quarta-feira, 13 de maio de 2020

O QUE FAZER'1


Segundo o jurista:
 “Pai de Valentina não é um criminoso.
 Infelizmente, algo correu mal lá em casa”.
(in PÚBLICO)

O QUE FAZER?!

Não sou legislador, juiz, nem tão pouco jurista. Sou humano e penso como humano. O meu pensar em plena liberdade, permite-me raciocinar da forma que eu entender, sem estar afivelado barreiras regulamentares, que por vezes obrigam a escamotear a razão, mesmo compreendendo a sua existência.  Porém, sei que sou sempre influído pela ética e pelos valores da convivência entre as pessoas onde estou encaixado. Sendo que, essas regras, esses valores, essa ética, não são totalmente universais e intervêm no sentido reflexivo influenciando a estructura última de uma consideração, podendo deste modo falseá-la.  
Depois de todo o preâmbulo, vou evidenciar, no plano ocidentalizado, mas concernente à cultura portuguesa, o meu cordel de pensamento, referente à trágica morte de Valentina, às mãos do seu progenitor e da madrasta, que depois de atrozes torturas infligidas à pobre criança indefesa, ainda devem ter considerado que não tivesse sido o suficiente, optando por isso, não a deixarem florir para o Mundo, cortando-lhe barbara e selvaticamente o ar que lhe alimentava a vida.
Não quero saber quais os motivos que deram origem aquele horrível parricídio, que trucidou a vida à menina, que, até sucumbir, a sua viagem, foi demorada e, ao que tem vindo a público, deve ter tido por companhia, carregos atulhados de terrífico padecimento, enquanto os legalmente presumíveis autores do horrendo crime, ao que consta, fizeram a sua vida normal enquanto a criança, gemendo, agonizava amortalhada por uma manta no sofá da morte.
 A meu ver, podem abrolhar todas as teorias, tendentes ensaburrar a razão, para eliminar ou atenuar a culpa dos (legalmente supostos) criminosos, mas, nada justifica a consumação deste terrível crime – e outros análogos, que aconteceram ou possam vir a suceder.
Agora, chegou a hora da verdade do meu pensamento, da minha meditação. A hora da minha verdade. É natural, que pelo seu relativismo, pode não ter nada a ver com a verdade dos outros. Esta, porque sou egoísta, deve ser só minha.
Então questiono:
O que devia ser atribuído a estes dois (legalmente, presumíveis), assassinos sem consciência? - Já pressinto o que muitos pensam; mas esse castigo, se pensarmos bem, afinal, converter-se-ia num bem, num alívio.
Não. Nada disso. Sou contra a condenação da vida. Todo o ser, tem direito à ela, desde o mais pequeno animal, até ao mais bárbaro e “pensante” homicida.
Deixá-los viver, sim, mas ciliciar-lhes a vivência. Infernizá-la.
Como?! Eu sei. Mas a “lei sabe mais” do que eu. É mais tolerante; porque os cânones não têm filhos, tem valores; valores cuja “independência” pode ser relativizada, permitindo uma folgada margem de erro, tanto a quem defende, como a quem aplica. Os seus termos clausulares, resumidos em artigos e alíneas, estão expressos no que é titulado por “letra de lei”, cuja interpretação pode mudar o azimute meditativo, em função da prova, por vezes duvidosa, do estado de espírito e do entendimento de que a aplica.
Leia quem souber e entenda quem quiser.
Mas que mereciam, mereciam.
Que o Eterno te conceda a paz, Valentina! Já que na Terra a não conseguiste.

António Figueiredo e Silva
Coimbra, 13/05/2020
Nota:
Faço por não usar o AO90.



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