quinta-feira, 7 de maio de 2020

A NITREIRA DA EUROPA



“O maior mal do mundo não é a pobreza dos desafortunados,
mas a inconsciência dos privilegiados”.
(Pe. Louis-Joseph Lebret)

A NITREIRA DA EUROPA


Por não ser satisfatória a pequenez europeia a que os nossos governantes nos deixaram chegar, agora, só faltava mais esta; sermos uma nitreira situada no sudoeste da Europa.
Nunca me ocorreu que caíssemos em tão rasteiro vazadouro.
Espero que não me surja ninguém com “istórias” de embalar, em abono de uma defesa, que está condenada desde a sua nascença. O LIXO, AS ESCÓRIAS, A ESTRUMEIRA, IMUNDÍCIE… que os outros declinam por razões que não será necessário ser-se muito perspicaz ou inteligente para saber quais são. São negociações que me parecem escuras; porque, cabeças iluminadas, não cairiam em tamanhas patetices, que podem colocar em causa a sustentabilidade sanidade da nossa atmosfera interna.
Entristece-me e indigna-me, observar que o rectangular ambiente onde me sedentarizei, tem vindo, com extrema violência, a ser desgastado pela imundície proveniente de outros cantos do mundo, que, às milhares toneladas, vem arpoando nos portos marítimos deste malfadado Portugal, sem que alguém levante o pio. Como é possível?
Sabemos lá, quais as características das partículas nocivas que nos têm vindo a ser enviadas nos contentores que transportam essa maldita sujeira?!
É do meu conhecimento, que no nosso território prolifera a existência das mais variadas mercâncias de “baixo relevo”, quem têm um valor relativo, excepto o comércio de lixo. Há comerciantes de ferro-velho, farrapeiros, papeleiros, negociantes de roupagens usadas e puídas (por acaso actualmente até estão na moda) negociadores de trastes etc; até hoje, não conheci nenhum comprador de sujeira”.
Que ela existe, é verdade. Que a porcaria tem de ser limpa e compactada com estrita obediência a determinados parâmetros cépticos, por forma a não causar poluição ambiental, com principal atenção para a contaminação dos lençóis freáticos de H2 O, que rabeiam pelo subsolo, também não é mentira nenhuma. Mas isto, somente no que concerne â lixeira que é produzida em Portugal, e que ninguém está interessado em comprar. Se houvesse essa viabilidade, estaríamos ricos.
É inteligível e racional, que se eu ingiro carburante, sou obrigado a defecar as suas escórias; mas não vou enviá-las para o meu vizinho, para que com elas se alimente ou as empacote. É evidente que ele só faria tal coisa se não regulasse bem da cornêta, como será lógico raciocinar.
Agora, aceitar conspurcação importada?! Por alma de quem? Dessa mixórdia, temos cá mais do que suficiente.   
 Em função da revolta que mexe comigo, sou obrigado a declarar que, quem comeu, só tem duas hipóteses; ou enterra a merda que defecou ou come o que cagou, e ponto final.
Por força das circunstâncias, sou obrigado a questionar: quais as funções da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) e da Agência Portuguesa do Ambiente (APA). Estes organismos estatais, ainda hoje existentes, foram criados, ao que parece, para implementar o controlo ambiental; por isso, não compreendo como autorizaram este “tráfico” de matérias merdíferas duvidosas, fedorentas, nojentas e indesejáveis.
Quer dizer que, para alguns dos organismos portugueses atidos a este problema, lixo é luxo – só se for por engano. Mas, não digo nada!? Neste país de prestidigitadores, tudo é possível.
Uma coisa é certa, quando resolvermos liquidar o lixo das nossas mentalidades, o outro, proveniente de outras partes do globo, jamais conspurcará o nosso território.
Até que isso aconteça, vamos atulhando os bolsos não sei a quem, em troca de cá enterrarmos os dejectos, que por alguma razão, eles não desejam.
Tá bem!?
Não. Tá mal.
ENTÃO, CORRIJAM.

António Figueiredo e Silva
Coimbra, 07/05/2020
Não uso o AO90



























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