procuro não fazer uso do AO90.
Sem comentários:
Enviar um comentário