segunda-feira, 11 de maio de 2020

"A PESTE GRISALHA".




Nota:
Este meu amigo, a quem há muito tempo reconheço possuir um extraordinário filão poético, costurou, entre outros, o poema que abaixo se segue e que encheu o meu espírito com recordações passadas, cujas águas, ainda hoje fazem rodar moinhos e azêmolas – azenhas, quero dizer.
Por isso, e com a sua anuência, resolvi levá-lo a público.

António Figueiredo e Silva


(Poema de: José Alberto Cardoso)

"A PESTE GRISALHA".

Peste grisalha, é "res cogitans",
 jamais escumalha,
É neve branca no cimo da serra,
Peste grisalha não é gentalha,
São os protestos nesta Terra!

Dias e dias queima o sol,
Neve que derrete não fica mole,
Tantos os medos pestes grisalhas;
Filho que bate no pai,
Este tem que gritar um ai,
 Vira o pau de certeiras malhas!

Os cavalos são abatidos,
As árvores morrem de pé,
Tenho vergonha dos atilhos,
 Prefiro fumar o cachimbo de rapé!

Tivera quatro mil pecúnias,
 A carroça também abanava,
Freio e tento nestas loucuras,
Quem é que me segurava?!

José Alberto de Brito Cardoso.
Coimbra.30/10/2016





Sem comentários:

Enviar um comentário