Segundo o jurista:
“Pai de
Valentina não é um criminoso.
Infelizmente,
algo correu mal lá em casa”.
(in PÚBLICO)
O
QUE FAZER?!
Não
sou legislador, juiz, nem tão pouco jurista. Sou humano e penso como humano. O
meu pensar em plena liberdade, permite-me raciocinar da forma que eu entender,
sem estar afivelado barreiras regulamentares, que por vezes obrigam a escamotear
a razão, mesmo compreendendo a sua existência. Porém, sei que sou sempre influído pela ética
e pelos valores da convivência entre as pessoas onde estou encaixado. Sendo
que, essas regras, esses valores, essa ética, não são totalmente universais e
intervêm no sentido reflexivo influenciando a estructura última de uma
consideração, podendo deste modo falseá-la.
Depois de todo o preâmbulo, vou
evidenciar, no plano ocidentalizado, mas concernente à cultura portuguesa, o
meu cordel de pensamento, referente à trágica morte de Valentina, às mãos do
seu progenitor e da madrasta, que depois de atrozes torturas infligidas à pobre
criança indefesa, ainda devem ter considerado que não tivesse sido o suficiente,
optando por isso, não a deixarem florir para o Mundo, cortando-lhe barbara e
selvaticamente o ar que lhe alimentava a vida.
Não quero saber quais os motivos que deram
origem aquele horrível parricídio, que trucidou a vida à menina, que, até
sucumbir, a sua viagem, foi demorada e, ao que tem vindo a público, deve ter tido
por companhia, carregos atulhados de terrífico padecimento, enquanto os
legalmente presumíveis autores do horrendo crime, ao que consta, fizeram a sua
vida normal enquanto a criança, gemendo, agonizava amortalhada por uma manta no
sofá da morte.
A
meu ver, podem abrolhar todas as teorias, tendentes ensaburrar a razão, para
eliminar ou atenuar a culpa dos (legalmente supostos) criminosos, mas, nada
justifica a consumação deste terrível crime – e outros análogos, que
aconteceram ou possam vir a suceder.
Agora, chegou a hora da verdade do meu
pensamento, da minha meditação. A hora da minha verdade. É natural, que pelo seu
relativismo, pode não ter nada a ver com a verdade dos outros. Esta, porque sou
egoísta, deve ser só minha.
Então questiono:
O que devia ser atribuído a estes dois
(legalmente, presumíveis), assassinos sem consciência? - Já pressinto o que
muitos pensam; mas esse castigo, se pensarmos bem, afinal, converter-se-ia num
bem, num alívio.
Não. Nada disso. Sou contra a condenação
da vida. Todo o ser, tem direito à ela, desde o mais pequeno animal, até ao
mais bárbaro e “pensante” homicida.
Deixá-los viver, sim, mas ciliciar-lhes a
vivência. Infernizá-la.
Como?! Eu sei. Mas a “lei sabe mais” do
que eu. É mais tolerante; porque os cânones não têm filhos, tem valores;
valores cuja “independência” pode ser relativizada, permitindo uma folgada
margem de erro, tanto a quem defende, como a quem aplica. Os seus termos
clausulares, resumidos em artigos e alíneas, estão expressos no que é titulado
por “letra de lei”, cuja interpretação pode mudar o azimute meditativo, em
função da prova, por vezes duvidosa, do estado de espírito e do entendimento de
que a aplica.
Leia quem souber e entenda quem quiser.
Mas que mereciam, mereciam.
Que o Eterno te conceda a paz, Valentina!
Já que na Terra a não conseguiste.
António Figueiredo e Silva
Coimbra, 13/05/2020
Nota:
Faço
por não usar o AO90.
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