sexta-feira, 1 de maio de 2020

"A SEGUNDA PANDEMIA"



Quando eu era jovem, pensava que o dinheiro
era a coisa mais importante do mundo.
Hoje, tenho certeza.

"A SEGUNDA PANDEMIA”
(Os favos de mel das colmeias do “lay-off”)

Durante os estados de crise é de prever a germinação de uns “marmelos” argutos, que se valem do estado catastrófico que aflige o Mundo, para sacarem adiposos rendimentos à custa da desgraça alheia. “Terminado” o pavor disseminado pelo perigo (que ainda irá muito mais longe), surge infalivelmente um surto de uma segunda patologia que se apresenta, em muitos casos manhosamente, protegida pela capa do miserabilismo, também na mira de conseguir uma drenagem aos cofres - vazios -  do Estado, para depois serem restituídos pelos pacatos cidadãos; a captura de auxílios monetários, muitos deles sem razão alguma para a sua exigência, chorosamente declarada nos papeluchos facultados para esse efeito.
Que é sedutor, é. Nesta tentação é que brota, medra e se reproduz, o oportunismo, à sombra do qual, se acocoram pessoas sem escrúpulos, que se reconhecem no direito de conseguir apropriações, sem qualquer mérito, a não ser o de tentar canalizar o que a outros poderá mesmo fazer falta. Apesar de ser problemático vivermos circundados de figuras deste quilate, mas, com um pouco de habilidade, pode ser tolerável; a dúvida fundamental é, como acreditar nessas pessoas.
A título de advertência: nestas alturas é também frequente, o aparecimento de alguns “pastores”, que não souberam gerir com inteligência a transumância do seu “rebanho”, por falta de equilíbrio mental; gastos supérfluos movidos por ostentação patológica, cujo obectivo era o preenchimento do seu ego, enfermo e reprimido por um auto-convencimento irreal de supremacia, donde resulta que o cérebro que pensa, se deixou manipular pelo cérebro que sente, deixando assim, torrar a caldeirada. Estes, uns irresponsáveis mamíferos, certamente que deverão ser dos primeiros a emprenhar com esmerada sagacidade, os fundamentos tendentes ao auxílio subsidiário, que lhes permitirá concorrer a um direito, afinal, sem direito algum.
É perante o obscuro movimento destas “peças de xadrez”, que o Estado tem de criar barreiras fortes, porém justas, que consigam destruir ou pelo menos estancar, a acção constructiva da fraudulência, que dá guarida ao oportunismo indevido, escabroso e imoral. Àqueles que, com recurso ao uso desta invirtude se servem, na tentativa de se banquetearem com o atulhamento das suas contas bancárias em detrimento dos realmente necessitados, entendo que lhes deve ser ministrada uma uma lição que lhes fique gravada na memória, para aprenderem a serem mais humanos.
  Quanto a isto, retenho um chisco de uma entrevista veiculada a público pela estação SIC Notícias, em 29/04/2020 às 23 horas, quando inquirido pelo jornalista José Gomes Ferreira, quanto aos bancos, que estão a aprovar créditos a empresas de cujos auxílios não carecem, e até não se encontram enquadradas nos apoios de financiamento, o Ministro da Economia, cautelosa e calmamente respondeu, que, “então, se não o querem não o usaram!? Naturalmente seria óptima essa manifestação de honradez e boa-fé, que o Sr. Ministro conjectura que possam ser a usadas, mas creio que isso jamais ocorrerá.
Humm! Também não credencio que o Sr. Ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, acredite na existência da burlesca figura do pai natal!?
Estes auxílios, cujo sentido se integra numa erudição moralista, são, portanto, justos. Não o serão na sua totalidade, porquanto existe esse tal oportunismo macaco pelo meio, manchando toda a moralidade que deu origem aos regulamentos vigentes sobre os ditos apoios.
Eu penso… penso que as instituições governamentais, com recurso às suas articulações investigatórias, funcionem por forma, já não digo a erradicar, todavia a conter com determinação, a cambada de sanguessugas, passarões e milhafres, que com ilimitada ganância, tentam - às vezes conseguem – furar a moralidade da lei, com artimanhas talentosamente concebidas.  
Como tal, estas linhas de socorro, devem ser atribuídas unicamente àqueles que realmente se encontram em carência económica por causa dos efeitos provocados pela recente (e duradoura, o Diabo seja surdo e mudo) pandemia, e não a alguns, que, sem disso terem necessidade, têm vindo a ser presenteados, ao que parece, com a “obsequiosa” oferta dessas benesses.
 CUIDADO COM O APROVEITAMENTO SITUACIONISTA, resultante do “lay-off”.
A “SEGUNDA PENDEMIA”.

António Figueiredo e Silva
Coimbra, 01/05/2020
Nota:
Ainda sou resistente ao AO90






  

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